Paradigma e Sintagma
Apresentação de dois conceitos lingüísticos: o paradigma e o sintagma, e as relações existentes entre eles.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Resumo
Este estudo consiste nas relações entre os elementos lingüísticos estabelecidas em dois domínios distintos. Vamos definir tais domínios.A dicotomia levou o nome de Sintagma [versus] Paradigma e é facilmente entendida com alguns exemplos. Toda frase, segundo essa dicotomia - e não apenas frases, mas também palavras e até signos extralingüísticos -, possui dois eixos: um de seleção e outro de combinação. Na frase "Eu comprei um carro novo", há possibilidades combinatórias claras, tais como "Um carro novo eu comprei" (mudança de ordem das palavras) ou outras, como ao acrescentarmos novos termos à oração. Também há quase inumeráveis possibilidades seletivas, tais como: "eu / ele / tu / João / Dina - comprou / vendeu / roubou / explodiu - um / dois / três / muitos - carros / foguetes / caminhões - novos / velhos / antigos / raros". O eixo de seleção proposto pela relação paradigmática, corresponde às palavras que podem ocupar determinado ponto em uma sentença.
Introdução
Tal artigo irá tratar a dicotomia paradigma & sintagma, na qual se definem, respectivamente, as relações de seleção e as relações de combinação entre os elementos lingüísticos.
O paradigma não é qualquer associação de signos pelo som e pelos sentidos, mas uma série de elementos lingüísticos suscetíveis de figurar no mesmo ponto do enunciado, se o sentido for outro. Assim, no enunciado foi teu avô, no lugar de teu, poderiam figurar, se o sentido do enunciado fosse outro, os termos seu, meu, nosso, o, um etc. Esses elementos constituem um paradigma, do qual o falante seleciona um termo para figurar no enunciado.
Por outro lado, no sintagma não se combinam quaisquer elementos aleatoriamente. A combinação no sintagma obedece a um padrão definido pelo sistema. Assim, por exemplo, podem-se combinar um artigo e um nome e, nesse caso, o artigo deve sempre preceder o nome. Em português, é possível a combinação o irmão, mas não a combinação irmão o.
Por essa razão, não se deve confundir paradigma com língua e sintagma com fala. Tanto um quanto outro pertencem ao sistema, aquele por estabelecer os elementos que podem figurar num dado ponto da cadeia falada e este por obedecer a um padrão rígido de combinação.
1. Fábula de La Fontaine como unidade de argumentação
- Não importa. Guardo magoa de ti, que ano passado, me destrataste, fingindo!
- Mas eu nem tinha nascido.
- Pois então foi teu irmão.
- Não tenho irmão, Excelência.
- Chega de argumentação. Estou perdendo a paciência!
- Não vos zangueis, desculpai!
- Não foi teu irmão? Foi o teu pai ou senão foi teu avô –
Tanto os argumentos de defesa do Cordeiro quanto os de acusação do Lobo estão baseados na seleção dos graus de parentesco. Observando as orações “foi teu irmão”, “foi teu pai” e “foi teu avô”, é possível verificar que as relações entre os elementos lingüísticos dependem, basicamente, de uma seleção deles, que no caso é a seqüência foi teu _____. Desse modo, pode-se afirmar que a linguagem tem dois eixos, um eixo de seleção e um eixo de combinação, que podem ser representados assim:
Eixo de seleção
foi teu irmão Eixo de combinação
foi teu pai
foi teu avô
Em virtude do caráter linear dos significantes, há a impossibilidade de que os signos lingüísticos ocorram simultaneamente na cadeia da fala. Assim, enunciados um após o outro, eles formam um alinhamento que os distribui em relações de combinação entre, no mínimo, dois elementos. Há, portanto, relações de combinação entre os signos. A essas relações, chama-se de sintagmáticas, [uma coisa posta em ordem].
Além das relações sintagmáticas, baseadas na combinação, há também relações baseadas na seleção dos elementos que são combinados. Apresentando algo em comum, um signo pode ser associado a outros signos por, pelo menos, três modos: por meio de seu significado, com seus antônimos e sinônimos; por meio de seu significante, com imagens acústicas semelhantes; e por meio de outros signos, em processos morfológicos comuns. Para se referir às relações associativas entre os signos, a Lingüística consagrou o termo relações paradigmáticas, [modelo, exemplo].
2. ASPECTO ANALISADO
PARADIGMA
Sendo uma representação do padrão de modelos a serem seguidos. É um pressuposto filosófico matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas.
Na filosofia grega, paradigma era considerado a fluência de um pensamento, pois através de vários pensamentos do mesmo assunto é que se concluía a idéia, seja ela intelectual ou material. Após a realização dessa idéia surgiam outras idéias, até que se chegasse a uma conclusão final. Pensar que a idéia inicial, tanto a intelecta com o que de fato ocorre, pois não conta com a inspiração e os diversos fluxos de pensamento. Resumindo, são referências a serem seguidas.
Em Linguística, Ferdinand de Saussure define como paradigma o conjunto de elementos similares que se associam na memória e que assim formam conjuntos. O encadeamento desses elementos chama-se sintagma.
Podemos dizer que um paradigma é a percepção geral e comum – não necessariamente a melhor – de se ver determinada coisa, seja um objeto, seja um fenômeno, seja um conjunto de idéias. Ao mesmo tempo, ao ser aceito, um paradigma serve como critério de verdade e de validação e reconhecimento nos meios onde é adotado.
Paradigmas podem ser considerados regulamentos ou regras que dizem duas coisas: quais são os limites, as fronteiras da problemática com a qual se está trabalhando e como ter sucesso resolvendo questões dentro destes limites.
SINTAGMA
Toda a combinação de morfemas; um sintagma autónomo formado de morfemas não separáveis é o que normalmente se chama uma palavra. Assim, uma unidade formada por uma ou várias palavras que, juntas, desempenham uma função na frase.
[Sintagma é visto como uma unidade formada por uma ou várias palavras que, juntas, desempenham uma função na frase.].
A combinação das palavras para formarem as frases não é aleatória; precisamos obedecer a determinados princípios da língua. As palavras se combinam em conjuntos, em torno de um núcleo. E é esse conjunto (o sintagma) que vai desempenhar uma função no conjunto maior, que é a frase.
Considerações Finais
Ao concluir estabelecemos então; tanto na frase, em nível sintático, quanto na palavra, em nível morfológico, podem ser determinadas relações sintagmáticas e paradigmáticas. Em uma representação gráfica, costuma-se colocar o sintagma como um eixo horizontal e o paradigma como um eixo vertical. Assim, na frase João ama Teresa e na palavra amaremos, há um eixo horizontal sobre o qual se dispõem os elementos lingüísticos combinados em um sintagma, e há eixos verticais, para cada posição do sintagma, sobre o qual se dispõem os elementos lingüísticos que podem, por meio de relações paradigmáticas, ocupar essa posição.
Esquematicamente, pode-se representar os exemplos assim:
paradigma
João ama Teresa
Raimundo odeia Maria sintagma
Joaquim admira Lili
Assiste J. Pinto
cigarro
chocolate
paradigma
am a re mos
beb e ria s sintagma
part i sse is
Esse exemplo mostra que tanto as relações paradigmáticas quanto as sintagmáticas ocorrem em todos os níveis da língua: o dos sons, o dos morfemas, o das palavras. Além disso, é preciso notar que os elemento lingüísticos só contraem essas relações dentro do nível a que pertencem: sons relacionam-se paradigmática e sintagmaticamente com sons; morfemas com morfemas; palavras com palavras. Por exemplo, no lugar inicial da palavra mata poderiam figurar os sons l, b, r, k, d etc. Esses sons constituem um paradigma. Por outro lado, há regras muito estrita de combinação dos sons: por exemplo, não se pode combinar em português em posição pré-vocálica os sons k, b, d. a mesma coisa ocorre no nível dos morfemas e das palavras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SAUSSURE, Ferdinand de.Curso de lingüística geral.São Paulo:Cultrix.1969.
WIKIPEDIA. Sintagma. Disponível em: .Acesso em: 27 out. 2007.
PESSOA, João. GUIMARÃES, Carlos Antonio Fragoso. O novo paradigma. Disponível em: .Acesso em: 20 out. 2007.
WIKIPEDIA. Paradigma. Disponível em: . Acesso em: 22 set. 2007.
CLASSE dos sintagmas. São Paulo. Disponível em: http://aclassedossintagmas.htm. Acesso em: 22 set. 2007.
INTERAULA. Sintagma. Disponível em: http://sintagma.htm. Acesso em: 20 out. 2007.
FIORIN, José Luiz. Introdução à lingüística. 5ª. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
Publicado por: Josiane Müller
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