A Crise de Suez: O Conflito que destronou a arrogância exploradora britânica e coroou a independência Egípcia em 1956
Breve discussão acerca da Crise de Suez, o conflito que coroou a independência egípcia em 1956.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Resumo
O presente artigo tem como objetivo esclarecer os fatos decorrentes da invasão do Egito pelas potências ocidentais, como Reino Unido e França, em conjunto com o Estado de Israel. Essa ação tinha como motivação interesses econômicos e exploratórios na região do Egito, especialmente no Canal de Suez, uma via de extrema importância para a economia mundial, sobretudo para a economia britânica, pois evitava o longo trajeto marítimo ao encurtar o caminho de mercadorias avaliadas em bilhões até seu destino.
O Egito esteve sob influência britânica e francesa por muitos anos, tendo sua política interferida e sua soberania popular reprimida por interesses ocidentais. A Guerra do Canal de Suez provocou uma grande mudança na geopolítica da época, gerando consequências significativas para o Reino Unido, apesar da intervenção militar no Egito ter sido, como de costume, precisa, violenta e marcante.
Este artigo buscará compreender os principais aspectos dessa invasão, analisando militarmente os avanços das tropas britânicas, francesas e israelenses contra as forças egípcias, assim como os resultados e os desafios enfrentados durante a batalha.
Summary
The present article aims to clarify the events resulting from the invasion of Egypt by Western powers such as the United Kingdom and France, in collaboration with the State of Israel. This action was motivated by economic and exploratory interests in the Egyptian region, particularly the Suez Canal, a route of great importance for the global economy, especially for the British economy, as it avoided the long maritime journey by shortening the path of goods valued in billions to their destination.
Egypt was under British and French influence for many years, with its policies interfered with and its popular sovereignty suppressed by Western interests. The Suez Canal War brought significant geopolitical changes at the time, causing major consequences for the United Kingdom, even though the military intervention in Egypt was, as always, precise, violent, and striking.
This article seeks to understand the main aspects of this invasion, analyzing the military advances of British, French, and Israeli troops against Egyptian forces, as well as the results and challenges faced during the battle.
ملخص:
يهدف هذا المقال إلى توضيح الأحداث الناتجة عن غزو مصر من قبل القوى الغربية مثل المملكة المتحدة وفرنسا بالتعاون مع دولة إسرائيل. كانت هذه العملية مدفوعة بمصالح اقتصادية واستكشافية في منطقة مصر، وخاصة قناة السويس، التي تعد طريقًا ذا أهمية كبيرة للاقتصاد العالمي، وخصوصًا للاقتصاد البريطاني، حيث تجنبت الرحلة البحرية الطويلة عن طريق تقصير مسار البضائع التي تقدر بمليارات إلى وجهتها.
كانت مصر تحت تأثير بريطاني وفرنسي لسنوات عديدة، حيث تم التدخل في سياساتها وقمع سيادتها الشعبية لصالح المصالح الغربية. تسببت حرب قناة السويس في تغييرات جيوسياسية كبيرة في ذلك الوقت، مما أدى إلى عواقب كبيرة على المملكة المتحدة، على الرغم من أن التدخل العسكري في مصر كان، كما هو الحال دائمًا، دقيقًا وعنيفًا وملحوظًا.
يسعى هذا المقال إلى فهم الجوانب الرئيسية لهذا الغزو من خلال تحليل التقدم العسكري للقوات البريطانية والفرنسية والإسرائيلية ضد القوات المصرية، بالإضافة إلى النتائج والتحديات التي واجهتها أثناء المعركة.
O canal de Suez
O Canal de Suez, gerido pela Autoridade do Canal de Suez (SCA), é uma das vias marítimas mais importantes do mundo, conectando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho e reduzindo significativamente o tempo de navegação entre a Europa e a Ásia sem a necessidade de contornar a África. Inaugurado em 1869, o canal tem sido constantemente ampliado e atualizado para acomodar navios maiores e aumentar sua eficiência. Em 2015, o "Novo Canal de Suez" foi concluído, permitindo maior fluxo de tráfego e capacidade para navios de maior tonelagem. (SUEZ CANAL AUTHORITY, 2024).
A SCA opera de forma independente, com autoridade para gerenciar, manter e melhorar o canal, além de estabelecer tarifas de trânsito. Atualmente, o canal pode acomodar 99% das embarcações globais e possui um papel estratégico no comércio marítimo internacional, contribuindo significativamente para a economia egípcia e para o transporte global de mercadorias. (SUEZ CANAL AUTHORITY, 2024).
• Bloqueio do Porto de Suez em 2021
E março de 2021 um enorme cargueiro vindo de Portugal travou a passagem do porto de Suez, causando grande transtornos com a impossibilidade de tráfego pelo canal. Atrasando cerca de quatrocentos navios e causando complicações econômicas em nível global.
"De acordo com o "The Washington Post", o navio Affinity V, de bandeira de Cingapura, ficou preso em um trecho de pista única do canal. A informação é atribuída a George Safwat, porta-voz da Autoridade do Canal de Suez (...) De acordo com a Reuters, o navio-tanque Aframax Affinity V perdeu o controle no Canal de Suez quando se dirigia para o sul.
"Ela temporariamente obstruiu o tráfego e agora está voltado para o sul novamente, mas movendo-se lentamente com a ajuda do rebocador", informou a Reuters, citando o serviço de monitoramento de navios TankerTrackers.’ A embarcação de 400 metros de comprimento — o equivalente a quatro campos de futebol — e 59 metros de largura tinha saído do porto chinês de Yantián com destino à cidade portuária de Roterdã, na Holanda.
O Ever Given foi totalmente desencalhado do canal de Suez em 29 de março de 2021, uma semana após ter interrompido a travessia. (...)” (O Globo 2021)
“Segundo Osama Rabie, Presidente da Autoridade do Canal,o encalhe do cargueiro teve grande impacto nessa rota comercial, custando entre US$ 14 e US $15 milhões (cerca de R$ 80 milhões) a cada dia de bloqueio.
O canal é uma importante fonte de receita para o Egito. Até antes da pandemia, o comércio que passava por ali contribuía com 2% do PIB do país segundo a agência de classificação de crédito Moody's.” (BBC News, 2021).
As imagens do satélite de 25 de março mostram o Ever Given encalhado e travando a circulação no Canal de Suez CNES2021, DISTRIBUTION AIRBUS DS podem mostrar o transtorno no canal
Ingleses e o Egito
Entre os séculos X e XV o Egito se beneficiou de sua situação geográfica que se transformou no centro do comércio entre a Ásia e o mediterrâneo incluindo os venezianos e genoveses a vinda dos cruzados europeus para Palestina toda Israel entre os séculos XI e XIII, e o estado de guerra quase constante não foi o empecilho para o comércio com a expulsão dos cruzados tudo indicava que o Egito seria o centro natural antigo do império árabe no entanto no início do século 16 a nova potência emergente no mundo o sultanato dos turcos otomanos logo conquistou o Egito tá o ato coincidiu com abertura da Rota naval da Europa para o extremo oriente através do Cabo da Boa Esperança e que acabou com monopólio egípcio graças a seu domínio do Mar Vermelho iniciou um período de decadência Econômica até o século XIX o domínio turco foi pouco mais do que nominal e o poder efetivo estava nas mãos dos chefes mamelucos em 1805 assumiu o poder Mohamed Ali um chefe militar albanês que eliminou o chefes mamelucos com métodos drásticos e estabeleceu um regime centralizado ali organizou o Exército e estabeleceu o monopólio estatal do Comércio Exterior da cana-de-açúcar e do algodão além de ampliar a autonomia do Egito em relação ao Sultão de Istambul e assim estabelecer as bases de uma economia moderna durante a má administração dos sucessores de Mohamed Ali Especifique melhor como foi essa má administração a crise foi agravada e a dependência da Europa Aumentou a situação econômica continua a se agravar os empréstimos que sucediam e em 1879 as potências estrangeiras expuseram a criação de uma caixa da dívida pública dirigida por um ministro egípcio um francês e outro inglês que assumiu a administração das Finanças do país esse grau de interferência despertou força e reação nacionalista apoiada pelo exército que naquele mesmo ano derrubou o sucessor de Mohamed Ali, Khadive Ismail, e obrigou seu filho Tawfiq a expulsar os ministros estrangeiros e nomearam o gabinete nacionalista. A resposta não demorou, e em 1882 uma Frota Anglo francesa desembarcou tropas inglesas em Alexandria e ocupou militarmente o país.
• Batalha de Tel El-Kebir:
O Império Britânico esticou os seus braços por quase todos os cantos do mundo por meio de suas forças maiores: as armas e o dinheiro. Colônias foram estabelecidas nas Américas, Ásia e África, mas uma das influências mais significativas para os ingleses foram suas políticas no Egito, que se deu após uma vitória esmagadora dos ingleses sobre os egípcios na batalha de Tel El- Kebir. A batalha ocorreu em 13 de setembro de 1882 entre o exército britânico, comandado pelo general Garnet Wolseley, e forças egípcias lideradas por Ahmed Urabi. A luta aconteceu ao norte de Ismaília, próximo ao Canal de Suez, e foi a tentativa final de Urabi de resistir à intervenção britânica.
O plano de Wolseley foi evitar o enfrentamento direto em Alexandria, onde os egípcios eram mais fortes, escolhendo avançar rumo ao interior através do Canal de Suez. Quando desembarcou sem resistência, seguiu para Tel el-Kebir, um ponto estratégico defendido por Urabi, com fortificações incluindo trincheiras e artilharia pesada. As tropas britânicas, totalizando 24 mil homens, enfrentaram de 18 a 20 mil egípcios. Mesmo fortificada, a área egípcia carecia de organização, o que favoreceu os britânicos. Inclusive, o general britânico, na noite anterior à batalha, fez um reconhecimento e percebeu que os egípcios não tinham patrulhas ou postos avançados durante a noite, o que possibilitou uma vantagem para um ataque surpresa.
O ataque britânico começou pela manhã, de forma organizada, pressionando os egípcios com a vantagem de treinamento, disciplina e armamento superior, como rifles de repetição, quebrando as defesas egípcias. A batalha foi feroz, e mesmo com a resistência das tropas egípcias, os britânicos conseguiram romper a linha, causando pesadas baixas. Cerca de 2.000 egípcios foram mortos, enquanto, para os britânicos, apenas 53. O comandante egípcio foi capturado, e o restante das forças do Egito se retirou.
O resultado da batalha foi a rendição de Urabi e a restauração da autoridade do khedive, com o apoio do Império Britânico. Essa vitória marcou o fim da revolta de Urabi e, principalmente, estabeleceu o controle do Império Britânico sobre o Egito, que passou a ser um protetorado britânico, mesmo com uma liderança local sobre o país. A dominação britânica sobre o Egito durou de 1882, após a vitória nesta batalha, até 1952, quando estourou a Revolução Egípcia liderada por Gamal Abdel Nasser. Por cerca de 70 anos, o Egito esteve sob influência direta do Reino Unido.
A queda da monarquia egípcia
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Egito foi outra vez utilizado como base militar britânica. O sentimento anticolonialista estava no seu auge. Quando foi criado o Estado de Israel na Palestina, em 1948, o Egito e outras nações árabes iniciaram uma guerra contra o novo estado. Em consequência da derrota, ocorreram grandes manifestações do povo contra a monarquia. A Revolução Egípcia de 1952, liderada pelo Movimento dos Oficiais Livres e culminando na queda da monarquia egípcia, em especial do rei Farouk I, foi provocada, em parte, pelo descontentamento generalizado com a monarquia e a forte influência e presença dos britânicos no Egito.
O movimento, liderado por figuras como Gamal Abdel Nasser e Anwar Sadat, ascendeu com o desejo de pôr fim à corrupção, à desigualdade social e à influência dos europeus. A revolução foi iniciada em 23 de julho de 1952 com um golpe militar que rapidamente obteve apoio popular, resultando na queda do rei Farouk e da monarquia, cuja abdicação levou ao fim da dinastia Mohamed Ali. As consequências imediatas culminaram na transformação do Egito em uma república, com Nasser assumindo, três anos depois, a presidência do país.
O novo regime criou reformas de grande importância, se proclamando nacionalista, socialista e interessado em beneficiar os fellahin, os camponeses pobres do país. Foi iniciada uma reforma agrária que limitou o poder dos grandes proprietários agrícolas, com redistribuição de terras, fortalecimento da educação e políticas para a melhoria da saúde pública. No campo econômico, foram nacionalizadas indústrias estratégicas, como o Canal de Suez, em 1956. No seu programa de reformas, o governo deu prioridade à construção da represa de Assuã, uma das maiores do mundo, obra concretizada graças à ajuda da União Soviética, após a recusa das potências do Ocidente em financiar o projeto. Apresentada como a chave para a industrialização e o desenvolvimento do país, a represa foi posteriormente associada a alguns transtornos ambientais, mas teve vital importância para o Egito e seu crescimento.
Esses eventos consolidaram o Egito como o país líder do pan-arabismo e símbolo da resistência contra o colonialismo. A Revolução Egípcia também inspirou outros movimentos nacionalistas no Oriente Médio, enfrentando desafios como repressões internas e a centralização de poderes nas mãos dos militares. No entanto, tal revolução criou um divisor de águas na história do Egito moderno, redefinindo seu papel no mundo contemporâneo e no cenário social do século XX. O Egito voltou a ser uma nação forte, independente e de vital importância para a economia global, lutando contra opressões e políticas que favoreciam os interesses das potências ocidentais, dando lugar à valorização de seu próprio povo e se libertando da exploração inglesa e francesa de uma vez por todas.
Nasser, o heroi popular
Gamal Abdel Nasser nasceu em 15 de janeiro de 1918 e faleceu em 28 de setembro de 1970. Ele foi um dos líderes mais influentes do Egito e do mundo árabe no século XX. Nascido em uma família modesta na região do Alto Egito, desde jovem esteve envolvido em movimentos nacionalistas contra a ocupação britânica. Após ingressar na Academia Militar do Egito em 1937, destacou-se como líder do movimento Oficiais Livres, o grupo que liderou o golpe de 1952, derrubando o rei Farouk e transformando o Egito em uma república.
Como presidente, de 1956 a 1970, Nasser implementou reformas socialistas, nacionalizou o Canal de Suez e buscou a modernização do Egito. Em 1955, foi um dos grandes organizadores e líderes da Conferência de Bandung, onde surgiu o movimento neutralista afro-asiático, precursor do Movimento dos Países Não Alinhados. Na conferência, 29 países afro-asiáticos condenaram o colonialismo, a discriminação racial e o armamento atômico.
Com sua política pan-arabista, promoveu a criação da República Árabe Unida (1958-1961), uma tentativa de unificação com a Síria, que não durou muito. Ele enfrentou desafios significativos, como a Guerra de Suez em 1956, que consolidou sua reputação internacional, e a Guerra dos Seis Dias em 1967, na qual o Egito sofreu uma significativa derrota, perdendo a Península do Sinai para Israel.
Nasser foi amplamente reconhecido como uma figura carismática e símbolo do nacionalismo árabe, promovendo projetos de grande ambição, como a construção da Represa de Assuã. Contudo, governou de forma autoritária, reprimindo opositores de sua política. Sua morte em 1970 marcou o fim de uma era e deixou um legado duradouro na política árabe.
Nacionalização do Canal de Suez
O Egito nacionalizou o Canal de Suez em 26 de julho de 1956, objetivando financiar a construção da barragem de Assuã. A nacionalização foi anunciada pelo presidente Gamal Nasser em Alexandria, em 26 de julho de 1956.
Aqui esta trechos do discurso de Nasser:
“O Egito nunca foi um país independente enquanto as forças imperialistas controlaram nosso destino. Hoje, nós afirmamos ao mundo que somos senhores de nossa terra e responsáveis pelo futuro de nossa nação. O Canal de Suez, construído com o sangue e o trabalho de milhares de egípcios, pertence ao Egito, não às potências coloniais. (...) Eles nos negaram o financiamento para a represa de Aswan, mesmo sabendo de sua importância para nosso povo. Mas não dependemos deles. O Canal de Suez será nossa resposta. Hoje, declaro a nacionalização da Companhia do Canal de Suez, cujas receitas financiarão o progresso e a dignidade do Egito. (...) O Canal de Suez é parte do Egito, assim como o Nilo. Qualquer tentativa de interferir em nossos direitos soberanos será considerada um ataque à nossa independência. Estamos prontos para enfrentar qualquer desafio, pois este é o nosso dever perante a história.”
Entretanto, a nacionalização do canal causou forte reação da França, Reino Unido e de Israel. A recusa das potências do Ocidente em financiar a represa de Assuã foi devido aos eventos geopolíticos e econômicos do momento no mundo. A represa era um projeto vital para o desenvolvimento do Egito, permitindo o controle das cheias do Rio Nilo, uma expansão da irrigação agrícola e a geração de energia hidrelétrica. Os motivos da recusa foram diversos, começando pela aproximação do Egito com a União Soviética. O presidente Nasser passou a adotar uma política de não alinhamento, passando a buscar apoio da União Soviética sobre assuntos militares e assuntos ligados à economia, passando a comprar armas da Tchecoslováquia (atual República Tcheca), país aliado da União Soviética, o que aumentou as tensões com os Estados Unidos e Reino Unido, países que não viam com bons olhos a expansão soviética no Oriente Médio. O segundo motivo foi que o Egito, com a ascensão de Nasser, passou a desenvolver o nacionalismo árabe e a busca por independência política e econômica. As potências ocidentais viam isso como uma ameaça aos interesses militares e comerciais na região, muito devido ao Oriente Médio ser de vital importância para o comércio e o fornecimento de petróleo. A terceira razão das hostilidades foi a desconfiança quanto à viabilidade econômica do projeto, pois as potências do Ocidente passaram a alegar que o Egito não possuía capacidades econômicas para pagar os empréstimos de construção da represa. E, por fim, os conflitos entre árabes e israelenses. O presidente Nasser possuía forte postura contrária a Israel, apoiando a causa palestina, criando consternações com países ocidentais amigos de Israel, como os Estados Unidos e Reino Unido. A recusa ocidental de financiamento levou Nasser a nacionalizar o Canal de Suez para usar as receitas na construção da represa.
INÍCIO DO CONFLITO
O início dos conflitos não se deu inicialmente por parte da Grã-Bretanha ou da França, mas de um país vizinho ao Egito: Israel. Em 29 de outubro, paraquedistas israelenses saltaram no Sinai, região egípcia, tomando a estratégica passagem de Mitla, possibilitando uma incursão por forças terrestres. Na ONU, Israel garantiu que estava agindo por legítima defesa contra ataques de palestinos conhecidos como fedaínes, que operavam na região de Gaza e no Sinai, mas não havia evidências nem bases de operações nessas regiões. A Grã-Bretanha e a França, por sua vez, alegaram agir em nome da Comunidade Internacional e emitiram um ultimato tanto aos egípcios quanto aos israelenses para que os combates cessassem em 12 horas e as forças fossem retiradas a 16 quilômetros do Canal de Suez, ou então interviriam para garantir que o comando fosse cumprido. Israel aceitou os termos, mas Nasser recusou.
Em 31 de outubro, aviões britânicos e franceses, decolando de porta-aviões posicionados no Mediterrâneo e de bases no Chipre e em Malta, começaram a bombardear as defesas aéreas do Egito, destruindo sua infraestrutura. O primeiro-ministro de Israel na época, David Ben Gurion, vinha considerando um ataque ao Egito havia meses e foi encorajado por Moshe Dayan, chefe do Estado-Maior de Israel. Nasser, como todos os líderes dos Estados árabes, não via o estado judeu como legítimo, sendo que Israel também não era visto com bons olhos por parte das nações opositoras, especialmente depois de começar a receber armas modernas da Tchecoslováquia e da União Soviética, o que fez com que fosse visto como uma ameaça potencial ao Estado de Israel. Determinado a acabar com o bloqueio imposto pelo Egito ao estreito de Tiran, que impedia o acesso de Israel ao Mar Vermelho e limitava sua capacidade comercial, a França queria se aliar aos israelenses para combater Nasser. No entanto, a postura agressiva dos britânicos, especialmente do primeiro-ministro britânico Anthony Eden, mudou os planos dos franceses.
Em Sèvres, perto de Paris, representantes da Grã-Bretanha, França e Israel se reuniram em segredo para planejar a guerra. Decidiu-se que Israel invadiria o Egito, possibilitando que a Grã-Bretanha e a França se passassem por pacificadores e emitissem um ultimato, aceito apenas por Israel. Assim, alegando agir com o intuito de proteger o Canal de Suez, invadiriam o Egito e derrubariam o presidente Abdel Nasser.
Em 5 de novembro, após uma semana de bombardeios e com as tropas israelenses vencendo a batalha em terra no Sinai, paraquedistas britânicos e franceses foram lançados em alvos ao redor de Port Said e Port Fouad, na foz do Canal de Suez. Quando os paraquedistas chegaram ao solo, em rápidos movimentos tomaram de assalto os aeródromos egípcios e as principais infraestruturas do país. Na manhã seguinte, sob cobertura de ataques aéreos e bombardeios, começou o desembarque das tropas britânicas e francesas. Muitos tiroteios começaram nas ruas durante todo o dia. Nos confrontos, cerca de 600 soldados e policiais egípcios foram mortos, enquanto as forças britânicas e francesas perderam 26. No entanto, os maiores sofrimentos do conflito foram para os civis egípcios, que sofreram com os ataques aéreos e bombardeios, tendo suas casas destruídas. Estima-se que até mil vidas civis egípcias foram perdidas. Ao final do dia 6, as forças britânicas e francesas estavam no controle local. Após esse conflito em terra, os egípcios afundaram seus próprios navios no Canal de Suez, bloqueando-o e deixando o canal fora de ação por vários meses.
ONU e a opinião internacional
O olhar mundial era de desaprovação frente à invasão do Egito. Pela primeira vez, os Estados Unidos e a União Soviética se uniram em uma condenação, chegando a um clímax onde o premier soviético Nikita Kruschev ameaçou disparar foguetes contra Paris e Londres. O Presidente Americano, Dwight D. Eisenhower, achava que a invasão não tinha justificativa moral ou legal, estando irritado com seu aliado britânico por agir sem consultar os americanos. Em discurso, o Presidente Americano disse o seguinte:
"Os governos britânico e francês entregaram um ultimato de 12 horas a Israel e ao Egito, agora seguido por ataques armados contra o Egito. Os Estados Unidos não foram consultados de forma alguma sobre qualquer fase dessas ações, nem fomos informados com antecedência. Pois é o direito manifesto de qualquer uma das nações tomar decisões e ações, e também é nosso direito, se nosso julgamento assim o exigir. Não aceitamos o uso da força como instrumento sábio ou adequado para a solução de controvérsias internacionais."
É possível que os americanos vissem a intervenção britânica e francesa como uma tentativa de aliança entre o mundo árabe e a União Soviética, tendo em vista que o Presidente Americano queria que o mundo desse atenção à Hungria, onde a União Soviética esmagava com brutalidade as resistências locais. No Conselho de Segurança da ONU, a Grã-Bretanha e a França usaram seu veto para bloquear resoluções que criticavam o ataque de Israel e suas próprias intervenções. No entanto, com as duas superpotências sendo contra a invasão, agora a França e a Inglaterra enfrentavam uma votação na Assembleia Geral e a ameaça de sanções da ONU.
PONTO ALTO DOS COMBATES
Após o início das ofensivas israelenses, principalmente pelo ar, com a participação da Inglaterra e da França, o objetivo era desestabilizar as comunicações e o suporte aéreo do Egito. Do lado israelense, a operação Kadesh foi iniciada com o intuito de explorar a situação. O Estado-Maior de Israel escolheu quatro grupos do exército para realizar a operação. O objetivo era seguir uma linha de avanço ao norte, atacando Al-Arish com três brigadas: duas de infantaria e uma blindada, sob o comando do Brigadeiro General Rain Laskov. A sudoeste, tropas, incluindo duas brigadas de infantaria e duas blindadas, cruzariam o Sinai, partindo de Ketziot até Al-Ismailia. Um pouco mais ao sul de Ketziot, a quarta força, paraquedista do 202º Regimento, foi posicionada perto de Aqaba, ocupando a região ao sul do Sinai.
Com as posições devidamente estabelecidas, a operação Kadesh começou às 3h da manhã com um bombardeio às centrais de comunicação egípcias no Sinai. Durante o ataque aéreo, a 9ª Brigada de Infantaria ao sul gradualmente assumiu o controle de Ras al-Naqab, sem vítimas, à meia-noite de 30 de outubro. Um pouco mais ao norte, a 202ª Brigada Paraquedista realizou uma operação importante, tanto militarmente quanto politicamente, nas profundezas do Sinai, uma hora após o início da operação Kadesh. Esse ataque foi uma das justificativas para a Grã-Bretanha e a França entrarem na guerra nominalmente, por meio do protocolo de Sèvres. A força avançou em direção a uma guarnição egípcia fortemente guardada em Thened, conhecida como "The Beatles of Dawn". As forças israelenses rapidamente superaram os egípcios, expulsando-os e assumindo o controle da área.
A terceira força atacada pela força aérea egípcia sofreu alguns danos, mas após o ataque aéreo, Sharon conseguiu perseguir as forças egípcias, que começaram a bater em retirada até a cidade de Nakla, desmoralizando o exército egípcio. O exército egípcio se retirou enquanto as forças israelenses continuavam seu avanço para o norte, atacando as forças egípcias e custando a vida de 38 israelenses durante os combates à noite. No entanto, os israelenses conseguiram expulsar o exército egípcio, que cruzou o Sinai de volta ao Egito.
A luta mais intensa ocorreu no centro e no norte, onde a 4ª Brigada de Infantaria, comandada pelo General Joseph Harpaz, avançou para Al-Qassimah durante a noite. Usando a manobra de pinça, eles flanquearam as forças egípcias, que estavam resistindo fortemente ao exército israelense. As forças egípcias entraram em colapso, e o exército israelense conseguiu entrar na cidade, conquistando-a após as 3h da manhã. Agora, Israel poderia avançar livremente em direção à cidade de Abu Aweil, estrategicamente posicionada, perto de várias vias que se estendiam por todo o Sinai, e sua captura resultaria na queda do Sinai nas mãos dos israelenses.
Tomando posições estratégicas, os egípcios se entrincheiraram nas cidades de Rafah, Um Shihn e Umm Qataf, conhecidas localmente como "ouriço", com 3.000 soldados. Durante três dias, esses 3.000 egípcios conseguiram repelir os 12.000 israelenses que avançavam contra a posição, após várias ondas de ataque. Ao final do combate, o exército israelense cercou a posição egípcia, com a 7ª Divisão Blindada de Israel, e a posição egípcia também foi derrubada frente ao avanço israelense.
Ao norte de Rafah, a 1ª Divisão de Infantaria, comandada pelo Coronel Givle, juntamente com a 27ª Brigada Blindada, sob o comando do Coronel Chaim Barvel, enfrentavam o Brigadeiro General egípcio Al-Abd e sua 5ª Divisão de Infantaria, fortemente posicionada em bunkers e cercada por minas. Em 31 de outubro, 13 horas após o ultimato britânico e francês, o Egito rejeitou a retirada da zona do canal, o que levou ao início dos bombardeios sobre Rafah.
A partir daí, o Estado-Maior de Israel iniciou um ataque próximo a Rafah, enfrentando resistência devido à bem estruturada defesa egípcia. Após os bombardeios israelenses destruírem as defesas egípcias nas colinas, a 27ª Brigada Blindada (Shermans e AMX-13) conseguiu derrotar as defesas egípcias após uma dura batalha de 3 horas. Tentando realizar a manobra de pinça para cercar as forças egípcias, o comandante egípcio Al-Abd obedeceu às ordens de Nasser e retirou o restante da 5ª Divisão de Infantaria egípcia.
Enquanto as forças egípcias batiam em retirada rapidamente para o oeste, indo em direção a El-Arish, a 27ª coluna do exército israelense seguia em seu encalço, parando por algumas horas no Estreito de Geradi Pass, onde enfrentaram artilharia egípcia até suspenderem os combates com a chegada da noite.
Após esse desenrolar, os exércitos egípcios começaram a se retirar em massa da Península do Sinai. O Estado-Maior de Israel considerou que Rafah e Gaza eram "pontes" para os ataques egípcios contra os israelenses, e, assim, comandou a 11ª Infantaria e 37 veículos blindados para invadir Gaza e Khan Yunis. Após 58 horas de avanço, Gaza foi invadida. No extremo sul do Sinai, a prioridade de Israel na operação Kadesh foi reabrir o Estreito de Tiran, garantindo a maior força israelense sobre o Golfo de Aqaba e tomar a cidade de Sharm El-Sheikh. Desde o início da operação, a 9ª Brigada de Infantaria foi ordenada a ficar em Ras al-Naqab.
Mosh Dayan temia que os ataques aéreos egípcios causassem sérios danos às forças israelenses durante a travessia do Sinai, então a 202ª força foi posicionada ao sul, ao longo do Golfo de Suez, enquanto a 9ª Brigada de Infantaria se dirigia ao sul, pela costa do Golfo de Aqaba até Sharm El-Sheikh. Sabe-se que um comandante egípcio foi ferido pelas forças terrestres e cercado até se render às 9h30 do dia 5 de novembro, quando a operação Kadesh terminou.
Do lado dos aliados, os bombardeios terrestres a oeste do Sinai foram intensificados, com o objetivo de destruir a força aérea egípcia e obter superioridade aérea. No amanhecer de 1º de novembro, aviões partiram de porta-aviões estacionados em Chipre para atacar bases egípcias, destruindo 200 aviões. Os aliados também bombardearam uma estação de rádio no Cairo e destruíram seu transmissor, enquanto aviões lançavam folhetos de propaganda em várias cidades egípcias.
Simultaneamente, as preparações para a terceira fase da guerra começaram, com o uso de caças polivalentes. Aviões partiram de Chipre, e os paraquedistas britânicos começaram a saltar perto de Port Said, capturando Gamil e permitindo que os franceses avançassem sobre Port Said, com resistência mínima. Os ingleses também conseguiram eliminar toda a resistência egípcia em Port Fouad até o final da tarde do dia 5 de novembro.
O Brigadeiro General egípcio Salahuddin Mohoy, em Port Said, teria recebido propostas de negociação após repelir um ataque, mas rejeitou as condições. À noite, a frota aliada estava pronta para iniciar o desembarque. No dia 6, aviões atacaram Port Said, enquanto contratorpedeiros aliados bombardearam a cidade, forçando os soldados egípcios a abandonar suas defesas e bater em retirada.
Com o amanhecer, os comandos britânicos começaram a avançar, utilizando táticas semelhantes à Blitzkrieg. Após o desembarque, as forças britânicas, incluindo helicópteros, enfrentaram resistência feroz das forças egípcias. No entanto, a superioridade das forças britânicas, com tanques Centurion e infantaria, foi decisiva. Durante a noite de 7 de novembro, os aliados estavam estabelecidos perto de Qantara, enquanto as forças egípcias continuavam a resistir.
No dia 5 de novembro, foi criada a UNEF (Força de Emergência das Nações Unidas). Tropas norueguesas e dinamarquesas foram enviadas com caráter neutro para substituir as forças de ocupação e ajudar a restaurar a paz, entrando no lugar das forças francesas e britânicas, isso devido seu carater neutro no conflito, possibilitando a vinda da ajuda humanitária para o Egito.
Considerações finais
Pode-se concluir que a Guerra de Suez foi um ponto de virada significativo na geopolítica mundial, ao se analisar as consequências sofridas, principalmente, pelo Reino Unido. A decisão britânica de agir de forma autoritária e arrogante, sem consultar aliados de extrema importância, como os Estados Unidos, evidenciou ao resto do mundo que os britânicos já não detinham a hegemonia geopolítica que outrora sustentavam. Ficou claro que o poder global estava, agora, nas mãos dos Estados Unidos e da União Soviética.
A atuação desses dois países, ainda que indireta, foi fundamental para encerrar o conflito e punir politicamente os invasores. A União Soviética desempenhou um papel significativo ao apoiar o Egito economicamente e militarmente, permitindo o fortalecimento da República Egípcia e a construção de importantes infraestruturas. Por sua vez, os Estados Unidos, com forte influência diplomática, pressionaram os aliados ocidentais para cessarem as hostilidades.
A Guerra de Suez provocou grande instabilidade política no Reino Unido, resultando na renúncia do primeiro-ministro Anthony Eden. Além disso, causou danos significativos à economia britânica e abalou profundamente sua política externa. No Egito, o conflito consolidou a autoridade do país sobre o Canal de Suez, marcando o fim das ambições coloniais britânicas e francesas na região. A transição egípcia de uma monarquia para uma república representou um divisor de águas na história da milenar nação. Pela primeira vez desde a queda do último faraó pelas mãos do Império Romano, o Egito passou a escolher seus próprios líderes e a focar em políticas para o bem-estar de seu povo. O Canal de Suez tornou-se símbolo de independência e soberania egípcia, desempenhando um papel vital no comércio global e reafirmando a posição estratégica do país no cenário internacional.
الاعتبار النهائي:
يمكن الاستنتاج أن حرب السويس كانت نقطة تحول كبيرة في الجغرافيا السياسية العالمية، عند تحليل العواقب التي تكبدها، خاصة المملكة المتحدة. إن قرار بريطانيا بالتصرف بطريقة سلطوية ومتعجرفة، دون التشاور مع الحلفاء المهمين مثل الولايات المتحدة، أوضح للعالم أن البريطانيين لم يعودوا يهيمنون على السياسة الجغرافية العالمية كما كانوا في الماضي. أصبح واضحًا أن القوة العالمية كانت الآن في يد الولايات المتحدة والاتحاد السوفيتي. كان دور هذين البلدين، رغم أنه غير مباشر، حاسمًا في إنهاء الصراع ومعاقبة المعتدين سياسيًا. لعب الاتحاد السوفيتي دورًا مهمًا في دعم مصر اقتصاديًا وعسكريًا، مما سمح بتعزيز جمهورية مصر وبناء بنية تحتية مهمة. من جانبها، مارست الولايات المتحدة ضغوطًا دبلوماسية على الحلفاء الغربيين لوقف الأعمال العدائية.
تسببت حرب السويس في عدم استقرار سياسي كبير في المملكة المتحدة، مما أدى إلى استقالة رئيس الوزراء أنطوني إيدن. بالإضافة إلى ذلك، تسببت في أضرار كبيرة للاقتصاد البريطاني وأثرت بشدة على سياستها الخارجية. في مصر، عزز الصراع سلطة البلاد على قناة السويس، مما أدى إلى نهاية الطموحات الاستعمارية البريطانية والفرنسية في المنطقة. مثل الانتقال المصري من النظام الملكي إلى الجمهورية نقطة فاصلة في تاريخ الأمة المصرية العريقة. لأول مرة منذ سقوط آخر الفراعنة على يد الإمبراطورية الرومانية، بدأ المصريون في اختيار قادتهم وركزوا على السياسات التي تهدف إلى رفاهية شعبهم. أصبحت قناة السويس رمزًا للاستقلال والسيادة المصرية، ولعبت دورًا حيويًا في التجارة العالمية، مما أعاد تأكيد المكانة الاستراتيجية للبلاد في الساحة الدولية.
Referências
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YouTube: A crise de Suez: O que foi e suas consequências - Disponível em: https://youtu.be/8CEqIrczHS8?si=_DS0MGgjakwWd9cy
( Estudante de jornalismo pela Universidade São judas Tadeu)
Artigo escrito e publicado por André Pereira da Silva em colaboração com Thayna Silva Coqueiro.
Publicado por: André Pereira da silva
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