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CERTIFICAÇÃO LEED

Estudo sobre a importância da certificação Leed

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Introdução

Como bem sabemos a indústria da construção civil produz sérios impactos ambientais, seja pelo alto consumo de recursos naturais e de energia, seja pela grande quantidade de resíduos gerada. De tal maneira Silva & Pardini (2009) discorrem que mesmo com a atenção pública voltada para problemas socioambientais, e com a preocupação com a qualidade de vida em foco pela mídia e governantes, no setor da indústria da construção civil esse movimento ainda é incipiente.

Contudo, segundo Myers (2004) a tendência da construção sustentável está emergindo lentamente e conquistando construtores e clientes. Em relação a essa questão socioambiental destaca-se o sistema norte-americano Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), que vem sendo adaptado às edificações brasileiras.

Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)

O Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) é um sistema de classificação e certificação ambiental projetado para a indústria de construção americana, criado em 1996 pelo United States Green Building Council (USGBC). Esta instituição, sem fins lucrativos, é financiada pelo National Institute of Standards and Technology (NIST) a partir da iniciativa de alguns agentes individuais, incluindo representantes do mercado de construção civil, órgãos governamentais e associações de classe (HERNANDES & DUARTE, 2007).

Esse sistema consiste em um método de classificação baseado na harmonização, ponderação de créditos (em função do impacto ambiental e da saúde humana) e regionalização. A eficiência energética e redução da emissão de CO2 são itens considerados de maior importância neste sistema de avaliação. O selo certifica edifícios a partir de uma lista de pré-requisitos e créditos, e possui quatro níveis: Certificado, Prata, Ouro e Platina (USGBC, 2012).

No Brasil, o LEED tem sido utilizado para conferir o selo de green building, já implementado por algumas empresas construtoras, especialmente em obras comerciais nos grandes centros urbanos.

De acordo com Barros (2012), para a potencialização da certificação em edifícios e promoção das construções sustentáveis são necessárias algumas ações por parte das autoridades governamentais, como segue:

  • Valorizar as edificações e projetos sustentáveis nos critérios de apreciação das propostas apresentadas em obras públicas;
  • Criar legislações locais que por meio de incentivos (créditos fiscais e consultores patrocinados pelo governo) e exigências de requisitos mínimos de sustentabilidade para edificações, insumos e componentes, movimente toda a cadeia produtiva da construção e torne mais familiar o processo de certificação;
  • Criar prêmios que possam promover e divulgar a adoção das certificações e Green buildings, melhorando a conscientização pública sobre a temática;
  • Criar Institutos verdes ou redes de cooperação, para dar suporte à disseminação das edificações sustentáveis e à criação de sinergias organizacionais que objetivam a criação de redes locais de empresas da construção civil e a criação de programas de capacitação em escolas técnicas e universidades e programas de geração e difusão de novos conhecimentos.

Benefícios da certificação

Segundo a Green Building Council Brasil (GBCBrasil) (2018) os benefícios da certificação ficam evidentes nos âmbitos econômico, social e ambiental. Tais benefícios são:

  • Econômicos

Diminuição dos custos operacionais;

Diminuição dos riscos regulatórios;

Valorização do imóvel para revenda ou arrendamento;

Aumento na velocidade de ocupação;

Aumento da retenção;

Modernização e menor obsolescência da edificação.

  • Sociais

Melhora na segurança e priorização da saúde dos trabalhadores e ocupantes;

Inclusão social e aumento do senso de comunidade;

Capacitação profissional;

Conscientização de trabalhadores e usuários;

Aumento da produtividade do funcionário; melhora na recuperação de pacientes (em Hospitais); melhora no desempenho de alunos (em Escolas); aumento no ímpeto de compra de consumidores (em Comércios);

Incentivo a fornecedores com maiores responsabilidades socioambientais;

Aumento da satisfação e bem estar dos usuários;

Estímulo a políticas públicas de fomento a Construção Sustentável.

  • Ambientais

Uso racional e redução da extração dos recursos naturais;

Redução do consumo de água e energia;

Implantação consciente e ordenada;

Mitigação dos efeitos das mudanças climáticas;

Uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental;

Redução, tratamento e reuso dos resíduos da construção e operação.                                                          

Obtenção da certificação

A Green Building Council Brasil é quem fornece essa certificação adaptada de acordo com as condições e realidades brasileiras, que após o registro a certificação só será válida com a confirmação de pré-requisitos estabelecidos no registro.

Conforme a United States Green Building Council (2012) esses quesitos são divididos nos seguintes grupos, para obter uma pontuação:

  • Sustainable Sites: Sustentabilidade da localização;
  • Water Efficiency: Eficiência no uso da água;
  • Energy & Atmosphere: Eficiência energética e cuidados com as emissões na atmosfera;
  • Materials & Resources: Otimização dos materiais e recursos naturais a serem utilizados na construção e operação da edificação;
  • Indoor Environmental Quality: Qualidade ambiental no interior da edificação.
  • Innovation In Design: Uso de novas e inovadoras tecnologias que melhorem o desempenho do edifício;
  • Regional Priority: Edificações que dão prioridade às preocupações ambientais regionais.

No Brasil existem oito selos diferentes, que classificam os tipos de empreendimentos, que segundo a Green Building Council Brasil (2018) são:

LEED NC, para novas construções ou grandes projetos de renovação. Nesta categoria, a certificação é realizada considerando o terreno e a edificação como um todo. Geralmente são prédios de utilização de uma única empresa ou entidade como: corporações, universidades, escolas, hospitais, etc. Sendo que escolas e unidades de saúde tem outra classificação específica.

LEED ND, para projetos de desenvolvimento de bairro. Nesta categoria, a certificação é realizada para a parte urbanística de um condomínio, de um bairro ou de uma quadra residencial ou comercial;

LEED CS, para projetos na envoltória e parte central do edifício. Para prédios de múltiplos usuários, realizada para o terreno e para as áreas comuns da edificação, onde o empreendedor não tem responsabilidade sobre o projeto das áreas internas de cada unidade. Geralmente são prédios de uso coletivo para venda ou locação.

LEED Retail NC e CI, para lojas de varejo;

LEED Healthcare, para unidades de saúde;

LEED EB_OM, para projetos de manutenção de edifícios já existentes. Nesta categoria, a certificação é realizada com base no desempenho de operação e na melhoria desta em edificações existentes,

LEED Schools, para escolas;

LEED CI, para projetos de interior ou edifícios comerciais. Para interiores de edificações comerciais, realizada somente para os inquilinos de áreas de escritórios em melhorias de instalações existentes ou novas edificações.

Considerações finais

A certificação ambiental de prédios pode ser inferida como uma iniciativa em prol da sustentabilidade ambiental na construção, cada vez mais presente no cenário mundial. No Brasil essa prática ainda é incipiente, porém vem ganhando força.

Um projeto sustentável não se limita apenas ao aproveitamento dos recursos naturais, como uso da energia solar, ventilação natural, diminuindo os impactos ecológicos etc., isso é apenas um dos quesitos para a certificação.  Para ter essa certificação, o empreendimento também precisa ser economicamente viável, ou seja, oferecer retorno aos empreendedores, ser socialmente justo e contribuir para o crescimento de todas as pessoas envolvidas.

Por fim, a efetiva utilização de sistemas de certificação ambiental de prédios requer novas formas de atuação dos diferentes agentes envolvidos no desenvolvimento dos empreendimentos.

Referências

BARROS, A. D. M. A adoção de sistemas de avaliação ambiental de edifícios (LEED e Processo AQUA) no Brasil: Motivações, benefícios e dificuldades. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

GREEN BUILDING COUNCIL BRASIL (GBCBRASIL), Certificação LEED, 2018. Disponível em: < http://www.gbcbrasil.org.br > Acesso em 17 nov. 2018.

HERNANDES, T. Z.; DUARTE, D. H. LEED-NC como Sistema de Avaliação da Sustentabilidade: questionamentos para uma aplicação local. In: ENCONTRO NACIONAL, 4., ENCONTRO LATINO-AMERICANO SOBRE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS, 2., 2007, Campo Grande. Anais... Porto Alegre: ANTAC, 2007.

MYERS, D. Construction Economics a New Approach. 2004. Londres: Spon Press, 2004. 283 p.

SILVA, V.G; PARDINI, A. F. Aplicação da certificação LEEDTM no Brasil: contribuição ao entendimento com base em dois estudos de casos. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 1, n. 6, p. 115-130, jul. 2011. ISSN 1980-6809. Doi: https://doi.org/10.20396/parc.v1i6.8634490.

UNITED STATES GREEN BUILDING COUNCIL (USGBC), 2012. Disponível em: <http://www.usgbc.org> Acesso em 17 nov. 2018.

Escrito por GABRIEL BEZERRA DE OLIVEIRA e HELÁDIO DE LIMA MARQUES


Publicado por: Heladio Marques

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