O conceito de pós-modernidade na sociedade atual
Pós-modernidade, Georges Benko, mídias eletrônicas, colonização do universo eletrônicos pelos mercados, consumismo, polarização cultural,...O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
O conceito de pós-modernidade tornou-se nos últimos anos, um dos mais discutidos nas questões relativas à arte, à literatura ou à teoria social, mas a noção de pós-modernidade reúne rede de conceitos e modelos de pensamento em “pós”, dentre os quais podemos elencar alguns: sociedade pós-industrial, pós-estruturalismo, pós-fordismo, pós-comunismo, pós-marxismo, pós-hierárquico, pós-liberalismo, pós-imperialismo, pós-urbano, pós-capitalismo. A pós-modernidade coloca-se também em relação com o feminismo, a ecologia, o ambiente, a religião, a planificação, o espaço, o marketing, a administração. O geógrafo Georges Benko afirma que o “pós” é incontornável, o fim do século XX se conjuga em “pós”. Mal estar ou renovação das ciências, das artes, da filosofia estão em uso.
As características da pós-modernidade podem ser resumidas em alguns pontos: propensão a se deixar dominar pela imaginação das mídias eletrônicas; colonização do seu universo pelos mercados (econômico, político, cultural e social); celebração do consumo como expressão pessoal; pluralidade cultural; polarização social devido aos distanciamentos acrescidos pelos rendimentos; falências das metanarrativas emancipadoras como aquelas propostas pela Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
A pós-modernidade recobre todos esses fenômenos, conduzindo, em um único e mesmo movimento, à um a lógica cultural que valoriza o relativismo e a (in)diferença, a um conjunto de processos intelectuais flutuantes e indeterminados, á uma configuração de traços sociais que significaria a erupção de um movimento de descontinuidade da condição moderna: mudanças dos sistemas produtivos e crise do trabalho, eclipse da historicidade, crise do individualismo e onipresença da cultura narcisista de massa.
Em outras palavras: a pós-modernidade tem predomínio do instantâneo, da perda de fronteiras, gerando a idéia de que o mundo está cada vez menor através do avanço da tecnologia. Estamos diante de um mundo virtual, imagem, som e texto em uma velocidade instantânea.
No campo urbano, a cidade é vendida aos pedaços porque nela há caos, (des)ordem: padrões de diferentes graus de complexidade: o efêmero, o fragmentário, o descontínuo, o caótico predomina.
Mudam-se valores: é o novo, o fugidio, o efêmero, o fulgaz, o individualismo, que valem. A aceleração transforma o consumo numa rapidez nunca vivenciada: tudo é descartável (desde copos a maridos/ou esposas). A publicidade manipula desejos, promove a sedução, cria novas imagens e signos, eventos como espetáculos, valorizando o que a mídia dá ao transitório da vida. As telecomunicações possibilitam imagens vistas em todas as partes do planeta, facilitando a mercadificação de coisas e gostos. A informatização, o computador, o caixa-rápido 24 horas, a telemática são compulsivamente disseminadas. As lutas mudam: agora não é contra o patrão, mas contra a falta deles. Os pobres só dizem presente nos acontecimentos de massa, lugar de deslocamento das energias de revolta.
Testemunhas da pós-modernidade são o DVD, o CD, o MP3, a clonagem, o implante de órgão, próteses e órgãos artificiais engendram uma geração de seres em estados artificiais que colocam em xeque a originalidade ou naturalidade do humano (Silva, 2000, p. 14).
As invenções tecnológicas decodificadas como o computador, o relógio digital, o telefone celular, as secretarias eletrônicas, o vídeo, os satélites, as Nets redes (sistema htt// e www), os códigos de barras, “os cartões magnéticos multicoloridos que alimentam sonhos da era digital” (Mariano Neto, 2003, p.35).
Modelos geram replicantes. As pichações viram grafites. O corpo enxuto é exaltado pela TV e por revistas. Juízos de autoridade ou defesa, na ausência de visão pessoal, são expressos em conceitos opacos como: vanguarda atual, avançado, progressista, elitista, popular, conservador, moderno, pós-moderno. Como o corpo enxuto, a garganta, os pulmões, a glote, os dentes, a língua, as cavidades bucal e nasal devem produzir um único significado num único sentido: ser STAR.
Os shoppings, os condomínios e novos prédios são cápsulas autônomas de vivência. Tudo é performance: os motoristas transformam-se em pilotos; a voz dos locutores das rádios FM é igual em todas as estações. Vale o extraforte, o superdoce, o minúsculo, o gigantesco. Vale o novo; um novo produto mais eficaz, um novo alimento mais saudável; uma nova TV mais interativa. Vale o extra, o super, o superextra, o macro.
Fantasmas e desvios nos rodeiam: no corpo – a doença (AIDS); na mente – a loucura; na natureza – a catástrofe; na economia – a queda das bolsas; na paixão – a morte; no orgasmo – o desprazer; no computador – o vírus.
As informações e a preocupação com a saúde da natureza são colocadas em xeque ou em cheque; no Brasil já existe uma nova indústria parecida com a da seca. É a “Indústria do meio ambiente”, recursos destinados à proteção das florestas, dos rios e dos animais são desviados pelo o Poder público, pelas ONG’s e organismos privados.
As senhas, para entendimento da pós-modernidade, são: a saturação, a sedução, o simulacro, o soft, o light, a globalização, a automação, a fragmentação, o chip. Os modelos são Michael Jackson e Madonna, que qualquer dia destes farão um grande show para ajudar crianças famintas da África; que gravarão um disco, com numerosos colegas, para ajudar os “americanos a salvarem” refugiados de algum país latino-americano. Como assinala Otávio Lanni: “Ao lado da montagem, colagem, bricolagem, simulação e virtualidade”, muitas vezes combinando tudo isso, a mídia parece priorizar o espetáculo vídeo-clipe. Tanto é assim que guerras (como a do Iraque) e genocídios parecem festivais pop, departamentos do shopping center global, cenas da Disneylândia mundial. Os mais graves e dramáticos acontecimentos da vida de indivíduos e coletividades aparecem, em geral, como um vídeo-clipe eletrônico informático, desterritorializado entretenimento em todo o mundo”.
Estamos vivendo um momento de fenômenos insólitos. Tudo se passa como se o futuro tivesse se tornado um lugar vazio. O procedimento pós-moderno é antes uma paixão do “tecer das alteridades” enquanto estamos diante da TV, bebendo um refrigerante Coca-cola, mastigando um Mcdonald´s feliz ou experimentando um biscoito Nestlé, sem (des)entendimentos da Nova Ordem Mundial, nova sociedade ou sociedade de consumo.
Bibliografia:
FRITJOF, Capra. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 2000.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2000.
MARIANO NETO, Belarmino. Geografia: textos, contextos e pretextos para o planejamento ambiental. 1ª ed. Guarabira: Gráfica São Paulo, 2003.
MORIN, Edgar. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
SANTOS, Milton. Espaço e sociedade. Petrópolis: Vozes, 1979.
_____________. Metamorfose do espaço geográfico. São Paulo: Hucitec, 1996.
_____________. A natureza do espaço: técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.
SILVA, Tomaz Tadeu da e et all. Antropologia do Ciborgue - as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
WIENER, Nobert. Cibernética e sociedade – o uso humano dos seres vivos. São Paulo: Cultrix, 1968.
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*Geógrafo pela UEPB. Professor visitante do Instituto Superior de Educação de Cajazeiras - ISEC.
E-mail: cavalcantegeo@bol.com.br
Publicado por: MÁRCIO BALBINO CAVALCANTE
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