“O fim da História”, de Francis Fukuyama – Uma análise crítica em Teoria da História
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Em 1989, o cientista político e economista americano Francis Fukuyama publicava seu famoso artigo O fim da história? Na revista The National Interest. Nele, argumentava que a difusão mundial das democracias liberais e do livre capitalismo de mercado possivelmente sinalizavam o fim da evolução sociocultural da humanidade. Três anos mais tarde, ele publicaria o livro O fim da história e o último homem, onde expandia essas ideias.
Decorrido um quarto de século, os pontos de vista de Fukuyama continuam sendo debatidos e criticados. Em entrevista à DW[Deutsche Welle], o filósofo de 61 anos afirma que tais ataques a seu texto são decorrentes de uma interpretação equivocada, e defende suas teses à luz de eventos geopolíticos recentes.
Fonte:
SCHLIESS, G. "Ainda tenho razão", afirma Francis Fukuyama, filósofo do "fim da história". Deutsche Welle. Seção “Mundo”. 29.06.2014. Disponível em: . Acessado em 16/07/2018.
Para iniciarmos uma análise ampla precisamos levar em consideração diversos aspectos da história na época em que esse artigo foi escrito e também alguns aspectos do autor.
No fim dos anos 80 e início dos anos 90, o mundo estava passando por uma grande mudança em vários aspectos políticos: A URSS em plena decadência e iniciando o seu processo de abertura, o muro de Berlim sendo derrubado, os países que faziam parte do socialismo soviético iniciando seus movimentos separatistas, a Polônia sendo a precursora na Europa através do movimento do Solidariedade com Lech Walesa sendo eleito em 1990 o presidente, na américa latina vários países se fortalecendo contra as ditaduras e o autoritarismo, tendo o Brasil como destaque realizando a primeira eleição direta em quase 30 anos.
Em todo esse contexto surge Francis Fukuyam, economista, cientista político e um dos principais assessores intelectuais de Ronald Reagan, presidente americano, na época em que os Estados Unidos se fortaleciam politicamente a nível mundial com uma democracia estável, economicamente superior e militarmente dominante. Em todo esse processo histórico o país que mais se destacou como o grande líder mundial foram os EUA.
Surge então Francis Fukuyam, propondo através de seu estudo e seu artigo, um “novo” caminho político através da “democracia liberal”, onde ele destaca que: “o modelo capitalista, a democracia e o liberalismo econômico aparecem como a melhor alternativa de sobrevivência para os países recém democratizados”.
Desde o lançamento do livro e do artigo, podemos salientar através de pesquisas que a crítica negativa se mostrou bastante fundamentada, em bases muito sólidas e em grande parte devido ao objetivo nítido do autor em defender a política econômica e o sistema político americano como um modelo de supremacia para o restante do mundo: uma saída para o caos, para o fim do comunismo, do socialismo e sustentando a tese de que “o liberalismo econômico seria o ápice da evolução econômica da sociedade contemporânea. Esta viria acompanhada da democracia e da igualdade de oportunidade. Todos seriam livres e capazes de conquistar os seus objetivos”.
Nesta análise vamos destacar algumas críticas importantes e que propõem vários questionamentos sobre a obra de Fukuyama.
Em muitos aspectos Fukuyama é menos hegeliano do que desejaria: como cientista político do Departamento de Estado da Casa Branca, sua leitura da filosofia de Hegel focou-se menos no que é efetivamente a sua “instância fundamental” (o desenvolvimento do Espírito) do que em uma de suas dicotomias (a História, que se contrapõe à natureza). Ademais, a hipótese sobre o “fim da História” acabou baseada em uma tradução que, inevitavelmente, traiu e falsificou o que havia registrado o sistema hegeliano: ANDERSON, Perry. O Fim da História: de Hegel a Fukuyama. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992.
“Hegel nunca utilizou os termos Ende [fim] Schluss [encerramento] no léxico de suas conclusões; somente Ziel [meta, alvo], Zweck [objetivo final, finalidade] ou Resultät. A razão disso é simples, num determinado nível. Em alemão, não existe uma palavra que combine os dois sentidos de end em inglês, como término e como propósito, e o interesse essencial de Hegel era mais pelo segundo do que pelo primeiro”. ANDERSON, Perry. O Fim da História: de Hegel a Fukuyama. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992.
Com efeito, a teoria de Fukuyama acabou ridicularizada por inúmeros autores, entre conservadores, liberais e comunistas. No dia seguinte aos atentados às torres gêmeas, o colunista George Will referiu-se ironicamente a essa teoria: para ele, a História havia “voltado de férias”. WILL, George. The end of our holiday from history. Jewish World Review. 12 set. 2001. Disponível em < http://www.jewishworldreview.com/cols/will091201.asp
Em um artigo de 2007, Eric Hobsbawm afirmou: “Quando caiu o muro de Berlim, um americano incauto anunciou o fim da história. Evito, portanto, usar uma expressão tão claramente desacreditada” HOBSBAWM, Eric. Guerra, paz e hegemonia no início do século XXI. Em: Globalização, democracia e terrorismo. Tradução: José Viegas. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 36
A ideologia hegemônica, que em nenhuma circunstância se contrapõe efetivamente às democracias liberais, passou a se orientar pela noção pós-moderna de “multiculturalismo”, com suas interações e conflitos entre as múltiplas práticas culturais, políticas, sociais e religiosas. Desse modo, Fukuyama não estaria inteiramente equivocado ao anunciar o fim de uma ordem bipolar: apenas a sua consequência teria sido outra daquela por ele prevista. No lugar de uma “união entre as diferentes regiões e culturas do mundo todo”, uma nova palavra de ordem emergiu para estruturar a maioria dos sistemas políticos do ocidente: a tolerância. Não se trata mais de acreditar que “os países atrasados” e “os povos primitivos” trilharão um caminho (tortuoso, é verdade) até as suas estabilizações em sociedades de livre mercado e com democracias liberais, mas sim que essas últimas devem simplesmente tolerar “o atraso” e “o primitivismo” das outras que não as alcançaram “ainda”. Mantém-se, assim, uma concepção hierárquica dos sistemas políticos e econômicos, das experiências sociais e culturais e, em última análise, das formas de vida, como notou Slavoj Zizek:
“É fácil rir da noção de fim da história de Fukuyama, mas o ethos dominante hoje é “fukuyamiano”: o capitalismo democrático-liberal é aceito como a fórmula da melhor sociedade possível que finalmente se encontrou – só resta torna-lo mais justo, mais tolerante etc”. ŽIŽEK, Slavoj. Unbehagen in der Natur – Além de Fukuyama. Em: Em defesa das causas perdidas. São Paulo: Boitempo, 2011, p. 416
No entanto, foi o próprio Fukuyama, no texto “O Futuro da História”, de 2012, quem afirmou que “algo estranho” estaria ocorrendo no mundo em decorrência da crise de 2008, resultado de um modelo de baixa regulação da economia inaugurado ainda nos anos 1970 (período Reagan/Thatcher) em relação ao qual apenas o populismo de direita (representado, por exemplo, pelo movimento Tea Party nos Estados Unidos e os partidos neofascistas na Europa), mas não os marxistas (ainda presos aos ideais de uma “antiga socialdemocracia”), estaria demonstrando ser capaz de se apresentar como uma alternativa concreta. FUKUYAMA, Francis. O futuro da História. Foreing Affairs, jan.-fev. 2012. Disponível em < http://fam.ag/1SO4wNf >
Não que o sistema filosófico fukuyamiano mereça toda essa importância, mas esse artigo já pode ser lido como um documento histórico na medida em que registra a frustração que o neoliberalismo provocou em seus próprios operadores, sobretudo após o crash do Lehman Brothers e a bancarrota global instituída pelos milionários de Wall Street a partir daquele ano. Nem Osama Bin Laden foi tão devastador quanto os piores mafiosos do sistema financeiro internacional.
Para nós, marxistas, sobrou uma provocação do artigo de Fukuyama: como não soubemos mobilizar as potências dessa gigantesca decepção para um movimento efetivamente revolucionário? Alguns poderiam argumentar (corretamente) que houve tentativas nas rebeliões populares que se espalharam pelo mundo, desde o Egito até o Chile, passando pela Grécia, Espanha, Turquia, Brasil, pelos próprios Estados Unidos etc. No entanto, também não seria um equívoco afirmar que esses movimentos não passaram de “rebeliões populares” episódicas, pontuais, rapidamente desmobilizadas pelas manipulações da ideologia hegemônica (ou pelo cassetete da Polícia, simplesmente). A rigor, a única ameaça concreta que paira sobre as democracias liberais e sobre o sistema capitalista hoje provém de nossos antigos inimigos: os fascismos. Como observou Michel Löwy após as eleições para o Parlamento Europeu em 2014 (quando em países como a França e a Inglaterra, a extrema-direita obteve cerca de 30% dos votos), a crise econômica favoreceu mais os movimentos e partidos reacionários do que a esquerda radical. LOWY, Michael. Dez teses sobre a ascensão da extrema-direita europeia. Folha de S. Paulo, 15 jun. 2014. Disponível em < http://bit.ly/1TznJ5p >
Um valor básico de qualquer democracia moderna, como o da soberania popular, hoje é considerado uma verdadeira ameaça para a própria democracia: na Grécia, por exemplo, após a eleição de uma coligação de esquerda radical que colocou para votação em sufrágio universal os rumos da política econômica nacional (em um referendo no qual mais de 60% da população optou pelo “não” ao ajuste fiscal exigido pela Troika) a resposta da União Europeia foi muito contundente: ou o governo grego deveria ignorar a expressão do desejo da maioria do país, ou deveria arcar com as consequências de um “Grexit”. Como afirmou na época o primeiro-ministro Alexis Tsipras, o recado que a União Europeia deu para a Grécia e para os demais países do continente foi o de que a vontade dos povos não exerce qualquer influência nas decisões de poder: ou seja, a democracia não tem espaço, não cabe no atual modelo político-econômico. Com efeito, a constatação de Zizek sobre o sucesso da administração do capitalismo pelo Partido Comunista Chinês parece uma tendência universal: há, de fato, um “sinal agourento de que o casamento entre capitalismo e democracia está próximo do fim”. ZIZEK, Slavoj. O violento silêncio de um novo começo. Em: Occupy: movimentos de protesto que tomaram as ruas. São Paulo: Boitempo, 2012. p. 17
Resta saber se as esquerdas terão a capacidade de reinventar a política, de propor novas formas de organização, mobilizando as forças do inconformismo e da indignação para um movimento emancipatório, libertador e capaz de enfrentar o aspecto mais perverso do capitalismo neoliberal: a desigualdade econômica. O que ocorrerá efetivamente nesse “fim do fim da história” nós ainda não sabemos, mas uma coisa já podemos afirmar sem muitas dúvidas ou riscos de estarmos equivocados: trata-se de um processo irreversível. A história, definitivamente, “voltou de férias” e os “acontecimentos históricos” estão na ordem do dia novamente, inclusive no Brasil. Vivemos um tempo de oportunidades revolucionárias como há muito não ocorria. Talvez o que esteja faltando seja simplesmente avisar aos revolucionários dessa “boa nova”. GUSTAVO ARAÚJO SIMI TEORIA O fim do fim da História, ou o divórcio entre o capitalismo e a democracia 29 de abril de 2016.
Para encerrar essa primeira parte, inserimos parte de um artigo referente a entrevista concedida por Fukuyama em 2016: Sua tese do fim da história é frequentemente ridicularizada nos meios intelectuais, ainda mais após a eclosão da crise financeira que quase nocauteou as principais economias do mundo e a emergência de países da antiga periferia. Nos últimos anos, Fukuyama vem sofrendo também um ataque à direita. Seu distanciamento de figuras-chave do establishment da era Bush é visto como traição aos falcões da política externa americana. Em entrevista recente à revista Newsweek, ele retrucou com duras críticas ao Partido Republicano, que considera atualmente um deserto de homens e de ideias.
Para ele, o sonho de exportar democracia e economia de mercado pela força do Exército só produziu mais antiamericanismo, um resultado claramente contrário aos próprios interesses americanos. Sua crítica, na verdade, vai além. Fukuyama acha que, diferentemente da China, com sua capacidade invejável de adaptação, os Estados Unidos estão presos em um ambiente político polarizado e extremamente rígido. Um problema fabuloso para um país famoso pelos pesos e contrapesos dos diferentes polos de poder que normalmente são associados à capacidade da sociedade de responder aos novos desafios. https://exame.abril.com.br/revista-exame/a-historia-venceu/
Posicionamento a respeito da tese:
Depois de analisarmos toda a biografia e pesquisa sobre o tema, o artigo e o caso proposto, não fica difícil obtermos uma posição a respeito da tese. Principalmente porque vivemos “na prática” o que o conceito de uma democracia liberal pode fazer com um país.
Fazemos parte de uma juventude que se deu início em pleno final dos anos 80 e em 1989 votamos pela primeira vez para presidente da república. Estávamos saindo de um grande período de ditadura militar e as esperanças de democracia e liberdade estavam mais “afloradas” do que nunca, havia um misto de romantismo, rebeldia e ao mesmo tempo uma busca por posicionamentos políticos que colocassem o Brasil em um caminho de igualdade social e prosperidade. Nascendo em 1967, no auge da ditadura militar, passamos pelo antigo jardim de infância e primeiro grau (hoje 1º segmento) em um regime educativo bastante rígido, vendo professores “sumindo” de um dia para o outro, sem sabermos o porquê e nem podendo perguntar muito sobre isso. Cursando o antigo 2º grau já na fase de abertura e com a volta de vários líderes políticos do exílio, tivemos um melhor acesso aos pensamentos e conteúdos políticos, sociais e de história, dos homens e mulheres que até então nos eram desconhecidos e proibidos pelos livros didáticos da época. Dependendo do posicionamento político da família neste período, gozava-se de uma certa liberdade de conversa ou não. Neste período de efervescência de cidadania fomos votar para presidente e somos testemunhas que viveram e sentiram, em nossas próprias vidas, os efeitos e resultados da tese do Sr. Fukuyama.
Antes da eleição de 89 e no governo do então Presidente José Sarney pudemos perceber que a tentativa de se estabelecer uma democracia tendo como base o fortalecimento da economia não daria muito certo: lembramos bem do momento em que chegamos a ter uma taxa de juros mensal de quase 100% ao mês e na época, o motivo pelas desigualdades sociais e econômicas, eram apontadas pelos estudiosos, pelos anos de ditadura militar e mal gerenciamento da causa pública. No governo do Presidente Fernando Collor, eleito em 1990, vivemos mais um período político e econômico conturbado, com uma falsa sensação de crescimento inicial, com a abertura política dando alguns passos no rumo da democracia e de melhorias econômicas, através da abertura dos portos aos novos produtos internacionais, a importação de automóveis, chegada de empresas e industrias estrangeiras, mas o famoso confisco do dinheiro, principalmente das classes baixas e médias, que viam na poupança e em suas contas correntes uma forma de preservar seu pequeno capital, se mostrou um projeto ineficiente, aliado aos escândalos de corrupção e ocasionando no impeachment do então presidente. Em 1994 Fernando Henrique Cardoso, sociólogo é eleito já tendo em seu programa de governo o neoliberalismo e no ano seguinte ao tomar posse, já implanta no País este modelo político que com certeza, foi inspirado nas teses de Fukuyama.
O neoliberalismo ou democracia liberal, deu a falsa sensação de estabilidade e igualdade social por apenas quatro anos, pois, em seu segundo mandato como presidente, pudemos entender melhor como esse regime político realmente funciona. A democracia liberal em tese, nos diz que o mercado sendo livre, pode propiciar uma melhor igualdade de condições para o setor econômico, possibilitando assim um caminho para a igualdade social, porém, na prática, esse livre mercado serve em sua base, para que grandes grupos econômicos tenham o poder de se estabelecer e absorver a economia de países ´pequenos, médios e do terceiro mundo, pois, com a prerrogativa da globalização, que nada mais é do que uma “neocolonização” a partir do poder econômico das grandes potencias, esses países ficam à mercê do capital estrangeiro e suas regras de mercado, onde toda a economia de um país, fica sendo determinada e pré-fixada a partir da economia mundial.
Uma das premissas da democracia liberal é a privatização de todas as estatais como forma de melhorar e impulsionar a industrialização, porém, diversas privatizações no Brasil simplesmente entregaram ao capital estrangeiro diversas empresas e indústrias que hoje, levam as nossas riquezas para fora do pais através da exportação sem que o pais seja beneficiado, como por exemplo o nosso minério. A questão da igualdade social também de mostrou ineficiente, pois, percebemos na democracia liberal a enorme distância entre ricos e pobres, pois, não há igualdade de condições em nenhuma das questões básicas da população. Na democracia liberal ou neoliberalismo no Brasil, a maioria da população não tinha acesso aos níveis melhores de educação, saúde, emprego e crescimento quanto as classes mais altas, pois, a economia e o acesso aos bens públicos ou de consumo erma taxados pelos preços de mercado e livre iniciativa, onde os níveis mais altos de qualidade tinham os preços mais caros.
Exemplo de democracia liberal no dia a adia da população:
No Estado do Rio de Janeiro existe uma rede de supermercados que criou “dias de descontos”, ou seja, cada dia da semana é destinado a ter produtos mais baratos de determinada categoria. Vamos usar como exemplo o dia de terça-feira, que é destinado ao setor de frios (diversos tipos de queijos, presunto, laticínios e etc). O consumidor de baixa renda é levado a acreditar que tem o mesmo poder de compra do consumidor das classes méia-alta e alta, porque os produtos estão em preços baixos e isso “sugere” que ele possa comprar tudo que quiser. Porém, os produtos de mais alta qualidade são retirados das prateleiras, pois, o supermercado não quer baixar os preços de certos produtos que, sendo mais caros, são destinados a consumidores mais exigentes e de poder econômico mais alto. Sendo assim, esse consumidor de baicxa renda tem acesso por exemplo a queijos mais baratos, mas de pouca qualidade, porém, tem a “sensação” de estar comprando a mesma coisa que o consumidor da renda mais alta. Assim funciona a economia e poder de consumo em uma democracia liberal, onde as classes mais baixas são induzidas a ter a sensação de pertencer ao mesmo grupo social pelo falso poder de consumo, mas que na verdade vivem em qualidade de vida inferior ao das classes mais altas.
Usamos acima este simples exemplo, para explicarmos de uma forma objetiva e simples, de como a democracia liberal funciona na prática, principalmente em países do terceiro mundo, porém esclarecemos abaixo alguns exemplos que nos colocam em posição contraria a tese de Fukuyama:
Argumento 1:
- Até hoje a economia brasileira ainda sofre as consequências do neoliberalismo, pois, apesar de termos tido diversos avanços nas áreas da educação e na área social, nossa economia ainda é regida pela lei do mercado, sem que os governos tenham poder de fiscalização ou normatização, os grandes bancos, as grandes indústrias e as empresas internacionais dominam muitas das vezes a própria política nacional. O Brasil, assim como a maioria dos países do terceiro ou em desenvolvimento, ficam submissos ao mercado mundial e a livre iniciativa das grandes instituições econômicas.
Evidências:
http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-advento-do-neoliberalismo-no-brasil-e-os-impactos-nas-rela%C3%A7%C3%B5es-de-trabalho
Argumento 2:
- Com o fim do comunismo e a queda do socialismo na Russia foi tentando um modelo de implantação de democracia liberal, porém, com a abertura do mercado ao capital estrangeiro e a entrada de várias empresas e marcas mundialmente conhecidas possibilitando uma forte abertura econômica, não foi seguido o mesmo padrão em termos de políticas sociais e de educação, tais como qualificação ou modernização do ensino, ocasionando altos índices de desemprego e surgimento de grupos criminosos como a máfia russa.
Evidências:
https://br.rbth.com/opiniao/2015/03/17/a_saga_da_russia_do_socialismo_ao_capitalismo_29559
Argumento 3:
- O modelo de democracia liberal ou neoliberalismo proposto, tendo como “pano de fundo” ou argumento principal a necessidade de estarmos em um mundo globalização, na verdade propõe que os países adotem o sistema americano de vida, sem levar em consideração as características culturais ou sociais desses países, se transformando em uma “colonização americana”, onde todos os modelos a serem seguidos tem como base a educação, a economia, o sistema político e a cultura dos EUA.
Evidências:
https://www.infoescola.com/economia/globalizacao-e-neoliberalismo/
Argumento 4:
- Um dos grandes problemas do neoliberalismo é o aculturamento e a absorção cultural que ocasiona, é a gradativa extinção de alguns aspectos culturais e da arte, por outros que não compõem o fazer cultural deste povo. Citamos como exemplo no Brasil o caso das festas juninas brasileiras, que fora dos grandes centros urbanos estão cada vez menos sendo motivadas ou celebradas, porém, festas como o halloween estão sendo cada vez mais “comemoradas”, até dentro de escolas públicas, que a princípio deveriam estimular e trabalhar a cultura brasileira. Outro fator interessante é cada vez mais estarmos substituindo palavras em português por termos americanos, aliás, hoje, o inglês é a segunda língua oficial em quase todos os países.
Evidências:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/recursometod/3665_Halloween.PDF
Argumento 5:
- O próprio EUA sofre as consequências da democracia liberal, fato comprovado através da quebra recente da bolsa de valores, do escândalo do mercado imobiliário e da crise do sistema de saúde americano, o maior exemplo de como o livre mercado afeta gravemente a política social da população.
Evidências:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/05/economia/1501927439_342599.html
http://revistaepoca.globo.com/Mundo/noticia/2012/05/francis-fukuyama-democracia-liberal-precisa-de-reformas.html
Argumento 6:
A Democracia liberal neste caso, nada mais é do que a tentativa de implantação do modelo econômico e cultural americano nos países que sofreram a queda do regime socialista e comunista, além de instrumento de ocupação nos países de terceiro mundo e um meio de “frear” os países em desenvolvimento para manter a supremacia econômica mundial. Fica nítido, até pelas circunstâncias da época, que Fukuyama estava a serviço de uma estratégia de neocolonização através da economia de mercado, tendo como lideranças os EUA e a Inglaterra.
Depois da queda do comunismo e dos erros cometidos pelo socialismo, a democracia liberal tentou se estabelecer como um sistema político mundial, porém, com sua política econômica equivocada e o aumento da desigualdade social, abre caminho para o perigo da volta do autoritarismo. Estamos neste momento em nosso país, vivendo esta divisão social, onde o fundamentalismo cresce, a intolerância e a etnocentria alcançam índices alarmantes.
Evidências:
https://www.cartacapital.com.br/revista/980/o-neoliberalismo-e-sua-falha-fatal
https://jornalggn.com.br/fora-pauta/falacias-academicas-1-o-mito-do-neoliberalismo
https://www.publico.pt/2013/02/18/economia/noticia/crise-demonstra-que-a-experiencia-neoliberal-fracassou-diz-silva-peneda-1584941
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Democracia Liberal como tratada e abordada no caso deste Desafio Profissional é passível de um estudo histórico profundo quanto ao seu ensino em salas de aula, pois, não consideramos suficiente levar em consideração este modelo de neoliberalismo apenas. Este caso ou modelo seria um dos pontos a serem abordados e não o tema em si. Consideramos importante o ensino de todos os sistemas políticos e de governos ao longo da história, temas importantes para o conhecimento e entendimento da história sócio-política do mundo. Embora tenhamos nossa opinião pessoal contrária , acreditamos que em um ensino verdadeiramente democrático, cabe ao aluno, mediante o estudo dos fatos, analisar e decidir qual sistema político se identifica. Afinal, cabe a eles a continuação da “história”.
Referências gerais:
https://www.dw.com/pt-br/ainda-tenho-raz%C3%A3o-afirma-francis-fukuyama-fil%C3%B3sofo-do-fim-da-hist%C3%B3ria/a-17730414
https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/democracia-liberal
https://www.colegioweb.com.br/historia/conceitos-da-democracia-liberal.html
https://acervocriticobr.blogspot.com/2018/02/critica-filosofia-do-fim-da-historia.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_presidencial_no_Brasil_em_1989
http://blogjunho.com.br/o-fim-do-fim-da-historia-ou-o-divorcio-entre-o-capitalismo-e-a-democracia/#_ftnref16
https://exame.abril.com.br/revista-exame/a-historia-venceu/
Eduardo de Almeida Vieira - Curso de Licenciatura em História – 3º Período - Universidade Brasil – Itaguaí/RJ.
Publicado por: Eduardo de Almeida Vieira
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.