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A Batalha do Jenipapo

Este trabalho pretende mostrar a importância da Batalha do Jenipapo para a manutenção da unidade territorial do Brasil.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

1 -  Introdução

Este trabalho pretende mostrar a importância da Batalha do Jenipapo para a manutenção da unidade territorial do Brasil, bem como defender que o tema deveria ser abordado nos livros didáticos de forma aprofundada nas escolas de ensino fundamental e médio no âmbito nacional.

1.2. Local onde ocorreu a batalha

A batalha do jenipapo ocorreu junto do Riacho Jenipapo na cidade de Campo Maior – Pi. Houve uma importante luta sangrenta envolvendo soldados treinados do governo de Portugal, fortemente armados, e cidadãos comuns piauienses, na data de 13 de março de 1823, cujas circunstâncias históricas consistia em tornar o Piauí livre da dominação Portuguesa, uma vez que em 7 de setembro de 1822 o Brasil oficialmente se declarava independente de Portugal.

As provas da Batalha do Jenipapo estão devidamente registradas nos livros de pesquisadores que se interessaram pelo episódio como a professora   Claudete Maria Miranda Dias, Francisco Castro, Abdias Neves Caio Tiago e Bernardo Aurélio e a criação em 1973 do Monumento do Jenipapo em Campo Maior.

1.3. Exército de sertanejos

Claudete Maria Miranda Dias relata que mais de 2.000 pessoas entre fazendeiros, oficiais militares, vaqueiros, lavradores, artesãos, escravos e roceiros foram lutar contra os soldados portugueses no campo de batalha, usando foices, facões, machados, enxadas bem como outros instrumentos domésticos.

Do lado oposto havia soldados treinados, entre 1.600 a 1.800 homens, na cavalaria, fuzilaria, homens de infantaria, todos equipados e armados, com 11 peças de artilharia, um canhão e lançadoras de granadas, conforme relata a professora Claudete Maria Miranda Dias.

O resultado obviamente foi uma carnificina, com 200 mortos em poucas horas. Em 1823 essa região era composta por pessoas de vida humilde, simples, e um padrão social, típico de zona rural. A vida dessas pessoas, nessa época, consistia em sair de casa para a roça e no domingo da casa para a capela.

Do outro lado, os inimigos eram pessoas acostumadas com uma vida de crueldade, com históricos de assassinatos e sabe lá Deus do que mais, pois eram mercenários.

Esses humildes camponeses teriam sido levados a luta por um sentimento patriótico? Ou foram empurrados para a morte por uma elite local que oprimia seus pares tanto quanto o governo estrangeiro?

1.4. A tática de guerrilha dos piauienses

Não importava o quanto de preparação militar tinham os piauienses, antes de tudo, importava sair da dominação portuguesa, pelo menos é o que podemos compreender.

Penso que na época aquelas pessoas não sabiam o que era tática de guerrilha, no entanto, após a luta que durou de 9:00h às 14:00h, num ataque de surpresa, os sertanejos se apoderaram dos armamentos, munições e bagagem dos militares portugueses e cercaram o caminho para a cidade de Oeiras, que já tinha aderido a Independência.

1.5. A fuga do Comandante Fidié

Este fato, somado a outros, fizeram que o Comandante Fidié se retirasse do Piauí. Ele, com sua tropa, se refugiou em Caxias – Ma, onde tentou recuperar suas forças militares e econômicas, mas não conseguiu ao que tudo indica.

Nesse momento,  os portugueses já se encontravam provavelmente sem recursos financeiros e passando sérias dificuldades de sobrevivência, até porque estavam em terras estranhas para eles.

Sem recursos financeiros, com boa parte do armamento subtraída pelos sertanejos e com pouca alimentação, os soldados, que eram mercenários, começaram a deserdar do exército português, deixando o comandante em sérios apuros.

1.6. O cerco a Caxias

Na sequência, mais de 6.000 homens, entre piauienses, maranhenses e cearenses, se dirigiram para Caxias e após 15 dias de cerco a cidade ocorreu o combate no Morro das Tabocas, com a rendição de Fidié, faminto e desarmado.

Em 6 de agosto de 1823 foi oficializado, por uma junta Militar, a independência do Maranhão, Piauí e Ceará.

Fidié foi preso e enviado para o Rio de Janeiro, de onde foi enviado para Portugal, aparentemente sem nenhuma consequência para as mortes a que deu causa.

Entendemos que, sendo ele prisioneiro de guerra, deveria ter sido submetido a julgamento no Brasil pelas mais de 200 mortes, segundo DIAS, de piauienses. Possivelmente que inocentes devem ter sido brutalmente violentados e assinados, pois a guerra é terreno fértil para todo tipo de atrocidades contra os direitos humanos.

2 – O tema nas escolas

A batalha do Jenipapo é um episódio que precisa ser colocado nos livros didáticos e tema a ser desvendado desde o ensino fundamental até chegar o ensino médio dentro da disciplina de História.

Os livros didáticos de história que, culturalmente, são mais estudados nas salas de aulas, não trazem esse assunto para o interior das salas de aula. Isso contribui para que muitos continuem sem saber que o Piauí foi palco de uma importante luta pela independência.

Normalmente relacionamos a independência do Brasil com o grito do Ipiranga e parece que a espada levantada retornou à bainha sem estar ensanguentada. Mas a batalha do Jenipapo prova o contrário. Houve derramamento de sangue como em toda luta pela independência que ocorreu ao redor do mundo.

Os piauienses têm conhecimento desta batalha através de leituras específicas em autores que pesquisaram o assunto ou através dos meios de comunicação, como a televisão e até a Internet.

Mas quem não é piauiense, por exemplo, os cidadãos cariocas ou paulistas, os gaúchos, os baianos bem como as pessoas de todos os outros Estados da Federação, muito provavelmente nunca souberam da contribuição dos piauienses na luta pela Independência do Brasil.

Isso ocorre porque é um assunto que não faz parte dos conteúdos trabalhados na disciplina de História a nível de ensino fundamental e médio. Não é estudado de forma sistemática, formal e intencional.

Claudio Vicentino (1997), que é um autor de livros didáticos a nível de ensino médio, quando relata as guerras de independência, cita apenas que as tropas portugueses foram vencidas no Piauí. E sso não é verdade, pior, nada fala sobre a Batalha do Jenipapo.

Este fato mostra o desinteresse do autor pela batalha do Jenipapo em que as tropas portuguesas venceram os piauienses e houve uma luta sangrenta.

Claudete Maria Miranda Dias, em artigo na Revista de História da Biblioteca Nacional, relata que há disposição do nosso Congresso Nacional para que a batalha do Jenipapo seja introduzida nos livros didáticos de História do Brasil.

3 - Conclusão

O que justificou uma multidão mergulhar para morte num campo de batalha tremendamente desigual neste Estado do Piauí? A resposta pode ser simples, parafraseando Ihering, a luta pelo direito de um povo de ser soberano, livre e de se autodeterminar.

Mas, será que não havia uma elite local com interesses próprios, que oprimia seus pares tanto quanto o governo estrangeiro e que teria conduzido esses camponeses para um mergulho de morte?

Todavia, não há dúvida de que a Batalha do Jenipapo contribuiu efetivamente para que houvesse uma unidade geográfica nacional, pois obviamente a Coroa Portuguesa queria conseguir manter sob seu domínio pelo menos uma parte do Brasil, com grandes dimensões geográficas, com terras férteis abundantes e grandes jazidas de minérios.

Defendemos que a Batalha do Jenipapo seja inserido nos conteúdos de ensino de História do Brasil em todas as series da educação básica a nível nacional porque o tamanho da importância desta batalha é o tamanho que tem o Brasil.

4 - Referências

VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1997.

DIAS, Claudete Maria Miranda. Entre Foices e Facões. Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano VI, n° 70, julho de 2011.

IHERING, Rudolf Von. A luta pelo direito. São Paulo: Ed Martin Clarete, 2003.


Publicado por: DOURIEDSON ALVES DA SILVA

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