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Definindo conhecimento

Interpretação do conceito de conhecimento

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

INTRODUÇÃO

Qualquer abordagem de temas que envolvam o ser humano, o universo, suas definições e relações, deverá estar fundamentada nos estudos seculares advindos das mentes de pessoas que se esforçaram para entender e postular suas descobertas e seus pensamentos ao longo da história da humanidade. Tanto a filosofia quanto a ciência e a psique humana devem ser levadas em consideração, para que tal abordagem tenha fundamentos concretos e perceptíveis para os seres humanos, de forma que possam ser entendidos sem ambigüidades.

No presente texto, não cabem os estudos do surgimento e da finitude - ou infinitude - do universo, mas tão somente a sua constituição, manifestação e como ele é percebido pelos seres humanos. Também não se discutem aqui as diferenças entre a confiabilidade do que se percebe diante de possíveis ilusões advindas da falta de correspondência daquilo que se percebe e do fenômeno real sendo percebido. Considera-se aqui o estritamente palpável e cientificamente comprovado, excluindo-se portanto as manifestações fenomenais extra sensoriais.

De uma forma mais ampla, dentro das concepções humanas podemos concluir que o universo é o todo onde existimos, e se apresenta verdadeiramente como o conjunto de tudo o que existe no tempo e no espaço, ambos incluídos no próprio conceito de universo. A percepção da existência do universo é o início da manifestação humana na busca do seu entendimento. Por percepção entenda-se a ação mental gerada a partir dos nossos sentidos, visando a formação de representações mentais dos objetos percebidos externamente (abstração). Nesse aspecto, o resultado da percepção humana aplicada ao universo está no conjunto das sensações resultantes dessa experiência sensorial.

A bem da verdade, a experiência da percepção levou a humanidade a buscar, cada vez mais, as comprovações do que é percebido, e a concretizar os resultados da busca de tais comprovações nos descritivos das experiências com base científica, passivas de serem repetidas infinitas vezes, dentro de condições pré-estipuladas, e apresentarem sempre os mesmos resultados. Entretanto, para os empiristas, como Locke e Hume:

não há outra fonte do conhecimento senão a experiência e a sensação. As idéias só nascem de um enfraquecimento da sensação, e não podem ser inatas. Daí o empirismo rejeitar todas as especulações como vãs e impossíveis de circunscrever.” [1]

Por empirismo entenda-se a “doutrina ou teoria do conhecimento segundo a qual todo conhecimento humano deriva, direta ou indiretamente, da experiência sensível externa ou interna.”[1] Para os empiristas, a fonte de todo o conhecimento resulta da aplicação da percepção ao meio que nos cerca. Assim, as abordagens filosóficas e metafísicas relativas ao universo incluem um universo de percepções e descrições por si só, que também fogem do escopo desse texto.

DESENVOLVIMENTO DO TEMA

Como resultado das sensações advindas da percepção do universo ao longo do tempo, é consensual a conclusão de que as manifestações universais têm três pilares fundamentadores comuns: o espaço, a matéria e o tempo. Tais pilares, além de fundamentais na definição do universo percebido pelos seres humanos, permitem a construção e a expressão de todo o conhecimento científico acumulado pela humanidade até então.

O espaço (ambiente, volume) pode ser cruamente explicado como “região total ou demarcada de tudo o que existe no universo”[1]. Na geometria, o espaço é contínuo, homogêneo e tem três graus de liberdade de localização e/ou movimento (dimensões). Em uma concepção abstrata, é qualquer localização no universo, vazia ou ocupável por uma matéria que pode se deslocar livremente por ele. Comparado com massa e tempo, o espaço é imutável, sempre existe e pode ser sempre ocupado.

A matéria (massa, corpo) é o conjunto de quaisquer elementos que ocupem o espaço universal, composta essencialmente de prótons, nêutrons e elétrons. A matéria aglutinada pode se apresentar em estado sólido ou fluido (gás, líquido ou plasma), sendo os sólidos definidos como os que mantêm sua forma independente do espaço que ocupam (também denominados “corpos”), e os fluidos como não tendo forma específica, ocupando sempre a delimitação do espaço que lhes é imposta.

O tempo, de forma genérica, é o “período delimitado por um evento considerado anterior e outro considerado posterior; movimento constante e irreversível através do qual o presente se torna passado, e o futuro, presente.”[1] Existem diversas questões filosóficas envolvendo o tempo que podem nos levar ao questionamento da invariabilidade do “passar do tempo”, sobre o tempo ser absoluto ou relativo, sobre ser navegável ou não. Essencialmente, todas as ocorrências e eventos universais dependem do “passar do tempo”. No âmbito do conhecimento científico atual, o tempo é o único pilar totalmente independente no universo se comparado com espaço e matéria, pois sempre ocorre (não é interrompível), independente do espaço e da matéria. Mesmo sendo de difícil definição objetiva – é mais facilmente perceptível que explicável - , pode ser brevemente definido como o que separa dois ou mais eventos que não ocorrem simultaneamente.

Com esses três pilares, a ciência se estende nas definições de deslocamento, velocidade, aceleração, força (e peso), trabalho, energia e potência, conceitos fundamentais para a construção das relações entre matéria, espaço e tempo.

Os eventos são definidos basicamente como algo que acontece, ou ainda, de forma mais concreta, o resultado de quaisquer relações entre matéria, espaço e tempo dentro do nosso universo, aplicadas aos corpos que se deslocam com velocidades e acelerações diversas, que se chocam e causam propagação de energias diversas – calor, atração gravitacional, luz -, que geram e consomem tais energias, enfim, toda e qualquer ocorrência, qualquer acontecimento no universo. Tais ocorrências podem vir a ser testemunhadas ou não pelos seres humanos.

Os fatos podem ser definidos como eventos testemunhados, registrados. Das definições básicas, temos: “algo que existe, que acontece, que nos é dado pela *experiência.”; “resultado da maneira pela qual nossos sentidos são afetados diretamente. Ex.: uma impressão visual ou sonora, uma sensação de dor etc.”[1] De acordo com o dicionário Cambridge Online, “Algo que reconhecidamente aconteceu ou existe, especialmente para o qual existem provas.” (tradução livre de “something that is known to have happened or to exist, especially something for which proof exists”)[2]. Portanto, os fatos são conseqüências do testemunho - e dos eventuais registros - pela humanidade dos eventos universais, pois os eventos em si ocorrem em toda extensão do universo, independente de testemunho ou registro. A humanidade só pode estar ciente dos evento por ela testemunhados e, conseqüentemente, registrados.

Nas ciências, os dados são identificados como fatos quantificados . De acordo com o dicionário Cambridge Online, “fatos e números coletados, a serem examinados, considerados e utilizados como auxiliares nas tomadas de decisão, ou informação em formato eletrônico que pode ser armazenada e utilizada por um computador” (tradução livre de “facts or numbers, collected to be examined and considered and used to help decision-making, or information in an electronic form that can be stored and used by a computer”)[2]. Os profissionais das ciências da computação também identificam o termo bancos de dados como coleções de elementos quantificáveis armazenados em sistemas digitais. Os fatos em si não têm aplicação imediata nas ciências, a não ser que possam ser quantificados. Ex: a ocorrência (evento) e o registro (fato) de uma precipitação (chuva) só é cientificamente válida e utilizável quando os dados relativos a ela são colhidos e registrados adequadamente: localização, duração, intensidade (em mm), entre outros dados.

A informação surge quando se dá significado aos dados, ou seja, quando são compreendidos, interpretados pelo sujeito. De acordo com o dicionário Merrian-Webster Online, é “a comunicação ou recepção de conhecimento ou inteligência” (tradução livre de “the communication or reception of knowledge or intelligence”)[4]. Também de acordo com o dicionário Michaelis Online (português): “Explicação ou esclarecimento de um conhecimento”[3]. A partir de um mesmo dado, as informações obtidas variam de acordo com a área de interesse, a pessoa que interpreta, o meio de comunicação que veicula. Os dados estão registrados nos textos, imagens e vídeos, enquanto as informações permeiam entre os indivíduos, como resultado da constante significação e re-significação dos dados. Até então, os computadores não tẽm capacidade própria nem atribuída para “entender” antropomorficamente um dado e obter dele uma informação – ou diversas informações. Tal capacidade ainda se restringe aos seres humanos. Nem a inteligência artificial existente tem tal capacidade, pois somente identifica, estratifica e classifica dados, ainda sendo incapaz de qualificá-los.

O conhecimento pode ser brevemente definido como “função ou ato da vida psíquica que tem por efeito tornar um objeto presente aos sentidos ou à inteligência”, ou ainda a “apropriação intelectual de determinado campo empírico ou ideal de dados, tendo em vista dominá-los e utilizá-los”[1] Como resultado da aplicação dessas definições aos elementos e processos acima, conclui-se o conhecimento como o conjunto de informações, dados e fatos colecionados pelo sujeito, correlacionados de acordo com critérios de seleção racionais e predefinidos, que permitem ao sujeito identificar sua função no ambiente que se situa e definir as melhores ações diante de situações conhecidas ou originais no seu cotidiano. Em sua forma recursiva, o conhecimento do sujeito poderá ser enriquecido ao colecionar o resultado de suas próprias experiências. Portanto, é preferível que no lugar de “tentativa e erro” os seres humanos busquem mais a “tentativa e acerto” para enriquecimento do próprio conhecimento

CONCLUSÃO

Assim, das relações entre matéria, tempo e espaço surgem os eventos que, testemunhados e registrados, geram fatos que, quantificados, geram dados. Da significação dos dados temos as informações que, adequadamente colecionadas, geram o conhecimento que se manifesta individualmente ou em grupos de seres humanos. Administrar e concretizar tais elementos com sabedoria, permitirá a criação de novas estruturas de conhecimento, fundamentais para o amadurecimento de cada cidadão que pretenda contribuir para o crescimento consciente e produtivo da humanidade.

REFERÊNCIAS

[1] JAPIASSU, H; MARCONDES, D; Dicionário Básico de Filosofia. 3ª edição. 2001. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, RJ. ISBN 85-7110-095-0

[2] Dicionário Cambridge on-line. Disponível em: https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/ Acesso em: 4 de out. 2021

[3] Dicionário Michaelis on-line. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/ Acesso em: 4 de out. 2021

[4] Dicionário Merrian-Webster on-line. Disponível em: https://www.merriam-webster.com Acesso em: 4 de out. 2021


Publicado por: Luiz Cláudio Vieira

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