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VOLTA ÀS AULAS PRESENCIAIS: URGÊNCIA OU PRECIPITAÇÃO

Análise sobre parte dos argumentos utilizados pelos dois pontos de vista sobre a volta das aulas presenciais.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

O objetivo deste artigo é ponderar parte dos argumentos utilizados pelos dois pontos de vista sobre a volta das aulas presenciais. Embora a vacinação esteja avançando e os índices demonstram um ambiente de tranquilidade, não se pode baixar a guarda. O vírus ainda está aí  é subestimar a possibilidade de mutação e uma nova onda, seria ingenuidade. No entanto, sabemos quais são as medidas, além da vacina, que surtem efeito contra ele. Frente a necessidade da volta às aulas, podemos com cautela, fazer um retorno gradativo e seguro. 

Palavras-chave: Cautela; vírus; pandemia; aulas; medidas.

Todos foram surpreendidos. De repente o mundo virou de cabeça para baixo e as pessoas não tiveram escolha. Todos tiveram que readaptar seu modo de vida a este novo momento e por mais pesada que fosse esta mudança, era bem melhor que sofrer com as consequências do vírus. A máscara, o álcool em gel, o distanciamento foram uns dos nossos principais aliados contra este inimigo que não faz barulho, não é visível a olho nú, mas entretanto é desastroso para todo ser humano. Sem distinção de classe, cor e credo religioso, esse inimigo afetou a vida de várias pessoas, deixando um rastro de dor e amargura em muitas famílias.

Os impactos foram diversos. Na economia, devido a redução de funcionários nas empresas, fechamento de alguns setores, fechamento definitivo de empresas e um aumento extremamente alto dos índices de desigualdade social. Segundo a revista Veja (2021), além do aumento das desigualdades sociais no Brasil durante a pandemia de Covid-19, os indicadores de felicidade do brasileiro registraram o menor ponto da série histórica. Na educação não foi diferente. As aulas presenciais tiveram de ser imediatamente suspensas, os alunos tiveram de se adaptar a outras formas de construção do conhecimento que por serem adotadas em regime de urgência, deixaram muito a desejar.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os entes federados teriam a autonomia para definir as medidas que tomariam para combater a pandemia. Resultado disso foi uma enxurrada de ações de formas diferentes. Seja na educação ou  em outras áreas, tudo aconteceu de forma descoordenada e isso sem dúvida afetou muito os resultados de medidas no enfrentamento do vírus. Tivemos cidades que optaram por aulas à distância, outras por materiais impressos, outras pelas duas formas, algumas por transmissões em rede de televisão e até mesmo por rádio. A falta de medidas comandadas pelo governo federal na área da educação, gerou uma pluralidade de resultados e deixou muitos alunos com defasagem de conhecimento ainda maior.

Não podemos negar que a educação já enfrentava problemas antes. Havia uma infinidade de desafios para todos os envolvidos e a necessidade de mudanças era clara e urgente. Não de forma extremamente imediata, como foi a necessidade de interrupção das aulas presenciais. Mas a qualidade do ensino, a evasão escolar, sempre estiveram presentes, desafiando os responsáveis pela gestão das instituições e pastas governamentais ligadas à educação. Com a pandemia, estes problemas apenas se agravaram, potencializados por problemas sociais já existentes. Caso do acesso à internet, que sempre foi um problema. Em especial para as famílias de baixa renda, mas que agora com as aulas a distância foi evidenciado.

Figura 1 - Acesso à internet na pandemia

Fonte: Site exame.com

Com a adoção do ensino nas modalidades à distância, surgiram vários dilemas. A desigualdade financeira entre os estudantes aflorou e demonstrou que não seria tão simples assim, implementar esta outra forma de ensinar. A falta de um ambiente adequado para estudar em seus domicílios, a falta de equipamentos para recepcionar as vídeo aulas,  uma rede de internet capaz de garantir uma transmissão razoável, foram novas barreiras enfrentadas nesta nova forma.

A pandemia funcionou como um raio-x, revelando não novos problemas, mas aflorando deficiências de um país com uma sociedade tão desigual e plural. A falta de acesso à rede, dificuldade das famílias em prover materiais necessários para estas aulas, como equipamentos eletrônicos, dificuldade de até mesmo garantir o básico para a sobrevivência. São fatores que confirmam esse raio-x e demonstra que ainda sim, estamos em uma sociedade muito desigual. A implementação do ensino remoto fez surgir várias perguntas acerca das barreiras que deixariam os estudantes de classes mais vulneráveis em desvantagem quando comparados aos de classes mais elevadas DA SILVA, DA SILVA NETO E DOS SANTOS (2020).

Com o avanço da vacinação a pandemia dá sinal de controle e o número de mortes e casos tem recuado de forma expressiva, comprovando a eficácia da vacinação e reforçando a necessidade de todos aderirem à campanha de vacinação. Com isso, as medidas tomadas para combater a disseminação do vírus estão sendo gradativamente relaxadas, possibilitando uma volta às condições normais à medida que o tempo passa e a pandemia recua. Além disso, a medicina continua trabalhando incansavelmente para desenvolver medicamentos que possam ser eficazes, melhoria na eficácia das vacinas e novos tratamentos para esta doença, contribuindo para redução de pacientes que evoluem para óbito.

Todos setores começam com isso a planejar volta de atividades, retomada em maior percentual daquelas que foram reduzidas, incluindo o setor da educação. A retomada de aulas presenciais começa a ganhar força e aí há várias questões a se ponderar. A necessidade  de retorno  das aulas presenciais, considerando a defasagem dos alunos existe e precisa ser levada em consideração ao debater esta volta. O problema é que alguns países como Estados Unidos e Rússia tiveram que retornar às medidas de controle e portanto, devemos ter cautela e analisar a real necessidade de abrir mão das medidas de controle da disseminação do vírus. Principalmente pelo fato de que alguns indivíduos se recusarem  a tomar vacina, colocando a si mesmo e o restante da população em situação de iminente risco, como tem acontecido na Rússia

Figura 2 - capital russa, Moscou, voltará a adotar medidas de lockdown 

Fonte: Site cnn brasil

Uma desorganização nesta volta poderia significar uma nova onda de contágio e complicar o controle da pandemia, forçando um recuo da reabertura e complicando ainda mais todos os setores. A pandemia tem dado fortes sinais de recuo e falar em retorno das aulas presenciais não é nada absurdo. No entanto, a palavra de ordem deve ser cautela. Estamos lidando com um inimigo do qual sabemos algumas coisas mas ainda há muitas perguntas no  ar. Uma confirmação disso é a não vacinação das crianças e a falta de definição, com precisão, do tempo de proteção delas para aqueles que tomaram.

Figura 3 - máscaras mal utilizadas podem elevar em 1000% os casos de covid-19

Fonte: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, 2021

Além disso, o uso de máscaras e distanciamento por parte de crianças e adolescentes  é algo um tanto quanto complexo. O comportamento destes grupos é questionável quanto à adoção e a utilização correta e contínua desses meios de controle. Várias pesquisas mostraram que esse grupo tem menos risco de apresentar sintomas graves da doença, mas o problema é que seria vetores em potencial e poderia oferecer risco para toda população. Uma vez continuada a transmissão do vírus, o risco de mutações que poderiam elevar a letalidade e tornar ineficazes as vacinas, existe. Segundo Kondrashov (2021), contudo, não dá para prever a evolução futura, mas é possível afirmar que é mais provável que um patógeno como o vírus Sars-CoV-2 desenvolva uma mutação que se torne resistente a defesa imunológica desenvolvida pela vacinação, caso seja dada a oportunidade por ações das pessoas.

Vale ressaltar que a proteção vacinal, embora seja o melhor remédio no momento e tenha grande percentual de proteção contra sintomas graves e mortes, não chega a ser cem por cento eficaz e portanto não pode ser tomada com única e exclusiva forma de combate ao vírus. As medidas de higienização, cuidado ao espirrar, evitar aglomerações em ambientes fechados, devem continuar para que não sejam patrocinadas mutações e ocorra uma nova onda de mortes e internações. A volta à normalidade deve ser pensada com os aprendizados que sobreviveram do contexto pandêmico que enfrentamos, para que este vírus possa ter dificuldade de se proliferar da forma que aconteceu.  

A situação da educação é grave e realmente precisa de ser olhada com urgência. Retornar às aulas não chega ser precipitado, mas o retorno deve ser balizado na cautela. As escolas devem manter um controle rigoroso para que sejam cumpridas todas as medidas de combate à pandemia. O distanciamento, da forma que foi feito no auge da pandemia, não seria viável. Mas as outras medidas são imprescindíveis e devem ser mantidas, para que não seja alimentada esta possibilidade de novas mutações e uma nova onda. 

O prejuízo para os alunos tem sido grande e vão desde a defasagem de conhecimento, pela precariedade do ensino adaptado à situação pandêmica, até a dificuldades em garantir refeições básicas. Sem contar que para os mais novos ainda temos o prejuízo do desenvolvimento de relações sociais que são possibilitadas pelo ambiente escolar. Neste momento, a criança e o adolescente complementam o que vem aprendendo no ambiente familiar, sobre viver em sociedade. Segundo Laurino (2021), a convivência e o compartilhamento de experiências entre alunos são essenciais para o desenvolvimento. Incluindo os conflitos gerados por essa convivência. 

Neste sentido surge a necessidade de um movimento coordenado, para que as ações voltadas a um retorno de aulas presenciais, sejam sincronizadas e bem elaboradas. Para muitos estes prejuízos acarretados pela paralisação das aulas serão enormes e vão refletir futuramente nas provas do enem, em provas de caráter seletivo para o mercado de trabalho, deixando um lapso ainda maior entre o preparo das pessoas mais ricas e as de classes mais vulneráveis. Cabe a todos os envolvidos na educação de alguma forma, minorar estes prejuízos. Trabalhando para um retorno seguro e o mais rápido possível, se empenhando em sanar as principais dificuldades dos alunos que ainda estão no modelo a distância, como dificuldade com conexão de internet, aparelhos para recepcionar as aulas e acesso a materiais e canais de comunicação direta com os professores.

REFERÊNCIAS

https://veja.abril.com.br/brasil/desigualdade-social-aumenta-e-felicidade-do-brasileiro-cai-na-pandemia/

https://exame.com/tecnologia/no-pre-covid-brasil-tinha-12-mi-de-familias-sem-acesso-a-internet-em-casa/

DA SILVA, Ellery Henrique Barros; DA SILVA NETO, Jerônimo Gregório; DOS SANTOS, Marilde Chaves. Pedagogia da pandemia: reflexões sobre a educação em tempos de isolamento social. Revista Latino-Americana de Estudos Científicos, p. 29-44, 2020.

https://www.cnte.org.br/index.php/menu/comunicacao/posts/noticias/74156-volta-as-aulas-mascaras-mal-utilizadas-podem-elevar-em-1000-os-casos-de-covid-19

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/efe/2021/07/31/estudo-alerta-para-mutacoes-escapistas-do-novo-coronavirus.htm?cmpid=copiaecola

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/moscou-adotara-medidas-de-lockdown-para-conter-alta-da-covid-19/

https://www.escolaviva.com.br/blog/a-importancia-da-volta-as-aulas-presenciais-para-as-criancas acesso.gov.br/api/login-openid

Por Samuel Junio Pereira Francisco


Publicado por: Samuel Junio

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