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A importância do relacionamento entre pais, filhos e escola para o processo de aprendizagem

Como se encontra organizada a relação entre pais, filhos e a escola, quais são as mudanças necessárias para a realização do processo de educar e como todos os sujeitos são importantes para construírem um aprendizado de qualidade.

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RESUMO

O presente artigo tem como objetivo apresentar como a relação entre pais, filhos e escola contribui diretamente para o processo de aprendizagem, através das ações realizadas no ambiente familiar e escolar. Para isso, inicialmente é apontado um breve contexto histórico que ocasionou mudanças na sociedade contemporânea. Logo após, são levantadas as dificuldades que essa sociedade encontra para desenvolver esse relacionamento e as funções que os pais e as escolas devem desempenhar para atingir um completo processo de educar. Ao final, destaca-se a importância da articulação entre as responsabilidades dessas instituições para o desempenho acadêmico positivo dos filhos e completa realização do processo de aprendizagem.

Palavras-chave: Relacionamento. Família. Filhos. Escola. Aprendizagem.

ABSTRACT

This article aims to present how the relationship between parents, children and school contributes directly to the learning process, through the actions carried out in the family and school environment. For this, it is initially pointed out a brief historical context that caused changes in contemporary society. Soon after, the difficulties that this society finds to develop this relationship and the functions that parents and schools must play in order to reach a complete process of educating are raised. Finally, the importance of articulating the responsibilities of these institutions for the positive academic performance of the children and completing the learning process is highlighted.

Keywords: Relationship. Family. Children. School. Learning.

INTRODUÇÃO

O processo de aprendizagem fundamenta-se em duas bases essenciais para ser atingido completamente: as experiências entre pais e filhos e a educação proveniente do ambiente escolar. (CORTELLA, 2014). No entanto, a sociedade contemporânea presenciou notáveis mudanças nas rotinas familiares que influenciaram diretamente na aprendizagem e no mundo acadêmico, o qual realizou alterações para atender essa demanda atual.

Um dos primeiros contatos com o assunto foi a síntese publicada no ano de 2002 por Anne T. Henderson e Karen L. Mapp, intitulada “A New Wave of Evidence: The Impact of School, Family and Community Connection on Student Achievement”, que, através da revisão de mais de 50 publicações sobre o tema desde 1995, aborda a relevância do relacionamento entre família e escola e apresenta os impactos positivos e negativos que essa relação leva aos desempenhos acadêmicos.

A partir dessa contribuição, foram verificados problemas que ocorreram na relação entre pais, filhos e escola após essas modificações na sociedade, surgindo, assim, diversos questionamentos sobre esse engajamento e as funções que as instituições, familiar e escolar, devem exercer para contribuir de forma positiva ao processo educacional. Além disso, levou-se em consideração o número crescente de publicações de artigos e revistas da área, que discutem essa emergente problemática.

A fim de sanar tais questões, foi realizada uma pesquisa bibliográfica que “abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo [...]” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 183) em obras e artigos que apresentam o funcionamento do processo de aprendizagem e a importância da relação família-escola nesse. Através da abordagem qualitativa, foram analisados documentos pelos quais foi possível compreender e comprovar as alterações históricas que influenciaram esse relacionamento, além das modificações dos centros educacionais com relação aos sistemas de ensino.

Sendo assim, este artigo busca relatar como se encontra organizada a família e a escola, quais são as mudanças necessárias para a realização do processo de educar e como todos os sujeitos são importantes para construírem um aprendizado de qualidade, tendo em vista que “a ideia de coeducação pressupõe o compartilhamento de ações e a não hierarquização entre os sujeitos do processo, uma troca efetiva e igualitária de experiências [...]”. (FERRIGNO, 2010, p. 15).

Além disso, visa contribuir para melhorias no desempenho acadêmico dos estudantes de todas as idades, pois verificadas as funções de família e escola serão destacados os caminhos necessários para ajustar as duas bases essenciais à educação e a importância do relacionamento entre os sujeitos para um processo educacional de sucesso.

DESENVOLVIMENTO

O século XXI presenciou a quebra de muitos paradigmas. Um deles foi a mudança na percepção de função das mulheres, pois elas passaram a ter uma relevante participação no mercado de trabalho, dado apontado pelo Levantamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) de 2015, no qual “estima-se que as mulheres respondem por 52 por cento do trabalho global e os homens por 48 por cento”.

Considerando essa alteração, ou seja, a diminuição da presença feminina nas casas, as famílias foram condicionadas a realizar modificações em suas rotinas, sendo uma delas a que possui relação com o cuidado dos filhos. Esses, que permaneciam em casa com suas mães, aproximadamente até os três anos de idade, a partir desse momento são inseridos em escolas com pouco tempo de vida e nelas permanecem durante toda a jornada diária de trabalho dos seus pais.

Percebe-se desde então uma necessidade das escolas em aumentar o sistema de ensino integral para atingir a crescente demanda que ocorreu nos centros urbanos. “Dados do Censo Escolar 2017, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apontam que as matrículas no ensino integral da rede pública cresceram em todos os níveis da educação básica”. (MATRÍCULAS..., 2018).

Essa grande permanência dos filhos nas escolas fez com que o desenvolvimento afetivo familiar e, consequentemente, a participação dos pais na vida acadêmica, reduzissem ao ponto de se tornarem uma preocupação no que diz respeito aos aspectos de desempenho acadêmico, sociais e psicológicos desses estudantes.

Diante disso, a relação dos pais com o trabalho e dos filhos com a escola pode ser vista como a seguinte afirmação: “nós nos tornamos máquinas de trabalhar e estamos transformando nossas crianças em máquinas de aprender” (CURY, 2003, p. 13). A convivência que deveria ocorrer diariamente através das experiências familiares vem sofrendo um processo de estagnação.

Os pais gastam parte considerável do tempo no mundo do trabalho, incluindo aí as horas passadas no deslocamento para casa, principalmente nas grandes cidades, e nas tarefas profissionais levadas para casa. Essa redução brutal do tempo de convivência faz com que as pessoas não se conheçam. E, de maneira geral, aquele que tem responsabilidade de formar, por não conhecer aquele com quem está lidando, fica enclausurado. (CORTELLA, 2017, p. 17)

Dessa maneira, os centros educacionais passaram a realizar funções que vão além da escolarização, visto que essa dificuldade encontrada na convivência familiar, sempre considerada como parte essencial da educação, influenciou na formação básica que deveria ser levada para a escola.

Costumo sempre lembrar que a função da escola é a escolarização: o ensino, a socialização, a construção de cidadania, a experiência científica e a responsabilidade social. Mas a família que faz a educação. A escolarização é apenas uma parte do processo de educar, não a sua totalidade. (CORTELLA, 2017, p. 51)

A partir disso, compreende-se que a participação ativa dos pais na vida pessoal e escolar dos filhos constitui uma base fundamental para a educação de qualidade, não devendo existir, portanto, a ideia de que a escola é capaz de construir sozinha a educação, mas que o processo de coeducação, família-escola, torna essa construção completa.

É preciso que cada um dos sujeitos envolvidos em cada uma das instituições reconheça suas atribuições frente ao sujeito que da educação necessita, ou seja, o aluno. A construção da relação entre escola e família, enquanto cooperação, precisa se fortalecer em uma relação, primeiramente, de confiança, implica se colocar no lugar do outro, e não apenas de troca de ideias e discussões. (LOPES, D. et al., 2016, p. 26)

A parceria, nesse contexto, visa proporcionar a troca de experiências, a convivência e o acompanhamento, parte essencial para que os pais ou responsáveis verifiquem as dificuldades, necessidades, habilidades, resultados e comportamentos de seus filhos, além de fazerem contribuições para melhorias pedagógicas.

Importante ressaltar que esse acompanhamento familiar é realizado não apenas dentro das escolas em reuniões e encontros com professores, mas também no auxílio da realização das atividades escolares que são levadas como lições de casa e diálogos capazes de compreender circunstâncias que estejam afetando ou contribuindo nesse processo. “É tarefa da família criar um ambiente propício para a aprendizagem escolar, incluído o comportamento sistemático e orientações contínuas em relação aos hábitos de estudos e as tarefas escolares”. (ALMEIDA, E., 2014, p.22).

Sendo assim, Almeida e Arantes (2014, p. 28), constatam que:

A participação dos pais no processo escolar dos filhos, não deve ser fruto da imposição e autoridade da escola, mas deve ser antes de tudo, considerada como resultado de uma conquista um pacto de reciprocidade entre os envolvidos, ‘família e escola’.

A escola deve oportunizar momentos de envolvimento entre pais e filhos e pais e professores, a fim de que seja mantida uma boa relação entre os sujeitos e haja o compartilhamento desses desenvolvimentos. Por sua vez, “é importante que os pais percebam que este ambiente lhes pertence e que sua contribuição e responsabilidade são essenciais para o bom funcionamento da escola”. (SILVA, 2010, p. 28).

Envolver os familiares com o ambiente escolar faz com que esses possam compreender os projetos pedagógicos e conheçam os locais onde são realizadas as aulas e atividades diárias. Com isso, estarão aptos para, de acordo com a necessidade, “interferir no processo pedagógico para reparar eventuais incompreensões da comunidade docente.” (CORTELLA, 2014, p. 48).

No entanto, é importante considerar que além dos relacionamentos pais-filhos e família-escola, a convivência entre estudantes e professores também deve ocorrer de maneira harmoniosa, pois os docentes são importantes na construção desse saber. Uma boa relação fará com que haja o prazer pelos estudos, um bom entendimento dos conteúdos ensinados e, consequentemente, um positivo rendimento do aluno.

Logo, a relação professor/aluno em meio ao ensino/aprendizagem, depende fundamentalmente, do ambiente estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. (BRAIT, L. F. R. et al., 2010, p. 06)

Desse modo, os professores precisam estar atentos ao que acontece em cada sala de aula, para que possam conhecer os seus alunos a fim de aplicar a melhor forma de ensino. Devem ainda, apresentar uma conduta capaz de estabelecer boas relações de convívio das quais compreenderão as dificuldades, facilidades e realizarão trocas de conhecimentos com seus alunos.

Considerando tais fatos, verifica-se que entre os três sujeitos citados: pais, filhos e escola, ocorrem diferentes formas de relacionamento que contribuem para o processo educacional. Portanto, percebe-se que o engajamento entre família e escola é de extrema grandeza àqueles que estão em fase de desenvolvimento e, por isso, torna-se tão relevante.

A realização das ações familiares e escolares contribuirá para uma harmonia e um processo educacional bem sucedido, pois ambas as instituições, a partir da participação, compreensão e convivência, estarão ativamente no processo de educar, concretizando um aprendizado de sucesso no qual se revela a importância da relação entre pais, filhos e escola para o processo de aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo revela que o relacionamento família-escola tem uma direta influência no processo de aprendizagem dos alunos. Compreende-se que ambos, pais e escola, estabelecem diferentes vivências e responsabilidades, assim como possuem diferentes atribuições para participar efetivamente desse processo.

Há, antes de tudo, a necessidade de reavaliar o tempo gasto com as experiências em família, pois não há como engajar as atividades no meio escolar sem que exista a integração entre pais e filhos. Para tanto, adequar o mundo do trabalho para possuir momentos de convivência se faz necessário para iniciar esse processo.

Em sequência, os professores precisam analisar seus métodos pedagógicos, condutas e relações com os alunos, para que através de um bom convívio, a troca de conhecimentos e bons desempenhos possam surgir.

Assim, de um lado cabem aos pais transmitir os valores, realizar experiências familiares de cunho socioeducativo, acompanhar as atividades que são levadas para a casa, bem como o comportamento e o desenvolvimento escolar. Do outro, a escola é responsável pela capacitação científica, pela cidadania, pelo progresso das etapas de ensino e pela promoção de encontros com os familiares nos quais são compartilhados os resultados obtidos.

A harmonia entre essas duas instituições evidencia a completa construção do processo educacional, pois funcionam como ferramentas articuladas para o saber através de suas diferentes atribuições. Elas serão sempre complementares e não superiores, visto que toda atividade realizada contribuirá com as fases de desenvolvimento e com o sucesso no desempenho acadêmico dos estudantes.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. C.; ARANTES, A. A relação família e escola: pressuposto para o processo ensino aprendizagem. Eventos Pedagógicos, Sinop, MT, v. 5, n. 2, p. 22-31, jun./jul. 2014. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2018.

ALMEIDA, E. B. A relação entre pais e escola: a influência da família no desempenho escolar do aluno. 2010. 48f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2014.

BRAIT, L. F. R. et al. A relação professor/aluno no processo de ensino e aprendizagem. Itinerarius Reflectionis, Jataí, GO, v. 8, n. 1, p. 01-15, jan./jul. 2010. Disponível em: . Acesso em: 18 maio 2018.

CORTELLA, M. S. Família: urgências e turbulências. São Paulo: Cortez, 2017.

CURY, A. J. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

FERRIGNO, J. C. Coeducação entre gerações. 2. ed. São Paulo: Edições SESC SP, 2010.

HENDERSON, A.; MAPP, K. A new wave of evidence: the impact of school, family and community connections on student achievement. Austin: SEDL, 2002.

LOPES, D. A. B. et al. A importância da relação entre escola e família no desenvolvimento intelectual e afetivo do aluno. Saberes, Rolim de Moura, RO, v. 4, n. 1, p. 20-29, jan./jun. 2016. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2018.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MATRÍCULAS no ensino integral cresceram em toda a educação básica. Brasil.gov.br, 2018. Disponível em: . Acesso em: 14 maio 2018.

RELATÓRIO do desenvolvimento humano 2015. Br.undp.org, 2015. Disponível em: . Acesso em: 13 maio 2018.

SILVA, F. A. A importância da participação da família no ambiente escolar: desafios e propostas de aproximação. 2010. 38f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.


Publicado por: Bianca

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