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O Estudo das Gramáticas pelo Viés da Educação 3.0

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Resumo

Este artigo se fundamenta na identificação dos principais conceitos de gramáticas e a sua articulação como estruturas pertencentes a um modelo definido de produção textual. Com efeito, a referência para este trabalho é a análise da linguística textual, que tem como preocupação maior o estudo do texto, envolvendo as ações linguísticas, cognitivas e sociais de organização, produção, compreensão e de funcionamento, no meio social. O conhecimento e o reconhecimento dos tipos de gramáticas possibilitam a contextualização e o uso adequado dos procedimentos metodológicos para a consecução de resultados na pesquisa e em sala de aula, tendo como modelo os pressupostos da Educação 3.0.

Palavras-chave: Gramáticas, texto, Linguística Textual, procedimentos metodológicos e Educação 3.0.

Abstract

This article is based on identification of key grammar concepts and their link structures as belonging to a defined model of textual production. Indeed, the reference for this work is the analysis of textual linguistics, whose main concern is the study of the text, involving all language, cognitive and social action organization, production, understanding and functioning in the social environment. The knowledge and recognition of the types of grammars enable the contextualization and proper use of methodological procedures for the achievement of results in research and in the classroom, taking as a model the assumptions of Education 3.0.

Keywords: Grammar, Text, Textual Linguistics, methodological procedures and Education 3.0.

1. Introdução

1.1. As gramáticas

O conceito tradicional de gramática se restringe ao conjunto de regras que estrutura de forma ortodoxa o bem falar e escrever. Entretanto, esta definição já não contempla as orientações epistemológicas, linguodidáticas e metodológicas, na sua acepção cultural, inclusiva e de promoção social. Não se concebe mais uma ideia reducionista de um arcabouço do texto que não se integre às dimensões da linguagem. Entendem-se, nesta assertiva, dimensões pela articulação entre o gramatical, o semântico e o pragmático. A linguística, o estudo científico da linguagem humana, atribui às gramáticas uma natureza textual, dinâmica, flexível e ideologicamente marcada, em uma linha eminentemente discursiva. Para Bechara, a gramática é:

disciplina lingüística que estuda os atos lingüísticos nos três níveis da linguagem distinguidos por Eugenio Coseriu: o universal (correspondente ao falar em geral), o histórico (correspondente a uma língua histórica) e o individual (correspondente ao discurso ou texto). (BECHARA, 2001, p.70)

Travaglia (2001, p. 24) compreende que: “[...] a gramática é concebida como um manual com regras de bom uso da língua a serem seguidas por aqueles que querem se expressar adequadamente”.  Ao pensar na gramática como manual de regras, nota-se uma tendência normativa, contudo ao ser acrescida ao componente social se relaciona diretamente à Pragmática. Esta linha de estudo científico proporciona uma contextualização segundo os níveis da fala: padrão, popular e coloquial, com base nas situações de uso da língua.

   Acerca deste percurso de adequação, faz-se necessário ainda analisar a gênese da teoria da linguística textual, de Halliday e Hasan, endofórica e exofórica, função pela qual um signo linguístico se relaciona a um objeto extralinguístico. Ela pode ser situacional ou exofórica (isto é, extratextual) e textual ou endofórica. Estes elementos de análise por ancoragem permitem que a tessitura seja garantida, como relações de enlace estrutural.

Geraldi (2001) apresenta três conceitos de gramática. O primeiro mostra que “o termo gramática designa um conjunto de regras que devem ser seguidas por aqueles que querem falar e escrever corretamente” (GERALDI, 2001, p. 47). O segundo conceito ratifica que “gramática é um conjunto de regras que um cientista dedicado ao estudo de fatos da língua encontra nos dados e os analisa a partir de certa teoria e de certo método” (GERALDI, 2001, p. 47). Já o terceiro confirma que “a palavra gramática designa o conjunto de regras que o falante de fato aprendeu e do qual lança mão ao falar” (GERALDI, 2001, p. 47).

2. Desenvolvimento

2.1.Tipos de gramática

Travaglia (2001) utiliza a metodologia de estudo das gramáticas por meio da sua classificação: gramática normativa, instituindo aquilo que deve e que não pode ser usado, gramática descritiva, que analisa os elementos internos do texto, gramática internalizada ou competência linguística internalizada do falante, sendo implícita se refere ao conhecimento inato acerca da língua, gramática explícita ou teórica, aspectos conceituais, reflexiva, constituindo as atividades linguísticas, epilinguísticas e metalinguísticas, contrastiva ou transferencial, comparando o maior número possível de gramáticas de uma língua, gramática universal, que institui a linearidade e universalidade no uso das estruturas, gramática histórica, língua latina e metaplasmos e, finalmente, a gramática comparada, relacionando os aspectos de similaridade das estruturas das línguas.

Travaglia conceitua a gramática normativa:

É aquela que estuda apenas os fatos da língua padrão, da norma culta de uma língua, norma essa que se tornou oficial. Baseia-se, em geral, mais nos fatos da língua escrita e dá pouca importância à variedade oral da norma culta, que é vista, conscientemente ou não, como idêntica à escrita. (TRAVAGLIA, 2001, p.30)

Os elementos que constituem e promovem o funcionamento da língua são: fonológico e fonético - unidades distintivas e o número de letras; morfológico - estudo das formas, sendo a estrutura e formação de palavras e as classes de palavras; sintático - termos essenciais e acessórios da oração; semântico - ponto nodal do discurso, sentidos denotativo e conotativo, pragmático, adequação da linguagem em função do usuário, e textual discursivo, coesão e coerência textuais, em função das formações discursivas e ideológicas, contribuindo assim para que a interação comunicativa seja garantida.

 2.2. Procedimentos Metodológicos de Natureza Linguística

 2.2.1. As dimensões da linguagem

O professor de língua portuguesa tem uma série de instrumentos metodológicos que possibilitam situacionalidade e exercício dos aspectos de coerência textual relacionados aos conhecimentos linguístico, textual e de mundo, sendo incluída, assim, a abordagem das gramáticas. O conhecimento das três dimensões da linguagem se apresenta: a primeira que é gramatical, constituindo a morfologia, estrutura e formação das palavras, que são componentes de estruturação (monema/semantema/afixos/prefixo/sufixo/tema/vogal temática/desinências); classe de palavras (artigo, substantivo, pronome, adjetivo, advérbio, interjeição, conjunção, numeral, preposição e verbo.); sintaxe, termos essenciais (sujeito e predicado) e acessórios (vocativo e aposto) da oração, a segunda que se denomina semântica tradicional, que se constitui do sentido conotativo, figurado, e denotativo, real, científico, de dicionário e, finalizando, a pragmática, que se fundamenta na linguagem em função do usuário. As dimensões da linguagem na sociolinguística são: falante, ouvinte e situação. A situação se denota como fatores extralinguísticos, que influenciam a fala.

2.2.2. A língua, a linguagem, a fala e o texto.

A relação entre língua, linguagem e fala é indissociável. A língua é um consubstancial de signos que se organizam, segundo uma estrutura uniforme que se concebe na codificação por meio social. A concepção da língua ainda é vista como código, integrante do aparelho fonoarticulatório. A linguagem é a ação por meio da língua, constituindo-se do verbal, oral ou escrita, não-verbal, imagens e pictórico, e paraverbal, aspectos sociais representadas pelo corpo, no seu constructo fisiológico. A fala é a materialização da língua. É o individual, o real. A língua é matizada pelos fatores socioculturais e geográficos representados pela unidade de sentido, que pode ser verbal, não-verbal e paraverbal.

2.3. Procedimentos Metodológicos de Natureza Linguodidática

2.3.1. A Leitura

A leitura acompanha os conceitos recebidos pelo texto e a linguagem, quando se pretende classificá-la. A leitura se dá por meio do verbal, nao-verbal e paraverbal, contudo na leitura psicolinguística se depreende uma leitura por extração, superficial imediata e facilmente caracterizável, e de atribuição, inerente aos aspectos socioculturais e conhecimento de mundo compreendidos pelos níveis constitutivos da coerência. A coerência se fundamenta nos conhecimentos linguístico, textual, de mundo e compartilhada.

2.3.2. As Escolas Pedagógicas

O professor de Língua Portuguesa possui um norte para o mapeamento de suas aulas. Além dos planejamentos e planos, o conhecimento e reconhecimento das escolas pedagógicas ou do percurso pedagógico, com suas características constitutivas subsidiam sobremaneira para a consecução de resultados exitosos. As Escolas Conservadora e Progressista se relacionam em um constructo progressivo, heterogêneo e sistemático. A Escola Conservadora (Pedagogias Tradicional, Tecnicista e Nova.) e a Escola Progressista (Escola Nova e Crítica Social dos Conteúdos.). Os professores de Língua Portuguesa se classificam em: Prescritivo (normativo), Descritivo (analista) e Produtivo (o constructo dialético).

2.4. O Ensino das Gramáticas em uma Nova Escola

2.4.1. Educação 3.0

Jim Lengel é professor na Hunter College na Universidade de Nova York e consultor em organizações de todo o mundo sobre a aplicação de novas tecnologias ao ensino e aprendizagem. Este autor assevera que para entender a educação e se integrar à Educação 3.0 é necessário, primeiramente, compreender o processo histórico-social do que chamávamos de mercado e, atualmente, denominamos de mundo do trabalho.

O ser humano trabalha tendo a terra como espaço e objeto há mais de 150 anos, com ferramentas manuais de cunho primitivo e em pequenos grupos. Não existia nesse modelo o traslado para aquisição de novas experiências. O método e a metodologia de trabalho eram fixos, sendo repassados de pai para filho, de forma praticamente hereditária. Os filhos executavam as mesmas atividades que seus pais, que também se ocuparam das mesmas estratégias e recursos dos seus antecedentes. Com as mesmas ferramentas, o mesmo processo e, basicamente, o mesmo resultado.  Existia o diálogo enquanto desenvolviam suas atividades. Falavam entre si, brincavam, rememoravam os acontecimentos anteriores e planejavam as ações futuras.  Essa atitude era peculiar e cotidiana entre os filhos, pais e avós. Nesse ambiente de trabalho, agrupavam-se pessoas jovens e idosas, ou seja, os segmentos não eram enturmados.

Nesse contexto, a tecnologia para o trabalho mudava lentamente. Quando as ferramentas quebravam, as pessoas podiam consertá-las. Podemos chamar isso de Ambiente de Trabalho 1.0.  Como o trabalho neste Ambiente 1.0 se organizava em grupo e incluía jovens e adultos, era normal que pais e avós frequentassem a mesma escola e aprendessem as mesmas coisas.

A correspondência entre educação e trabalho era indissociável e a dependência inquestionável, sendo que a escola formava cidadãos em conformidade com a necessidade do "mercado de trabalho". Lengel (2010) afirma que a proposta era formar alguém que pudesse trabalhar em um pequeno grupo, com ferramentas manuais, executando uma variedade de tarefas a cada dia, com uma visão clara do mundo exterior, e um pequeno círculo de conexões.

Com o advento da industrialização, as pessoas foram trabalhar em fábricas, com ferramentas mecânicas. O trabalho era sistematizado em grandes grupos, mas cada trabalhador em sua máquina. A tarefa era similar a todos e durante todo o tempo se repetiam as técnicas primitivas de formatação em série. Nesse modelo, não existia o diálogo e o trabalhador permanecia "ilhado" em seu espaço restrito de realidade individual. As ferramentas se limitavam a papel e lápis e os trabalhadores permaneciam em suas mesas, aguardando o final do expediente de forma passiva e contemplativa. Percebia-se claramente que o ser humano não era feliz, tolhido de tudo aquilo que o fizesse refletir e intervir, sendo supervisionado pelos seus gestores para que não extrapolasse sua mesmice. Este é o Ambiente de Trabalho 2.0. Um novo trabalho exigia também um novo conjunto de habilidades e um novo tipo de servidor para viver em sociedade.

Lengel (2010) ratifica que as escolas mudaram para acompanhar as necessidades da nova economia industrial. Estudantes se formavam em grandes grupos, com a mesma idade. Eles ficavam em lugares fechados e trabalhavam de acordo com o relógio. Usavam ferramentas mecânicas, lápis e papel. Todos faziam a mesma coisa e ao mesmo tempo e eram supervisionados de perto. Vamos chamar isso de Educação 2.0.

Novamente, educação correspondia ao trabalho. Em ambos os locais as pessoas trabalhavam sozinhas, mas em grandes grupos. Elas usavam ferramentas mecânicas, faziam a mesma coisa durante todo o dia, e tinham uma pequena conexão com o mundo exterior.

O trabalho no mundo moderno, no ambiente 3.0, é muito diferente daquela realidade das fábricas. A maioria das pessoas, atualmente, trabalha em pequenos grupos. Resolve problemas juntas. Usa ferramentas digitais e apresenta novas ideias para os demais colaboradores que compartilham de seu universo. As máquinas fazem os trabalhos mecânicos, meramente repetitivos. Estes novos profissionais devem ser disciplinares, multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares, devendo recorrer à química, matemática, biologia, história e literatura para solucionar os problemas.

Uma tarefa essencial é a reunião de informações de várias fontes, utilizando a sua rede de relacionamentos e a tecnologia, em muitos formatos diferentes. Este empreendedor deve desenvolver multitarefas e dialogar sempre, tornando o seu ambiente em um "brainstorm" constante. As ferramentas de trabalho são digitais, com novos códigos e tecnologias para que a comunicação seja ampla e levada ao limite do imaginável. Os seus colegas de trabalho são dos mais diversos tipos, locais e características culturais, sociais, psicológicas, políticas e ideológicas, exigindo superação de padrões definidos e instituídos em modelos já superados.

Segundo Maquiavel (1532, apud FAVA, 2012, p. 03): “Não há nada mais difícil de se empreender, mais perigoso de se conduzir, do que assumir a liderança na introdução de uma nova ordem de coisas, porque a inovação terá como inimigos todos aqueles que têm se dado bem sob as antigas condições, e defensores indiferentes naqueles que podem se sair bem sob as novas.¨.

Este é o Ambiente de Trabalho 3.0 e a escola deve acompanhar tais transformações para atender a este mundo do trabalho, com profissionais autônomos, pró-ativos, participativos, resilientes e protagonistas de seu próprio destino.

2.4.2. A Escola 3.0

Ao se pensar na Educação 3.0 é importante ressaltar que os conteúdos conceituais são apresentados à medida que há necessidade de utilizá-los na resolução das situações das quais os alunos precisam de interferência e é nesta disposição que se contempla a metalinguagem dentro de um princípio de protagonismo e com significado expressivo.

O ambiente da Educação 3.0 contempla de forma descentralizada e autônoma os múltiplos saberes que os educandos ou aprendizes ou docentes, em conformidade com a ênfase dado ao processo, se propõem a consolidar. Este espaço possibilita uma construção continuada, sendo os professores colaboradores efetivos deste percurso. Os alunos se esforçam para resolver problemas do seu cotidiano, tornando material e significativa a atividade proposta. Existe um direcionamento neste caminho regular e ordenado que seguem configurando nesta cooperação a efetiva pesquisa autodirecionada.

A resolução destes problemas que circundam a realidade institui uma necessidade básica de participação ativa, promovendo este indivíduo, que antes estava isolado numa zona de conforto, para partícipe ativo e majoritário das ações planejadas e executadas para que o sucesso seja alcançado. As atividades não se restringem a questões escolares, mas a toda a gestão organizada de seu conhecimento, desde a elaboração de seu cronograma de horários até o planejamento de trabalhos sociais de extrema relevância para a comunidade e para o seu espírito solidário.  Faz-se necessário ressaltar que mesmo as atividades em regime de colaboração ou voluntariado exigem a articulação entre os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, de forma transversal, transdisciplinar e de natureza reflexiva e de refração.

Os educandos, neste ambiente digital e integrador das mais distintas facetas, são incentivados e orientados a trabalhar com um grupo de projeto colaborativo na resolução de questões de interesse público, prevalecendo por parte do agente colaborador a importância acadêmica nestas atividades. Os objetivos devem se coordenar com todos os demais elementos constituintes da atividade proposta. Os trabalhos acadêmicos não podem estar dissociados da realidade da comunidade a qual pertence este educando, pois estaria destituindo de significado o universo dele. Isto de forma alguma coíbe o colaborador regente de apresentar novas situações ou mesmo ampliar para um contexto global esta simulação, contudo devem ser relacionados todos os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais ao escopo do espaço de transformação constante da realidade.  Neste ambiente, a transitoriedade é uma natureza subjetiva do partícipe do processo interativo e de convergência eminentemente participativa.

As atividades podem exigir respostas em conjunto, mesmo que raramente se trabalhe sozinho em um projeto, mas o gestor da atividade é muitas vezes o único responsável pelo trabalho do grupo, exercitando a liderança e sua característica de gestão compartilhada, com vistas para o bem comum. As ferramentas de comunicação digital são diversas e muitas delas relacionadas às mídias sociais para colaboração com os professores, especialistas e colegas distantes, refletindo na formação de um profissional holístico munido de sensibilidade e predisposição para agir no coletivo, preocupando-se com o resultado social. Assim, é necessário um trabalho em tempo diverso e espaços diferenciados para a execução das atividades que tem caráter dual: videoconferências para ensino à distância, debates com especialistas no assunto, palestrantes convidados, professores e outros que se propõem a novos saberes articulados.

Este modelo de Educação e Escola se utiliza de imagens, vídeos, músicas e animação para que as atividades sejam expostas por meio de apresentações, palestras, debates, seminários e demais gêneros que exijam diferentes recursos didáticos, metodológicos e tecnológicos. Os alunos publicam seus trabalhos em canais e gêneros diversos via online ou demais espaços de publicização. Esta apresentação de resultados dos trabalhos desenvolvidos na escola para um público fora dela é planejada para uma apresentação oral permeada pela mídia digital, com novas abordagens e soluções inéditas para resolubilidade das situações-problemas advindas das inúmeras realidades. Esta reorganização metodológica e didática se deve ao estágio de comunicação como Cultura de Convergência, ou seja, a passagem da cultura interativa para a participativa. 

A convergência, na educação, representa a circulação de conteúdos por meio de diferentes sistemas de informação. Entretanto, a convergência na educação não deve ser compreendida apenas como um processo tecnológico dentro ou fora da sala de aula. Mais do que isso, a convergência representa uma transformação cultural, à medida que os alunos são incentivados a procurar e colocar novas informações nos mais diversos sistemas e fazer conexões em meio a conteúdos de informações dispersos, criando, assim, a cultura participativa e não mais cultura interativa. (FAVA, Rui. Educação 3.0: como ensinar estudantes com culturas tão diferentes, Cuiabá, 2012, p. 4)

As ferramentas utilizadas neste modelo de gestão participativa de educação devem ser apropriadas ao seu "estar". Nele, sendo uma conjunção dinâmica, raramente se vê lápis e papel, da mesma forma que pouco se vêem estes elementos em espaços modernos do mundo do trabalho global. Em contrapartida, os envolvidos nesta ação colaborativa usam ferramentas de maior funcionalidade tais como: computador, calculadora, celular, tablets ou processador de dados. São utilizadas tecnologias de comunicação e informação (TICs): mensagens instantâneas para trabalhar com professores, colegas e demais segmentos da comunidade a qual pertencem ou se predispõem a se integrar. Neste mundo digital, estes protagonistas escutam podcasts em dispositivos móveis e demais equipamentos de compartilhamento social para ampliar e aprimorar seus trabalhos e sua rede de relacionamento. Este universo é o de Educação 3.0 e requer um ativo colaborador 3.0, que nos modelos anteriores, denominaríamos apenas de professor.

Considerações Finais

A linguística é o estudo científico da linguagem humana e ao se tornar uma ciência eminentemente social sobrepôs sua natureza interdisciplinar para se tornar transdisciplinar. As gramáticas são as estruturas de alicerce que devem ser articulados pela coerência e coesão e que contribuem à tessitura textual.  As gramáticas, em todas as suas características, emanam na sua essência relações de estrutura interna e externa, o co-texto e o contexto. Os diversos tipos de gramáticas proporcionam este exercício de ordem interna e externa do texto. Esta análise permite ao professor entender a engenharia do texto e sobre ele compreender todos os processos que culminam na sua inteligibilidadade ou na sua inconsistência. Nesta ambiência de constructo autônomo, deve-se utilizar um espaço e ferramentas que comportem e contemplem estas relações de tensão e distensão do texto. A Educação 3.0 e seus segmentos e caracteres se apresentam como propositura possível de ser materializada, neste modelo de gestão educacional, com vistas ao amplo desenvolvimento das capacidades dos agentes colaboradores deste processo. A língua é diversa, fluida, flexível, democrática e autônoma e os espaços e ferramentas devem acompanhar as suas formas, conteúdo, natureza e inovações.

REFERÊNCIAS

Bibliográfica

FAVA, Rui. Educação 3.0: como ensinar estudantes com culturas tão diferentes. 2. Ed - Cuiabá: Carlini e Caniato Editorial, 2012.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Mariana de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 6ª ed. -5. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2007.

LOPES, Edward. Fundamentos da lingüística contemporânea. São Paulo: Cultrix, 1999.

LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade. 8°. ed. São Paulo: Ática, 2001.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A inter-ação pela linguagem. 10. ed., 1ª reimpressão.-São Paulo: Contexto, 2007.

LYONS, John. Linguagem e Linguística uma introdução. Rio de Janeiro. LTC, 1987.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. – Campinas, SP: Mercado das Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1996.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. São Paulo: Cultrix, 2001.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1° e 2° graus. 6. ed. - São Paulo: Cortez, 2001.

Webgráfica

Educação 3.0. Artigo extraído: http://lengel.net/ed30/principles.html 

 

Cleuber Cristiano de Sousa - Graduado em Letras. Especialista em Língua Portuguesa. Pós-graduando em Saúde Mental. Pós-Graduando em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Mestre em Educação. Doutorando em Ciências da Educação.


Publicado por: Cleuber Cristiano de Sousa

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