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A Teoria e Clássicos (Introdução) e os Gêneros Literários na Grécia Antiga

Clique e conheça quais eram os gêneros literários da Grécia Antiga!

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Introdução:

A teoria e os clássicos

Teoria

Conforme dispõe Culler, a teoria se objetiva na discussão do senso comum, em mudar o ponto de vista que se tem sobre determinado assunto, ou seja coloca em foco aquilo que foi aceito sem discussão.  O termo teoria se aplica a um conjunto de textos cujos limites de definição demonstram dificuldades ao contrário do que do antigo termo usual “teoria da literatura”, que nos remetia a explicações sobre a natureza da literatura e seus métodos de estudo.

Nesse sentido Culler (1999) acrescenta que a “teoria não é um conjunto de métodos para o estudo literário mas um grupo ilimitado de textos sobre tudo o que existe sob o sol, dos problemas mais técnicos de filosofia acadêmica até os modos mutáveis nos quais se fala e se pensa sobre o corpo.” A teria representa a voz de diversos textos em várias disciplinas.

Clássicos

Ítalo Calvino dá uma definição concisa de clássico quando escreve que: “Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer. A grandeza dos clássicos reside na sua qualidade de ser inesgotável. Desta forma um clássico refere-se a uma obra cuja descobertas não se limitam a um determinado tempo, mas sempre que lida surgem novas idéias que não são estanques. Uma característica bastante peculiar dos clássicos é que não apresentam imagens pré-formadas, pelo contrário é leitura e a releitura como processo histórico que as constituem.

O cânone

Conforme Reis (1992) “o termo (do grego, “kanon”, espécie de vara de medir) entrou para as línguas românicas com o sentido de “norma” ou “lei”. Na literatura e nas artes um cânone se refere a obras de valores atemporais e indiscutíveis, isso ocorre formal tão natural que não se percebe que um cânone se torna uma literatura universal.

Unidade A

A poética clássica

Os gêneros literários na Grécia Antiga

Introdução

É na Grécia antiga com Platão e Aristóteles que surgem as primeiras ordenações da literatura, onde dividem a dividem em três gêneros básicos: dramático, épico e lírico. Na atualidade conceitua-se estes três gêneros da seguinte forma:

No lirismo a voz central se concentra em um estado de alma que dá ritmo ao discurso, assim “pertencerá à Lírica todo poema de extensão menor, na medida em que nele não se cristalizarem personagens nítidos e em que, ao contrário, uma voz central – quase sempre um “EU”. Rosenfeld (2002)

Conforme Rosenfeld (2002)  “fará parte da Épica toda obra – poema ou não – de extensão maior, em que um narrador apresenta personagens envolvidos em situações e eventos.” Aqui se pode enquadras histórias contadas em versos ou em prosa no gênero narrativo. Já à Dramática trata “toda obra dialogada em que atuarem os próprios personagens sem serem, em geral, apresentados por um narrador.” Rosenfeld (2002)

A epopeia

Trata-se de uma narração métrica e rítmica, memorizadas e cantada por poetas em várias gerações. Este tipo de literatura se caracteriza por textos extensos cujo foco são lendárias histórias de heróis. Este gênero literário se marca pela audição do texto cantado e não pela visão de personagens como no teatro. Assim histórias de monstros e heróis aguçam a imaginação do ouvinte.

Destaca-se aqui duas obras do século VIII a.C a saber a Ilíada e a Odisséia de Homero. O autor idealiza a epopeia de Ulisses em 12.000 versos, divididos em 24 cantos em torno de três personagens: Penélope, que não admite que o marido possa estar morto e enfrenta o assédio de pretendentes; Telêmaco,  jovem filho de Penélope e Ulisses  que  se aventura em à Tróia em busca Nestor e Menelau antigos companheiros de seu pai e descobre que seu pai é prisioneiro da bela Calipso, e finalmente retorna para Ítaca; Ulisses que liberto com a  interferência dos deuses, chega a Feácia e assume o lugar do narrador-poeta para contar as aventuras e as provações impostas por Poseidon, mas obtém ajuda dos Feácios que o levam de navio de volta a Ítaca. No Canto IX da Odisséia se vê o conflito de Ulisses com o Ciclope Polifemo, cuja estratagema profícua é pensamento e o domínio da linguagem que se traduz no texto por detalhes, melodia e ritmo.

O drama

Tratando de texto escrito a aproximadamente 2.500 anos atrás na antiga Grécia, as fontes são escassas, parciais, danificadas. Alguns aspectos são obscuros, outros hipotéticos destaca-se neste gênero três tragediógrafos (Ésquilo, Sófocles e Eurípides) e um comediógrafo (Aristófanes) que não são obras completas. Assim há uma busca incontingente na busca de dados para se entender a tragédia de Sófocles.

De início o drama grego é dual sendo um diálogo ente solista e o coro, logo mais no desenvolvimento do gênero, Ésquilo acrescenta um segundo ator e Sófocles, um terceiro. A função do coro, no qual só participavam cidadãos atenienses maiores de 18 anos, é a de mediador, ou seja acrescentar comentários de fundamental importância no drama. Isso implica um movimento alternada entre coro e personagens, monólogos e diálogos, canto e fala, interrogação e ação, comentário e narração.

O teatro grego eram atividades que envolviam toda a cidade em forma de competição, onde se constituía um júri de cidadãos sorteados que elegiam os primeiros e segundo lugares entre tragédias e comédias.

Tragédia

Na estrutura da tragédia observa-se no primeiro momento “prólogo”, ou cena preparatória: um monólogo ou um diálogo que nos situa em relação a tempo, espaço e assunto. Em seguida o “párodo”, o canto de entrada ou a primeira participação do coro. E depois disto uma constância de alternação de “episódios”, diálogos entre os personagens encenados por atores, com os “estásimos”, participações cantadas do coro. O último episódio, que encerra a tragédia, é chamado de “êxodo”. A tragédia é colocava uma linha divisória entre os cidadãos comuns e os deuses e semideuses da Grécia.

Como salienta Jean-Pierre Vernant, aqui os temas se repetem, ou seja, as tragédias são feitas com histórias, lendas e mitos que todos já conhecem. A tragédia de Sófocles, contando com esse conhecimento, tem início num ponto preciso da vida de Édipo.

Édipo Rei

 A estrutura

Início: cidade assolada pela peste pede ajuda a Édipo.  Creonte traz a Previsão do oráculo e a promessa de Édipo em encontrar e punir o assassino de Laio. Em seguida alternações do coro.

1º episódio: Édipo amaldiçoa o assassino de Laio e convoca Tirésias. O cego acusado de traição revela que Édipo é assassino e esposo da própria mãe. No primeiro estásimo, o coro, que confia­ em Édipo e acredita nos deuses, ­ fica indeciso.

2º episódio: Édipo acusa Creonte e Tirésias de traição. Jocasta coloca em dúvidas a previsão do oráculo, pois havia previsto que Laio seria morto pelo próprio filho mas caiu por salteadores. Édipo chama a única testemunha ocular do crime (um servo). Neste no segundo estásimo, o coro lamenta que a religião seja desacreditada.

3º episódio: Se dá o que Aristóteles chama de peripécia ou seja mudança de acontecimentos. Édipo é aclamado rei de Corinto em lugar de Pólibo. Édipo se opõe em retornar a Corinto temendo a segunda parte da maldição e o mensageiro lhe revela que a rainha de corinto não é sua mãe. Jocasta abalada se retira de cena. O coro, no terceiro estásimo, reafirma a fé e a crença nos oráculos.

4º episódio: Édipo continua buscando a verdade. Então acontece o que Aristóteles chama de Reconhecimento, ou seja édipo descobre toda verdade que se evidencia nos seguintes forma: “Me revelo olho de quem não deveria nascer, o esposo de quem não deveria ser, o assassino de quem não deveria matar”. Agora, no quarto estásimo, o coro mostra como o destino traçado pelos deuses sempre se cumpre.

No êxodo, anuncia-se o suicídio de Jocasta, e o rei assassino cumpre a sua promessa de punir o assassino do rei: fura os próprios olhos, pede a Creonte que cuide de suas filhas-irmãs e que o expulse de Tebas. O coro final encerra uma lição: é preciso sofrer para compreender.

Percebe-se aqui a maestria precisa em narrar um fato já conhecido e prender a atenção da platéia o que evidencia a arte de narrar presente na tragédia. Deste modo ao contrário da epopéia, o gênero dramático dispensa ações secundárias, evita o supérfluo, condensa a ação, coloca poucos personagens em cena, trabalha com um único cenário.

E, quando a Grécia clássica aparece – Sófocles representando a data inicial, o ponto de eclosão –, o que deve desaparecer para que essa sociedade exista é a união do poder e do saber. A partir desse momento, o homem do poder será o homem da ignorância. Finalmente, o que acontece a Édipo é que, por saber demais, ele não sabe nada. (FOUCAULT, 1994, p. 569)

A comédia

A comédia, da mesma forma que a tragédia, tem origem nas festas e procissões dionisíacas, mas a comédia só vai aparecer cerca de cinquenta anos depois da tragédia, em 486 a.C. Era caracterizada pela sátira violenta, encenadas nos mesmos teatros e fazia parte das mesmas competições que a tragédia. Tudo o que sabemos sobre a comédia antiga nos chegou através de 11 comédias de Aristófanes, das 44 escritas, que chegaram até nossos dias.

A lírica

Está marcada pela forma com que o autor expressa no poema o estado da alma sendo sempre a primeira pessoa a voz central do texto que que exibe a paixão e o sofrimento e praticamente se exime de personagens.

Safo, nascida na ilha grega de Lesbos por volta do ano 612 a.C., é, talvez, a primeira mulher conhecida a escrever poemas na cultura, mas diferente dos poemas de Safos porém belas temos as odes de Píndaro, poeta nascido na região da Beócia, perto de Tebas, por volta de 522 a.C. As composições seguem uma estrutura mais ou menos fixa: invocação a uma divindade ou à cidade do vencedor; elogio do vencedor; relato sobre o vencedor, a cidade ou a festa; comentários e conselhos morais.

2.  A Poética de Aristóteles

Por volta de 335/323 a.C., ou seja, depois do período áureo do drama e da épica gregos, Aristóteles (384–322 a.C.) estuda, descreve e analisa esses textos para escrever o que depois vai ficar conhecido como o primeiro livro de teoria da literatura da cultura ocidental. A obra dividida em 26 fragmentos que assim se dispõe:

1- Trata na natureza e a espécie da poesia;

2- Aristóteles estabelece então diferenças internas à poesia em função do objeto imitado.

3- As maneiras de imitar ou de representar os objetos são responsáveis por mais diferenças.

4- Aristóteles se preocupa em estabelecer diferenças na poesia e interessa pela origem, em rituais distintos, pelo desenvolvimento, com a introdução dos atores e a diminuição do coro, e pelo metro.

5- A comédia, reforça Aristóteles, é uma imitação do feio e do Inferior. A extensão é ponto diferencia entre a tragédia e a epopéia.

6- A de­finição de tragédia, seu grande e verdadeiro interesse.

7- Aristóteles enfoca que a ação bem organizada tem começo, meio e ­fim.

8- A fábula deve ser única e inteira, sem supérfluos.

9- Explicar o conceito de verossimilhança, Aristóteles contrapõe poesia e história.

10- Estabelece o conceito de fábulas simples e complexas;

11- De­fine a peripécia;

12- Trata das partes da tragédia;

13- Enfoca como conseguir impactar a platéia;

14- Aristóteles destaca que os efeitos da tragédia devem ser resultado da fábula, e não do espetáculo ou recursos cênicos;

15- Aristóteles destaca quatro os aspectos a serem observados;

16- O reconhecimento também pode ser de várias espécies.

17- Para organizar uma fábula de acordo com esses aspectos, é necessário ter a idéia do todo, “a cena diante dos olhos”, para evitar contradições.

18- A tragédia compreende o enredo (aquilo que ocorre antes e durante a peça até a mudança) e o desenredo (da mudança até o ­ final).

19, 20,21 e 22- Trata  da linguagem utilizada.

23 e 24- Aristóteles passa a tratar da epopéia, que da mesma forma como a tragédia;

25- O poeta tem licença para fazer modificações, já que a arte não é igual à sociedade

26- Detalhados todos os aspectos da tragédia e pontuadas as diferenças em relação à epopéia, Aristóteles lança a pergunta final: Qual é a melhor?

Referencias

ARISTÓFANES. A greve do sexo (Lisístrata). Trad. Mário da Gama Kury. 5. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

ARISTÓTELES. Poética. In: ARISTÓTELES, HORÁCIO e LONGINO. A poética clássica. Trad. Jaime Bruna. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1988.

BARTHES, Roland. O teatro grego. In: O óbvio e o obtuso. Trad. Isabel

Pascoal. Lisboa: Edições 70, 1984.

Santos, Alckmar Luiz dos Santos Literatura brasileira I / Alckmar Luiz dos Santos, Cristiano de Sales .— Florianópolis : LLV/CCE/UFSC, 2008. 100p. : 28cm


Publicado por: Paulo Marcos Ferreira Andrade

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