A influência da Literatura juvenil brasileira na formação moral
Como a literatura é fundamental para o desenvolvimento emocional, crítico, intelectual e social do indivíduo.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
RESUMO
A leitura tornou-se instrumento de entretenimento, aprendizagem e reflexão. A escola é uma das maiores influenciadoras no processo de formação de leitores, desde a mais tenra idade. Assim, a literatura juvenil oportuniza o auxílio na formação moral. No Brasil, a maneira como essa ferramenta é utilizada nas escolas é ineficaz para o bom suporte moral do jovem. Este artigo objetiva-se a apresentar o panorama da construção moral por meio da literatura juvenil brasileira nos anos finais, para tal conceitua-se a formação moral, leitura e literatura juvenil. Para isso, a metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica exploratória de artigos produzidos por especialistas na área de Literatura. Diante do que foi observado, as autoras deste artigo concluem que a literatura é fundamental para o desenvolvimento emocional e crítico, logo, imprescindível aos jovens de ensino de anos finais.
Palavras-chave: Leitura; literatura juvenil brasileira; moral; ensino.
Resumen: La lectura se ha convertido en instrumento de entretenimento, aprendizage y reflexión. La escuela es una de las mayores influyentes em el processo de formación de lectores, desde la más tierna edad. Así, la literatura juvenil oportuniza el auxilio em la formación moral. Em Brasil, la manera en que esta herramienta se utiliza em las escuelas es ineficaz para el buen soporte moral del joven. Este artículo se objetiva a presentar el panorama de la contrucción mora por medio de la literatura juvenil brasileña en los años finales, para tal se conceptualiza la formación moral, lectura y literatura juvenil. Para ello, la metodologia utilizada es la investigación bibliográfica exploratoria de artículos producidos por especialistas em el área de Literatura. En cuanto a lo que se observó, las autoras de este artículo concluyen que la literatura es fundamental para el desarrollo emocional y crítico, luego, imprescindible para los jóvenes de enseñanza de años finales.
Palabras clave: Lectura; literatura juvenil brasileña; moral; enseñanza.
Introdução
Diante do que estudamos no curso de Letras, concluímos que a leitura tornou-se instrumento que oportuniza momentos de entretenimento, aprendizagem e reflexão, portanto, essencial na vida de cada ser humano. Nesse sentido, a literatura destinada aos jovens é frequentemente cheia de aconselhamento moral, reflexo da sociedade em que a obra foi produzida, segundo o escritor Ricardo Azevedo. Contudo, podemos perceber ao longo da nossa vida escolar nos anos finais em escola pública e privada a carência de exploração literária por parte dos professores, principalmente das disciplinas de humanas, é frequente por conta de disputas feitas entre escolas e falta de interesse ou oportunidade de aprofundamento na obra. Diante desse quadro, propomos articular como a literatura juvenil brasileira pode colaborar com a formação moral em alunos no ensino de anos finais.
Para o sociólogo e crítico literário Antônio Cândido (1988), a literatura é todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos de folclore, lenda ou até de formas mais complexas. Portanto, criar novos sentidos na vida através da imaginação e sonhos, por isso, Cândido aborda a literatura como direito básico do ser humano devido ao desenvolvimento da sociedade, natureza e o semelhante em cada indivíduo. Já Calvino (1990) apresenta a literatura como universal, sem distinção de língua e caráter nacional.
A leitura não é apenas a decodificação das palavras, mas sim a construção e reconstrução do significado da forma e do escrito levando em conta o contexto social e a intenção do autor, conforme a concepção linguística interativa. Dessa maneira, segundo a mestra em educação Maria das Graças Martins Pinto de Carvalho, a escola é uma das maiores influenciadoras no processo de formação de leitores. Logo, assim como afirma Cademartori (2009) em “O professor e a leitura”, está na leitura da literatura infanto-juvenil uma das mais poderosas ferramentas de formar pessoas com sensibilidade de olhar para o mundo de um modo especial, com vistas à descoberta do sentido da vida de cada ser humano independente de onde esteja. No entanto, é preciso identificar quais elementos compõem a literatura juvenil.
O escritor de livros infanto-juvenis, Ricardo Azevedo, salienta a construção do mercado literário: para produzir a obra é necessário identificar o público-alvo, consequentemente são notórios os diferentes momentos de amadurecimento e vivência. Logo, as obras destinadas a cada grupo é composta por reflexões, ensinamentos e entretenimento de forma que correlacione com a realidade da situação que o leitor está inserido, pois conforme Mikhail Bakhtin, a ficção é uma forma extraordinariamente rica de “experimentar a verdade”.
Faremos um breve panorama da perspectiva histórica da literatura juvenil no mundo e no Brasil, em seguida, destacaremos as temáticas abordadas nessas obras bem como a forma de ensino. Detalharemos a metodologia e, por fim, concluiremos.
Percurso histórico da literatura juvenil
Os primeiros livros destinados ao público mais jovem apareceram no século XVIII com autores como Charles Perraut e La Fontaine. Segundo o professor de Literatura infantil e juvenil da Universidade de São Paulo, José Nicolau, as obras antes do século XVIII eram marcadas pela detenção do poder: os indivíduos das mais altas classes liam clássicos literários orientados por seus pais e preceptores, enquanto os de classes populares não tinham acesso à escrita e leitura, portanto, aproximavam-se da literatura oral. A criança era vista como um mini adulto.
No século XIX, os estudos sobre pedagogia e psicologia voltados à educação e o desenvolvimento industrial e urbano, no Brasil, possibilitaram a criação de obras literárias brasileiras (poucas devido ao custo de impressão), destinadas aos jovens, produzidas por autores como Monteiro Lobato, pois até então os livros literários para os adolescentes circulados no Brasil eram importados de outros países, principalmente de Portugal.
No século XX, a produção literária juvenil brasileira ampliou-se devido à necessidade das escolas terem literatura para ensino. Em 1921, Monteiro Lobato publica “A menina do narizinho arrebitado” foi revolucionário por marcar a diferenciação dos jovens leitores.
A obra de Lobato revestiu-se de tanta importância e conheceu tão grande sucesso de público, concretizado em sucessivas reedições que, durante largo tempo, o panorama da literatura destinada a crianças e a jovens permaneceu semi-estagnado, com várias e frustradas tentativas de imitação. (SANDRONI, 1998, p.15).
Temática e ensino
É imprescindível destacar as temáticas abordadas nas obras literárias juvenis, ora portadoras de valores humanos que perpassam todas as faixas etárias como “O menino no espelho” de Fernando Sabino e “Só a gente sabe o que sente” de Frederico Elboni, ora portadoras de temas que objetivam discutir sobre vertente de interesse como “Só o amor consegue” de Zibia Gasparetto, “Lucíola” de José de Alencar e “Dom Casmurro” de Machado de Assis. Nesse sentido, segundo o professor na área de Ética, Clóvis de Barros Filho, “a moral é o que não faríamos de jeito nenhum, mesmo que não tivesse ninguém olhando, mesmo que fôssemos invisíveis”, assim é primordial ressaltar a potencialidade literária no processo de formação moral, sobretudo dos jovens, ao conhecer diferentes percepções sobre variados assuntos, como a traição apresentada em “Lucíola” e “Dom Casmurro” ou a ingenuidade na obra citada de Sabino possibilita ao leitor vestígios que o levem a melhor decisão sobre qualquer aspecto.
É primordial salientar o equívoco no ensino que se refere à literatura no Ensino Médio e Ensino Fundamental II. Estilos literários, principais autores e obras, gêneros, obrigatoriedade da leitura. Tais fatores provocam o afastamento do jovem para a literatura, pois o texto torna-se distante da realidade do aluno. Nesse sentido, a mestra em Literatura Comparada, Battisti, destaca a importância da escola no processo de formação leitora do estudante por não se tratar somente de formação de gosto literário, mas sim de garantir o direito à literatura, defendido por Antônio Candido.
Segundo Drummond, “a leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede”, portanto, torna-se evidente o traço histórico da deficiência de abordagem no ensino de literatura. Para o docente da USP citado anteriormente, essa deficiência começou no fim das Capitanias Hereditárias com o monopólio educacional dos jesuítas, que durou aproximadamente duzentos anos; o tardio desenvolvimento da identidade brasileira que se iniciou no Modernismo. Esses fatores juntamente ao jogo de interesse educativo de editoras e governo configuram tendências à insensibilidade, deficiência empática, limitado conhecimento das múltiplas realidades, ou seja, há formação de indivíduos fragilmente moralizados.
Contudo, a implantação de “Formação de leitores pelo Ministério de Educação” e “Projeto de incentivo à leitura” vinculada a Biblioteca Nacional e Ministério da Cultura são tentativas de apaziguar esse conflito, assim como concursos de gêneros literários e novas abordagens de professores em sala de aula.
Metodologia
Este artigo é um estudo estruturado conforme pesquisa bibliográfica de professores e especialistas na área de educação e literatura. Fizemos uso de três artigos como corpus: “Literatura juvenil”, que escolhemos destacar a vertente de mercado literário, “Literatura infanto-juvenil: uma perspectiva de aprendizagem”, que salientamos o panorama histórico da literatura juvenil brasileira e letramento literário, e “A importância da literatura infanto-juvenil para ampliar a competência leitora”, nesse destacamos o breve panorama histórico da literatura juvenil no Brasil, as práticas que o docente deve ter ao utilizar algum texto, como a disciplina de literatura está estabelecida nas escolas e medidas que incentivam a leitura entre os jovens.
Para o referencial teórico, utilizamos dois artigos: “Literatura infantil/juvenil, sociedade e ensino”, usamos as partes vinculadas ao breve panorama histórico, identificação de temáticas presentes nos livros classificados como juvenis, e “Literatura juvenil brasileira: narrativas do século XXI”, que usamos os trechos relacionados à evolução das temáticas presentes nas obras e o posicionamento da escola no processo de formação do gosto literário. Ainda recorremos a trechos de obras de autores como Antônio Candido, Calvino, Sandroni e Candemartori.
Visando compreender o panorama literário juvenil brasileiro enfocamos nos fatores que justificam a deficiência de leitura entre os jovens e consequentemente entre adultos, o que se caracteriza como literatura juvenil e os interesses a essa atribuída, a relação histórica da frágil moral, que é visível na contemporaneidade, com os benefícios da leitura. Para isso, aplicamos as seguintes palavras-chave: leitura, literatura juvenil brasileira, moral e ensino, dessa maneira, localizamos por meio de revistas e eventos, disponibilizados no Google, os artigos selecionados para compor este.
Análise dos dados
Segundo as autoras do artigo “A importância da literatura infanto-juvenil para ampliar a competência leitora dos alunos de 9ºano”, a literatura para jovens não pode ser imposta, sua leitura deve ser instigada, motivada de diferentes maneiras. Portanto, a abordagem de literatura na escola deve ser repensada pelos professores de forma que o aluno aproxime-se dessa arte como manifestação de conquista, satisfação e interesse. Buscar aproximar o texto certo da realidade que os estudantes estão inseridos, explorar as significações, compreender e interpretar as palavras, propor diferentes tipos de leituras em um mesmo texto, ilustrar ou criar uma história baseada no que foi lido, dramatizações referentes à temática do escrito ou do autor, esses fatores auxiliam ao aluno a desenvolver outra perspectiva sobre a potencialidade literária e simultaneamente quanto a sua influencia moral.
De que adianta pensar em etapas do desenvolvimento cognitivo diante da prostituição infantil ou de menores traficantes de drogas? De que serve saber que a invasão do complexo de favelas situado no Morro do
Alemão, no Rio de Janeiro, está repleta de átomos, moléculas e neurônios? (AZEVEDO, 2011).
Azevedo ao se referir as temáticas dos livros “Capitães da Areia” de Jorge Amado e “Abandonados” de Lia Junqueira reforça a necessidade de reconhecer as múltiplas realidades e culturas em que jovens estão, assim possibilitando desenvolver o aspecto empático e solidário do indivíduo.
É importante destacar que esta mudança é gradual e lenta e se dá em conjunto: família, sociedade, governo e, acima de tudo, a relação aluno – professor.
Considerações finais
Este artigo tem por objetivo apresentar um panorama dos modos como ocorre a construção moral por meio da literatura juvenil brasileira nos anos finais, para isso conceituamos a formação moral, literatura e literatura juvenil, além de identificação de práticas de formação moral utilizando a literatura. O amplo conhecimento e aprendizado que adquirimos ao longo da relação entre corpus e referencial teórico serviu para apresentar a dimensão da deficiência leitora sob perspectiva histórica, social e psicológica.
Concluímos que a literatura é fundamental para o desenvolvimento emocional, crítico, intelectual e social do indivíduo, portanto, imprescindível aos jovens por estarem iniciando na vida e consequentemente uma enorme melhora nos vastos setores sociais. Como afirma o cantor Rashid “a palavra é um oceano, mas a língua é uma âncora”, é preciso saber entender as palavras, seus significados, formas e sons.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Ricardo. Literatura juvenil: aspectos, dúvidas e contradições. Revista FronteiraZ. São Paulo, n. 6, abril 2011.
BATTISTI, Roselei; PORTO, Ana Paula T. Literatura juvenil brasileira: narrativas do século XXI. Revista Literatura em Debate. Rio Grande do Sul, v. 10, n. 18, p. 222-232, ago. 2016.
CADEMARTORI, Ligia. O professor e a literatura: para pequenos, médios e grandes. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas. 1ª ed. Tradução: Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
CANDIDO, Antônio. Vários escritos. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul/São Paulo: Duas Cidades, 2004.
DO SABER, CASA. O que é moral? | Clóvis de Barros Filho. 2014. (2min33s). . Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Jsjn49FxJLc. Acesso em: 5 mar. 2019.
GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literatura infantil/juvenil, sociedade e ensino. In: 16º Congresso de leitura no Brasil. Campinas, 2007.
LINHARES, Maria Vioneide; XAVIER, Keila L. C.; ALVES, Lúcia Cristina; ALMEIDA, Hyldson Lennon O. Literatura infanto juvenil: uma perspectiva de aprendizagem. V Semana de Estudos, Teorias e Práticas Educativas. Rio Grande do Norte, 2014.
RASHID. Cê já teve um sonho?. 2016. (2min29s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_bgeIrd8I9o. Acesso em 16 mar. 2019.
SANDRONI, Laura. De Lobato à década de 1970. In: SERRA, Elizabeth D’Angelo (org.). 30 anos de literatura para crianças e jovens: algumas leituras. Campinas: Mercado de Letras / Associação de Leitura do Brasil, 1998.
SANTOS, Denise Aparecida; MARTINS PINTO DE CARVALHO, Maria das Graças. A importância da literatura infanto-juvenil para ampliar a competência leitora dos alunos de 9º ano. Simpósio anal do ICESP. Brasília, 2018.
Por Mariana Fernandes Vieira - Graduanda em Letras Português/Espanhol (UFS) - Ana Cláudia Rodrigues dos Santos Paula - Graduanda em Letras Português/Espanhol (UFS) e Isabel Cristina Michelan de Azevedo - Doutora em Letras Clássicas e Vernáculas pela FFLCH da Universidade de São Paulo. Professora na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Publicado por: Mariana Fernandes Vieira
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