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A CRIANÇA AUTISTA NA ESCOLA REGULAR

Deficiência mental, Autismo, Inclusão da Criança Autista, Autismo Atípico, Síndrome de Asperger e Atividades Lúdicas para Crianças Autistas.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

Hoje temos uma dificuldade quando tratamos do assunto da Educação Inclusiva. Há uma falta de informação sobre o que deve ser feito ou não quando se tem em sala de aula alunos portadores de necessidades especiais. Neste trabalho serão apontados conceitos, características e tratamentos que devem ser dispensados a estes alunos.

Palavras-chave: Autismo; Inclusão; Interação Social.

1 INTRODUÇÃO

Este estudo sobre “A criança autista” apresenta as concepções teóricas de alguns autores sobre a criança autista. Aponta-se os conceitos mais aceitos sobre o autismo hoje, as características deste transtorno, bem como as diversas síndromes identificáveis geneticamente ou que apresentam quadros diagnósticos característicos que também estão englobadas no autismo e os possíveis rumos de trabalho enquanto escola e professores para a inclusão escolar desta criança.

2 DEFICIÊNCIA MENTAL

Funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do período do desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo a responder adequadamente as demandas da sociedade.

Refere-se às pessoas com padrão intelectual reduzido, consideravelmente abaixo da média normal.

3 AUTISMO

Existe uma grande associação entre autismo e deficiência mental, desde o leve até o severo, sendo que se considera que a gravidade desta deficiência mental não está necessariamente associada á gravidade do autismo.

O autismo é uma desordem que faz parte de um grupo de síndromes chamada Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), definido por alterações presentes antes dos três anos de idade e que se caracteriza por alterações qualitativas na interação social, afetando a capacidade de comunicação e o uso da imaginação. Gauderer (1997).

Conforme o DSM-IV-TR (2002), o Transtorno Autista consiste na presença de um desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da comunicação e um repertório muito restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo.

O CID 10 (2000) conceitua o autismo como um transtorno global do desenvolvimento caracterizado por:

  • Um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes dos três anos de idade;

  • Apresentando uma perturbação característica do desenvolvimento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo;

  • Manifestações inespecíficas como fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto agressividade).

Para a Austim Society Of American – ASA (1978) – (Associação Americana do Autismo), o autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida, aparecendo tipicamente nos primeiros três anos de vida.

Principais sintomas:

  • Relacionamento anormal com pessoas, eventos e objetivos;

  • Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e linguísticas;

  • Reações anormais às sensações. As funções mais afetadas são a visão, audição, tato, olfato, gustação, dor, equilíbrio e maneira de manter o corpo;

  • Fala e linguagem ausentes ou atrasadas. Certas áreas específicas do pensar presentes ou não;

  • Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de idéias. Uso de palavras sem associação com o significado.

Embora conceitos diferentes, todos apresentam especificamente dificuldades acentuadas no convívio social, na aquisição e utilização da linguagem e no comportamento inadequado.

3.1 CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO

O autismo apresenta-se nas mais variadas características, embora pessoas com autismo possuam comportamentos e atitudes semelhantes entre si. As características mais comuns de uma criança autista:

  • Usam as pessoas como ferramentas;

  • Resiste a mudanças de rotina;

  • Não se mistura com outras crianças;

  • Preferência pela solidão;

  • Demonstram extrema aflição sem razão aparente;

  • Apego não apropriado a objetos;

  • Não mantém contato visual;

  • Age como se fosse surdo;

  • Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;

  • Não demonstra medo de perigos;

  • Riso e movimento não apropriados;

  • Resiste ao contato físico;

  • Acentuada hiperatividade física;

  • Habilidade motora irregular;

  • Repetem palavras ou frases em lugar da linguagem normal (Ecolalia);

  • Insistência em repetição;

  • Tendência a ser insistente;

  • Pequeno poder de concentração;

  • Gira objetos de maneira bizarra e peculiar;

  • Às vezes é agressivo e destrutivo;

  • Modo e comportamento indiferente e arredio;

  • Apegado ao passado.

4 INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA

De acordo com Sassaki (1999, p. 41) inclusão social pode ser conceituada como sendo o

processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão social constitui então um processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre as soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.

Existem pontos fundamentais para a inclusão de uma criança autista na escola, para isso é fundamental que todos os envolvidos, família, amigos e escola, os tratem normalmente, tentando entendê-los na sua forma de ser, proporcionando tratamento em todas as áreas que precisem.

Certamente deveria haver mudanças não só curriculares, mas fundamentalmente nas atitudes no que diz respeito às pessoas envolvidas neste processo. (NASCIMENTO, 2007).

  • Iniciar a inclusão na escola comum ainda na educação infantil;

  • Idade da criança igual ou com mínima diferença das demais;

  • Capacitação para professores e funcionários;

  • Aceitação da turma e do professor;

  • Orientação e participação da família;

  • Sala de aula bem organizada e na mesma distribuição todos os dias;

  • Pedir para que seu aluno olhe sempre em seus olhos;

  • Coloque-o sempre o mais próximo de você;

  • Utilize recursos visuais, coloridos, que chamem atenção;

  • Manter o máximo possível a rotina da sala e da escola;

  • Estimular amizades;

  • Trabalhar o concreto; Repetir atividades para a criança poder acompanhar e compreender o que está trabalhando;

  • Elogiar sempre que se destacar;

  • Regras e disciplina bem estabelecidas, como as demais crianças;

  • Não diferenciar obrigações e direitos das demais crianças;

  • Materiais e mobiliários adaptados;

  • Preparação da comunidade escolar;

  • Adaptação curricular;

  • Inserção da política da inclusão no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola.

5 AUTISMO ATÍPICO

Existe também o Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID) que difere do autismo infantil por evidenciar-se somente depois dos três anos de idade, referir-se a um desenvolvimento anormal e prejudicado e não preencher todos os critérios de diagnóstico. O autismo atípico surge mais frequentemente em indivíduos com deficiência mental profunda e em indivíduos com um grave transtorno específico do desenvolvimento da recepção da linguagem. (SPINA, 2013)

6 SÍNDROME DE ASPERGER

A Síndrome de Asperger está ligada ao autismo, diferenciando-se dele por não causar dificuldades globais no desenvolvimento cognitivo (apreensão do conhecimento) e na linguagem das pessoas. Porém, essa diferença não é suficiente para determinar se um indivíduo é autista ou possui síndrome de asperger, afinal, alguns deles também podem apresentar dificuldades na comunicação, da mesma forma que determinadas crianças autistas também são capazes de desenvolver a fala.

As crianças inicialmente têm um desenvolvimento aparentemente normal, mas, no decorrer dos anos, acabam se tornando monótonas, com características peculiares e apresentam, com frequência, preocupações obsessivas. Sua capacidade de interagir com as outras crianças se torna mínima, pois elas têm um comportamento que caminha no sentido de distanciar-se das pessoas. Sua forma de se vestir também pode parecer estranhamente alinhada e a grande dificuldade de socialização tende a torná-la solitária.

Indivíduos com essa síndrome também apresentam prejuízos na coordenação motora e na percepção viso-espacial. Comparando-se às demais crianças, eles podem aprender coisas na idade própria, outros cedo demais e alguns podem aprender tarde demais ou apenas quando são cuidadosamente ensinados.

A Síndrome de Asperger é considerada, por alguns pesquisadores, como um tipo de autismo, se diferenciando dele apenas em função de algumas características peculiares como, por exemplo, o desenvolvimento da fala, já citado anteriormente.

As medidas para lidar com portadores dessa síndrome se aproximam muito do tratamento destinado aos autistas, já que a melhor maneira de fazê-lo, independente da síndrome ou distúrbio, é através da procura de profissionais especializados, do envolvimento da família e outras. (SPINA, 2013).

7 ATIVIDADES LÚDICAS PARA A CRIANÇA AUTISTA

O autismo acarreta o comprometimento de três principais eixos: Interações Sociais; Comportamentos estereotipados, repetitivos e restrição de interesses; Comprometimentos qualitativos na comunicação e na linguagem.

O brincar, assim como para qualquer criança, representa um papel importantíssimo para o desenvolvimento da criança autista, pois contribui para a socialização, têm efeitos positivos sobre a aprendizagem, estimula o desenvolvimento de habilidades básicas e a aquisição de novos conhecimentos. (SILVA, 2013).

As atividades lúdicas que forem oferecidas para a criança com autismo podem estimular as áreas da interação social, comportamento e comunicação. Pois conforme Araújo/APAE-Piumhi (2012): “As brincadeiras são uma ferramenta lúdica para desenvolver o potencial cognitivo, psicomotor, social e afetivo da criança, sempre respeitando o seu nível de desenvolvimento, promovendo aulas muito prazerosas”.

7.1 DADOS DE BRINCADEIRAS

Segundo Silva (2013), esta atividade desenvolve a atenção por quinze minutos ou mais, flexibilidade e participação física. Você precisará de um dado gigante que poderá ser confeccionado com papelão ou tecido. Cada face do dado deve conter uma ação a ser realizada pela criança, podendo, cada uma delas ser adaptada conforme o local onde se encontram, por exemplo:

  • Pular: deve-se incentivar a criança a repetir a palavra "pular" e junto com ela pular o mais alto que conseguir.

  • Rodar: girar em torno do próprio eixo com a criança em seu colo ou pela mão.

  • Escorregar: puxar a criança gentilmente sobre um cobertor ou ajudá-la a descer no escorregador.

  • Balançar: balançá-la em seus braços, em uma rede ou em um balanço.

  • Apertar: oferecer massagens com diferentes tipos de movimentos e intensidade de pressões em diversas partes do corpo da criança.

  • Passear: levar a criança de "cavalinho" em suas costas.

É importante incentivar a pronúncia das palavras a cada atividade.

7.2 OUTRAS ATIVIDADES

Pensando em atividades é preciso refletir sobre como podemos nos integrar ao mundo desta criança, fazer parte, olhar para ela e buscar contato para que ela te perceba e permita que possamos interagir e brincar. Esta criança pode se integrar com outras, mas para isso o mediador precisa estar disposto a lidar com seus comportamentos inadequados, podendo levar algum tempo até que ela se acomode ao grupo.

Conforme sugere Araújo APAE-Piumhi (2012), proporcione a criança:

  • Musiquinhas cantadas fazendo gestos e movimentos que brincam com partes do corpo estimulando o contato físico;

  • Brincando com música (pular e interagir);

  • Pintura (brincando com tinta);

  • Brincadeiras afetivas (cantar com gestos, olhar, sorrir, estimulando o contato visual);

  • Esculturas (criando imagens com massinha de modelar ou argila, a criança explorando para que perceba as sensações;

  • Brincando de frente ao espelho.

8 CONCLUSÃO

O autismo é uma desordem global que causa reações como, por exemplo, o não desenvolvimento normal da inteligência. Isso resulta na dificuldade de desenvolver relações sociais normais e em comportamentos compulsivos e ritualísticos. Embora algumas pessoas tenham inteligência e fala intacta, outras possuem sérios retardos em seu desenvolvimento da linguagem.

Toda criança portadora de quaisquer necessidades especiais tem direito a educação que necessita. Possuir menos do que ela precisa é colocar em risco seu direito de conviver em sociedade e ser feliz.

Fica a dúvida se realmente essa criança será feliz dentro de um contexto onde suas diferenças são evidentes, se fará amigos, se será convidada para passeios.

Acho que dificilmente haverá estímulo e manifestações espontâneas, onde ela não vai sentir-se a vontade ou em situação de igualdade sem que haja sintonia entre família, amigos e escola.

O importante é compreender que ela é uma criança que precisa ser amada acima de tudo e estimulada um pouco mais para que se desenvolva. Livrar-se de todo preconceito e buscar informação, são atitudes essenciais da família e amigos para ajudar uma criança autista.

REFERÊNCIAS

AUTISMO e Síndrome de Asperger. Disponível em: acesso em 24 junho 2013.

ARAÚJO, Márcia. Brincando com a criança autista na sala de aula. Disponível em: http/piumhi.apaebrasil.or.br/noticia.phtml/49275> Acesso em: 18 janeiro 2014.

DEFICIÊNCIA mental. Disponível em: Acesso em: 21 dezembro 2013.

GAUDERER, E.C. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento: guia prático para pais e profissionais. Rio de Janeiro: Revinter, 1997.

NASCIMENTO, L.M. Educação Especial. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Indaial: Asselvi, 2007.

SASSAKI, R.K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1999.

SILVA, Taís da. Atividades lúdicas. Disponível em: Acesso em: 18 janeiro 2014.


Publicado por: Fernanda Vach Michel

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