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A morfologia nas gramáticas brasileiras

Estudo da morfologia nas gramáticas brasileiras, morfemas, gramática, ensino, tipos de morfemas.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO:

Este texto trata do estudo da morfologia nas gramáticas brasileiras, observando o que é válido e o que não é nas gramáticas tradicionais, partindo dos morfemas derivacionais e flexionais, revisando os afixos (prefixos e sufixos) e o modo com que se apresentam as listas desses nas gramáticas. Além disso, o artigo mostra um pouco da visão estruturalista a respeito desse estudo nas gramáticas, salientando também, o ensino da morfologia na sala de aula.

PALAVRAS-CHAVE: Morfemas, Gramática, Ensino.

1. INTRODUÇÃO

Neste artigo, verifica-se como se aborda a morfologia nas gramáticas brasileiras. Observando a gramática tradicional, usada pelos professores como material de ensino e aprendizagem nas aulas de Língua Portuguesa. O texto também apresenta, alguns conceitos estruturalista a respeito das gramáticas, enfatizando nos tópicos de derivação.

Segundo Perini (2006), a morfologia é uma das disciplinas que se ocupa dos diferentes aspectos das expressões lingüísticas chamados de componentes da gramática. Então, constitui o estudo da estrutura interna de uma língua, aquilo que as diferencia das outras línguas do mundo, e que não decorre diretamente de condições da vida social ou do conhecimento do mundo.

Não podemos esquecer que a gramática tradicional desenvolve bastante sobre a morfologia, conforme Rocha (1999), o conteúdo dessas gramáticas é que pode ser duvidoso, por isso é preciso tomar cautela, não tomar uma posição servil, de seguir a risca tudo que está escrito e por outro lado, não tomar uma posição radical de não aceitar nenhuma das colocações encontradas ali, pois tudo passou por um estudo avançado e não se pode dizer que tudo que se encontra na gramática tradicional é errôneo.

2. TIPOS DE MORFEMAS

De acordo com Flôres e Vernes (2004), a tentativa de escrever as possibilidades de segmentação das palavras em formas mínimas foi levada bastante a sério pelos estruturalistas. Por isso mesmo, eles propuseram uma divisão dos morfemas em dois tipos básicos, os morfemas lexicais e os gramaticais. Sendo os morfemas lexicais conhecidos pelo termo radicais, que constituem a base da estrutura da palavra, já os morfemas gramaticais são ainda subdivididos em três tipos: Classificatórios, flexionais e derivacionais.

2.1. OS MORFEMAS NAS GRAMÁTICAS

De acordo com Souza e Silva e Koch (1987), uma das incoerências das gramáticas tradicionais é justamente a inclusão dos morfemas caracterizadores de grau aumentativo e diminutivo, como morfemas flexionais. Para as autoras, o aumentativo e o diminutivo são processos derivacionais. Um exemplo disso é o orelhão, ou será que orelhão significa apenas orelha grande? Sabemos que não, pois orelhão é uma palavra utilizada também para indicar cabine telefônica.

De caso pensado, os estruturalistas evitavam falar sobre derivação, reconhecendo que algumas palavras podem ser analisadas em componentes, ainda que as regras fundamentais da gramática não tenham como explicar sua função ou distribuição.

Por isso, com o estruturalismo, o estudo da derivação limitou-se a considerar formas lingüísticas já existentes, ignorando o surgimento de novas palavras. Na prática, o estruturalismo limitou-se a classificar os afixos em segmentos acrescidos ao início conhecidos como prefixos ou ao final dos vocábulos que são os sufixos. A isso os estudiosos dessa corrente resolveram acrescentar novas explicações como as que afirmam que os prefixos usualmente introduzem mudanças radicais nas palavras as quais se juntam. Exemplo: ilegal, repor, impaciente entre outros.

Quanto aos sufixos, concluíram que a sua principal função é acrescentar ao elemento básico da palavra uma idéia secundária, ou enquadrar a palavra em uma outra classe gramatical. Exemplo: amar, amável, cansar, cansaço, entre outros grupos de palavras.
Além disso, a impressão de que o estudo da sufixação e da prefixação consiste apenas na apresentação de uma lista de sufixos e prefixos como são apresentados nas gramáticas tradicionais é um problema, pois como já vimos não são todos os afixos que seguem a uma regra. Essas listas costumam vir apenas com determinação de um significado para os afixos, não explicando todos possíveis significados, isso se deve ao fato das gramáticas tradicionais brasileiras sofrer com o peso da tradição, dando ênfase à contribuição greco-latina ao idioma, segundo Rocha (1999). São apresentadas listas de prefixos, radicais e sufixos, com significados, sem a preocupação de se saber se o falante nativo conhece aqueles elementos como formadores de palavras do português atual, ou mesmo se reconhece seus significados nas palavras em que aparecem.

Isso pode ser comprovado na gramática de Rocha Lima (1989), onde ele apresenta o sufixo –ada como formador de substantivos a partir de substantivos e dá como exemplos “boiada”, “colherada”, “facada”, “laranjada”, “marmelada”, “meninada”, “noitada”, “pedrada”. Podemos perceber, que em “laranjada” e “marmelada”, o significado passado pelo sufixo é de alimento feito com, mas em “boiada” e “meninada” é de coletivo e, em “facada”, a idéia é de golpe dado com. Assim, não se trata apenas um sufixo, mas de vários sufixos com a mesma forma fônica e gráfica. Ou seja, o autor deixou de considerar i significado que esse elemento tem em cada uma das palavras.

2.2. A MORFOLOGIA E O ENSINO

O fato do ensino da morfologia nas escolas ser precário se deve ao imobilismo da Língua Portuguesa nos níveis fundamental e médio. Não há esforço por parte da maioria das escolas em atualizar os docentes. Por isso, eles repetem o que está nos livros, mas não refletem sobre o conteúdo. Além disso, outros fatores contribuem para que isso aconteça, por exemplo, o interesse econômico, em que as editoras não se interessam em publicar uma gramática diferente das outras, pois isso poderia não vender.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Rocha (1999) também aponta o compromisso com o ensino como um dos fatores que fazem com que a morfologia seja ensinada da forma como é. Segundo ele, a pesquisa, de um modo geral, não pode estar comprometida com qualquer fator que não seja a própria pesquisa. No entanto, vemos com restrição essa afirmação.

Porém, a morfologia encontrada nas gramáticas tem muito a contribuir. Para isso, as pesquisas nessa área devem ser ampliadas. Mesmo na sufixação, área mais explorada na morfologia gerativista, faltam estudos em quantidade e profundidade suficientes para elucidar as regras da língua. Nos outros processos de formação de palavras os estudos são ainda mais precários.

É preciso que os profissionais da área entendam que ensino e pesquisa não são incompatíveis. A negligência com que alguns pesquisadores tratam o ensino de língua é lamentável. No meio acadêmico é fácil notar que a pesquisa é vista como uma atividade superior, já o ensino é considerado uma atividade menor. Enquanto essa realidade continuar, será difícil mudar algo no ensino.

4. REFERÊNCIAS

FLÔRES O; VERNES I. O peso das palavras: Estudo morfológico funcionalista. Canoas: ULBRA, 2004.

PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. 4.ed. São Paulo: Ática, 2006.

ROCHA LIMA, Carlos Henrique da, Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.

ROCHA, Luiz C. de Assis. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte: UFMG, 1999.

SOUZA e SILVA, M. C. P de; KOCH, I. V. Lingüística aplicada ao português: morfologia. 4.ed. São Paulo: Cortez, 1987.


Publicado por: Aline Freire de Souza

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.