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Limites, significados e consequências do uso do conceito de Pré-história

Breve discussão acerca dos limites, significados e consequências do uso do conceito de Pré-história.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Primeiramente, consideramos a Pré-história como o período anterior à escrita, compreendido pelos vestígios físicos. A partir desse ponto, se debate os limites cronológicos: “quando se inicia e quando termina?”. O bipedalismo, quando o indivíduo se mantém sob duas pernas, pode ser o fator que marca o início desse período, assim como as primeiras ferramentas, os primeiros Homo sapiens ou a Revolução do Paleolítico Superior (arte). Além disso, é importante levantar questão se devemos considerar para o início da Pré-história a evolução biológica ou o processo de humanização, com a continuidade e descontinuidade entre o homem e o animal. 

O marco do término da Pré-história é tão complexo quanto o seu início, uma vez que esse período encerrou em diferentes épocas em diferentes lugares. Isso nos faz pensar se devemos nos basear no registro inicial na Mesopotâmia (3.000 a.C.) e simplesmente ignorar todas as outras sociedades, que só tiveram registros escritos séculos depois (por exemplo, a Grã-Bretanha, que teve a escrita em 55 a.C). Além disso, existem vários momentos de continuidade e descontinuidade da tradição da escrita nas sociedades.

Diante dessas observações, é indispensável entender que tanto o fim quanto o início dessa história profunda não pode ser demarcada por um único acontecimento, visto que se trata de um processo regional, diverso e gradativo, relacionado com diferentes fatores.

Ainda nesse tópico, chama a atenção a Proto-história, período presente na transição da Pré-história à História, que abriga, inclusive, a civilização Inca.

O significado tradicional da palavra Pré-história diz respeito ao tempo anterior à escrita, associada a termos como: esquecido, deficiente, primitivo, etc. Ela em si foi responsável por grandes debates: criacionistas e arqueólogos, um negando e outro afirmando a existência desse período. O nascimento dessa ideia se dá nos conhecimentos do mundo depois do século XVI, na Teoria da Evolução, na construção do profundo passado, na constituição dos Estados nacionais e no imperialismo. Esse contexto nos proporciona uma base para compreender a problemática da Pré-história, como “estudo do primitivo passado da história humana”, reproduzindo preconceitos e estereótipos.

Junto a esse significado construiu-se a ideia da história universal da humanidade, comum a todos nós, e consequentemente, excessivamente geral e exclusiva.

As consequências do uso do conceito da Pré-história citado, são: quebra com histórias locais, fazendo elas serem desnecessárias, a expropriação física e simbólica, negando memórias e territórios a certos povos, o fim de diferentes formas de pensar e a exploração da natureza.

Referências

Gosden, C. 2012. Cap. 1 – O que e quando é a pré-história? In: Pré-história: uma breve introdução. Porto Alegre, L&PM Editora, páginas 13-30 e 62-99.

Krenak, A. 1992 Antes o mundo não existia. Novaes, A. (Org.) Tempo e História. Edusp, São Paulo.

Meneses, U. 1983 A cultura material no estudo das sociedades antigas. Revista de História, n.15: páginas 103-117.

Renfrew, C.; Bahn, P. Arqueología: teoria, métodos y practica. Madrid: Akal, 1998. – Capitulo 2.


Publicado por: Luisa Chiele Silva

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