Rio Itajaí Mirim, sua revitalização e integração com a cidade
Localização do município de Brusque, sua história, transformação do Rio e a revitalização do rio-cidade com de áreas de lazer criando vínculos com o rio e a importância de convívio social.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
RESUMO
O trabalho incide sobre cidade de Brusque-SC no seguinte questionamento: Como podemos fazer a interação Social, ambiental, cultural, arquitetônica e urbanística do rio Itajaí-Mirim, com a cidade, e sua revitalização? Respeitando a historicidade entre o rio e a cidade, este artigo busca propor formas de uso público de lazer ao ar livre como construção social de espaços de convivência entre habitantes, visitantes, turistas no espaço público da cidade. Pretende-se enfatizar a construção coletiva do espaço público beira-rio, enquanto lugar de socialização, convivência e exercício de cidadania, trazendo uma nova forma de lazer e convivência a sociedade.
Palavras-chave: História, Rio Itajaí-Mirim, Revitalização, Cidade para lazer, Espaço Público, Urbanismo.
Abstract
The work focuses on the city of Brusque -SC on the following question: How can we make social interaction , environmental, cultural , architectural and urban Itajaí -Mirim River , with the city and its revitalization ? Respecting the historicity between the river and the city, this article seeks to propose ways of public use outdoor recreation as a social construction of spaces of coexistence between residents , visitors, tourists in the public space of the city . It is intended to emphasize the collective construction of public space waterfront , as a place of socialization , living and exercise of citizenship, bringing a new form of leisure and living society.
Keywords: History, Itajaí- Mirim , Revitalization , City leisure , Public Space , Urban Planning .
INTRODUÇÃO
A primeira parte do trabalho sera sobre a localização do município de Brusque, sua história é a transformação do nosso Rio. Segunda parte Revitalização do rio- cidade com de áreas de lazer criando vínculos com o rio e a importância de convívio social. Logo em seguida um estudo de caso Parque do Rio em Medellín para então propor uma Revitalização para o Rio Itajaí Mirim.
1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICIO DE BRUSQUE
A cidade de Brusque está inserida na Bacia Hidrográfica no Rio Itajaí ao sul do Brasil, no estado de Santa Catarina. De forma mais especificada, localiza-se na Zona do Médio Itajaí Mirim, que abrange parte das cidades de Lontras, Ibirama, Apiúna, Brusque, Botuverá, Guabiruba, Itajaí e Gaspar. A bacia compreende uma área de 15.000 km², dos quais cerca de 80% se encontram na região da Mata atlântica, montanhosa e fortemente entrecortada por rios e ribeirões.
Área - 283,45 km²
Habitantes em 2015 – 122.775 mil habitantes (censo IBGE)
Bioma - Mata Atlântica
Posicionamento Geográfico - porção nordeste de SC
Limites:
o Norte: Gaspar e Itajaí
o Sul: Nova Trento e Canelinha
o Leste: Itajaí e Camboriú
o Oeste: Guabiruba e Botuverá
2 HISTÓRIA VALE ITAJAI
Na história das colonizações, o rio é a lógica que norteia a seleção do local para estabelecer as primeiras vilas e aldeias, por razões funcionais, estratégicas, culturais e patrimoniais.
“A História da colonização do Vale do Itajaí remonta ao início do século XIX. Havia, então uma razão importante para concentrar grandes contingentes imigratórios entre o planalto e o litoral de Santa Catarina. Os imigrantes não escolheram deliberadamente essas regiões de floresta para colonizar. Foi a colonização a estratégia adotada para abrir vias de comunicação entre o litoral e o planalto, e, o mais viável, era acompanhar os principais rios do vale. ”( PARENTE, THAIS C.D, 2011)
3 DETERIORAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO
No final de 1860 (ano da fundação do município), Brusque contava com 657 habitantes, cem anos após, com cerca de 15.000. Após 1960, com a construção de estradas e maior conectividade interurbana e municipal, a cidade já contava com 76.058 habitantes no ano de 2000. Atualmente, pelo senso de 2015 do IBGE, a população do município é de 122.775 habitantes, sendo que 96,7% dessa população é urbana. (SENSO IBGE).
Fica claro desta forma a explosão demográfica sofrida, causando deterioração em todos os sistemas que compõe a cidade: sistema viário, sistemas de drenagem fluvial e de saneamento, usos e ocupações, impermeabilização do solo, supressão da vegetação e a desvalorização dos recursos naturais e da paisagem. As imagens ao lado ilustram a explosão demográfica sofrida.
A Bacia do Rio Itajaí é a maior bacia da vertente atlântica do Estado de Santa Catarina, com uma área de 15.500 km2, correspondendo a 16,15% do território catarinense. A área da bacia abarca 47 municípios e possui em torno de um milhão de habitantes, dos quais 76% concentram-se nos centros urbanos. As primeiras áreas de ocupação no processo de colonização foram na foz do rio Itajaí, seguindo da região do médio vale por volta de 1850. A colonização do alto vale do rio Itajaí ocorreu em torno de trinta anos depois, pela constituição de pequenas propriedades, algumas vezes incentivadas por projetos de colonização (JOHNSSON & LOPES, 2003).
Figura 01: Fotografia da construção da Rodoviária Municipal juntamente com a Av. Bepe Rosa (Beira Rio) em 1989. Nota-se que existiam poucas edificações, tanto na margem esquerda quanto na direita. Fonte: (PARENTE, THAÍS C.D, 2011)
Figura 02: A fotografia acima é do ano de 2010, do alto do morro do Planetário com visão para os bairros Centro I e Centro
II, mostra o quanto a cidade expandiu e verticalizou em poucos anos, não somente na região central, mas em toda a sua extensão. Fonte: ( PARENTE, THAÍS C.D, 2011)
4 TRANSFORMAÇÃO DO RIO ITAJAÍ MIRIM
A industrialização foi o motor das transformações na sociedade. Esta nova forma de cidade regida pelo capitalismo, além de modificar as formas de trabalho, altera também as relações sociais e as formas de apropriação do espaço: calçada na concepção de que os recursos naturais são infinitos, ocorreu a destruição e a exploração sem limites de outros ecossistemas para garantir a funcionalidade do primeiro. A civilização industrial relegou, e relega ainda hoje, todos os limites de interferência sobre os recursos naturais, explorando e deteriorando todos os ecossistemas responsáveis por sua manutenção; transformando também áreas urbanas não em um local de convívio, encontro, moradia, trabalho e lazer, mas em um emaranhado de prédios cujas funções se limitam somente em morar e a trabalhar.
A evolução desordenada das cidades e o uso e ocupação do solo de maneira inadequada, consequência de inúmeros fatores, anulou a importância do rio, reduzindo a sua presença a apenas sintomas perturbadores: mau cheiro, obstáculo à circulação e ameaça de inundações. O que outrora fora a base de toda a colonização e marco paisagístico, reduziu-se a áreas de conflito e de deterioração ambiental.
Pretende-se analisar o município de Brusque uma visão integrada da bacia do Vale do Itajaí, resgatando a ruptura com o rio e alterando a percepção do mesmo na paisagem em que está inserido. A partir da reconciliação e resgate do Rio. (PARENTE, THAÍS C.D, 2011)
5 IMPORTÂNCIA DAS ARÉAS PÚBLICAS DE LAZER AO AR LIVRE
Quando no espaço urbano o rio conforma um elemento integrante da paisagem, via de regra os habitantes o incorporam como símbolo do lugar. Por sua vez, a expansão do sítio da cidade e o adensamento do uso e ocupação urbana impactam sobremaneira o conjunto de águas correntes que junto aos equipamentos instalados na beira-rio impactam, por sua vez, o ambiente natural, ocasionando e produzindo espaços deteriorados.
Caso um rio atravesse a zona central de uma cidade imediatamente ele se incorpora a paisagem urbana e, por consequência, ao imaginário coletivo¹. A construção deste imaginário remete-se frequentemente à função o rio na fundação da cidade e o papel desempenhado na viabilização do crescimento econômico local.
Quando elemento e equipamento presente na área central de uma cidade, as margens de um rio tornam-se objeto de intervenção urbanística, normalmente transformadas em eixo viário principal, dado o potencial topográfico de suas margens. Por isto, recebem por parte dos responsáveis (políticos e técnicos) pelo planejamento territorial e gestão do espaço urbano tratamento diferencial, consolidando paulatinamente um espaço de intenso uso público na cidade. Porém, quando não recebem adequado tratamento paisagístico tornam-se elementos esquecidos e maltratados no cenário da cidade, exercendo apenas a funcionalidade de articulação viária e, em casos extremos o limite da área urbana, sendo então relegado ao “fundo” da cidade. Há casos muito comuns em que o rio desaparece da paisagem da cidade, quando seu leito é recoberto sobre área construída para funcionar com o uso mais frequente de via pavimentada.
Para analisar a importância do rio na história atual da cidade apresentamos o Rio Itajaí Mirim localizado na cidade de Brusque – SC, e seus espaços necessários e necessitados de valorização do uso coletivo e público da cidade. Avaliamos esta potencialidade e apresentamos argumentos em prol do equipamento e revitalização da beira-rio para uso público ao ar livre com atividades ligadas ao lazer e a cultura. Ambos os casos conjugam importância histórica para a comunidade, isto é, o rio como um símbolo de identidade local, e a existência atual de forte impacto ambiental em relação as condições hídricas, no ambiente urbano.
Nas últimas décadas tem-se visto a emergência de novas formas de uso do espaço urbano voltadas para o lazer e a cultura que privilegiam a construção de equipamentos inseridos em espaços público-privados essencialmente fechados ou exclusivamente privados. É o caso especialmente dos shopping centers, casas de show e parques temáticos. No caso específico dos shoppings centers seu caráter multifuncional na prestação de serviços alia o espaço comercial aos equipamentos de cultura e lazer, sendo que na estratégia de organização espacial, frequentemente, conjuga-se ou busca-se acoplar num mesmo empreendimento, o comércio e o lazer. Já no início dos anos 60 Jacobs advertia:
[1] Obras de canalização tendem a aprofundar o leito do rio, “emparedar” e esconder o curso d´água, alijando o rio da percepção da paisagem no espaço urbano. Muitas vezes a percepção do rio por parte dos usuários se dá em momentos de cheias e enchentes.
Os shoppings centers monopolistas e os monumentais centros culturais, com o espalhafato das relações públicas, encobrem a exclusão do comércio – e, também da cultura – da vida íntima e cotidiana das cidades (Jacobs, 1961:3).
A cidade encontramos e cada vez mais valorizadas os elementos naturais, haja vista a busca pelo entorno “mais natural” das cidades e a localização nas vizinhanças dos empreendimentos imobiliários de parques e “reservas de natureza”. Por sua vez, os rios constituem acidentes geográficos de grande vulnerabilidade quando perpassam áreas urbanas.
Seu traçado dentro do sítio de uma cidade e sua incorporação ao espaço urbano se inscreve na história urbana de maneira diferenciada; sendo esta história frequentemente a razão e a explicação do maior ou menor impacto dos efeitos da urbanização, industrialização e periferização sobre o rio.
No rio temos a proposta de ampliar as razões ambientais de preservação, conservação e recuperação do ambiente, incluindo e invocando seu uso, e sua utilização como espaço de lazer e cultura para os habitantes e usuários da cidade.
Não custa salientar que os maiores destinos turísticos são urbanos e, é no espaço público que o turista e o visitante podem de fato conceber a geografia local. O espaço público ao ar livre inscreve a geografia dos lugares (Cf. Menezes, 2005).
6 ESTUDO DE CASO - O Parque do Rio em Medellín
Segundo site Arch Daily Latitud Taller de Arquitectura y Ciudad venceu o primeiro lugar no Concurso Público Internacional de Anteprojeto Urbanístico, Paisagístico, Arquitetônico e seus estudos complementares do Parque do Rio, na cidade de Medellin.
Este concurso tem como objetivo integrar a cidade com o rio, a área de intervenção é definida em função da propriedade pública disponível ao longo dos principais eixos viários e da retirada de água determinada para ambas as margens.
Figura 03: Rio, na cidade de Medellin
6.1 SISTEMA AMBIENTAL DE CONEXÃO PARA A CIDADE
O projeto surge como uma resposta estruturante a rede biótica da cidade de Medellín. Atualmente a vegetação do Vale de Aburrá se encontra desarticulada da rede de espaço público.
O programa busca desenvolver a consciência ambiental, preservar espécies nativas da região, conectar a rede biótica do vale e a proteger do rápido crescimento urbano, atrair contextos culturais ao longo do eixo do rio para melhorar a qualidade do espaço público e infraestruturas para a cidadania.
Proporcionar espaços para a aprendizagem através de percursos com paisagens e vegetação variadas e oferecer espaços desportivos para compor um parque amplo, onde os residentes do Vale possam divertir e educar-se.
O Parque Botânico da cidade de Medellin busca articulares os corpos de água, os vazios verdes, e as infraestruturas subutilizadas sobre o rio Medellín por meio de sua recuperação e articulação ao que chamamos de corredor biótico metropolitana.
6.2 CRITÉRIOS PROJETUAIS
Rio como Eixo Estrutural: Aproveitando a hierarquia natural do rio para criar um parque botânico que ligue os sistemas naturais da cidade em um circuito ambiental no Vale do Aburrá. O novo corredor biótico metropolitano torna-se um parque ambiental, cultural e desportivo.
6.3 IMPLANTAÇÃO PROPOSTA MACRO
Figura 04- Implantação Proposta
Potenciação de lacunas verdes urbanas e seu vínculo ao sistema ambiental: Os vazios verdes urbanos encontrados na área de influência do Rio Medellín e seus afluentes são classificados, reutilizados e reconectados ao corredor biótico.
Figura 05- Área verde reutilizadas
Recuperação e integração de corpos de água: Promover a recuperação e proteção dos fluxos de água através de sua integração com o corredor biótico metropolitano. Reconhecer estas estruturas naturais como parte ativa e influente sobre o bem-estar geral do rio e do Vale do Aburrá e intervir nestes para incorporação na rede de espaço público e ambiental dada assegura o equilíbrio/recuperação do sistema biótico garante da cidade, promovendo educação aos cidadãos para protege-los e garantir a sua manutenção.