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Globalização, fronteira e território

Território, Territórios e globalização, Fronteiras na Globalização, Territórios na Globalização e Fim dos territórios.

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Território

O conceito de território é polissêmico. Dentre as concepções existentes, Haesbaert (2011) defende que a teoria mais consistente é a de Milton Santos: território usado, ou seja, o uso do espaço define o território. Seguindo a concepção de Raffestin (1993), o espaço pode ser considerado como a “prisão original”, enquanto o território seria a “prisão que os homens constroem para si”. Portanto, um mesmo espaço compreende múltiplas territorialidades.

Territórios e globalização

A globalização é, por vezes, entendida como processo de homogeneização da cultura global. Mas, para Milton Santos (1996), "cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente”. Santos analisa o fenômeno da globalização sob três perspectivas: apresentada como fábula, como perversidade e como possibilidade – “por uma outra globalização”. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula, o segundo seria o mundo tal como ele é, e o terceiro, um mundo como ele pode ser. Há um processo de descentralização do capital e de reorganização do espaço mundial. A globalização é, simultaneamente, um processo de homogeneização e de diferenciação. De homogeneização porque os grandes agentes da globalização impõem seus padrões pelo mundo afora e tendem a tornar tudo parecido. Os aspectos próprios do local definem as diferenciações.

Fronteiras na Globalização

As fronteiras são elementos de extrema relevância para compreensão da globalização, e de como esta não é homogênea. As fronteiras se tornam mais, ou menos, flexíveis de acordo com os interesses políticos e econômicos envolvidos no processo. Um exemplo bastante interessante é o da fronteira entre os Estados Unidos e o México. O uso da mão-de-obra barata dos mexicanos é relevante para o desenvolvimento econômico dos Estados Unidos. Já, a presença de estrangeiros mexicanos em terras estadunidenses, não é vista com os mesmos “bons olhos”. Assim, o NAFTA é um projeto de integração movido por interesses, no qual o território é supostamente fortalecido, mas as fronteiras entre os próprios países integrantes do bloco são igualmente rígidas.

Territórios na Globalização

A globalização não é um fenômeno homogêneo, como comumente é referenciado (fábula). Algumas pessoas são incluídas precariamente neste processo, o que ocasiona fragmentações dentro dessa lógica globalizante. Neste contexto, surgem e se intensificam grupos específicos, responsáveis pela manutenção dos territórios, reafirmando sua existência para além dos processos desterritorializadores. A globalização é responsável por transmitir o sentimento de que os homens não possuem mais territórios, pois através das tecnologias informacionais, pode-se estar em diversos lugares em um mesmo momento. O que Haesbaert (2011) defende, é que existe uma “Multiterritorialidade”, uma sobreposição de territórios, pois, ao se “desterritorializar” o indivíduo se “reterritorializa” constantemente.

Fim dos territórios?

Segundo perspectiva do geógrafo Rogério Haesbaert, a desterritorialização é um mito, pois esta ação constitui novas territorialidades. Assim, diante da globalização, é pertinente pensar em um aspecto de multiterritorialidade. As velocidades e os ritmos de mudança são múltiplos e não excluem o território, mas geram múltiplas possibilidades de territórios, em um processo de reterritorialização permanente. Assim, tem-se o Espaço, e a partir dele uma Territorialidade, bem como um processo de Desterritorialização e consequente novo processo de Reterritorialização (que não acontece em absoluto), o que culmina em uma Multiterritorialidade. “Se a globalização só se ativa e se fortalece, como vimos, através de um emaranhado de redes cada vez mais amplas e complexas, nem por isso estas desempenham apenas um papel desterritorializador: elas podem muitas vezes, quando subordinadas a determinados limites ou fronteiras, fortalecer a coesão interna de um ou vários territórios” (HAESBAERT, 1995).

Referências Bibliográficas e Sugestões de leitura:

COURLET, Claude. Globalização e Fronteira. Ensaios FEE. V. 17. 1996. Porto Alegre. Disponível em: < http://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/viewFile/1834/2203>. Acesso em 01 nov. 2014.

HAESBAERT, Rogério. O processo de des-territorialização e a produção de redes e aglomerados de exclusão. In: CASTRO, et al. (Orgs.) Geografia: conceitos e temas. Rio de janeiro, Bertrand Brasil, 1995.

HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. 21ª edição. São Paulo: Loyola, 2011.

MARTINS, José de Souza. Fronteira: a degradação do outro nos confins do humano. São Paulo: Contexto, 2009.

HAESBAERT, Rogério; LIMONAD, Ester. O território em tempos de globalização. Etc, espaço, tempo e crítica. N. 02. V. 04. 2007. Disponível em: http://www.uff.br/etc/UPLOADs/etc%202007_2_4.pdf>. Acesso em 01 nov. 2014.

SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia A. de; SILVEIRA, Maria Laura (Orgs.). Território: globalização e fragmentação. 4ª Ed. São Paulo: Hucitec, 1998.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2003.

Luana Caroline Kunast Polon (Mestre em Geografia).


Publicado por: Luana Caroline Kunast Polon

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