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A guerra Cimbria (113- 101 a.C): o conflito e a reforma mais importante de Roma

Análise sobre a guerra Cimbria (113- 101 a.C): o conflito e a reforma mais importante de Roma.

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RESUMO

A guerra contra os Cimbrios ocorreu de 113 até 101 a.C entre a República romana e uma União de tribos germânicas que migraram das regiões atuais Dinamarca e Alemanha. O confronto entre romanos e germânicos resultou em um grande número de mortos para ambos os lados, sendo primeiramente os romanos mais afetados. É concebido que Roma não sofria derrotas dessa magnitude desde a invasão do rei de Cartago Aníbal Barca. A luta contra Cimbrios foi marcada pela necessidade de mudanças na política romana e nos exércitos, o que foi uma das grandes transformações feitas por Caio Mario.

Desenvolvimento

Os germânicos, liderados Boiorix, migraram do norte da atual Dinamarca em direção ao sul, onde se aliaram a tribos dos teutos (futuramente seriam os teutoes)no norte da Germânia (atual Alemanha). Rumando mais ao sul é possível que passaram pelas atuais cidades de Berlim, Braunschweig, Magdeburg, Halle, Leipzig, Erfurt, Dresden e Chemnitz até chegarem na atual república Tcheca. Após serem reprimidos pela tribo dos Boii, atravessaram o rio Danúbio em direção à Panônia. O que os levou a chegar próximo dos Alpes, onde encontram resistência da Tribo dos Taurini- que eram vassalos de Roma e pediram ajuda dos romanos para lidar com germânicos.

Roma enviou o Consul Gneu Papirius Carbo, liderando vinte mil homens chegou e possivelmente ofereceu alternativas de migração para os invasores. Não é claro os fatos posteriores, mas Carbo teria armado uma emboscada para os germânicos, que ao descobrirem massacraram os romanos na batalha de Noreia. Todos o homens, incluindo O Cônsul Gneu Garbo, foram mortos. Após o confronto, rumaram para a região de Aertia,  praticamente em território gaulês; tribos locais se uniram a horda de  germânicos, o que teria formado um total de duzentos mil homens. Outras tribos locais não aderiram a horda e tiveram confrontos mortais com os invasores, que saquearam a região sudoeste da atual França. Estando afastados, os romanos se sentiram mais aliviados, pois como Aníbal Barca anos antes, não atacaram Roma diretamente.

• Nova onda de ataques e crises político-sociais de Roma:

Enquanto os embates com a horda germânica ocorria, um outra guerra se desenrolava no Norte da África. Divido a um problema de sucessão ao trono da Numidia após a morte de seus rei, desencadeou uma guerra violenta e corrupta conta Jogurta que era príncipe do reino da Numídia e ex-aliado de Roma. Jogurta subornou diversos militares romanos durante o conflito, o que evidenciou a crise moral de membros importantes do exército romano e da política romana. Caio Mario, um dos melhores Generais do império romano na época, liderava a luta contra Jogurta, o que fez com que ele não retornasse para Roma e lidasse com os germânicos.

Em 109 ac a horda germânica rumou a o sul ate a região da Gália Narboneses, região já sob domínio de Roma. Outro Cônsul, chamado Marcus Junius Silanus foi enviado até lá para negociar.  Os germânicos ofereceram defender as fronteiras de Roma em troca de poderem habitar ao redor da região rio Ródano. Por questões desconhecidas não sabemos o motivo que Silanus declinou da oferta; é possível que os germânicos se tornassem mais problemáticos futuramente, sendo já assentados em novas terras e em número maior. Outro confronto ocorreu, e o exército romano foi derrotado novamente. Após essa vitória, parte dos germânicos, em especial a própria tribo dos cimbros retornaram para o norte da Gália, enquanto outra parte da horda, possivelmente os aliados gauleses dos germânicos ficaram ao sul; a grande horda estava divida em duas forças. Outro exército romano marchou ao encontro destes, que estavam vagando na Gália Narboneses. Ambos se encontraram a oeste da Gália, e na  batalha de Burdigala (atual cidade de Bordeaux na França) foram novamente vitoriosos sobre os romanos, que perderam dez mil romanos. Ambos dividiram suas forças ao chegarem na Gália Narboneses. Malius se posicionou ao sul após atravessar o rio Ródano. Caepio chegou até às margens do rio, posicionado mas acima do rio, onde só com ordem do Senado atravessaria.

O rei dos cimbrios, Boiorix, tentou negociar e mandou mensageiros para o acampamento de Malius. Segundo o que sabe, teria pedido salvo conduto para a atual Espanha. Durante a negociação, Caepio avançou com seus homens contra o acampamento, possivelmente fez isso para derrotar os germânicos rápidamente e não dar crédito nenhum pela vitória a Malius. No entanto, os germânicos facilmente empurraram as forças de Caepio, cercando-os e massacraram a todos. Logo após derrotar Caepio, a horda avançou contra Malius, que não conseguiu se preparar e juntamente com suas tropas foi aniquilado. A batalha de Arausío foi a pior derrota de Roma desde a derrota humilhante na batalha de Cannas contra Aníbal Barca.

Logo após derrotar as forças romanas parte dos germânicos rumaram para a hispânia ( atual Espanha), saqueando as regiões locais. Roma ainda teria mais tempo para se organizar e se defender de uma possível invasão.

Em 106 a.C Caio Mario derrota Jogurta no Norte da África, restabelece o poder romano e volta para Roma. Em uma exceção rara Caio Mario é eleito Cônsul pela segunda vez em 104 A.C, burlando a lei que proibia tal ato, o que pode ter sido a contra gosto de uma parte do Senado como podemos conferir em seu discurso:

" Desprezam meu nascimento? Eu a sua nulidade. Lançam-me em rosto a fortuna? Eu a eles a desonra. [...] Invejam-me o consulado? Pois invejem-me os trabalhos e a inteireza e também os meus perigos, porque por estes eu obtive aquele. [...] Eu não posso em meu abono ostentar estátuas, nem triunfos, nem consulados de meus avós; mas sim, quando seja preciso, lanças, um estandarte, colares e outras recompensas militares, e, além disto, cicatrizes no peito. Estas são minhas estátuas, esta é a minha nobreza, não herdada com a deles, mas que eu mesmo alcancei com os meus grandes trabalhos e perigos. [...] Com estes exemplos exortarei os soldados, não serei avaro com eles, pródigo comigo; nem do seu trabalho farei minha a glória. Este é o útil, o verdadeiro modo de comandar cidadãos" (SALÚSTIO, Guerra Jugurtina: 85). 

Antes de partir para o confronto, Caio Mário, já empossado, realiza uma das mais importantes reformas militares e políticas da história de Roma, transformando o exército romano de forma que viessem a ser mais profissionais e mais ágeis em campanha. 

Antes de partir para o confronto, Caio Mário, já empossado, realiza uma das mais importantes reformas militares e políticas da história de Roma, transformando o exército romano de forma que viessem a ser mais profissionais e mais ágeis em campanha.

“Promoveu a concessão de terras aos legionários após o tempo de serviço, moldou a forma como se alimentavam e Campanha, carregando suas próprias provisões, armas e equipamentos durante a marcha, o que fez o exército romano mais rápido durante movimentações táticas. Caio Mario iniciou um amplo recrutamento dentre camadas desprezadas da época, principalmente pelas elites políticas O recrutamento de voluntários, dentro dos Capite Censi ou também chamados de Proletarii. Estes não podiam, segund Isso antes da luta contra Jogurta, é possível que também recorreu a tais inovações para lutar contra os germânicos. O as regras vigentes em Roma, se alistar nas fileiras do exército. Não se pode precisar a quantidade deles, mas podemos afirmar confortavelmente que se tratava de uma força respeitável” (KEEPIE, 2005: 40).

É justamente com esse poder considerável em suas mãos que Mário consegue empreender suas reformas de maneira mais profunda no exército romano. Já comentamos, ainda que rapidamente sobre o recrutamento dentro dos proletarii ou capite censi que introduziu de maneira sistemática pessoas sem posse de terras nas fileiras do exército e, consequentemente, “consagrou a lenta proletarização do exército romano”  5 (MENDES, 1988: 65).

As mudanças promovidas por Caio Mario marcaram o exército romano de forma que se tornou um março de um exército de um dos maiores impérios da história. Além desse recrutamento, devemos lembrar uma série de realizações feitas por Mário dentro das legiões romanas; mudanças essas que vão desde o campo estético do exército (utilização da Águia com Estandarte), passando por mudanças estruturais das fileiras (Utilização das coortes), chegando também em mudanças comportamentais das tropas ao se deslocarem para as áreas de conflito (muli marianii ou “as mulas de Mário”) e tocando em mudanças no equipamento dos legionários, tornando-os mais eficientes e atrapalhando os adversários (como a importante mudança no pilum).

Em 102 d.C Mario Marchou rumo ao norte da Itália para deter os germânicos que estavam vindo pelo sul da Gália.  O segundo em comando, co-Cônsul Catulo rumou ao estremo Norte para deter os cimbros que viam pela região onde houve a batalha de Nórico, próximo dos Alpes. Marchando ao encontro dos Teutoes Caio passou pelas atuais cidade de Nice, Aix e Toulon até que acampou próximo do rio Ródano, onde hoje fica a atual cidade francesa de Marselha.

• A Batalha:

Caio Mário acampou com seus homens próximo ao rio Rodáno; o exército germanos atravessaram as águas e atacaram o acampamento. A horda de germânicos avançaram contra o acampamento com o objetivo de derrotar os romanos por assalto. A disciplina romana, aliada das defesas do forte foram o suficiente para impedir os bárbaros. O exército de germânicos não era uniforme, pois cada guerreiro usava um tipo de ar e um tipo- ou nenhuma- proteção para a luta. Não se sabe a forma como atacaram a fortificação, mas se estima que era necessário escadas para avançarem. Os romanos bem armados e posicionados não eram necessários em grande número para a defesa, isso devido ao pouco espaço nas muralhas de madeira do forte. Não conseguindo invadir o forte, os germânicos bateram e retirada; se posicionaram a alguns metros do acampamento visando o leste, por onde Caio Mario veio com seus homens.

Simultaneamente o exército romano, juntamente com Mario, tomaram um posição mais alta próximo do acampamento e de frente a horda de  bárbaros.  Caio Mario dividiu a sua cavalaria em dois, ficando ele no comando de uma fração. As outras unidades foram enviadas para se esconderem em uma mata capaz de camufla-los. O exército germânico não se mexeu, então Mario avançou por entre o centro de forma que pudesse atiçar a hora a avançar.

Não se tem certeza como se sucedeu, provavelmente a cavalaria germânica arremessou dardos que provocaram a horda germana a atacar!, que fez Caio a bater em retira de volta a sua posição inicial nos flanco direito dos legionários. Com cerca de quarenta mil homens os germânicos superavam os romanos em sessenta mil, sem contar as mulheres e crianças, que não participaram da batalha e eram alguns milhares. Quando se aproximaram da linhas romanas- algo próximo entre trinta, quarenta ou cinquenta metros- os legionários romanos lançaram seus pilos, que provavelmente causaram danos sérios na primeira fila, pois o pesado pilo podia tornar inútil qualquer escudo devido ao peso preso ao escudo de madeira, o que abria a oportunidade de um segundo arremesso dos legionários que era mais mortífero. Certamente foram atingidos guerreiros no primeiro arremesso, mas o segundo pode ter sido mais letal.

O choque entre ambos os exércitos foi possivelmente equilibrado devido a posição dos romanos, e sua capacitação. A longa corrida dos bárbaros, a saraivada dos pilos e a subida da colina pode ter tornado o ataque sem muito efeito bruto, apesar de que os números superiores e a brutalidade dos guerreiros foram pesadas mesmo assim. Não é possível fornecer os detalhes do confronto, mas pode-se imaginar a aglomeração de guerreiros na primeira linha, junto de outros muitos que conseguiam atingir os escudos romanos com chutes. A disciplina nada linha romana possuía soldados que conseguiam puxar um ou outro germânico e mata-los. Uma grande confusão deveria se formar na colina, onde alguns germanos podiam invadir as linhas no trechos onde a colina é mais declinada.

A cavalaria romana posicionada, avançou contra a retaguarda germânica. É possível que alguns guerreiros tentaram impedir o avanço, o que foi inútil devido a velocidade do ataque da cavalaria romana. Caio Mario avançou pelo flanco direito ao mesmo tempo, desbaratando os inimigos que ou fugiam ou lutavam e outros que não conseguiam fazer nada devido ao aperto da grande horda. Os cavalos provavelmente atropelavam guerreiros enquanto eram mortos pelos cavaleiros, sendo juntamente com outros -vivo ou mortos- esmagados pelos cascos dos cavalos. Os legionários também devem ter avançado, matando muitos guerreiros pelas costas, ou quando caiam no chão enquanto o restante lutava contra a cavalaria em meio aos caos de corpos mortos, e germânicos fugindo.

Logo após a batalha os romanos invadiram o acampamento bárbaro e mataram os que estavam lá, como declara Plutarco:

[...] As mulheres que eram postas nas carruagens durante a fuga matavam a todos os que fugiam. Umas aos seus maridos, outras aos irmãos, outras aos pais. E também aos filhos e as crianças pequenas, elas os afogavam com suas próprias mãos e os arremessavam debaixo das rodas e aos pés das feras e depois elas davam conta da própria vida (PLUTARCO, Vida de Mário: 27).

O campo de batalha, após o fim da batalha estava coberto de corpos, cerca de cinquenta guerreiros germânicos fora mortos, e milhares de velhos, mulheres e crianças também. As baixas romanas são desconhecidas, mas deve se medir em alguns milhares.

Outros autores declinaram especificações táticas e ações posteriores acerca da batalha e da vitória respectivamente: 

“Dessa maneira, a batalha de Aquae Sextiae acaba por ser vencida pelos romanos ocasião em que, as mudanças feitas por Mário puderam mostrar como foram eficientes e deram versatilidade para as tropas (KEEPIE, 2005: 41). Essa vitória, pela qual ansiavam tanto o Senado e o povo romano, foi o impulso de Mário para seguir no cargo de cônsul, o que alegrou o exército e o motivou a continuar a luta, agora contra os Cimbros (GOLDSWORTHY, 2003: 149-150). Já contra essa tribo, os romanos tiveram que se deslocar para a região de Vercellae8, onde o adversário já havia causado problemas inicialmente às tropas de Catulo, que guardou posição próximo ao Delta do Pó. Mário se junta ao companheiro contra os Cimbros, que são descritos por Plutarco da seguinte forma: A infantaria dos Cimbros marchava desde o acampamento com grande repouso, sendo sua retaguarda igual a sua frente, já cada um dos lados da batalha ocupavam trinta estádios. Os da cavalaria que eram uns quinze mil homens se apresentavam brilhantes, com casacos que representavam as bocas e os rostos das mais terríveis feras e em cima, para parecerem maiores, usavam plumas e penachos e com couraças de ferro e com escudos brancos que reluziam. Suas armas arrojadas eram dardos de duas pontas e para perto, usavam espadas enormes e pesadas” (PLUTARCO, Vida de Mário: 25).

Mesmo com uma grande vitória a guerra não havia acabado, pois a invasão germânica ainda era eminente. A tribo dos Cimbrios estavam vindo pelos alpes rumo a Itália. O co-Cônsul Quintus Catulo avançou para detê-los, mas teve que recuar da região chamada Passo Brenner e tentou enfrentá-los no rio Adigie, o que acabou falhando também, pois os germânicos tentaram cercar os romanos, que recuaram para além do rio Pó. Este recuo possibilitou que os germânicos saqueassem um rico território próximo dos Alpes e do rio. Foi uma pausa restauradora, pois estavam exaustos e indispostos para uma luta mais feroz.

Enquanto os germânicos estavam afastados, e as forças de Catulo estavam estacionados no Norte da Itália. Neste tempo de "trégua" Caio Mario retornou a Roma e foi eleito Cônsul novamente. Na primeira de 101 a.C Caio Mario e Catulu uniram suas forças; trinta e dois mil com vinte mil respectivamente, totalizando cinquenta e dois mil homens. É possível que os Cimbrios, ainda liderados pelo Rei Boiorix, fosse cerca de sessenta ou oitenta mil. Na tentativa de encurralar os invasores nós Alpes, Caio Mario avançou e forçou batalha.

A Batalha de Vercealle:

A luta ocorreu em um lugar chamado Vercealle (atual Vercelli na italia) e que é conhecida como a batalha de Campi Raudii . Com algumas forças a cavalo, Caio e Catulo dividiram as unidades de cavalaria, posicionando nos flancos dos legionários. De forma semelhante os germanos estão nos flancos de seu exército. As cavalarias romanas atacam as cavalarias germânicas enquanto a horda avança sobre os legionários.

Segundo fontes a luta aconteceu pela manhã, e a forte neblina impediu a visibilidade dos cavaleiros germânicos, e mesmo assim a luta com os romanos foi dura. No meio da luta as forças da cavalaria germânica foram derrotados, a proteção de um cavaleiro romano pode ter sido superior numa luta a cavalo, onde um combate já é difícil.

A mesma situação se repetia na linha de infantaria de  legionários, que mesmo sendo brutalmente atacados o preparo dado aos soldados romanos, por mais que em curto tempo, foi suficiente para lutar. Uma vez tendo repelido a cavalaria germânica, a cavalaria romana tacou a retaguarda inimiga, e da mesma maneira como se sucedeu na batalha de Água Sextae, os germânicos foram massacrados. Outros milhares de mulheres e crianças foram escravizados, os que conseguiram escapar da morte (Não é certo o número de sobreviventes). O historiador Theodore Mommsen diz o seguinte sobre a batalha:

"os dois exércitos se encontraram em Vercelas, perto da confluência dos rios Sesia e Pó, justamente onde Aníbal havia lutado pela primeira vez em solo italiano. Os cimbros queriam a batalha e, segundo seus costumes, enviaram um mensageiro para combinar a data e o local. Mário atendeu seus pedidos e escolheu como data o dia seguinte, 30 de julho de 653 (101 a.C.) e a planície Raudina como cenário. Esta planície permitiria que os romanos aproveitassem todo o potencial de sua cavalaria. Ali, os romanos caíram sobre o inimigo, que, apesar de os esperarem, foram pegos de surpresa, já que a densa névoa da manhã impediu que a cavalaria cimbria pudesse enxergar que a cavalaria romana, mais forte, se aproximava para uma luta corpo-a-corpo, o que empurrou todo o exército cimbrio até as posições dos legionários romanos, que já estavam em ordem de batalha. Boiorix liderou várias cargas contra a muralha de escudos romana, que aguentou as sucessivas investidas e aproveitava para apunhalar com seus gládios os desprotegidos pescoços e coxas germânicos, exatamente como Mário os havia ensinado. Os romanos conseguiram uma vitória completa com poucas perdas, enquanto que os cimbrios foram totalmente aniquilados, que consideravam impensável uma retirada. Os que perderam a vida durante o combate, a maioria, incluindo o valente rei Boiorix, podiam se considerar afortunados; mais afortunados, pelo menos, do que os que tiveram que fazê-lo com suas próprias mãos ou que foram escravizados e vendos no mercado romano, aguentando as represálias por sua ousadia. Os tigurinos, que esperaram o resultado da batalha para atravessar os Alpes, voltaram para sua terra natal. A avalanche humana que, durante treze anos havia alarmado a todas as nações entre o Danúbio e o Ebro, do Sena ao Pó, jazia debaixo da terra ou trabalhava sob o jugo da escravidão; as vãs esperanças das migrações germânicas haviam terminado em derrota; os cimbrios e seus aliados desapareceram” 

Theodor Mommsen (1863). The history of Rome. Tomo III. Londres: Richard Bentley. Traducción de William P. Dickson, pp. 193

Considerações finais:

A guerra Cimbria, além de invasão violenta que provocou uma transformação abrangente na política e no exército romano. Caio Mário reformou as estruturas mas vitais para Roma e Roma se tornou ainda mais poderosa e eficiente principalmente em suas forças militares o terrestres

 A Glória de e Caio Mário  instigou seus opositores no senado, que tempos após a guerra Contra os bárbaros Resultou em um confronto civil intenso, demorado e violento entre Caio Mário Lúcio Cornélio Sula e outros que estavam à frente da facções Optimates e Populares. 

E difícil calcular quantos germânicos estavam na horda invasora, mas é difícil acreditar  aa afirmações de fontes romanas, pois estes visavam sempre enaltecer as duras vitórias dos seus sobre um inimigo forte e número.

A distribuição de terra promovida como forma de compensação e pagamento por anos de serviço militar foi um exemplo de politica que vemos atualmente em muitos países, sendo análoga a uma reforma agrária. As classes dominantes de Roma envolvidas em corrupção e, sendo enfraquecedoras dos Estado devido ao terrível elitismo, inviabilizava que os mais pobres pudessem gozar de benefícios, tanto mínimos como terras, quanto políticas como Caio Mário como Cônsul. A guerra Cimbria foi uma das invasões que Roma sofrera em sua história, tão letal quanto a de Aníbal barca, com um desfecho incrível e grandemente celebrado.

Referências Bibliográficas:

• The Cimbrian Wars 113-101 B.C by King And Generals Documentary, Germanic Wars.

• SALÚSTIO. Guerra Catilinária e Guerra Jugurtina. Tradução de Barreto Feio. Rio de Janeiro: Editora Ediouro, 1991. PLUTARCO. Vidas paralelas. Vol. IV. Tradução de D. Antonio Ranz Romanillos. Madrid: La Papelera Española, 1920.

• KEEPIE, Lawrence: The Making of Roman Army. From Republic to Empire. Taylor & Francis e-Library. 2005

• GOLDSWORTHY, Adrian: Roman Warfare. London: Cassell, 2000. GOLDSWORTHY, Adrian: In Name of Rome. Great Britain: Weindenfeld & Nicolson, 2003. GOLSWORTHY, Adrian: The Complete Roman Army. London: Thames & Hudson Ltd. 2003.

• MENDES, Norma Musco: Roma Republicana. São Paulo: Editora Ática, 1988. PARKER, Geoffrey (Org.). Cambridge Illustrated History of Warfare. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

Escrito e publicado por André Pereira da Silva 


Publicado por: André Pereira da silva

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