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Ser Professor um sonho do passado, um tormento no presente, uma preocupação para o futuro.

Breve discussão acerca da profissão de professor no passado, na atualidade e no futuro: considerações e perspectivas.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Ser professor no Brasil por muito tempo era o sonho de milhares de jovens recém egressos do ensino médio, assim também eram as histórias contadas por muitas crianças que brincavam de ser médicos e professores. Mas o que tem motivado essa insatisfação ou desmotivação das nossas crianças e jovens por seguir a profissão que forma todas as outras profissões? Esse é foco deste artigo, que pretende analisar as principais causas desta desmotivação que, com certeza, afetará toda uma geração futura.

Tem sido corriqueiro, e até parece algo repetitivo, abrirmos nossas redes sociais, e encontraremos notícias de violência à educadores no ambiente escolar. A figura do professor, que outrora era respeitado em sala de aula, tornou-se um mero personagem, por vezes comparado a um objeto ignóbil, onde todos podem manusear, descartar ou utilizar a seu bel-prazer. A violência é a mesma, muda-se apenas de escola, de cidade, de estado, mas nos parece mesmo que o que não mudam são as ações de valorização e respeito ao professor, que vive sobressaltado, inseguro, atemorizado. Hoje o fato noticiado de agressão a professor foi no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Minas Gerais, no Maranhão, mas amanhã pode ser na minha sala de aula, contra a minha vida, afetando minha integridade física e o que fazer?  

É triste vermos uma professora, que dedica parte de sua vida para contribuir na educação de crianças e adolescentes em sua comunidade, ser agredida, enquanto outros alunos filmam e riem da situação; é triste vermos um aluno desferir socos na face de um professor por ele ter repreendido o adolescente pelo uso de um aparelho celular; é preocupante vermos alunos ingressando em escolas com armas de fogo escondidas nas mochilas, essa é a realidade que temos presenciado em nosso país.

Em um dos casos de violência, amplamente noticiados pela imprensa brasileira, está o caso ocorrido em 07 de maio de 2025, em uma escola da rede estadual em Belo Horizonte/M, quando um aluno agrediu uma professora, após ela ter dito a ele para esperar o horário do intervalo para ir ao banheiro. A agressão foi motivo de risos dos demais alunos que filmavam e se divertiam da situação, ao invés de repelir a agressão do colega de classe.

Diante desta triste situação ainda houve quem destilasse seu ódio em redes sociais pela decisão da professora que não permitiu, naquele momento, a ida do aluno ao banheiro. Para quem não atua dentro de uma sala de aula é fácil julgar uma professora por este ato, agora analisemos diversas situações que porventura possam ocorrer nestes casos. Imagine professores que atuam em uma sala de aula com 37 alunos, e durante o período de sua aula (50 minutos), a metade dos alunos desejar ir ao banheiro ou beber água, qual seria a postura do docente, permitir a ida de todos eles, sabendo que muitos alunos se utilizam destes artifícios, apenas para um passeio pelos corredores da escola, ou negar a ida deles ao banheiro e correr os riscos de ser agredido? Digamos que o professor sela flexível e permita a ida ao banheiro de vários alunos durante sua aula, esse profissional fatalmente será chamado a atenção pela coordenação/direção da escola, ou seja para o professor fica aquele ditado: “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, a maioria das vezes o professor fica acuado e a culpa quase sempre recai sobre ele.   

De acordo com dados do ENADE (2021), apenas 19% dos alunos de licenciatura no Brasil tem interesse de trabalhar como professor, (https://observatoriodoconhecimento.org.br/19-dos-formandos-em-licenciaturas-nao-querem-trabalhar-como-professores) outro dado que mostra que essa situação já vinha causando preocupação, foi uma pesquisa da OCDE, de 2018, que apontava que apenas 2,4% dos alunos com 15 anos de idade manifestavam o interesse de ser professor, (https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2018-06/cai-percentual-de-estudantes-que-querem-ser-professores-diz-ocde) tudo isso é reflexo não apenas da violência no ambiente escolar, mas de inúmeras situações que sufocam os profissionais da educação, como falta de valorização, pouco ou nenhum reconhecimento, cobranças excessivas e a “pedagogia da culpa”, que faço questão de expressar-me sobre tal fato no parágrafo seguinte.

Que a educação precisa ter melhores índices, avanços e resultados satisfatórios, disso, tanto os professores quanto o sistema educacional são cônscios dessa realidade, contudo parece-nos que a grande parte dos problemas existentes no ambiente escolar são creditados na conta dos professores, porém os louros dos bons resultados, ficam ao sistema.  É mais fácil cobrar dos professores que não permitam a saída dos alunos durante as aulas, que inovem, que executem projetos em sala de aula, que entreguem todos os relatórios dentro dos prazos, mas não parece tão fácil para o sistema disponibilizar recursos tecnológicos para atuação dos profissionais da educação, construir mais salas de aulas nas escolas de modo a minimizar as superlotações, contratar mais profissionais de apoio aos alunos com deficiência, reconhecer o trabalho docente pelos resultados entregues, realizar formações continuadas, contratar mais professores de modo que o profissional atue em sua área de formação, construir bibliotecas, laboratórios, auditórios e áreas que favoreçam o trabalho inovador do professor.   

Diante de toda essa triste realidade, resta-nos, primeiramente lamentar e por último acreditar na execução de medidas que revertam tal situação, não apenas com vieses punitivos, mas preventivos para que amanhã não sejamos a próxima vítima dessa violência assustadora.

Referências

A pedagogia da Culpa: quando o sistema acusa seus professores, Disponível em: https://iclnoticias.com.br/a-pedagogia-da-culpa-quando-o-sistema-acusa-seus-professores/#:~:text=A%20pedagogia%20da%20culpa%3A%20quando%20o%20sistema%20acusa%20seus%20professores,Atribuir%20aos%20docentes&text=%E2%80%9CA%20cultura%20%C3%A9%20algo%20anterior,sentido%20e%20orienta%C3%A7%C3%A3o%20aos%20conhecimentos.%E2%80%9D Acesso em 08/05/2025

Porque as crianças não brincam mais de ser professor?: Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3623194 . Acesso em 08/05/2025

19% dos formandos em licenciatura não querem trabalhar como professores. Dsiponível em https://observatoriodoconhecimento.org.br/19-dos-formandos-em-licenciaturas-nao-querem-trabalhar-como-professores/. Acesso em 08/05/2025

Vídeo: Professora é agredida por aluno em escola da rede estadual, em BH Disponível em: https://www.otempo.com.br/cidades/2025/5/6/professora-e-agredida-por-aluno-em-escola-da-rede-estadual-em-bh-veja-video. Acesso em 08/05/2025.

Cai percentual de estudantes que querem ser professores, diz OCDE. Disponível em https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2018-06/cai-percentual-de-estudantes-que-querem-ser-professores-diz-ocde. Acesso em 08/05/2025.

MARCUS PERIKS BARBOSA KRAUSE

Mestre em Ciências da Educação(UPAP); Mestrando em Educação Inclsuiva (UEMA); Especialista em Educação Inclusiva(UEMA);  Especialista em Língua Portuguesa com ênfase em gramática(FLATED); Especialista em Gestão e governança em Ministério Público(ESMP), Pedagogo (FEMAF);  Licenciado em Letras(FAESF).


Publicado por: Marcus Periks Barbosa Krause

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