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Estudo da Conformidade da Proporção de Etanol Anidro na Gasolina Comercializada em Postos de Combustíveis de Mauriti – CE

Este artigo investiga a conformidade da gasolina tipo C quanto ao teor de etanol anidro combustível (EAC), em cinco postos de combustíveis do município de Mauriti – CE.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Estudo da Conformidade da Proporção de Etanol Anidro na Gasolina Comercializada em Postos de Combustíveis de Mauriti – CE

Resumo

Este artigo investiga a conformidade da gasolina tipo C quanto ao teor de etanol anidro combustível (EAC), em cinco postos de combustíveis do município de Mauriti – CE. A análise se baseia em ensaios realizados com o método da proveta, conforme a norma ABNT NBR 13992:2015. O estudo foi motivado por preocupações com possíveis adulterações, tendo em vista o aumento da frota nacional e os impactos ambientais e econômicos das variações na composição dos combustíveis. Os resultados indicaram que todas as amostras estavam dentro dos parâmetros legais, com valores entre 26% e 27% de EAC. O artigo também discute as implicações da nova Lei do Combustível do Futuro, que prevê o aumento da proporção de etanol na gasolina, e propõe o uso de ferramentas da qualidade, como o Diagrama de Pareto, para análise de dados e controle de conformidade.

Palavras-chave: Etanol anidro; Gasolina tipo C; Conformidade; ANP; Teste da proveta; Qualidade de combustíveis.

Abstracty

This article investigates the compliance of type C gasoline with respect to the anhydrous ethanol content (EAC) at five gas stations in the city of Mauriti, Ceará. The analysis is based on tests performed using the test tube method, according to ABNT NBR 13992:2015. The study was motivated by concerns about possible adulteration, given the increase in the national fleet and the environmental and economic impacts of variations in fuel composition. The results indicated that all samples were within the legal parameters, with values ​​between 26% and 27% of EAC. The article also discusses the implications of the new Future Fuel Law, which provides for an increase in the proportion of ethanol in gasoline, and proposes the use of quality tools, such as the Pareto Diagram, for data analysis and compliance control.

Keywords: Anhydrous ethanol; Type C gasoline; Compliance; ANP; Test tube test; Fuel quality.

Introdução

A matriz energética brasileira passa por um processo contínuo de transformação, impulsionada pela busca por fontes renováveis e pela necessidade de reduzir a emissão de poluentes. O etanol, derivado principalmente da cana-de-açúcar, é uma dessas fontes e tem sido misturado à gasolina como forma de atender a políticas ambientais e econômicas.

A gasolina tipo C, comercializada nos postos de abastecimento, é uma mistura da gasolina tipo A com o etanol anidro combustível (EAC), com percentuais determinados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A Resolução nº 807/2020 estabelece que o teor de EAC deve ser de 27%, com margem de variação de 1% para mais ou para menos, ou seja, entre 26% e 28%.

O aumento constante da frota nacional de veículos – que chegou a mais de 123 milhões em 2024 – torna o monitoramento da qualidade dos combustíveis essencial. A prática de adulteração, comum em regiões com fiscalização limitada, impacta negativamente o desempenho dos veículos, o meio ambiente e a economia.

Este estudo tem como objetivo avaliar a conformidade do teor de etanol em amostras de gasolina tipo C vendidas no município de Mauriti – CE, utilizando o método da proveta, de acordo com os critérios estabelecidos pela ABNT.

Fundamentação Teórica

A gasolina tipo C deve conter etanol anidro em proporções controladas. O EAC atua como agente oxigenante, melhorando a combustão e reduzindo a emissão de poluentes. Além disso, o etanol é considerado uma fonte renovável de energia, sendo produzido nacionalmente em larga escala.

A adulteração do teor de etanol compromete o desempenho dos motores e a integridade ambiental. Quando em excesso, pode provocar corrosão no sistema de alimentação de veículos e aumento no consumo de combustível. Já valores abaixo do mínimo legal indicam fraude e prejuízo ao consumidor.

A ABNT NBR 13992:2015 determina o uso do teste da proveta para medição do teor de EAC. O método consiste em misturar gasolina com solução saturada de cloreto de sódio, agitar e aguardar a separação das fases. O etanol migra para a fase aquosa, possibilitando a leitura do seu volume.

A nova Lei nº 14.993/2024, conhecida como “Lei do Combustível do Futuro”, autoriza a elevação progressiva do teor de etanol na gasolina para até 30%, e eventualmente até 35%, mediante estudos técnicos. Isso reforça a importância da fiscalização, controle e atualização das metodologias analíticas.

Metodologia

Tipo de Pesquisa

A metodologia adotada é experimental, descritiva e quantitativa. O estudo foi realizado no Laboratório de Química do Centro Universitário Paraíso do Ceará (UNIFAP), durante o mês de março de 2025.

Coleta de Amostras

Foram escolhidos cinco postos de combustíveis em diferentes pontos da cidade de Mauriti – CE. Cada posto forneceu 700 ml de gasolina tipo C, armazenada em frascos de vidro âmbar, rotulados, protegidos da luz e do calor excessivo.

Materiais e Reagentes

  • 10 g de cloreto de sódio (NaCl) P.A.;
  • 50 ml de água destilada;
  • Balança analítica;
  • Provetas de vidro de 100 ml com tampa;
  • Béqueres e pipetas.

Procedimento

  1. Preparar uma solução saturada de cloreto de sódio (10 g em 50 ml de água destilada);
  2. Transferir 50 ml dessa solução para uma proveta;
  3. Adicionar 50 ml de gasolina tipo C;
  4. Fechar a proveta e agitar suavemente por 10 vezes;
  5. Após cada 3 agitações, abrir a tampa para liberar pressão;
  6. Deixar a mistura em repouso por 10 a 15 minutos;
  7. Medir o volume da fase aquosa (água + etanol).

Cálculo

%EAC = [(A−50)×2]+1

(1)

Onde “A” é o volume final da fase aquosa em mililitros. Cada amostra foi analisada em triplicata, totalizando 15 ensaios.

Resultados e Discussão

Os resultados demonstraram conformidade com a legislação. A tabela a seguir resume as médias obtidas:

Amostra

Volume Final da Fase Aquosa (ml)

% Etanol Anidro (EAC)

Desvio Padrão

1

62

26%

0,58

2

62

26%

0,58

3

62

26%

0,58

4

63

27%

1,00

5

63

27%

0,00

Todas as amostras situaram-se entre os limites aceitáveis (26–28%), reforçando a conformidade dos estabelecimentos testados. O baixo desvio padrão indica consistência nos ensaios e precisão na leitura dos resultados.

A metodologia demonstrou ser eficaz, barata e adequada tanto para ambientes laboratoriais quanto para aplicações em campo. Quando aliada a ferramentas como o Diagrama de Pareto, torna-se possível analisar criticamente os fatores que mais contribuem para possíveis falhas ou não conformidades.

Considerações Finais

A gasolina tipo C comercializada em Mauriti – CE demonstrou estar de acordo com os parâmetros legais no que se refere ao teor de etanol anidro. A aplicação do teste da proveta, baseado na ABNT NBR 13992:2015, se mostrou eficiente, com baixa variação nos resultados e simplicidade operacional.

Diante do cenário de transição energética e da entrada em vigor da Lei do Combustível do Futuro, espera-se que os órgãos fiscalizadores intensifiquem os testes de controle de qualidade. A metodologia utilizada neste estudo pode contribuir de maneira relevante para este processo.

Além disso, recomenda-se o uso de ferramentas da qualidade como o Diagrama de Pareto para identificar falhas sistemáticas e direcionar ações corretivas em postos de combustíveis e laboratórios analíticos.

Referências

ABNT. NBR 13992:2015 – Gasolina automotiva – Determinação do teor de etanol anidro combustível.

BRASIL. Lei nº 14.993, de 02 de janeiro de 2024. Institui o Programa Nacional do Combustível do Futuro.

ANP. Resolução nº 807/2020 – Especificações da gasolina automotiva.

MOURA, L. R. et al. Determinação do teor de etanol em gasolina por método volumétrico. BJAER, 2021.

JURAN, J. M. Quality Control Handbook. McGraw-Hill, 1998.

SANTOS, A. P. et al. Avaliação da qualidade de combustíveis em cidades do interior. Revista Brasileira de Engenharia, 2022.

SENATRAN. Frota Nacional de Veículos. Ministério dos Transportes, 2024.

Publicado por

José Lussânio do Nascimento Silva

Francisco Ruan de Morais Dias


Publicado por: Jose Lussânio Do Nascimento Silva

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.