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O USO DE VÍDEO COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Uso do vídeo no espaço pedagógico pode ser o de um instrumento capaz de promover discussões e construções de novos saberes, podendo se tornar um material didático de grande valor no ensino de Geografia.

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RESUMO

Com o desenvolvimento tecnológico cada vez mais acelerado, existe um aperfeiçoamento das mídias disponíveis em um nível nunca antes visto. Essas mudanças constantes alteram o comportamento de toda a sociedade contemporânea, em que se é possível ter acesso a todo tipo de informações de praticamente todos os lugares no mundo. Essas mudanças causadas na sociedade afetam os indivíduos e, consequentemente, os alunos de todos os níveis de ensino. Diante dessas influências, cabe às escolas, faculdades e todas as instituições educacionais estarem preparadas para receber esses alunos, frutos desta sociedade globalizada, e atualizada com os principais métodos de ensino. Este artigo tem o objetivo de estudar a utilização do vídeo como recurso didático no ensino de Geografia. Este artigo foi construído através de pesquisa bibliográfica, buscando reunir as obras mais importantes já publicadas sobre o assunto.

Palavras-chave: Vídeo como recurso didático. Vídeo nas escolas. Vídeo e o ensino de Geografia.

1 INTRODUÇÃO

Ao se falar em processo de aprendizagem, é necessário que este seja tratado como o resultado de um processo educativo, com a educação pensada nas pessoas a quem ela se destina. Deste modo, a linguagem, os espaços e os recursos utilizados no processo educativo devem ser adequados às pessoas que são o alvo desse processo de aprendizagem.

Em uma sociedade contemporânea marcada pelas inovações tecnológicas, que provocam transformações na forma de se comportar dos sujeitos, é necessário que as instituições de ensino se atentem para o uso dos recursos tecnológicos no processo de aprendizagem.

Os diversos recursos tecnológicos disponíveis podem servir como materiais de ensino mais atraentes para um público que está acostumado com esses dispositivos, além de possuírem possibilidades para tornar o ensino mais acessível, através de vídeos, imagens, etc. Outro ponto, é que o uso de recursos tecnológicos é uma alternativa para substituir e complementar os materiais didáticos existentes, que, principalmente em escolas públicas, geralmente são escassos e muitas vezes defasados.

Entre as mídias disponíveis, vale ressaltar a importância do vídeo como ferramenta didática. Ferramenta esta que pode contribuir para o trabalho do docente de diversas formas, gerando aulas mais atrativas, favorecendo a construção do conhecimento.      

Este estudo tem como tema o uso do vídeo como recurso didático. Este foi a mídia escolhida por ser uma das mais populares, senão a mais popular, possuindo grande capacidade de atrair e manter concentrado o público, além de ser capaz de passar uma grande quantidade de informações.

Santoro (1989, p.18) diz que o vídeo é um meio de comunicação com modo de produção e exibição próprias, com conteúdo e público específicos”. Segundo Silva (2009, p. 9) “o vídeo é um recurso que pode ser manuseado com facilidade para se atingir objetivos específicos, já que proporciona a visualização e a audição, toca os sentidos, envolve os alunos”.       

Deste modo, o objetivo deste estudo é, através da pesquisa bibliográfica, demonstrar que o uso do vídeo no espaço pedagógico pode ser o de um instrumento capaz de promover discussões e construções de novos saberes, podendo se tornar um material didático de grande valor no ensino de Geografia.

A metodologia utilizada para a realização desse trabalho foi a pesquisa bibliográfica, onde buscou-se consultar artigos científicos e a literatura relativa ao assunto.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 VÍDEO COMO RECURSO DIDÁTICO

O conceito de tecnologia é amplo e complexo, com interpretações diversas que vão se modificando e se transformando conforme a evolução social.

Segundo Almeida (2005, p. 40) é normal que as pessoas, em seu imaginário, criem situações em que artefatos tecnológicos adquirem vida própria com elevado nível de inteligência e se tornam salvadores do mundo ou ameaçam aniquilar toda a espécie de vida.

Tecnologia é um conceito com múltiplos significados que variam conforme o contexto podendo ser visto como: artefato, cultura, atividade com determinado objetivo, processo de criação, conhecimento sobre uma técnica e seus respectivos processos. (ALMEIDA 2005 apud REIS, 1995, p. 40):

Desde as primeiras criações tecnológicas vem se discutindo sobre a influência da tecnologia na sociedade, e muito ainda deve ser discutido sobre sua importância e implicações, uma vez que esse fenômeno ultrapassa as aplicações técnicas, pois tecnologia é tudo aquilo que o ser humano inventou e vem inventando para facilitar seu trabalho, ou seja, para uma maior comodidade (GONÇALVES, 2006).

Com o desenvolvimento tecnológico cada vez mais acelerado, e a evolução cada dia maior das mídias, a vida da sociedade passou a ser cercada por informação e comunicação que “a todo momento nos traz um fato novo, mostrando-nos o que ocorre em qualquer lugar do mundo em tempo real nos permitindo estar em dia com os acontecimentos gerados em todos os setores da sociedade”. (NUNES, 2012, p. 18)

O termo tecnologia possui significados que se alteram de acordo com o período e contexto histórico de cada sociedade.

Na Idade Média continua-se a utilizar o mesmo termo surgido na Grécia. Na Idade Moderna houve uma nova reflexão e visão sobre a 13 técnica, Francis Bacon descreve uma cidade que progride graças aos avanços técnicos. A enciclopédia Francesa incorpora técnica à ciência, isso abre um espaço de conhecimento da tecnologia usando métodos científicos, contribuindo na transformação de processos materiais. Por volta do ano 1950 o termo tecnologia já se definia como meio o qual a sociedade usa para mudar ou manipular seu ambiente. É o homem cada vez mais dependente de suas invenções para sobreviver, como consequência pode-se observar uma transformação acelerada em seus comportamentos. (SANCHO, 1998 p. 29).

Sendo assim, o conceito de tecnologia foi se alterando durante as eras e foi aplicado de formas diferentes em cada uma delas.

O conceito de tecnologia é complexo, vem carregado de preconceitos e equívocos, com interpretações e significados que vão se transformando conforme a evolução social. [...]. E esse imaginário das pessoas, que vem carregado de valores e significados, influencia e contribui transformando o termo tecnologia, que ora está associado a um elevado grau de evolução e ora está relacionado a uma ameaça para a continuidade da vida humana. (BETETTO, 2011, p. 12)

Sancho (1998) ainda complementa

O que os professores fazem a cada dia de sua vida profissional para enfrentar o problema de ter de ensinar a um grupo de estudantes determinados conteúdos, durante certo tempo, como o fim de alcançar determinadas metas, é conhecimento na ação, é tecnologia (SANCHO, 1998, p. 40).

Com base nessa visão, fica claro que a utilização da tecnologia está intrinsicamente ligada às ações costumeiras e cotidianas da sala de aula. Por isso, a compreensão dessas ações precisa superar os desafios para chegar ao entendimento dos problemas educacionais.

Existem duas posturas extremas em relação ao conhecimento tecnológico no processo de ensino. O termo tecnofilia e tecnofobia são formas que muitos utilizam ocultando a problemática da educação escolar.

Tecnófobos são aqueles que consideram uma ameaça a seus valores, o uso de qualquer tecnologia que eles não tenham usado desde pequenos, ou seja, não aceitam conhecer ou testar novas descobertas. (DEMO, 2009)

O outro termo é a tecnofilia. O termo tecnofilia é empregado para aqueles que acreditam que as novidades tecnológicas têm a resposta para os problemas do ensino e aprendizagem escolar. Considera, somente, tecnologia as máquinas e aparelhos e desconsidera o conhecimento prático teórico acumulado durante os anos de estudo. (DEMO, 2009)

Todos os avanços tecnológicos reforçam a necessidade de descobrir a melhor forma de utilizá-los para que a tecnologia possa contribuir para o enriquecimento do processo de ensino e aprendizagem, pois “a tecnologia na educação necessita de estratégias, metodologias e atitudes com o objetivo de superação, pois uma aula mal estruturada mesmo com o uso do mais moderno recurso passa a não fazer sentido pedagógico para o aluno”. (BETETTO, 2011, p. 15)

Segundo Moran (2009)

As tecnologias nos ajudam a encontrar o que está consolidado e a organizar o que está confuso, caótico, disperso. Por isso é tão importante dominar ferramentas de busca de informação e saber interpretar o que se escolhe, adaptá-lo ao contexto pessoal e regional e situar cada informação dentro do universo de referências pessoais (MORAN, 2009, p?).

O desenvolvimento e proliferação de tecnologias digitais acentua a necessidade de um pensamento criativo, pois a tecnologia desenvolve um espírito empreendedor, inovador e uma maior produtividade capaz de beneficiar a sociedade. (RESNICK, 2006).

Moran (2009, p. 3) complementa

É possível criar usos múltiplos e diferenciados para as tecnologias. Nisso está o seu encantamento, o seu poder de sedução [...]. Podemos fazer coisas diferentes com as mesmas tecnologias [...] cada tecnologia modifica algumas dimensões da nossa inter-relação com o mundo, da percepção da realidade da interação com o tempo e o espaço [...]. Posso morar em um lugar isolado e estar sempre ligado aos grandes centros de pesquisa, as grandes bibliotecas, aos colegas de profissão, a inúmeros serviços. Posso fazer boa parte ao trabalho sem sair de casa [...] (MORAN, 2009. p. 3)

Com isso, a escola tem o desafio de trazer essas novas ferramentas tecnológicas para o ambiente de ensino, articulando-as com conhecimentos escolares.

2.2 O VÍDEO NAS ESCOLAS

A sociedade atual já é alterada pela tecnologia constantemente, negar isso nas escolas ou em qualquer ambiente didático é um retrocesso para o processo de aprendizagem. Por isso, as instituições de educação devem estar atentas às novidades na tecnologia e os docentes devem se adaptar à essas novidades, pois, com certeza, os alunos estarão.

Segundo Libâneo (1998, p.15) ”o mundo contemporâneo [...] está marcado pelos avanços na comunicação e na informação e por outras tantas transformações tecnológicas e científicas”.

Essas transformações influenciam todo o cotidiano da sociedade, sendo assim, as escolas também devem acompanhar essas transformações. Ainda segundo Libâneo (1998, p. 15) “essas transformações provocam mudanças econômicas, sociais, políticas, culturais, afetando, também, as escolas e o exercício profissional da docência”.

Cabe a escola preparar o aluno, de forma que este possua um entendimento da sociedade atual.

Para atender as necessidades dessa sociedade contemporânea busca-se e espera-se da educação transformação e inovações para formar um sujeito competente não apenas capaz de aplicar técnicas, mas criativo com um entendimento do mundo e da sociedade em que vivemos. (BETETTO, 2011, p. 16-17)

Respectivamente, Maschetti, (2011) completa que a escola precisa deixar de ser meramente uma agência transmissora de informação e transformar-se num lugar de análises críticas e produção da informação, onde o conhecimento possibilita a atribuição de significado à informação. Nessa escola os alunos aprendem a buscar a informação (nas aulas, no livro didático, na TV, no rádio, no jornal, nos vídeos, no computador etc.) e os elementos cognitivos para analisá-la criticamente de darem a ela um significado pessoal.

Os alunos que chegam às escolas, universidades e demais instituições de ensino. são frutos da sociedade contemporânea. Por isso, as escolas, e consequentemente os professores, devem estar preparados para atender as necessidades desses alunos.

Para que aconteça, na escola, o desenvolvimento dessas habilidades capazes de atender às novas exigências educacionais faz-se necessária a existência de professores conscientes dessa realidade social. (BATISTA; SANTOS, SOUZA, 2013).       

O professor deve estar preparado para lidar com a tecnologia, assim como deve estar preparado para incorporá-la ao ambiente educacional. Isso passa pela formação de novos docentes e pela atualização dos que já exercem a profissão.

Relacionado ao panorama atual está posto o desafio em proporcionar uma formação aos educadores, podendo assim, habilitá-los para explorar as potencialidades e limitações existentes nos diferentes recursos tecnológicos disponíveis no atual meio educacional.

Falando especificamente sobre o uso do vídeo:

O vídeo como material didático oferece grandes possibilidades pedagógicas, no entanto o educador precisa estar atento e ter uma boa percepção do que o vídeo oferece para enriquecer o trabalho pedagógico e principalmente analisar criticamente, enfocando os aspectos positivos e negativos que este enquanto recurso pode contribuir para desenvolver um bom trabalho em sala de aula. (NUNES, 2012, p. 12-13)

Segundo Souza e Bastos (2000, p. 11) “a realidade que envolve a tecnologia demanda do cidadão postura crítica e consciente para transformá-la em algo interpretativo com significados para os tempos que atravessamos e para a história que construímos”.

O professor deve estar aberto a aprender a aprender; aturar a partir de temas emergentes no contexto e de interesse dos alunos; promover o desenvolvimento de projetos cooperativos; assumir atitude de investigador do conhecimento e da aprendizagem do aluno; proporcionar a reflexão, a depuração e o pensar sobre o pensar; dominar recursos tecnológicos; identificar as potencialidades de aplicação destes recursos na pratica pedagógica; desenvolver um processo de reflexão na pratica e sobre a prática, reelaborando continuamente teorias que orientem sua atividade de mediação. (BOZETTO, 2003, p. 4)

O professor deve estar consciente do seu novo papel perante os alunos, não mais de o dono da verdade, mas como um interlocutor privilegiado, que provoca reflexões. (BOZETTO, 2003) O professor não deve enxergar a tecnologia como algo ruim, mas como uma ferramenta poderosa no processo de ensino.

Esse novo caminho deve levar o profissional a refletir e compreender a importância de seu papel com relação ao desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, uma vez que os equipamentos tecnológicos bem incorporados no projeto pedagógico, são ferramentas valiosas a seu favor para o processo ensino e aprendizagem. E dentre tantos recursos disponíveis, esses educadores devem aceitar como desafio a escolha ao que mais se ajusta a seu propósito. (BETETTO, 2011, p. 18)

Essa relação com a tecnologia irá afetar a metodologia de ensino do docente, as aulas deverão ser diversificadas buscando um melhor entendimento por todos os alunos. Muitos professores resistem a inserir a tecnologia em seus métodos de ensino, seja por insegurança, seja por medo de serem substituídos ou perderem valor com o incremento dos dispositivos tecnológicos em sala de aula.

É sabido que os professores e especialistas de educação ligados ao setor escolar tendem a resistir à inovação tecnológica, e expressam dificuldades em assumir teórica e praticamente, disposição favorável a uma formação tecnológica. Há razões culturais, políticas, sociais para essa resistência, que geram atitudes difusas e ambivalentes. (LIBÂNEO, 1998, p. 67).

Vale ressaltar que essas ferramentas não resolvem problemas educacionais como também não substituem o papel do professor, elas complementam e ajudam na didática do professor.

Com base no exposto, a incorporação das mídias no cotidiano do ambiente de ensino pode ser de grande valia para todos os envolvidos. Porém, para que isso aconteça de forma produtiva, é necessário que as instituições e os docentes estejam bem preparados para lidar com a tecnologia.

2.3 O VÍDEO E O ENSINO DE GEOGRAFIA

Existem diversos dispositivos que podem ser usados como auxiliares no ensino de Geografia em sala de aula, como globos terrestres, mapas escolares, bússola, entre outros. Todos estes são passíveis de estudo e todos têm aplicações possíveis para o ambiente de aprendizagem. Para este estudo, o foco será o vídeo como recurso didático.

Segundo Ramos (2012, p. 20) "para melhor abordagem científica no ensino de Geografia a adoção de recursos didáticos é um dos meios em que o educador pode recorrer para trabalhar de forma mais adequada em sala de aula".

Em todos os ambientes de ensino, existem recursos didáticos que podem auxiliar o aprendizado, de acordo com as características de cada disciplina. “O ensino fundamenta-se na estimulação que é fornecida por recursos didáticos que facilitam a aprendizagem. Esses meios despertam o interesse e provoca a discussão e debates, desencadeando perguntas e gerando ideias”. (SANT’ANNA; MENZOLLA 2002, p. 35).

O ensino de Geografia proporciona ao educando o processo de descoberta do espaço ao qual está inserido e produz a reflexão e construção de conhecimento geográfico. Ao desenvolver as atividades com o emprego de recursos no ensino de Geografia, é possível tornar as aulas mais dinâmicas e prazerosas, oferecendo aos alunos diversas fontes para o entendimento do assunto trabalhado. (RAMOS, 2012, p. 20)

O vídeo, então, se torna um grande aliado dos professores e dos alunos. Esses vídeos podem ser em forma de filmes, documentários, vídeos do You Tube, etc.

Ao longo dos tempos o vídeo atuou como um meio de divulgação do cinema. Com o desenvolvimento tecnológico ele é hoje a base de transmissão da linguagem audiovisual. Seu aprimoramento vem conquistando um público cada vez maior e mais exigente, com a possibilidade de sintetizar a imagem e o som, ele ganha espaço como um importante meio de comunicação e de informação, podendo ainda, propiciar um largo poder de análise bastante apropriado para fins pedagógicos. (NUNES, 2012, p. 12)

O uso vídeo como ferramenta didática é relativamente novo, sendo mais visível a partir da década de 1990, “com a difusão e popularização do formato VHS, iniciada nos anos 80. Relacionado diretamente à TV e ao cinema, o vídeo no ambiente escolar era visto inicialmente como momento de lazer e entretenimento”. (MENEZES, 2008, p. 1).          

A introdução deste novo elemento nas atividades escolares provocou dúvidas, inquietações e reflexões. Se, por um lado, havia a sua disseminação como fonte de lazer, por outro crescia a produção e utilização de vídeos educativos, de caráter informativo, numa concepção tradicional de ensino em que o livro era substituído pelo vídeo e seguido de atividades tradicionais, como provas escritas sobre o conteúdo apresentado no vídeo. (MENEZES, 2008, p. 2).

No ensino de Geografia, Barbosa (2003) ressalta que o filme traz uma impressão viva da realidade, e funciona como um provocador de situações de aprendizagem para os alunos e os professores.

Para Napolitano (2009), “o cinema em sala de aula, principalmente os filmes de ficção e o documentário, podem contribuir para a aprendizagem efetiva dos conteúdos escolares, além de desenvolver a criticidade sobre as produções cinematográficas”.

Ainda sobre a contribuição do vídeo nas aulas de Geografia

Na era da globalização, em que as informações chegam de forma muito rápida por meio da televisão, do cinema, do rádio, do vídeo, do computador, o trabalho pedagógico do professor enriquecer-se-á se ele utilizar todos esses recursos para a produção de um conhecimento que ajude o aluno a compreender o mundo que vive. [...]. Para nós, geógrafos e professores de Geografia, o filme tem importância porque pode servir de mediação para o desenvolvimento das noções de tempo e de espaço na abordagem dos problemas sociais, econômicos e políticos. (PONTUSCHKA et al., 2009, p. 263).

Quando se trata de Geografia, o vídeo pode ter papel de destaque no ambiente de ensino, pois ele permite a visualização de tudo o que é ensinado, com riqueza de detalhes e apresentação atraente. Cabe ao docente o filtro do que será exibido, evitando que filmes sem embasamento científico acabem prestando um desserviço para o aluno.

No estudo geográfico, a utilização de filmes e documentários são importantes na concepção do espaço e do tempo pelo aluno. Pode-se analisar, por exemplo, a sociedade capitalista europeia no século XIX, com suas características sociais e culturais. Deve-se 93 considerar neste contexto, os estereótipos e clichês reproduzidos pelos filmes e jornais televisivos, pois, tais recursos podem encobrir uma ideologia que visa disseminar uma cultura hegemônica, de preconceitos e valores que excluem as demais culturas da humanidade (BRANDÃO; MELLO, 2014, p. 92-93)

Barbosa (2006) destaca que “o cinema, mais do que outros recursos audiovisuais (como entrevistas, música, poesia, entre outros), tem sua ludicidade relacionada ao poder da imagem estar em movimento, possibilitando uma compreensão mais próxima da realidade”.

Para que o vídeo seja aproveitado da melhor forma possível, ele deve estar dentro do planejamento escolar, para que não haja improvisos ou que o vídeo seja usado apenas como tapa-buraco. Sobre o planejamento das atividades, Brandão Mello, (2014, p. 93) destacam os seguintes aspectos:

  • A organização na exibição do filme, verificando se ele ainda é acessível, se a sala de vídeo é adequada (iluminação, barulho externo, vídeo e TV em perfeito estado de utilização);
  • A adequação com o currículo e/ou conteúdo, para que o aluno elabore textos, faça leituras complementares e desperte criticidade;
  • Adequação com a faixa etária do aluno, podendo o professor editar o material, também neste último aspecto deve-se atentar à etapa de aprendizagem escolar.
  • O uso do vídeo, ou de qualquer recurso didático, sem planejamento não cumpre o papel de auxiliar a potencializar as aulas, podendo ser prejudicial (MELO, 2014, p.93).

Sobre documentários, Brandão e Mello, (2014, p. 93) enfatizam que o professor deve exercer olhar crítico e questionável sobre o conteúdo destes, “analisando a fonte produtora, os financiadores e os produtores (diretor e escritor) a fim de abordar o cunho ideológico, podendo utilizar outro documentário que contraste com a mesma abordagem de outro documentário”.

Nas aulas de Geografia, o filme ou documentário deve estar inserido em um contexto, pois o papel do cinema, por meio de sua linguagem, é motivar alunos e professores a aprofundar e ampliar o conhecimento geográfico, procurando estabelecer relação entre o que se vê na tela e a sua realidade, e/ou ainda, o que é visto na tela e o que é estudado em sala de aula. [...] arrolar alguns conceitos que emanam do filme relacionados tanto a aspectos físicos como socioeconômicos e culturais. (NETO, CLACH, 2015, p. 4)

Como visto até aqui, o vídeo pode ser um recurso didático poderoso, porém, existem situações em que o uso do vídeo pode ser o contrário do esperado. Silva (2009, p. 13) relata as seguintes situações em que o uso do vídeo age de forma contrária ao esperado, tonando-se prejudicial para a aula:

  • Vídeo-tapa buraco: é a utilização do vídeo quando há um problema inesperado, como a ausência do professor. Usar este expediente, eventualmente, pode ser útil, mas se for feito com frequência, desvaloriza o uso do vídeo e o aluno passa a associá-lo como a não ter aula;
  • Vídeo-enrolação: isso ocorre quando é exibido um vídeo sem muita ligação com a matéria. O aluno percebe que o vídeo é usado como forma de camuflar a aula. Pode concordar na hora, mas discorda do seu mau uso;
  • Vídeo-deslumbramento: O professor, logo que descobre o uso do vídeo, costuma empolgar-se e passa-o em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes. O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas;
  • Vídeo-perfeição: Existem professores que questionam todos ou a maioria dos vídeos disponíveis, porque buscam defeitos de informação ou de estética. Os vídeos que apresentam conceitos ‘problemáticos’, podem ser usados para, junto com os alunos, serem questionados;
  • Só vídeo: não é satisfatório, didaticamente, exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto de aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes (SILVA, 2009, p.13).

Silva (2009, p. 14) resume sobre o uso do vídeo em sala de aula:

Apesar de o vídeo ser uma ferramenta de ensino em uso há algum tempo, não podemos dizer que esteja superado ou ultrapassado, já que não foi totalmente explorado. Algumas vezes é usado apenas para manter alguma atividade extra com os alunos, sem que se tenha feito um planejamento dos objetivos do uso ou estudado a melhor forma de aplicá-lo. Por isso, acredito ser importante saber o quanto ele é útil e agradável tanto para os professores quanto para os alunos, para que possa ser melhor explorado nas escolas (SILVA, 2009, p.14).

O vídeo, assim como diversos outros recursos didáticos, tem potencial para se tornarem grandes aliados de professores e alunos no processo de aprendizagem, desde que seu uso seja inteligente e planejado.

3 METODOLOGIA

Conforme Lakatos e Marconi (1985, p. 81), método é aquilo que é percebido como um conjunto de atividades organizadas em um sistema lógico a fim de alcançar-se um objetivo. Nesse capítulo então, serão apresentados os procedimentos realizados para o alcance dos objetivos deste estudo e resposta ao problema de pesquisa.

Partindo da definição do tema “O uso do vídeo como recurso didático” buscou-se estudar obras que foram escritas sobre o assunto para entender os aspectos do uso do vídeo como recurso didático no ensino de Geografia.

Em relação aos objetivos deste estudo, a pesquisa utilizada é a descritiva. A pesquisa descritiva é a mais indicada para se obter um melhor entendimento das origens e motivos de um determinado fenômeno. "A pesquisa descritiva descreve, sistematicamente, fatos e características em uma determinada população ou área de interesse" (GRESSLER, 2003).

A pesquisa descritiva não tem como objetivo a proposição de soluções, mas sim a descrição de fenômenos. Isso não significa que nessa modalidade de pesquisa não exista interpretação ou aprofundamento. Aqui, o objeto é analisado de forma a penetrar em sua natureza, descrevendo todos os seus lados e características. (BONAT, 2009, p. 12)

Para encontrar artigos que tratam do tema “O uso do vídeo como recurso didático” foram realizadas buscas em: Google Acadêmico, Google Books, Scielo, Portal Domínio Público, Biblioteca Digital de teses e Dissertações – USP, além de outras bibliotecas de outras faculdades. As combinações para a busca foram: Vídeo como recurso didático; Vídeo nas escolas; Vídeo e o ensino.

Os critérios de inclusão dos estudos encontrados pelas buscas foram: estarem escritos em inglês, espanhol e português, apresentar estudo empírico ou bibliográfico sobre o tema proposto.

Deste modo, a pesquisa irá permitir a reunião de literatura sobre o tema do estudo. A abordagem utilizada neste estudo será a qualitativa. A pesquisa qualitativa permite um estudo da natureza, do alcance e das interpretações possíveis para o objeto estudado, não se prende, apenas, a análise de dados, mas busca-se a essência da teoria ou fenômeno. (BONAT, 2009).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste trabalho partiu do propósito de estudar o uso de vídeo como recurso didático, com foco no ensino de Geografia. Buscou-se entender como ocorre a utilização do vídeo enquanto recurso, se este contribui para melhorar o trabalho docente e qual a sua eficácia como agente enriquecedor da aprendizagem dos alunos.

Verificou-se que o vídeo pode ser um recurso didático de extrema importância para a aprendizagem, desde que seja usado com inteligência, planejamento e parcimônia. Em uma sociedade como a que vivemos, em que os celulares com acesso à internet se tornaram objetos extremamente populares, e as inovações tecnológicas são quase que diárias, é impossível que uma instituição escolar sobreviva fazendo um bom trabalho sem que esta se atualize tecnologicamente.

Sendo assim, as instituições de ensino não devem enxergar a tecnologia como um rival na disputa pela atenção dos alunos, mas sim como uma aliada na construção do saber no ambiente de ensino. Para isso, cabe às escolas o desenvolvimento de um ambiente propício para a utilização da tecnologia, em especial o vídeo, e cabe aos professores a atualização dos seus métodos de ensino, para que a tecnologia seja acrescentada às práticas pedagógicas.

Para a redação deste artigo, buscou-se estudar como pode ser feito o uso do vídeo no ensino de Geografia. Verificou-se que o assunto é amplo, sendo impossível de esgotá-lo em apenas um estudo, ficando a necessidade de novos estudos sobre o tema.

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CAMPOS, Bruno Veríssimo - Aluno do curso de Pós-Graduação em Metodologia do Ensino de Geografia e História do Centro Universitário Internacional UNINTER..

SARDE NETO, Emílio - Professor Orientador do Grupo UNINTER. Licenciado em História Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), doutorando em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).



Publicado por: Bruno Veríssimo Campos

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