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Questões atuais sobre a prática educacional na comunidade indígena Xocó-SE

O sistema educacional dos moradores da comunidade Xocó em Sergipe, treinamento recebido pelos docentes,...

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Os registros sobre os índios Xocó em Sergipe datam do século XVII. O aldeamento desses índios surgiu a partir da iniciativa de alguns padres capuchinhos que fundaram a missão evangelizadora na borda do São Francisco. Através da tradição oral sabe-se que no século XIX a tribo Xocó era composta por volta de 300 habitantes. Hoje esse número corresponde a algo em torno de 250 habitantes. Entre os membros da tribo destacam-se o cacique e o pajé, que desempenham atividades de organização e administração da comunidade, além do cuidado com as atividades econômicas. O pajé destaca-se ainda no exercício das tradições religiosas e culturais.

Em atividade de campo realizada em 1 de maio de 2008, um grupo de então estudantes de História da Universidade Tiradentes visitou a comunidade a fim de conhecer de perto o modo de vida e organização social dos índios Xocó. Balizados pela metodologia da história oral, foram realizadas entrevistas com alguns moradores da ilha, além dos chefes locais, como o Pajé e o cacique Bá.

Para esclarecer o funcionamento do sistema educacional na comunidade Xocó o cacique Bá forneceu preciosas informações em entrevista concedida. Segundo o chefe da tribo, funciona na Escola Estadual Dom José Brandão de Castro turmas que vão do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. A construção da escola foi uma obra executada pelo governo do Estado de Sergipe no ano de 2002, na gestão de Albano Franco. Em relação à estrutura física a escola dispõe de salas de aula, instalações sanitárias, pátio, cozinha, secretaria e um prédio anexo. A escola dispõe também de aparelhos de TV e DVD, além de livros didáticos, o que contribui positivamente no processo de ensino e aprendizagem.

Sobre o ensino na comunidade, de acordo com o cacique, a escola oferece aos habitantes educação do ensino fundamental ao médio. O funcionamento da escola é exercido nos períodos da manhã tarde e noite. Com relação aos professores alguns são moradores da comunidade e outros são oriundos de diferentes municípios, e deslocam-se diariamente para lecionar na ilha. Ainda de acordo com informações obtidas do cacique Bá, alguns jovens da aldeia já estão cursando o ensino superior no município de Porto da Folha, que dispõe de um pólo de ensino à distância fruto de uma parceria do governo do Estado com a Universidade Tiradentes. Recentemente também foi implantado em Porto da Folha um pólo da UAB-UFS (Universidade Aberta do Brasil).

Sobre a estrutura curricular da escola o cacique Bá confirma que segue a mesma estrutura dos currículos aplicados em todas as escolas estaduais. Em relação ao ensino das tradições indígenas, não há no currículo uma matéria que trate do assunto especificamente, porém sempre que um novo professor chega para lecionar na ilha ele passa por uma espécie de treinamento onde aprende um pouco sobre a cultura Xocó, sua história e suas tradições, para assim estar em consonância com os costumes, crenças e tradições que os alunos apresentam.

Pelo que pôde ser observado, o sistema educacional dos moradores da comunidade Xocó está em sintonia com a matriz educacional estadual, ou seja, não existe uma grade curricular diferente da aplicada nas escolas estaduais. O único diferencial em relação ao ensino é a parte de “treinamento” recebido pelos docentes de outras localidades para lidar com as tradições locais, e mesmo este, é uma tarefa desenvolvida pelos próprios chefes locais. A visita técnica a aldeia Xocó foi uma atividade de grande importância uma vez que proporcionou ao grupo de pesquisadores o conhecimento sobre a realidade e principalmente sobre o sistema educacional do único grupo indígena ainda vivente em Sergipe.

 

Caio César Santos Gomes - Graduado em História pela Universidade Tiradentes (UNIT); Pós-graduando em Ensino de História: novas abordagens pela Faculdade São Luís de França (FSLF)


Publicado por: Caio César Santos Gomes

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