A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL
Análise da palavra leitura e estudo da sua importância para a produção textual.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Para compor esse texto, inicio a minha leitura sobre esta mesma palavra: leitura. Numa perspectiva progressista e dialógica o que necessariamente significa ler? E como a leitura se relaciona com a prática de produzir textos? Minha intenção ao tratar desse assunto é ir além, isto é, dialogar acerca de um tema que nos custa tão caro principalmente quando inseridos em uma comunidade que em demasia se comunica através de textos.
Em se tratando de sociedade letrada é impossível não aproximar a leitura e a escrita como convenções distintas, no entanto, que subsidiam uma a outra em suas construções, mas, para isso, será necessário compreendermos o ler e escrever para além do decodificar e codificar de forma mecânica. Não irei tratar aqui da leitura gélida e da escrita atônica, mas de dimensões mais profundas sob um prisma plural e em detrimento de concepções mais tradicionais que condenam o ato de ler ao superficial.
De acordo com Martins (1994, p.7), “o ato de ler é usualmente relacionado com a escrita, e o leitor visto como decodificador da letra”. A partir de uma concepção mecânica do ato de ler, torna-se confuso considerar Freire (apud MARTINS, 1982, p. 10), “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”
Ambos os autores tratam do mesmo assunto: a leitura, conquanto, a partir de óticas consideravelmente distintas. O educador Paulo Freire nos traz como leitura a ideia de mundo. Ler o mundo significa, pois compreender como se dão os processos; como se dão as relações existentes nele. É compreender intenções e subjeções por detrás das palavras. Deste modo, ler o mundo é um ato estritamente pessoal na medida que somos seres plurais, reagimos e compreendemos situações iguais de maneira diferente.
Não é minha intenção julgar o ato de codificação e decodificação como processos pouco importantes ou inúteis, mas determinar o valor que a leitura de mundo exerce sobre a leitura da palavra. Retorne a frase na primeira linha deste texto e analise: “Para compor esse texto, inicio a minha leitura sobre esta mesma palavra: leitura.”. Desde ali, quero mostrar-lhe que a palavra leitura, a partir do meu conhecimento bibliográfico e de mundo, possui um sentido muito maior do que aquele atribuído modestamente a palavra. Enfim, Kleiman (1997) nos revela que ler
vai muito além de decodificar letras de uma palavra ou frase, envolve diversos aspectos, tais como a interação, conhecimento prévio do leitor, textual, linguístico, e também o conhecimento de mundo. Assim a leitura não se torna apenas um ato mecânico, sem vida. É um momento individual do leitor, e também de interação com o mundo ao redor, mostra a leitura como um processo em que o leitor utiliza os diferentes níveis de conhecimento para que ocorra essa interação.
A escrita nada mais é do que a leitura grafada do autor, isto é, nós escrevemos o que lemos, deste modo, é inteligível notarmos a aproximação entre o ler o escrever. Reproduzimos aquilo que somos e o que experienciamos. Não há como, por exemplo, alguém escrever sobre a importância da leitura para a produção textual sem ao menos ter estudado sobre, ou seja, sem que haja um conhecimento prévio do que é falado, ou escrito. Não podemos falar da experiência de contracenar em um Teatro de renome sem, antes, ter vivenciado essa experiência. A leitura, sempre no sentido mais amplo da palavra, é essencial para que possamos desfrutar verdadeiramente a cidadania. É importante que sejamos alfabetizados ao ponto de escolhermos trilhar o caminho que pretendemos seguir sem imposições estereotipadas. Precisamos ser protagonistas de nossa própria história.
Estar em contato com os mais variados gêneros textuais como por exemplo contos, crônicas, notícias, diários, receitas, relatos, artigos, dentre muitos outros, permite-nos a possibilidade de ampliarmos a nossa leitura de mundo além de nosso conhecimento linguístico e textual. Enquanto lemos, compreendemos, na prática, como funcionam e qual a importância da pontuação e acentuação de palavras, isto são, sintaxe e ortografia respectivamente.
Escrever também demanda uma certa habilidade criativa da qual a leitura a traz. Seja um texto literário como os poemas que, com frequência, utilizam jogos de palavras com rima e musicalidade aproveitando os sentidos figurados e conotando a realidade, ou até mesmo em um texto do qual a norma culta padrão da Língua Portuguesa é exigida com mais rigor, como as notícias, por exemplo. Quem nunca se interessou em ler uma matéria do jornal impresso simplesmente pela manchete atraente? Isso trata de criatividade.
Diferentemente do que muitos pensam, escrever não se trata de um dom divino, mas envolve técnicas das quais devem ser aprendidas. É verdade que um leitor voraz, mesmo sem perceber, pode incorporar essas técnicas e reproduzi-las em seus textos de maneira espontânea. Não se trata, porém, de uma dádiva, mas de um conhecimento internalizado. Tal fator colabora para que esse leitor tenha mais facilidade ao escrever quando comparado a alguém que apenas se debruça em aprender técnicas de escrita.
Ler é uma atividade que exerce influências significativas na escrita de quem pratica, no entanto, como nos lembra Kriegl (2002, p.8): “ninguém se torna leitor por um ato de obediência, ninguém nasce gostando de leitura.”. Deste modo, é fundamental que a criança esteja inserida num contexto que a estimule a ler sem que seja um castigo, mas uma prática prazerosa. Diferente do que muitos pensam, a formação de uma criança leitora se dá antes mesmo da alfabetização. Ela começa bem na meninice.
Infelizmente a contemporaneidade, ou a Era Digital, revolucionou a relação entre os sujeitos que integram a sociedade fazendo, desta forma, com que velhos costumes dessem lugar a novos e, ainda, percebo que não aprendemos a lidar com tanta informação advinda deste tempo. A tecnologia, em demasia, é utilizada como ferramenta muito mais de distração do que de conhecimento. Se antes não era comum vermos crianças carregando consigo livros, hoje muito menos.
Referências
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 25. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
KLEIMAN, Angela. Texto & leitor: aspectos cognitivos da leitura. 5.ed. São Paulo: Pontes, 1997.
KRIEGL, Maria de L. de S. Leitura: um desafio sempre atual. Revista PEC, Curitiba, v.2, n.1, p.1-12, jul. 2002.
MARTINS, Maria H. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
Publicado por: Charles Silva de Oliveira
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