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A DUBLAGEM E A LEGENDAGEM COMO TÉCNICAS USADAS NA TRADUÇÃO DE FILMES

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

A tradução surgiu, a partir na necessidade de comunicação entre sociedades de culturas diferentes. Por isso, para traduzir um texto, é importante, além do conhecimento gramatical, ter vasto conhecimento do contexto histórico, social e cultural de ambas as línguas e sociedades envolvidas no processo tradutório.

Para alguns estudiosos, a tradução é substituição do texto de uma língua por um texto equivalente em outra língua, pois estes acreditam que uma tradução nunca é fiel ao texto original.

Todo texto é único e é, ao mesmo tempo, a tradução de outro texto. Nenhum texto é completamente original porque a própria língua, em sua essência, já é uma tradução: em primeiro lugar, do mundo não-verbal e, em segundo, porque todo signo e toda frase é a tradução de outro signo e de outra frase. Entretanto, esse argumento pode ser modificado sem perder a sua validade: todos os textos são originais porque toda tradução é diferente. Toda tradução é, até certo ponto, uma criação e, como tal, constitui um texto único (PAZ,1971 APUD ARROJO, 2007, p. 11).

É sabido que não há consenso entre os estudiosos sobre o que de fato é tradução e sobre os métodos que envolvem o processo tradutório e muito embora não haja um consenso entre os teóricos da tradução, sobre isso, esse trabalho adota o conceito de Campos para o que é tradução. De acordo ele, a tradução consiste na passagem de um texto escrito em língua estrangeira para a língua materna (CAMPOS, 1986, p. 7).

O sentido de passar de uma língua para outra é uma metáfora do ato físico de transferir. Assim, concluímos que os demais sentidos atribuídos às palavras “traduzir” e “tradução” são gerados a partir de extensão metafórica. Em todos eles, pressupõe-se o ato de transferir, de passar algo de um lado para outro (GUERINI E COSTA, 2006 APUD QUERIQUELLI, 2019, p.4).

Para muitos, ao pensar em tradução, existe apenas uma tradução possível, ou melhor, apenas uma tradução ideal. No entanto, ao estudar essas técnicas, percebemos que existe um número "infinito" de variáveis ​​competindo pela execução da tradução. Isso significa dizer que a tradução é resultado de uma escolha, e que critérios como melhor ou pior, ideal ou imperfeito, suave ou difícil não são suficientes para julgar a tradução ou entender a natureza do fenômeno.

Diversos são os tipos e as técnicas de tradução existentes, nem sempre coincidentes, pelo fato da falta de consenso entre os diversos autores da ciência da tradução.

Tipos e técnicas de tradução

Campos (1986, p. 32) elenca alguns tipos de tradução e técnicas de tradução, que serão apresentados a seguir: tradução literal, quando o texto é traduzido palavra por palavra; e a tradução oblíqua, que é uma tradução “menos literal”. Na tradução oblíqua, tem-se alguns procedimentos adotados, tais como a transposição, a modulação, a equivalência, a adaptação, entre outros. Uma tradução pode ser feita diretamente a partir do texto original, constituindo-se, assim, uma tradução direta. Ou pode se ter uma tradução indireta, que é quando a tradução de uma obra é feita a partir de uma outra língua que não a original.

A tradução literal, se dá quando a língua-fonte e a língua-meta pertencem à mesma família linguística, vem de uma mesma origem. Portanto, é mais fácil de se obter uma tradução mais fiel (tanto quanto possível) ao texto original.

Conforme Lanzetti et al. (2009, p. 7, apud Queriquelli, 2019, p.50), “a tradução palavra por palavra pressupõe que o texto de chegada terá o mesmo número de palavras do texto original, obrigatoriamente na mesma ordem sintática”

Na tradução que não é literal, que não segue paralela à forma do original, e que por isso é chamada “oblíqua”, os procedimentos técnicos são vários, e em números que variam de acordo com os autores.

De acordo com Vinay e Darbelnet (1958/1972, apud Pym, 1956/2017, p.41), um dos procedimentos da tradução oblíqua é a “transposição”, que consiste em substituir uma parte do discurso por outra, muitas vezes ocorrendo a mudança de classe gramatical das palavras, mas sem alterações do significado da mensagem. Em alguns casos, tanto a tradução literal quanto a transposição podem ser usadas.

Outro procedimento é a “modulação”, em que são feitas mudanças na classe de palavras, mudando o foco ou o ponto de vista, de forma que aquela construção soe mais familiar na língua-meta.

A “equivalência”, é mais usada em situações existentes na língua-fonte que perdem o sentido se forem traduzidas de forma literal. Este procedimento, geralmente é o mais aplicado a clichês, expressões idiomáticas, provérbios e em contextos humorísticos.

Outro procedimento adotado, a “adaptação”, consiste em um procedimento cultural assimilativo, utilizado para criar uma situação que possa ser considerada equivalente a uma da língua-fonte que não é conhecida da língua alvo.

A “amplificação”, ocorre quando um texto na língua-meta se torna maior que o original, em número de palavras. De acordo com Vázquez-Ayora (1977, apud Campos, 1986, p.43) isso às vezes decorre da falta de palavras da língua-meta que possam em menor número expressar o que está expresso em poucas palavras da língua-fonte.

Em contrapartida, a “condensação”, é quando um texto é traduzido com menos palavras, que o existente no original.

A “omissão”, é a técnica usada quando o tradutor decide por não traduzir algum trecho ou estrutura do texto-original, e pode ocorrer tanto para evitar redundância de informações, quanto por algumas incompatibilidades de usos entre as línguas.

Enquanto na “explicitação”, o tradutor entende como necessário o acréscimo de alguma informação não-óbvia ao interlocutor.

Outra técnica frequentemente usada, é o “empréstimo”. De acordo com Queriquelli (2019), refere-se ao procedimento de acomodar uma palavra estrangeira à fonologia da língua de chegada e buscar uma grafia que corresponda a esse som (o que também pode ser chamado de aclimatação, acomodamento ou transliteração), ou mesmo de usar a grafia original da palavra.

Técnicas de Tradução em Filmes

Com a evolução da tecnologia, e com os primeiros filmes e vídeos falados chegando no âmbito internacional, percebeu-se a necessidade da tradução destas falas para que houvesse uma boa compreensão por parte do público. A partir daí, surgiram as técnicas de legendagem e dublagem.

A Legendagem

A legendagem é uma técnica usada em que textos acompanham uma imagem, com ou sem áudio, que dão um significado ou esclarecimento sobre a mensagem que aquela imagem quer passar.  A técnica é feita através de sobreposição do texto sobre a uma imagem ou vídeo e, geralmente aparece na parte inferior deles.

A legendagem consiste em textos escritos e apresentados na tela, no momento de fala dos personagens.

Segundo Agost (1999), a legendagem consiste na inserção de legendas no idioma de chegada em uma tela que exibe o texto audiovisual em sua versão original, de forma que as legendas coincidam aproximadamente com a intervenção dos atores, no caso o filme. A autora acredita que a maior dificuldade na tradução de legendas é justamente a necessidade de resumir tudo o que os atores disseram em cena na tela, pois as falas dos personagens exibidas de forma escrita, têm espaços limitados. E o tempo sincronizado das legendas e falas dos atores.

A dublagem

A dublagem, por sua vez, consiste na tradução, através da sobreposição da voz original por outra voz, sempre levando em consideração a sincronia labial, a duração da fala, a expressão gestual e sentimental dos personagens e o contexto da história e da mensagem a ser passada. Esta pode ser definida como o ato de substituir a voz de uma produção audiovisual por outra voz. Para se trabalhar com a técnica da dublagem, vários aspectos devem ser observados, como ter um estúdio bem equipado e preparado, escolha de dubladores qualificados e vozes com timbres semelhantes às vozes originais, bem como seguir várias normas em relação à técnica em si.

Agost (1999), define a dublagem como a substituição de um código oral original, por um código traduzido, e ela defende que essa substituição sonora deve envolver também todos os sons envolvendo o plano de fundo, como por exemplo, os burburinhos, conversas, aplausos etc.

Tendo em vista ser um trabalho mais demorado, mais lento, e que envolve toda uma equipe técnica e profissionais especializados, acaba por se tornar mais caro financeiramente. Porém, por muitas vezes, se torna mais lucrativo, considerando que tem um maior apelo para o público infantil e idoso, bem como para pessoas que não sabem ou tem maior dificuldades com a leitura.

A dublagem é, pois, uma tentativa de tornar um filme, programa de TV ou outro produto audiovisual compreensível para aquelas pessoas que não falam a língua original do produto. E exatamente por este mesmo motivo, muitas vezes se faz necessário, uma adaptação do contexto da história que está sendo contada, pois na maioria dos casos, a história pode perder o sentido para o público.

Na dublagem, não há um padrão do que deve ou não ser adaptado. O que pode acabar tornando mais complexo o trabalho de dublagem principalmente em filmes de comédias, onde geralmente tem que se introduzir piadas que não fujam à ideia central do filme, mas que também façam o expectador ter interesse por ele. Por este motivo, muitos tradutores de dublagem fazem uso de provérbios, ditados populares, piadas, gírias e rimas engraçadas, para tentar aproximar o público da obra.

Um dos maiores exemplos da necessidade de se conhecer a cultura do país da língua fonte é justamente a dificuldade das traduções dos textos de cunho humorístico. De acordo com Paiva (2017, p.3), o humor é definido como “o que nos proporciona divertimento, distração e entretenimento de forma a nos fazer rir espontaneamente”, daí vem a importância do conhecimento de mundo e cultural que a pessoa tem, para se fazer entender uma piada ou situação engraçada.

A dublagem do filme White Chicks

O filme White Chikcs, teve sua dublagem feita pelo estúdio Double Sound, que fica sediado na cidade do Rio de Janeiro, e foi fundado em 1993 por Marcelo Coutinho e pelo engenheiro Luiz Guilherme d’Orey.

Teve como dubladores dos personagens principais: Duda Ribeiro (Kevin Copeland), Nizo Neto (Marcus Copeland), Mauro Ramos (Chefe Elliott Gordon), Miriam Ficher (Tori), Marisa Leal (Lisa), Márcia Morelli (Karen), Márcio Simões (Latrell Spencer), Clécio Souto (Agente Harper), Hélio Ribeiro (Agente Gomez), Flávia Saddy (Brittany Wilson), Fernanda Baronne (Tiffany Wilson), Dário de Castro (Warren Vandergeld), Priscila Amorim (Heather Vandergeld) e Fernanda Crispim (Megan Vandergeld).

Contou ainda com a direção de dublagem por Marlene Costa, tradução por Pavlos Euthymiou e locução por Ricardo Telles.

Na dublagem brasileira, várias menções foram feitas sobre artistas brasileiros, como Hebe Camargo e Ratinho.

A obra, é considerada uma das dublagens mais bem-feitas e conhecidas do Brasil, sendo reconhecida até pelos artistas do próprio filme.

Segue-se para a metodologia utilizada para efetivação desta investigação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORO Cinema. As Branquelas. Disponível em: <https://www.adorocinema.com/filmes/filme-54456/>. Acesso em: 16 de dez. de 2021.

AGOST, Rosa. Traducción y doblaje: palabras, voces e imágenes. Barcelona: Ariel, 1999.

ARROJO, Rosemary. Oficina de Tradução: a teoria na prática – 5.ed. São Paulo: Ática, 2007.

BASSNETT, Susan. Estudos de Tradução: Fundamentos de uma disciplina. Lisboa: Fundação Calouste Bulbenkian, 2003.

CAMPOS, G. O que é tradução. São Paulo - SP: Editora Brasiliense S.A., 1986.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio Século XXI escolar. 4. ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

PAIVA, Maicon Fabricio dos Santos. Um estudo da tradução do humor na série estadunidense “How I met your mother”. 2017. Trabalho de conclusão de curso (Letras)- Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2017. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2021.

PLAZA, Julio. Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2003.

PYM, Anthony, 1956. Explorando as teorias da tradução; [tradução Rodrigo Borges de Faveri, Claudia Borges de Faveri, Juliana Steil]. – 1. ed. – São Paulo: Perspectiva, 2017.

QUERIQUELLI, Luiz Henrique Milani. Técnicas de tradução em língua inglesa. Indaial: UNIASSELVI, 2019.

SOUNDS, Double. Double Sounds Estúdios e Produções. Disponível em: . Acesso em: 18 de abr. de 2023.

WIKI, Dublagem. As Branquelas. Disponível em: . Acesso em: 18 de abr. de 2023.

WIKIPÉDIA, A enciclopédia livre. White Chicks. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/White_Chicks>. Acesso em: 16 de dez. de 2021.


Publicado por: Carolina Dias de Sousa e Silva

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.