Whatsapp

CRIOLLOS & INDIGINAS ANALISE DO CAP. IV - LIVRO DE GABRIEL PASSETTI

Os grupos indígenas durante o século XVIII forma cada vez mais estreitando laços, e no século XIX as relações familiares, comerciais e religiosos.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

Para entender essa questão entre “indígenas e Criollos” e preciso saber que América Latina era  um continente povoado por índios, e o que aconteceu na Argentina durante o século XIX  foi que a população “branca” vai crescendo logo após a  independência da Argentina, e esse crescimento vai gerar  conflitos  com as populações indígenas que viviam lá também.

Palavra chave: Encruzilhada Indígena.

ABSTRAC

In order to understand this issue between "Indians and Criollos" and to know that Latin America was a continent populated by Indians, what happened in Argentina during the 19th century was that the "white" population grew after the independence of Argentina, and this growth will generate conflicts with the indigenous populations who lived there as well.

Keyword: Indigenous Crossroads.

1.INTRODUÇÃO

Os grupos indígenas durante o século XVIII forma cada vez mais estreitando laços, e no século XIX as relações familiares, comerciais e religiosos já estava bem consolidada, isso lhes permitiam circular de um lado para o outro de um território que foi dividido entre os dois países, fato que pouco significa para eles. Um fator que diferenciava esses indígenas vem da colonização espanhola os filhos era muitas vezes catequizado nas escolas religiosas, um fator importante já que eles aprenderam a ler e escrever. Existe um corpo documental de cartas dos caciques muito grande, não necessariamente, que todos os caciques sabiam ler e escrever, eles tinham uma vida muito dura e por viver em combate tinha uma vida curta. Esse acesso ao conhecimento dava a eles um canal direto com o governo e uma integração com vida local muito intensa fazendo parte dessa vida cotidiana. Esse processo não mostrava o que diferia onde era território de “indígena ou Criollos” sendo uma mescla, quanto mais próximo das cidades mais “branco” para o interior mais indígena. Essa interação vai gerar uma disputa por poder e pelo comercio. Com os caciques cada vez mais poderosos eles dominam uma região muito grande e rica, mais do que isso eram muito incisivos na defesa da soberania daqueles territórios, poderia haver as relações, porem, a soberania não poderia ser violada. Com a formação do Estado no século XIX, para elite governamental era inconcebível ter soberanias internas ao território, é nesse momento que começam os conflitos.

2. A ENCRUZILHADA INDÍGINA: SUBMISSÃO E ETNOCÍDIO OU RESISTÊNCIA E GENOCÍDIO.

Passetti disserta que os índios guerreiros  se organizavam para revidar a perda de território e poder na Argentina do século XIX. Ele conta desde a adesão do coronel e cacique branco Manuel Baigorria, juntamente com os Ranquel, seus aliados indígenas, às tropas de Urquiza, em 1852, até a rendição do último cacique livre, Saygueque, em 1885. Desse modo, Passetti mostra como a política de Estado de guerra contra os chamados índios bárbaros produziu um desfecho trágico, dizimando populações indígenas inteiras. O capitulo três termina com uma perseguição implacável de Rivas ao grupo de Calfucurá

Ontem as 8 e 15 da manhã, derrotei completamente  ao audaz Calfucurá, que com toda indolência desafiava o poder do governo com mais de três mil índios a quatro dias. A vitoria sobre o invasor não pode ter sido mais completa,  pois sofrendo uma perseguição  tenaz  de dezoito léguas , consegui tomar-lhe todo o arreio,  constante de mais de sessenta mil cabeças de gado vacum, de quinze a dezesseis mil éguas e cavalos e toda manada de ovelha[...] (PASSETTI, 2012, p. 215).

“Com essa palavras, Ignácio Rivas descreveu, em 9 de março de 1872 a retumbante vitoria do Exército Argentinos sobre Calfucurá” (PASSETTI, 2012).

3. OS REFLEXOS DE SAN CARLOS

O capitulo quatro inicia com a vitória do de Rivas sobre Calfucurá. Rivas ressalta a importância  do desfeche dessa batalha sobre o líder indígena, o malón de março de 1872 prometia ser a maior demonstração de força já imposta pelos indígenas. Com a concentração de força nas mãos de Calfucurá milhares de indígenas foram reunidos, nesse momento precisamos entender que os indígenas tinham acesso às informações, liam jornais, acompanhava assembléias, eram conscientes dos projetos militares e estavam muito preocupados com as aproximações dos criollos, isso fez com que as três principais forças, Salinas Grande (Calfucurá), Leuvucó ( Epumer) e os aurucanos chilenos (Reuque Curá) se unissem para o grande malón . Os dias de malón foram impressionantes a ponto de ser cogitada a possibilidade de retirada dos criollos que sofreram nas fronteiras próximas a Buenos Aires com morte, raptos e destruição de propriedades;

O malón de março de 1872, além do saque e da obtenção de cativas, pretendia ser a mais expressiva demonstração de força militar indígena, constituindo a coluna de sustentação de uma estratégia militar conjunta entre diferentes caciques para impedir os avanços criollos e provocar retrocessos à linha de fronteiras, cada vez mais próxima das tolderias (PASSETTI, 2012, p. 216).

Embora o avanço de Calfucurá fosse contido seguido da derrota na batalha de San Carlos por Rivas (Exercito Argentino), os planos de Calfucurá e Epumer foram relativamente bem sucedidos. “Abalado politicamente com derrota, a maioria dos caciques partiu em busca de tratados” (PASSETTI, 2012, p.216). Entre os caciques propulsores do malón de março, Calfucurá passa a fazer acordos com trocas de cativos, já Pincén, um salinero semi-independente recusou a fazer acordo, Hilário lagos organizou um contingente militar e raptou sua família forçando o mesmo a aceitar o tratado.

“Entretanto, as negociações foram subitamente interrompidas no final de maio dc 1873, pois Calfucurá contraiu uma pneumonia. Aos 83 anos, não resistiu e faleceu dias depois, em 3 de junho. Seu enterro foi espetacular e impressionante. A morte de Calfucurá, como era esperado, gerou uma luta pelo poder. José Millaqueo era primogênito, Juan Morales Catricurá o segundo filho, Manuel Namuncurá o terceiro, Alvarito Reumay o quarto. Estes, além do importante sobrinho, Bernardo Namuncurá, pleiteavam o lugar do cacique. Seguindo o costume araucano e linha de hereditariedade fortalecida pelo próprio Calfucurá, José Millaqueo seria o mais propenso a assumir, porém ele não foi referendado pelo parlamento indígena reunido nas Salinas” (PASSETTI, 2012, p. 221).

Com a morte de Calfucurá, uma nova liderança vai surgir nesse cenário. Conforme Passetti (2012, p. 221) “Com o breve passar do tempo, Manuel Mamucará — chamando apenas pelo sobrenome — destacou-se dos demais assumindo a liderança da confederação de Salinas Grande.

4. ADOLFO ALSINA E A TRINCHEIRA DE SEPARAÇÃO ENTRE A CIVILIZAÇÃO E A BARBARIE

Com o fim da guerra do Paraguai, as tropas retornam a Argentina com diferencial com armas (rifles) e o telegrafo para comunicação, isso facilitou os combates aos malónes enfraquecendo as forças indígenas. Segundo Passetti: 

Namuncurá constatou que os militares o deixaram aguardando durante meses, mas não supôs a orquestração do avanço territorial pelo novo MGyM, Adolfo Alsina. Em abril, apareceu o primeiro estudo para instalação de linha telegráfica para a fronteira sul, de Patagones a Mendonza, partindo também dos fortes às principais vilas da região. Segundo a estratégia militar pensada por Alsina, a comunicação e a coordenação da repressão eram fundamentais e supunha que uma barreira militar não apenas impediria os malones como possibilitaria um substancial avanço fronteiriço (PASSETTI, 2012, p. 228).

Com os indígenas cada vez mais enfraquecidos, o governo a cada ano vai ocupando mais e mais território. Passetti (2012, p. 234) “A conquista territorial empreendida por Adolfo Alsina, em abril de 1876, foi surpreendente. As tropas avançaram e ocuparam uma imensa área, empurrando os indígenas para as zonas mais áridas dos pampas e instalando o plano defensivo da fronteira”. Em 1877 o governo vai fazer uma grande ocupação territorial, em 1878 são enviados comandos especiais para atacar exclusivamente os caciques, porem, os grandes caciques não são eliminados, em 1879 o governo faz uma grande expedição militar para fazer essa conquista territorial chamada de “Campanha do Deserto”, onde morreram aproximadamente 1/3 dos indígenas, outro terço não sobreviveu aos ferimentos e as condições climáticas e o ultimo terço; os homens foram enviados ao exercito e mulheres como serva domestica.

“O último ano do ministério de Adolfo Alsina foi marcado pela construção dos quase quatrocentos quilômetros de trincheira e pela ofensiva e prontidão dos militares para responder a malones. As expedições vingativas passaram a se tornar mais rápidas maiores e quase sempre bem-sucedidas, alcançando os invasores, aprisionando-os juntamente com familiares, confiscando o gado e queimando as tolderias” (PASSETTI, 2012, p. 228).

Ao imaginário havia a obrigação de ocupação do território, mesmo aquele que era improdutivo. Passetti (2012, p. 263) “O tom triunfalista adotado por Roca em seu discurso aos militares é impactante”. As investidas contra os indígenas se tornaram rápidas e constantes. “Sem a obrigação dos rodeios e da polidez de um discurso ao Congresso, o ministro explicitou o objetivo das campanhas”. ‘fizestes desaparecer as numerosas tribos dos pampas, que se faziam crer invencíveis’. O objetivo era claro e foi saudado pelo MGyM: ocupar os territórios, liquidar com os indígenas e encaminhar a Argentina para um futuro de farturas com uma paz iterna (PASSETTI, 2012, p263). O objetivo indígena propendia, na maioria das partes dos casos, seria rigorosamente o contrario da mudança; objetivavam a continuidade da ordem social, econômica, cultural de seu meio campesino, ou seja, a preservação de seu modo de vida. Ao afirmar que as rebeliões insurgiam devido a esse motivo substancial, demonstra-se que essas rebeliões só iriam acontecer quando o modo de vida da comunidade fosse agredido. Podemos ver o contra ponto disso nos discursos governamental:

[...] ocupar os territórios, liquidar com os indígenas e encaminhar a Argentina para um futuro de farturas com uma paz eterna. Projetava-se para breve, ultrapassar os Estados Unidos, “uma das mais poderosas nações da terra’ mas incapazes de acabar com o problema indígena como a Argentina Fazia. Para Roca, chegara à hora de ultrapassar, definitivamente, a dicotomia dc Sarmiento. A original “civilização e barbárie”, que havia sido transformada em “civilização ou barbárie” na década anterior, agora estava reduzida ao essencial: a “civilização”. Para o ministro, poucos passos separavam a Argentina do rol das potências mundiais, faltando apenas que ele, Julio Argentino Roca, fosse eleito presidente (PASSETTI, 2012 p. 264).

A rebelião demonstra o caráter de “conservação de direito indígenas” nesses conflitos é a questão das “invasões de fronteira indígenas”, além de ferirem a esfera econômica da vida desses povos, feriam o aspecto da identificação com seu território, esse território indígena teria uma importância ancestral e contaria com boa parte de seus limites respeitados desde o principio da colonização, porem com formação do Estado Argentino havia a grande necessidade de delinear suas fronteiras estatais, chegando ao ápice do confronto com os povos existente.

5. CAMPANHAS DO DESERTO: ETNOCÍDIO OU GENOCÍDIO?

O genocídio e o etnocídio, embora diferentes, estão relacionados, pois o primeiro trata do extermínio sistemático de um povo, enquanto o segundo é o extermínio de uma cultura. Na campanha do deserto podemos dizer que houve o extermínio de um povo e sua cultura. Segundo Passetti (2012, p. 279) “Uma longa e provavelmente eterna controvérsia na Argentina gira em torno tema. Teriam sido os indígenas do sul exterminados ou civilizados? Teriam as Campanhas do Deserto ações etnocidas ou genocidas? [...]”. A história humana está marcada por eventos de encontros e confrontos entre grupos com diferentes etnias e culturas:

Marcela tamagnini, como já afirmado, tem um importante trabalho que procura resgatar as relações entre os Ranquel e os demais indígenas dos pampas, bem como com os missionários franciscanos de Rio Cuarto. Entretanto, é importante ressaltar que para ela, “se durante quase um século, os tratados foram construídos como símbolo da possibilidade de convivência entre as sociedades, a partir da década de 1870, se faz iminente a ‘solução final’: o etnocídio (Clastres)”. A partir do mesmo autor, Pierre Clastres, é possível outra interpretação para a chamada “solução final”: se tomada a Argentina como um todo, o ocorrido foi um etnocídio, mas analisando-se a especificidade da fronteira sul, configura-se um genocídio, marcado pelo extermínio sistemático, programado e executado pelo Estado.

6. CONCLUSÃO

Esses confrontos construíram a nossa história e foram responsáveis em grande parte a organização territorial, política e cultural que temos hoje. Infelizmente o ato de destruir, por meio do assassinato em massa de um grupo humano ou etnia é extremamente lamentável, e podemos denominar como genocídio. Já o ato de destruir qualquer traço restante de uma cultura, sejam materiais, como símbolos ou obras artísticas que possuem representação cultural, seja imaterial, como uma língua ou uma crença religiosa, é denominada etnocídio ou genocídio cultural. Fica a pergunta que não foi respondida como o próprio autor o faz, o que aconteceu com os nativos do sul da Argentina teria sido etnocídio ou genocídio? Não podemos responder essa pergunta, porem a nação Argentina tem um debito muito grande com esses povos que foram dizimados e com certeza o tempo vai cobrar essa divida e a história vai relatar.

7.REFERÊNCIAS

PASSETTI, Gabriel. Indígenas e criollos, Política, guerra e traição nas lutas no sul da Argentina (1852-1885). Editora: Alameda Casa Editorial, 2012.


Publicado por: WILMAR MARCIANO ORTIZ

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.