Catalunha
Breve análise sobre Catalunha.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Os catalães são um grupo étnico ligado à Catalunha, região reconhecida como nacionalidade histórica no Artigo Segundo da Constituição Espanhola de 1978. O termo que se estende principalmente no atual território da Espanha, mas também no extremo sul da França (Catalunha Norte) e no Principado de Andorra.
Catalunha (em catalão: Catalunya, em occitano: Catalonha, em castelhano: Cataluña) é uma comunidade autônoma da Espanha localizada na extremidade leste da Península Ibérica. É designada como uma nacionalidade pelo seu Estatuto. A Catalunha é composta por quatro províncias: Barcelona, Girona, Lérida e Tarragona.
Histórico
A Espanha, assim como inúmeros outros Estados atualmente constituídos, é um território multinacional, ou seja, é formada por várias nações ou por diversos grupos étnicos regionais com identidade nacional diferenciada àquela do país ao qual pertencem. Nesse sentido, esse território é um dos principais locais do mundo em que há movimentos separatistas, com um forte clamor pela independência local em busca da constituição de um novo país.
Esse é o caso dos catalães, que, assim como outros grupos étnicos espanhóis (tais como os Bascos, os Galegos e os Navarros, outros povos da Espanha), possuem um forte sentimento separatista, que é alimentado pelo nacionalismo arraigado que esse grupo regional possui.
Os registros mais antigos sobre a presença desse povo na região são do século XII. Durante muitos anos, a Catalunha também integrou o reino de Aragão, em conjunção com o domínio de Barcelona, mas foi com a Guerra de Sucessão Espanhola (1702-1714) que o seu território passou a se tornar, de fato, parte do Estado Espanhol.
Economia da Catalunha
Atualmente, a região da Catalunha possui uma economia comparável à de Portugal, abrigando muitas grandes empresas e sendo um dos principais centros comerciais e turísticos da Espanha. Essa conjuntura, somada ao fato de a Espanha ter sido uma das principais afetadas pela crise recente da União Europeia, vem contribuindo ainda mais para o acirramento das relações entre o governo local e a administração nacional.
Embora nunca tenha sido uma nação independente, a Catalunha tem um governo regional, o Generalitat, como a polícia (os Mossos d'Esquadra) e a Suprema Corte. Sua ocupação territorial é equivalente a 13% de todo território espanhol. A discordância com algumas políticas da Espanha, sobretudo as de cunho econômico, são um dos maiores impulsionadores do separatismo.
Além disso, a Catalunha possui o seu próprio idioma oficial, o catalão, falado pela maioria da população e que reforça a noção de unidade e separação da Espanha.
Dessa forma, para os catalães favoráveis a independência da Catalunha, a separação é uma chance de reforçar a sua identidade, sobretudo cultura e idioma.
Muitos separatistas dizem que não se sentem espanhóis ou não concordam com as políticas adotadas por Madri. Fator este que que vem se fortalecendo nos últimos anos.
A Catalunha tem grande importância para a economia espanhola, representando em torno de 19% do PIB da nação hoje – índice quase igual ao de Madri (18,9%) e o governo espanhol é contra a independência do território catalão.
Além disso, com 7,5 milhões de habitantes, abriga 16% da população nacional (46,5 milhões). No entanto, os seus moradores julgam que o repasse que a região recebe do governo de Madri é pequena demais ao mesmo tempo em que uma eventual separação da Catalunha poderia trazer incertezas à economia espanhola.
A ideia da separação
A Catalunha precisaria de reconhecimento e apoio internacional ou um acordo com o governo espanhol para ser reconhecida como nação independente. O que ainda não existe por parte da comunidade internacional.
O discurso da unidade nacional é um dos motes para que a Espanha seja contrária à independência da Catalunha. No entanto, questões econômicas parecem figurar como as principais responsáveis pela aversão do governo espanhol à causa dos independentistas. A região abriga indústrias de ponta e e lidera setores chave da economia do território nacional espanhol. Exemplo disso é a presença na Catalunha de mais da metade das 1.600 companhias espanholas que têm participação alemã.
Com a Constituição espanhola de 1931, a Catalunha conseguiu pela primeira vez certa autonomia em relação ao governo central de Madri, passando a ser governada pelos nacionalistas. Após a Guerra Civil que terminou com a derrubada da República e a escalada fascista do general Francisco Franco, a região catalã passou a ser perseguida e perdeu toda a sua autonomia. Passou-se, por exemplo, a proibir o idioma catalão.
Passados 40 anos de ditadura franquista, a Espanha se tornou novamente uma República, com a promulgação da Constituição de 1978. Os catalães exerceram grande influência na elaboração da atual Carta Magna, podendo moldar o texto a diversas necessidades regionais. De concepção descentralizadora, os catalães conquistaram, com a Constituição, a autonomia desejada.
O que a Catalunha perde em caso de separação
1) A permanência na União Europeia - Se a Catalunha se converter em um novo Estado, terá que solicitar seu ingresso na instituição e cumprir todas as exigências rigorosas, um processo que leva anos.
2) A zona do euro - "Ninguém emprestaria euros ao Estado catalão, e ele teria que imprimir sua própria moeda. E ela seria brutalmente inflacionária" afirma o economista Feito à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
3) O Banco Central Europeu - Ao ficar de fora da zona do euro, a Catalunha perderia a rede de segurança que inclui o Banco Central Europeu, que durante a crise salvou várias entidades espanholas.
4) A economia - O PIB catalão se contrairia entre 25% e 30% em caso da secessão. O banco Credit Suisse, por sua vez, afirma que essa redução seria da ordem de 20%.
5) Fuga de empresas - Segundo Feito, 80% das empresas na Catalunha são multinacionais e só estão na região porque ela faz parte da UE. Se saírem do bloco econômico, terão que pagar taxas.
O que a Espanha perde em caso de separação
1) Sua região mais próspera - A independência custaria à Espanha a perda de 19% de seu PIB e de 18,4% de suas empresas - resultando em um Estado mais pobre. O PIB per capita também cairia para 23,50 euros, segundo cálculos do professor Sagués.
2) Inovação e empreendimento - Barcelona ocupa o 5º lugar no ranking de startups na Europa, uma posição à frente de Madri. No ano passado, as startups catalãs captaram 282 milhões de euros, o que representou 56% de todos os investimentos realizados na Espanha.
A região também lidera o ranking de pedidos de patentes do país: em 2016, 35,1% das 547 solicitações vieram da Catalunha, contra 20,6% de Madri, segundo o Escritório Europeu de Patentes.
3) Infraestrutura - A independência da Catalunha levaria a Espanha a perder seu principal porto no mar Mediterrâneo, o de Barcelona, que no ano de 2016 movimentou 48 milhões de toneladas.
4) Dívida externa e ativos - O valor seria de US$ 90 bilhões, o equivalente a 35,4% de seu PIB. Desse total, US$ 61 bilhões correspondem a compromissos com o governo da Espanha. o mais provável em caso da secessão é que a Espanha tenha de pagar sozinha o total da dívida enquanto tenta resolver o conflito com o novo país nos tribunais internacionais, explica o economista Feito.
5) Patrimônio cultural e turismo - A Espanha é uma potência turística. No ano de 2016, recebeu 75,3 milhões de visitantes estrangeiros, um recorde. Quase um quarto dessas pessoas (22,5%) tinham a Catalunha como destino.
O que diz a Constituição espanhola sobre o separatismo
O separatismo não é aceito pela Constituição da Espanha e também rejeitado pelas normas da União Europeia. A constituição espanhola mais recente, escrita em 1978, é socialista, centralizadora e interventora. Essa constituição limita liberdades para criação de opções regionais. Há problemas de repasses de impostos e de representação política distorcida. Nesse contexto, ter centralização torna-se um risco político eterno, visto que a vontade por separatismo das diversas regiões espanholas (o da Catalunha, o do País Basco, o de Navarra e o da Galícia) tem assombrado o país por várias gerações.
O entendimento do art.º 92 da Constituição espanhola que tem prevalecido, desde logo por ser partilhado pelos dois principais partidos de poder espanhóis (o PP, ao centro-direita e o PSOE, ao centro-esquerda), tem fechado essa possibilidade. A posição é a de que um referendo sobre a independência de uma parte do território espanhol nunca poderá ser realizado apenas na Comunidade Autônoma que a reivindica. Teria de ser feito a nível nacional.
O artigo 155 prevê o modo de atuação caso uma região autônoma de Espanha interrompa o cumprimento da Constituição, ou coloque em causa o interesse geral espanhol.
"Se uma Comunidade Autónoma não cumprir as obrigações que a Constituição ou outras leis lhe imponham, ou atuar de forma que atente gravemente contra o interesse geral de Espanha o Governo, com requerimento prévio enviado ao Presidente da Comunidade Autónoma e, em caso de não ser atendido, com a aprovação por maioria absoluta do Senado poderá adotar as medidas necessárias para obrigar àquela ao cumprimento forçoso de ditas obrigações ou para a proteção do mencionado interesse geral."
Para que serve o artigo 155?
Em termos simples, serve para proteger a integridade do território espanhol e as próprias regiões autônomas. Como a Constituição de Espanha reconhece o direito a regiões autônomas, com direito a governos regionais, foi preciso prever uma forma de impedir que estas instituições regionais fossem utilizadas com outros objetivos.
Curiosidades sobre a Catalunha
A Catalunha possui alguns símbolos:
O escudo nacional O hino nacional A bandeira A data nacional: o onze de setembro O emblema da Generalitat de Catalunya A Língua Catalã
Na Catalunha há diversas festas tradicionais, dentre elas :
Carnaval de Solsona
Natal na Catalunha
Festas Tradicionais Calalã
Caganer
Festa do Santo Medir
Matança do porco
Dia de São Jorge do livro e da rosa
Feira do vinho de falset
As "Fallas" da alta Ribagorça
Festas da Colheita do Trigo
Os principais pontos turísticos da Catalunha são:
PortAventura Park
Igreja da Sagrada Família
Palace of Catalan Music
El Gòtic (Barri Gòtic)
Igreja de Santa Maria do Mar
Referências bibliográficas
BORRELL, Josep. LLORACH, Joan. Las Cuentas y los Cuentos de la Independencia. Madrid: Editora Catarata, 2015.
Constituição Espanhola de 29 de dezembro de 1978. Disponível em http://www.congreso.es/consti/constitucion/indice/index.htm Acesso em 20 de outubro de 2019.
ROSELLO, Maria Amparo dos Santos. Separatismo político: o caso da Catalunha. Publicação do Curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcellina / Ano 15 – nº 41 / 2015. Disponível em www.faculdadesantamarcellina.com.br. Acesso em: 20 de outubro de 2019.
Publicado por: Benigno Núñez Novo
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.