O caminho para o saber, segundo a Alegoria da Caverna
Análise e interpretação dos elementos da Alegoria da CavernaO texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Resumo
Nos dias atuais, a construção do saber tornou-se cada vez mais escasso. Assim, o caminho para o saber deve iniciar-se desde criança, uma vez que para a maioria dos pedagogos a criança consegue, a partir do descobrir e brincar, desenvolver seu intelecto. Tendo como prelúdio a Alegoria da Caverna de Platão, onde homens estão presos e acorrentados, é possível compreender que mesmo o homem sendo coagido do saber, ainda é possível percorrer o caminho para o conhecimento. Com isso, apenas com o resquício da luz que adentra à caverna o homem não está totalmente apartado para o saber; a partir da experiência e da descoberta o homem é capaz de ascender para o conhecimento.
Palavras-chaves: Alegoria; saber; conhecimento; luz.
Introdução
Neste trabalho iremos percorrer a Alegoria da caverna de Platão (428-427 a.C./ 348-347 a.C.) filósofo grego, no século V a.C., inaugurou a prosa grega escrevendo várias obras em estilo de diálogos. Segundo o filosofo por meio do processo educativo filosófico é possível para as mentes humanas conhecer as “formas”, “essências” ou “ideias”.
O intuito é segundo a Alegoria encontrar o caminho para o saber. Para isso, temos como base principal o livro A República especificamente no livro VII, que traz o diálogo de Sócrates com Glauco, onde eles discutem sobre várias questões, além do mais tentam estabelecer uma cidade modelo pautada na educação, no conhecimento e saber.
O caminho para o saber, segundo a Alegoria da Caverna se desenrola no momento em que o homem se liberta da caverna saindo das sombras e da ignorância, ascendendo assim para o conhecimento. Todavia, o homem apartado desde a infância do saber e apenas habituado às sombras leva tempo para habituar-se com a luz. Todavia, ele ainda é capaz de construir o saber mesmo que tenha apenas vivido nas sombras.
Em síntese, na Alegoria iremos compreender que o homem tendo apenas às sombras dos objetos do mundo real, é capaz de percorrer o caminho do saber. Entretanto, mesmo que ele não saiba distinguir os objetos, tendo sido coagido da curiosidade, só lhe restou a descoberta das coisas. Nisto é pertinente questionarmos, o homem é capaz de percorrer o caminho até o saber?
O homem em sua constante evolução buscou sempre o conhecimento ou o saber. No jardim do Éden, narrativa bíblica do livro do Gênesis, a mulher e o homem provam do fruto proibido, que contém o conhecimento seja ele do bem ou do mal. Na Alegoria da Caverna de Platão, que em A República (2017, p.237-269), alguns homens estão presos no seu mundo habitual, “pense em homens encerrados numa caverna, dotada de uma abertura que permite a entrada de luz em toda a extensão da parede maior” (2017, p.237).
Vejamos aqui que os homens estão presos, no entanto, há entrada da luz que analogicamente nos remete a sabedoria. Entretanto, a sociedade nos dias atuais não enxerga essa luz, estando ainda presos na caverna e em sua ignorância, pois não conseguem caminhar em busca do conhecimento. Fecham-se e não saem em busca do conhecimento “agora, com relação à cultura e à falta dela” (2017, p.237), ao fechar a via para o saber, acabamos caindo no vazio, pois a fagulha de luz nos leva a despertar à curiosidade e a busca do saber.
Essa fagulha de luz, fazem que os homens presos a caverna não percam o resquício que os restou para o saber, mais o que eles enxergam é apenas sombras daquilo que é real, para Platão o real só existe no “Mundo das Ideias” que são verdades imutáveis. Nesse ínterim, o real para os homens que estão habituados na caverna é às sombras dos objetos.
Entretanto, estando presos e acorrentados até o pescoço não podem se virar e enxergar o objeto real, nisso ficam apenas no imaginativo que em suma é o despontar do saber, pois “a imaginação é mais importante que o conhecimento” (EINSTEIN, 1879- 1955, p. 89). Portanto, as formas, essência ou ideias, que segundo Platão, são os modelos eternos das coisas sensíveis, pois seria a partir daí que seria possível ter a experiência do que é real.
Na Alegoria, Sócrates personagem que conversa com Glauco, faz com que ele crie uma imagem da caverna a partir dos detalhes que Sócrates lhe diz. Voltando à cena fantasiosa de Sócrates, os homens que estão na caverna só conseguem enxergar sombras daquilo que Platão classifica como o “Mundo das Ideias”, que é o mundo real e concreto, uma vez que para os homens, que estão habituados com à sombra da caverna aquilo seria o real; dentro da caverna seria apenas o “Mundo Sensível” que é a imitação ou a projeção do real. Com isto, Sócrates narra que:
“[...] Suponha ainda ao longo daquele pequeno muro homens que carregam todo tipo de objetos que aparecem por sobre o muro, figuras de animais e de homens de pedra, de madeira, de todos os tipos de forma. Alguns dentre os homens que as carregam, como é natural, falam, enquanto outros ficam calados” (2017, p.237).
Os homens presos desde a infância, não sabem distinguir entre o verdadeiro e o que é falso, pois só conseguem enxergar as sombras que são refletidas no interior da caverna. São todos limitados no que se refere ao saber, eles não sabem a real concretude que os objetos são, não estão somente presos à caverna, mas na ignorância de cada um. Estando eles, habituados com a sombra, a luz incomodaria os seus olhos, que necessariamente precisaria de adaptação nesse novo estado de vida.
A criança é curiosa por natureza, segundo um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos afirma que: “a curiosidade prepara o cérebro para a aprendizagem e torna a aprendizagem subsequente mais gratificante”. Por isso os homens presos desde a infância não têm contato com o real, e, coagidos da curiosidade, perderam a forma de construir o saber que é através da curiosidade, descobrir e brincar.
Nesse ínterim, a luz que aqui que tratamos como o “saber”, é incapaz de adentrar na mente dos homens presos e habituados a sombra da caverna. Ao que se parece seria impossível atingir esse estágio de forma concreta e real somente com a sombra, pois para Platão os sentidos enganam, por que eles não seriam o real do “Mundo sensível” pois ainda é preciso ascender ao conhecimento. Por tal afirma Sócrates: “[...] Junto de um órgão que torna possível o conhecimento, à semelhança dos olhos que não podem se volver das trevas para a luz se que todo o corpo se volte nessa direção” (2017, p. 242).
Todos ainda continuam somente com a imaginação, estando ainda reféns as sombras. Sócrates ainda faz com que seu remetente imaginasse se um dos prisioneiros se soltasse e virasse para a luz, “haveria de sofrer ao tentar fazer tudo isso, ficaria aturdido e seria incapaz de discernir aquilo de que antes só via a sombra” (2017, p.238). Só que, o homem sentiria dificuldades ao tentar enxergar com clareza, até porque ele somente viveu nas sombras, jamais esteve de fato com a luz, apenas com as mínimas fagulhas que adentrava na caverna.
É possível identificar, segundo a narrativa de Sócrates, que, ao ir em direção à luz, o homem estaria abandonando a comodidade de sua vida na caverna, além do mais, estaria indo ao encontro do mundo real e caminhando para o saber. Então seria possível para o homem ascender ao conhecimento, nisso a partir de agora ele não mas estará habituado as sombras da caverna.
“[...] Se a ele dissesse que antes via somente as aparências e que agora poderia ver melhor porque seu olhar está mais próximo da realidade e voltado para os objetos bem reais; se lhe fosse mostrado cada um dos objetos que desfilam...” (2017, p.239).
Certamente ao ver os objetos reais e tocá-los, o homem teria dificuldades para distinguir o que realmente é em si, pois, só começando a ter experiência do real iria a partir dali entender o que seria. Entrementes, seu conhecimento atrofiado, dificultaria a ele despertar senso curioso que foi coagido dele quando criança, vindo a se formar agora, teria dificuldades em compreender o que é o real nisso “acho que - diz Sócrates - precisaria de tempo para habituar-se a contemplar essas realidades superiores” (2017, p.239).
Conclusão
Com tudo o que foi analisado, a Alegoria da caverna nos mostra como a busca do conhecimento é construído paulatinamente. Nisso, a ascendência para o saber percorre suas etapas à luz do conhecimento para ir de encontro ao saber, dentro da caverna restam apenas seus resquícios. O homem ao libertar-se das sombras e de sua ignorância entra em processo de construção do seu intelecto.
Por isso, ao sair da caverna o homem começa a iniciar uma escalada para o conhecimento, tendo sido coagido da curiosidade quando criança, ele subentende-se que a sua falta de experiência com o mundo real só será possível através das suas descobertas. Portanto, ao sair da caverna necessita de se habituar-se com a luz, que aqui consiste no saber.
Por fim, é preciso que tenhamos como virtude que o caminho para o saber inicia-se desde criança, pela via da curiosidade e ludicidade – que nesse caso seria o pathos. A criança que é separada do saber entra na sombra da ignorância, então é preciso que ela mesma descubra as coisas a partir da curiosidade, descobrir e brincar; assim ela mesma irá atingir a construção do saber.
Referências Bibliográficas
PLATÃO. A república. Trad. de Ciro Mioranza. São Paulo: Lafonte, 2017.
CHAUI. Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. Vol. I. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
REZENDE. Antonio. Curso de filosofia: para professores e alunos dos cursos de ensino médio e de graduação. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
EINSTEIN. Albert. Sobre Religião Cósmica e Outras Opiniões e Aforismos, publicado em 1931,
LAIANE. Tosta Que pretendia Sócrates com o diálogo? - Trabalho acadêmico- ano.
OLIVEIRA, Ana Clara. Leiturinha. Disponível em Acesso em 06 jun.de 2020.
Publicado por: ALVARO DOS SANTOS ALVINO
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