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Resenha Analítica - Teoria Lexical de BASÌLIO, Margarida.

Análise do livro Teoria Lexical.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Margarida Basílio é Doutora em Lingüística pela Universidade do Texas, é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Pontifícia Universidade Católica.

Durante muito tempo, a tradição gramatical e a teoria lingüística deixaram de lado o estudo sincrônico de padrões lexicais. Após e através de um longo percurso, voltamos a examinar esse aspecto nuclear da linguagem e sua razão necessária de ser. (Basílio, 2003). Conforme todos sabem, o homem é, por natureza, um ser insatisfeito e incompleto, cujo existir se encontra grandemente norteado pela busca de progresso e aprimoramento pessoal e coletivo. Em resposta a essas inquietações tipicamente humanas, o desenvolvimento da tecnologia, da ciência e das artes, alterações nos costumes e nos relacionamentos, o que, em termos práticos, se traduz em - novos objetos, seres e eventos; processos e instituições; método e técnica - que precisam ser nomeados, e também, na codificação simultânea da percepção; no amoldamento das idéias às necessidades da sintaxe e do discurso; e na estrutura da língua a serviço da função poética.

O livro apresenta uma visão atualizada e acessível das questões essenciais em teoria lexical e uma analise de fenômenos ocorrentes ou possíveis no léxico do português, sobretudo quanto à formação de palavras.

De início, a autora explica o porquê tratar do estudo da formação de palavras, afirmando ser os elementos de que dispomos permanentemente para formarmos enunciados, dando como exemplo, o momento da leitura onde encontramos palavras às quais não faziam parte do nosso vocabulário anterior, denominando como interpretação automática de uma palavra usada por outra pessoa. Afirma também, da mesma maneira que autores de artigos e livros formam novas palavras, nós também formamo-las frequentemente no uso diário da língua seja na característica do discurso formal ou em situações coloquiais, com mecanismo igualmente simples, constituído no acréscimo de um afixo a uma base de palavra já existente.

Após relatar os aspectos estruturas da formação dos vocábulos, tomando como base os estudos morfológicos, o qual define ser a palavra formada de base + afixos, nos deixa claro da existência de outras possibilidades de formação: por composição – palavras formadas por duas bases, como o caso de guarda-chuva; e as chamadas formações parassintéticas – onde temos o acréscimo simultâneo de prefixo e sufixos à base, como em descansar.

O livro também aborda alguns aspetos sobre a abordagem gramatical, estruturalista e gerativa transformacional, no fenômeno da formação das palavras, decorrentes de diferentes perspectivas teóricas. Mas aponta que o problema central no estudo da formação de palavras é o fato de que encontramos no léxico, formações regulares ao lado de formações cristalizadas, onde podemos observar uma enorme variação de estágios de não-regularidade, desde as pequenas sub-regularidades e desvio até a irregularidade total.

A autora esclarece a importância de distinguir as formas já feitas (léxico) dos processos de formação das palavras. Define assim que são dois os processos mais gerais de formação de palavras: derivação – caracteriza pela junção de um afixo (prefixo ou sufixo), que é um elemento estável com função sintática ou semântica pré-determinada, a uma base (forma já feita) para a formação de uma palavra; e composição, que ao contrario, envolve a junção de uma base (léxico) a outra não havendo elementos fixos nem funções pré-determinadas no nível dos elementos.

Logo, baseado em sua própria definição de que, as funções mais comuns que temos para a formação de palavras é a mudança de classes, na qual, a maioria dos sufixos mais produtivos enquadra-se nessa categoria, assim como os processos de derivação regressiva – onde uma nova palavra é formada pela supressão de um elemento, ao invés do acréscimo – e derivação parassintética, ela apresenta, três critérios de definição de classes de palavras a partir de motivações internas a formação de palavras, caracterizando-os e estudando sua relevância com base nas classes envolvidas no processo de formação de palavras: substantivo, adjetivo, verbo e advérbio. São eles: critério semântico – quando se estabelecem tipos de significados como base para a atribuição de palavras e classes; critério morfológico – atribuição de palavras a diferentes classes, a partir de categorias gramaticais; e critério sintático – atribuição de palavras a classes a partir de propriedades distribucionais.

Depois é apresentado o processo de formação por derivação imprópria, mais conhecida como conversão, termo mais adequado utilizado para designar o fenômeno em gramáticas normativas, que se define como a transposição de uma palavra de uma classe gramatical para outra. Apresentando também os casos mais comuns de conversão: adjetivo e substantivo; verbo e substantivo; advérbio e adjetivo, etc.

Destaca também, a questão da relativa relevância da função sintática e da função semântica nos processos de formação de palavras, ressaltando a possibilidade de atribuição de uma função discursiva a certos processos de formação. Apresentando assim, todos os casos possíveis de abrangência da função discursiva.

Por fim, esclarece a importante distinção que se faz normalmente entre língua escrita e língua falada, apresentando as diferenças em todos os níveis da estrutura lingüística, as diferenças lexicais e no processo de formação de palavras, caracterizando a língua falada principalmente por apresentar fator emocional no processo de formação.

A autora mostra com bastante clareza que temos duas formas básicas no jogo da comunicação lingüística: a formação de palavras e a formação de enunciados. Esclarecendo que a formação de palavras pode ter uma função exclusivamente cognitiva, como categorização. Mas, em termos de comunicação, a palavra se forma também em função do enunciado. Este, por sua vez, tem nas palavras a substancia em que se estrutura. Assim, é natural que os processos de formação de palavras tenham ou uma função apenas semântica ou uma função mista, em que se liguem fatores semânticos àqueles relacionados ao enunciado ou à relação falante/enunciado.

O livro é concluído com a apresentação de um vocabulário critico, das bibliografias comentadas e todos os títulos da serie princípios.

A proposta do livro – ensinar teoria lexical – é muito interessante e sem duvida extremamente útil a todos que usam a oralidade e a escrita como meio de comunicação. Ao apresentar passo a passo, os diferentes processos, conceitos e abordagens no que se diz respeito à estrutura e formação das palavras, a autora revela o verdadeiro mistério da construção de novos vocábulos na língua portuguesa. Os aspectos abordados são fundamentais e necessários á boa comunicação oral e escrita, assim como sua aplicabilidade na construção de vocábulos e como base para fundamentações teóricas eficientes.

O texto é de linguagem simples e clara, bastante informativo, sendo indicado para estudantes do ensino médio, pré-universitários e universitários que ainda não dominam as técnicas da formação de palavras, abordadas nesse livro.

1- Acadêmico em Letras Português/Inglês do 7º período pela Faculdade José augusto Vieira-FJAV em Lagarto-Se e Professor de ensino Fundamental I na Rede Pública municipal de Itapicuru-Ba e Professor de Língua Inglesa do Ensino Fundamental e Ensino Médio na Rede Privada de Tobias Barreto-Se.


Publicado por: Rogério J. A. Damasceno

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