Reconceituando a queda livre dos corpos
Breve análise sobre a queda livre dos corpos.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Movimento cinemático-vertical
Ao considerar o movimento ao longo do eixo y (vertical) dois possíveis sentidos podem ser caracterizados: movimento no sentido crescente de y e o movimento no sentido decrescente de y. Em ambos os casos a aceleração do corpo, em módulo, coincide com o módulo da aceleração gravitacional |a| = |g|; o movimento é uniformemente variado. Contudo, para o movimento y-crescente, também conhecido na literatura como "lançamento vertical", o corpo é desacelerado por ação da aceleração gravitacional. Isso ocorre por que o movimento do corpo segue o sentido oposto da aceleração gravitacional: a = - g.
Quando consideramos o movimento de "queda", com o corpo se aproximando do ponto y = 0, o sentido do movimento é o mesmo da aceleração gravitacional, o que implica que o corpo, além de ser acelerado pela a aceleração gravitacional g, a = g. Porém, alguns autores adotam o sentido inerente ao eixo coordenado e não ao movimento de queda livre. Segundo Gaspar (2007, p. 91),
(...) a aceleração da gravidade é sempre negativa, pois tem sentido oposto ao sentido positivo do eixo.
Essa afirmação nos obriga a relacionar à aceleração do objeto a aceleração gravitacional negativa; teríamos que considerar a = - g. No tocante, assim como é considerado, regularmente pela literatura, corpos que seguem uma trajetória, na mesma direção, para um mesmo determinado ponto tem o mesmo sentido de movimento (são vetorialmente positivos entre si). Dito isso, o movimento de queda livre é vetorialmente positivo em relação a aceleração gravitacional (SILVA, 2021), idem.
Portanto, para o movimento cinemático-vertical, tem-se que
-
No lançamento vertical a = - g;
-
Em queda livre a = g.
Para o caso geral do movimento vertical, as equações do movimento são alteradas para x → y e a → ± g. O símbolo "±" caracteriza o tipo de movimento vertical.
Sobre o fenômeno de queda livre
Um ponto pertinente para análise, em relação à queda dos corpos na ausência de matéria (no vácuo), é a conceituação do fenômeno. No geral, as produções intelectuais (revistas, livros, e-books, materiais de anais, vídeos e etc.), convergem para uma explicação que não leva em consideração a dimensionalidade dos corpos em queda. Para efeito de exemplo, sobre a queda livre dos corpos, diz que (MÁXIMA; ALVARENGA; GUIMARÃES, 2016, p. 50)
Abandonados de uma mesma altura, um objeto leve e um objeto pesado caem simultaneamente, atingindo o chão no mesmo instante.
Ou seja, em grande parte da literatura a transposição didática feita pelos autores, com o objetivo de fundamentar a essência do objeto de conhecimento, reduz às aplicações e propriedades reais do fenômeno em si. Nesse sentido, para o caso dos corpos em queda livre, devemos levar em consideração a dimensionalidade dos corpos, a geometria destes.
Centro de massa e energia potencial gravitacional
Na Física, a altura de um objeto em relação ao solo (x = 0) é determinada a partir do centro de massa. Consideremos dois corpos massivos de massa m e M; com M >> m. Ambos os corpos são esferas perfeitamente simétricas, onde o raio da esfera menor (de massa m) é r e o raio da esfera maior (de massa M) é R. Neste caso, R >> r e para que ambas estejam a uma mesma altura h sob o eixo y, o centro de massa de ambas devem estar alinhados — são dois pontos distintos de uma mesma reta paralela ao eixo x.
Com respeito a queda livre, levando em consideração a dimensionalidade dos corpos, estes só tocarão o solo em um mesmo instante t, caso sejam esferas idênticas (independentemente da constituição material delas). Supondo que a esfera maior tenha um raio R duas vezes maior do que a da esfera menor, isto é, R = 2r, a esfera menor tocaria o solo após a esfera maior, com uma discrepância espacial equivalente ao raio r. Isto ocorre devido a esfera maior ter um alcance espacial maior; a superfície da esfera maior chega ao solo primeiro.
Todavia, as esferas têm uma mesma energia potencial gravitacional e a massa das mesmas, no vácuo, são equivalentes. Pois, ambas estão submetidas a uma mesma aceleração gravitacional, que é constante: mgh = Mgh → m = M. Desta forma, no que diz respeito a definição do fenômeno, Silva (2021, p. 25) afirma que
(...) no vácuo, em queda livre, todos os corpos percorrem uma mesma distância em um mesmo período de tempo; a aceleração gravitacional sob eles é constante.
De acordo com o Autor, a dimensão dos objetos em queda é um fator determinístico em relação a chegarem a um ponto (como em x) no mesmo instante de tempo t. Não obstante, independentemente das dimensões geométricas dos corpos em queda livre, a variação da altura e do tempo, em ambos, é igual. Note que essa diferença conceitual é significativamente sutil, pois na Física, a altura de um dado corpo é calculada a partir do centro de massa. E embora no vácuo, as massas coincidam, é importante manter o rigor físico no que diz respeito ao tratamento e análise do fenômeno. Conclusão: em queda livre, os corpos só chegarão ao solo em um mesmo instante t, caso sejam geometricamente simétricos entre si, independentemente da constituição material.
Obras
Referências
GASPAR, Alberto. Mecânica. 1 ed. São Paulo: Ática, 2007.
MÁXIMO, A.; ALVARENGA B.; GUIMARÃES C. Física: Contexto & aplicações: ensino médio. 2 ed. São Paulo: Scipione, 2016.
SILVA, Jonas J. D. Pinheiro da. Sobre o Movimento cinemático & outras coisas. Vol.1. [S.I], 2021.
Bibliografia
NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de Física Básica: Mecânica. Vol 1. São Paulo: Blucher, 2013.
ROSA, Paulo Ricardo da Silva. Curso de Física Básica. Volume I. Campo Grande, Departamento de Física - UFMS, 2009.
Autor: Jonas Jorge D. Pinheiro da Silva
Publicado por: Jonas Jorge Diogo Pinheiro da Silva
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