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PROTAGONISMO DISCENTE: UMA PRÁTICA DESAFIADORA E INOVADORA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

O protagonismo discente e o desenvolvimento da autonomia do aluno, mediação do processo de ensino e aprendizagem, os benefícios de uma metodologia ativa e formação de um sujeito crítico e inovador.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

O presente artigo relata como o protagonismo discente pode proporcionar mudanças significantes na educação. O objetivo da pesquisa foi compreender que a educação não se limita apenas ao ambiente escolar e que o docente é o mediador no processo da construção do conhecimento. Trata-se de uma reflexão a respeito uso das metodologias ativas atualmente e de que forma ela pode contribuir para a  formação de um cidadão crítico, reflexivo e participativo na sociedade. Entendendo que, uma precarização do ensino não ajuda no desenvolvimento de um educando autônomo. Pois refletir na prática pedagógica tem se tornado um desafio e um ponto inovador atualmente. Visto que, a educação deve se adaptar aos novos acontecimentos sociais.

Palavras-chave: Educação, Discente, Inovação, Protagonismo.

INTRODUÇÃO

O presente artigo foi resultado de um trabalho de auxiliadora docente realizada no período de 6 meses do ano de 2018 na Escola Adventista da Bahia (CAB), situada no município de Cachoeira- BA. Durante esse período foi feito um levantamento a respeito da prática docente em uma sala do 4 ano do Ensino FundamentaI.

Atualmente, refletir sobre a prática pedagógica é estruturar conteúdos, procurando maneiras que promovam a participação dos alunos em sala de aula, proporcionando assim um processo de aprendizagem significativa, levando a reflexão, pensamento crítico e valorização dos saberes discentes.

O protagonismo discente possibilita o desenvolvimento da autonomia no aluno, pois o mesmo se sentirá motivado a buscar conhecimentos de forma independente, onde o professor apenas fará a mediação do processo de ensino e aprendizagem. Da mesma forma, o protagonismo em sala contribui para aulas dinâmicas, divertidas, estimulando a participação dos alunos e a criatividade nos estudantes, favorecendo a formação de um sujeito crítico e inovador.

Durante o período de trabalho como professora auxiliar, foi realizado algumas observações e sondagem em relação a prática da docente com a turma do 4 ano. A professora regente da sala é formada em duas graduações, pedagogia e psicologia, onde a mesma demonstra interesse em estar continuamente bem informada e atualizada.

A turma contém 28 alunos, na qual uma aluna é portadora de deficiência física e um aluno com déficit de aprendizagem e atenção. Toda a turma gostava da professora, constantemente havendo respeito mútuo entre professor-aluno. Essas características apresentadas pela a professora e pela turma, mostrou ser um diferencial na escola, pois, a equipe pedagógica quanto os pais perceberam que a prática docente não estava associada a uma abordagem tradicionalista.

Portanto, o objetivo desta pesquisa, foi discutir a importância de uma prática docente inovadora marcada pelo protagonismo discente em uma classe na educação básica. Diante disso, o objetivo se configura a respeito de reconhecer os processos pedagógicos de ensino e aprendizagem por conta de uma ação transformadora em sala de aula.

Diante disso, foi realizado estudos e análises sobre os benefícios de uma metodologia ativa, onde o protagonismo discente é a parte principal para uma aprendizagem significativa. A partir disso, de que forma uma prática docente inovadora pode possibilitar ao estudante uma construção de conhecimentos de forma autônoma? Essas respostas estarão contidas no decorrer da pesquisa.

Pensar no sentido de inovação pedagógica tem se tornado uma valorização de processos, trocas de experiências e saberes entre os sujeito professor-aluno. Segundo Correa (1989):

Para se reproduzir e reproduzir a estrutura social onde se insere, a escola não pode limitar-se a assegurar a sua reprodução. Ela tem de produzir inovações, tem de reproduzir na inovação e reproduzir inovações. Inovações que sejam parcelares, segmentares, racionais, e controladas e cuja introdução não questione o contexto institucional em que são concebidas, em suma, inovações que não sejam inovantes, que não desencadeiem um movimento “incontrolado” e “irracional” de produções de inovações. (CORREA, 1989, p. 14).

A inovação pedagógica é necessária para a compreensão da ação didática e a finalidade para a busca de novos meios educacionais. Assim, independentemente do modo como o processo de inovação é executado, faz-se necessário adotar uma mudança educacional, de forma organizada, planejada, para que assim os resultados sejam significativos. O papel do docente nessa concepção pedagógica é de mediação e ligação entre o aluno e a aprendizagem na produção de conhecimento.

Entretanto se, todos os docentes optassem pelo protagonismo discente e uma metodologia baseada na criatividade, autonomia e reflexão crítica, o ato de educar e aprender se tornaria mais prazeroso e eficaz. Faz se necessário que o docente tenha um olhar sensível ao aluno e o veja como um sujeito de valores, atitudes e capaz de construir seus conhecimentos em sua autossuficiência. 

Levando-se em consideração esses aspectos, o que se pode perceber é que a professora possibilitou uma prática inovadora e desafiadora em uma turma do ensino básico. Essa metodologia ativa de aprendizagem é recente, porém é notório que, faz-se necessário uma discursão a respeito desse novo modelo adotado por algumas escolas e docentes no território brasileiro. É importante salientar que, professores que optam que o aluno seja o personagem principal de sua aula, possibilitam uma aprendizagem significativa e uma relação harmoniosa  entres ambos.

METODOLOGIA

Nesse artigo foi utilizado a abordagem natureza qualitativa, é uma pesquisa descritiva, não tem intuito de obter números e sim procurar conhecimentos ou informações mais aproveitadoras, sobre o ambiente em que a pesquisa está sendo desenvolvida. Portanto, é viável dizer que, as bases teóricas – metodológicas desse projeto baseiam-se em pesquisa-ação. Segundo Minayo (1995 p. 22-23):

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa nas ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processor e dos fenômenos que não podem ser reduzido à operacionalização de variável.

A pesquisa-ação é uma investigação. Não uma autoavaliação, pois, seu caráter é de prática reflexiva e ao ser utilizado no ambiente escolar traz grandes benefícios para a comunidade escolar, estes benefícios vão desde formular estratégia de ação, a diagnosticar uma situação prática para tentar melhorar ou resolver o problema. Segundo Engel (2000, p. 182) “A pesquisa-ação surgiu da necessidade de superar a lacuna entre teoria e prática”. Sua utilização ainda é benéfica para desenvolver as estratégias de ensino e consequentemente as experiências de aprendizados ali produzidas.

Como já foi mencionado, uma metodologia de abordagem qualitativa é uma pesquisa que investiga os fatos sem buscar dados quantificados, foi feito o levantamento das informações através da observação e o contato contínuo ou frequente com a turma pesquisada. Com isso buscou-se desenvolver um trabalho individualmente com a finalidade de pesquisar sobre a importância de um protagonismo discente e como essa prática inovadora pode mudar e contribuir para o professor-aluno a fim de promover uma aprendizagem significativa e prazerosa.

Tendo em vista que, a sala de aula é um importante campo para a pesquisa, pois ela permite que os docentes analisem, reflitam a respeito de suas práticas por meio de registros, observações e intervenções, desse modo, a classe serviu como local de estudos sobre o tema abordado neste artigo.

Por isso tudo, essa pesquisa irá apontar os argumentos, informações e dados a respeito do valor que tem o protagonismo discente atualmente e de que forma isso pode contribuir para a formação profissional do docente e do discente. Buscando a valorização das vivências de cada aluno, promovendo o empoderamento do conhecimento a partir da elaboração do próprio conhecimento e o professor como mediador nesse processo de aprendizagem, visando a autonomia, modificação das práticas metodológicas tradicionalistas, procurando manter uma interligação da teoria com a prática.

PROTAGONISMO: UMA TRAJETÓRIA CONTEMPORÂNEA

O surgimento do protagonismo nas escolas, na maioria das vezes tem se tornado uma questão preocupante, pois de maneira geral, alguns docentes ainda têm mantido suas práticas pedagógicas em pressupostos de paradigmas conservadores. Desde do século XX, houve o início de movimentos sociais, políticos e econômicos que provocaram mudanças na educação. A história do curso de pedagogia é marcada por conflitos, lutas, crises avanços e até alguns retrocessos. O objetivo do curso nessa época não era que fosse desfeito, mais sim que sua prática pedagógica tornasse de forma nítida.

A profissão docente exerce-se a partir da adesão coletiva (implícita ou explícita) a um conjunto de normas e de valores. No princípio do século XX, este “fundo comum” é alimentado pela crença generalizada nas potencialidades da escola e na sua expansão ao conjunto da sociedade. Os protagonistas deste desígnio são os professores, que vão ser investidos de um importante poder simbólico. A escola e a instrução encarnam o progresso: os professores são os seus agentes. A época de glória do modelo escolar também é o período de ouro da profissão docente (NÓVOA, 1995, p. 19).

Apesar das mudanças ocorridas nessa época, apenas por volta do século XXI que começou a ter projeção de mudanças paradigmáticas em relação à prática e o papel do professor em sala de aula. É notório que, muitos docentes ainda insistem em efetuar nas aulas uma abordagem tradicional, na qual o professor transmite um conteúdo para os alunos onde os mesmos repetem e reproduzem o modelo e o professor assume uma imagem de autoritário, rigoroso e detentor do saber.

Práticas pedagógicas como essa, caracteriza o aluno como apenas um receptivo passivo, ou seja, o aluno recebe o conteúdo de modo fragmentado e impossibilitado de ser questionável. Importante salientar que, uma metodologia nessa abordagem é marcada por aulas expositivas, carteiras enfileiradas, onde o aprender não é o objetivo principal. A discente escuta o professor, ler o assunto, o aluno  decora o que foi transmitido e por último repete o que foi propagado. Com uma reprodução automática de conteúdos o que assegura que houve uma aprendizagem significativa? Qual o prazer vivenciado pelo aluno ao ir para uma aula com tais métodos?

De acordo com Freire (2005):

“Narração de conteúdos que, por isto mesmo, tendem a petrificar-se ou a fazer-se algo quase morte, sejam valores ou dimensões concretas da realidade. Narração ou dissertação que implica um sujeito – o narrador – e objetos pacientes, ouvintes – os educandos. Há uma quase enfermidade da narração. A tônica da educação é preponderantemente esta – narrar, sempre narrar. Falar da realidade como algo parado, estático, compartimentado e bem-comportado, quando não falar ou dissertar sobre algo completamente alheio à experiência existencial dos educandos vem sendo, realmente, a suprema inquietação desta educação.” (FREIRE, 2005, p. 65)

Observa-se que, nesse tipo de abordagem, quando o professor apenas narra o conteúdo de determinado conhecimento mais simples será para o aluno decorar e repetir o assunto em instrumentos avaliativos, pois, é possível perceber que não houve uma construção de aprendizagem significativa, possibilitando na maioria das vezes um esvaziamento de assuntos e conhecimento no aluno. Assim, um docente que opta por realizar práticas voltadas para o tradicionalismo, não levará para a sala nada de novo para seus alunos. E infelizmente, tal prática se torna viciante, pois o professor continua permanecendo em sua zona de conforto.

Com as mudanças ocorridas na educação e com o surgimento de novos paradigmas de educação, surge assim no final do século XX, o paradigma na qual seu objetivo é a produção de conhecimentos voltados para ações pedagógicas buscando a formação de um sujeito inovador e crítico, na qual o aluno é instigado a refletir e estruturar seus conhecimentos.  O docente que proporciona ao aluno a autonomia, investigação e a criatividade permite que o conhecimento seja explorado e não apenas aceito ou recebido.

Uma metodologia nessa concepção educacional, o professor e o aluno são parceiros, pois ambos buscam os mesmos objetivos: melhor qualidade na aprendizagem, autonomia, prática reflexiva, crítica e a construção de conhecimentos significativos. A teoria e a prática andam juntas gerando uma interdependência, uma construindo a outra.  Um docente que escolhe essa metodologia, deve entender que o aluno é um sujeito único, criativo, inovador, transformador e capaz de alcançar e produzir uma aprendizagem relevante. Méndez afirma que:

(...) a avaliação torna-se importante no momento da informação prática aos professores sobre a qualidade das aprendizagens que os alunos estão realizando. Ao mesmo tempo, oferece uma boa oportunidade para melhorar tanto o processo de aprendizagem (...) quanto às ações futuras de ensino mediante a reflexão, a autocrítica e a autocorreção a partir da prática escolar. (MÉNDES: 2002, p. 74).

Desse modo, a avaliação em uma metodologia inovadora, ela reconhece os limites dos alunos, destina-se ao crescimento gradativo e busca uma construção de conhecimento pautado em reflexão em relação aos resultados alcançados, questionamentos e adequação de instrumentos avaliativos aos alunos de forma democrática.

A prática pedagógica e metodológica do professor, não se prende apenas em aulas expositivas e teóricas, mais visa a construção do conhecimento de forma autônoma, através de pesquisas, diálogos, posicionamento crítico, ligação teoria-prática e valorização de experiência vivenciada por cada discente. Um protagonismo discente, possibilita que o aluno não apenas tenha êxito em seus conhecimentos teóricos e práticos, mais aprende a exercer os valores universais, como o respeito ao colega, relacionamento interpessoal, colaboração em trabalhos grupal, possibilitando um olhar sensível a realidade de cada um. 

Quando se pensa sobre o significado da palavra protagonismo, logo se remete á características como: principal, importante, fundamental e entre outros. Essa prática inovadora possibilita que, além do aluno ser o sujeito principal no processo de aprendizagem, ele deve desenvolver a autonomia.

Dessa forma, a professora do 4º ano possibilitava esse aprendizado aos alunos, estimulando a participação, onde eles mesmos eram responsáveis por seu processo de ensino e aprendizagem. Durante os dias letivos, o planejamento semanal das aulas era focado em objetivos que possibilitassem uma produção de conhecimentos através do lúdico. De acordo com Becker (2003, p.23):

“Procurei pensar as condições que julgo necessário para que a vida retorne à escola, para que a escola torne-se um lugar significativo para o aluno. Lembrando sempre que a criança e o adolescente não deixam de fazer coisas por serem difíceis, mas por não terem sentido. E o professor tornar-se-á um bom educador, apreciado pelos alunos, na medida em que deixar de fazer coisas que para ele mesmo não têm sentido”.

Quando o professor possibilita o estudo em uma perspectiva produtiva, o aluno passa a ser considerado como sujeito ativo e não como um aluno em condição passiva, que apenas ouve, repete e decora. O aluno que é preparado para ser um indivíduo atuante pode desenvolver um cidadão de caráter crítico e participativo tornando-se um ser não manipulável.

Assim, os discentes possuíam combinados na sala, nas quais englobavam valores universais como: o respeito, amor ao próximo, fazer silêncio, ouvir com atenção e até ser simpático e educado com as opiniões dos colegas. Quando era dado a oportunidade para que eles pudessem expor suas opiniões ou ideais, cada um teria que levantar a mão e aguardar sua vez de falar, esperar de forma silenciosa e atento.

A cada unidade, era praticado uma metodologia na qual o nome se dava de “aula invertida”, na qual os alunos produziam cartazes com imagens, figuras, textos, palavras, a partir da pesquisa realizada por eles, e apresentava em sala com seu grupo para a professora e os demais colegas. Era explícito como os alunos ficavam animados para realizar as atividades as recomendações feitas pela a professora. Alguns grupos deixavam de lado os cartazes e preferiam inovar sua metodologia na hora da apresentação, através do uso da criatividade.

Houveram grupos que optavam por apresentar o assunto em forma de jornais, teatro, simularam comerciais, vendas e até na produção de poemas. Tudo isso, os próprios alunos escolhiam, a professora apenas fazia o papel de mediação, até mesmo os materiais utilizados eram confeccionados por eles.

Além da importância da aprendizagem significativa dos alunos, a avaliação realizada era vista como algo benéfico. A turma não ficava apreensiva em época de testes, trabalhos, seja qualquer instrumento de avaliação, as notas dos estudantes eram altas, as questões elaboradas pela  professora levavam os alunos a reflexão e ao pensamento.

A professora da turma, não ignorava na interação e construção de conheceminetos para o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, além disso, era notório uma interação genuína entre docente e discente, onde isso colaborou para um resultado satisfatório no processo de aprendizagem da turma. Segundo Libâneo (1964), “As relações entre professores e alunos, as formas de comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica das manifestações na sala de aula fazem parte das condições organizativas do trabalho docente, [...]” (p. 249).

Inúmeras formas divertidas e criativas eram apresentadas na turma, cada dia era uma surpresa diferentes tanto da docente quanto dos discentes. Uma metodologia ativa era o que predominava naquela classe, na qual visa o estudante como agente principal em sua formação e aprendizado. Quando refere-se a esse tipo de método, muitos acreditam que apenas pode ser utilizado em cursos de graduação e que o ensino básico deveria continuar com uma abordagem tradicional, porém, de acordo com as vivências e observações foi possível notar que a metodologia ativa realizada em alunos da educação básica favorece o desempenho e a produção de conhecimento.

O professor deve estar apto para as inovações e reflexões em relação a sua prática em sala de aula, pois o ambiente escolar deve ser algo atrativo, prazeroso, e ao colocar o aluno como o sujeito principal da escola, deve possibilitar um trabalho docente eficaz e a valorização das experiências vivenciadas por cada estudante. De acordo com Weiz (2004):

O aprendiz é um sujeito protagonista no seu próprio processo de aprendizagem, alguém que vai produzir a transformação que converte em informação em conhecimento próprio. Essa construção pelo aprendiz não se dá  por si  mesma e  no vazio,  mas  a partir  de situações nas quais ele possa agir sobre o objeto de seu conhecimento, pensar sobre ele recebendo ajuda, sendo desafiado a refletir. (WEISZ, 2004, p. 60).

 A construção do conhecimento é um procedimento árduo que envolve um conjunto de ações, técnicas, instrumentos na qual dentre todas essas intervenções o objetivo principal é que os sujeitos desenvolvam a autonomia e que efetive os conhecimentos construídos, tornando-se um cidadão crítico e participativo.

Pode até parecer simples utilizar uma metodologia ativa em uma turma do ensino básico, contudo, foi possível notar que cada dia era um desafio a ser vencido dentre eles: atrair a atenção dos alunos, fazer com o conteúdo tornasse prazeroso e desempenhar uma independência cognitiva nos alunos. Moran (2015) descreve: 

As instituições educacionais atentas às mudanças escolhem fundamentalmente dois caminhos, um mais suave - mudanças progressivas - e outro mais amplo, com mudanças profundas. No caminho mais suave, elas mantêm o modelo curricular predominante – disciplinar – mas priorizam o envolvimento maior do aluno, com metodologias ativas como o ensino por projetos de forma mais interdisciplinar, o ensino híbrido ou blended e a sala de aula invertida. Outras instituições propõem modelos mais inovadores, disruptivos, sem disciplinas, que redesenham o  projeto, os  espaços  físicos, as metodologias,  baseadas em  atividades, desafios,  problemas, jogos  e onde  cada aluno aprende no seu próprio ritmo e necessidade e também aprende com os outros em grupos e projetos, com supervisão de professores orientadores. (MORAN,2015, p. 15).

A professora dinamizava as aulas, desde a posição das carteiras em sala quanto o uso do material didático. As carteiras não eram organizadas em fileiras, mais em círculos, algumas aulas como a de matemática por exemplo, especificamente em um conteúdo de frações, os alunos sentavam no chão com os cadernos, materiais manipuláveis e os próprios alunos falavam que a disciplina era a melhor aula do mundo. 

É de conhecimento geral que, muitos estudantes não gostam de matemática por conta das abordagens tradicionais ou o reforçamento de concepções feitas em relação a esse componente curricular. Outra aula que a docente fazia de forma diferenciada e divertida era às aulas de Língua Portuguesa . Na maioria das vezes, essas aulas aconteciam fora do ambiente da sala, eram realizadas no pátio da escola ou do gramado. Os alunos eram incentivados a fazer produção textual, poemas, redações, músicas, feita de forma coletiva ou individual, facilitando as relações interpessoais dos alunos.

A música era algo bastante presente nas aulas. Como uma criança consegue aprender ou estudar escutando músicas? As crianças amavam, ao fazer as atividades com um fundo musical na sala, promovia a criatividade nos alunos, eles se desenvolviam e mostravam estarem engajados com os exercícios. Além disso, os alunos ficavam mais comportados, as obediências e aos combinados da sala eram praticadas de forma simples e natural.

É de fundamental importância entender que, a professora possuía um planejamento, estudava em casa, procurando os melhores métodos e ações para desempenhar as aulas em sala. Cada ação realizada pela a professora continha um objetivo pedagógico, ela não realizava jogos em aulas somente com o intuito de brincar, ou levava os alunos para fora da sala apenas com a finalidade de sair, a partir de suas práticas, ela estabelecia metas, objetivos a serem alcançados. Farenzena (2005), discute:

[...] uma educação de qualidade, ou melhor uma escola de qualidade é uma construção de sujeitos engajados pedagógica, técnica e politicamente no processo educativo, em que pese, muitas vezes, as condições objetivas de ensino, a desvalorização profissional e a possibilidade limitada de atualização permanente dos profissionais da educação. Isso significa dizer que não só as condições objetivas são determinantes, mas que os trabalhadores em educação, quando participantes ativos, são de fundamental importância para a produção de uma escola de qualidade. (FARENZENA (2005, p.205).

O professor sem dúvidas é responsável pelo zelo da docência como uma prática significativa, pois é ele que estrutura suas aulas, levando em conta as especificidades de cada aluno em seu ato educativo. Quando o professor se torna apenas o mediador nesse processo ele apresenta oportunidades educativas, deixando de lado o papel de transmissão de conhecimentos.

Na turma do 4º ano, a professora entendia que toda a construção de aprendizagem dependia de sua metodologia em sala. No final de cada aula, ela escolhia um aluno para dar o feedback de como foi o dia na classe, o que devia ser melhorado, como eles queriam que as aulas acontecessem, em que local acontecer e um dos itens mais interessantes, qual o horário eles queriam as aulas das disciplinas, se primeiro era ciências ou geografia, por exemplo.

Esses aspectos sem dúvidas influenciaram no desenvolvimento da autonomia dos alunos, o modo como a docente chamava a atenção dos mesmos era na base da reflexão, da indagação e do reconhecimento das atitudes. Os alunos eram protagonistas não apenas do seu aprendizado mais também do seu comportamento e execução de valores, regras estabelecidas por eles mesmos e que deveriam ser cumpridas.

A conduta exercida pela a professora também era um diferencial presente naquela escola. O uso da afetividade e de se colocar no lugar do outro favorecia ainda mais que os alunos ficassem fascinados pelas as aulas, pois eles se sentiam inseridos e importantes na turma, permitindo assim que os estudantes se empenhassem em cumprir as atividades. Nessa perspectiva Sergio Leite e Elvira Tassoni salientam que.:

[...] a presença continua da afetividade nas interações sociais, além da sua influência também contínua nos processos de desenvolvimento cognitivo. Nesse sentido, pode-se se pressupor que a interação que ocorre no contexto escolar também é marcada pela afetividade em todos s seus aspectos. Pode-se supor, também, que a afetividade se constrói como um fator de grande importância na determinação da natureza das relações que se estabelecem entre os sujeitos (alunos) e os diversos objetos do conhecimento (áreas e conteúdos escolares), bem como na disposição dos alunos diante das atividades propostas e desenvolvidas. (LEITE e TASSONI, 2000, p. 9-10)

Muito se debate hoje em dia sobre como desenvolver a autonomia do discente, com isso, os docentes pensam que conseguir tal prática é necessário investir em altas tecnologias ou materiais para alcançar esse objetivo. É notório que, o uso da tecnologia e materiais como ferramentas de aprendizagem pode proporcionar a autonomia do aluno e possibilitar uma aula prazerosa e divertida, porém pode-se fazer isso sem o uso das mesmas. 

A escola na qual a turma foi pesquisada, possui um laboratório de informática e biblioteca, onde a professora levava os alunos uma vez por semana, para ler livros, realizar pesquisas, assistir vídeos e potencializar os conhecimentos. Contudo, foi possível perceber que, os alunos se sentiam mais dispostos a executar as atividades quando eram efetuadas em sala, no pátio ou no gramado. Eles gostavam de produzir o próprio material e estudar em ambientes abertos, especialmente quando era em contato com a natureza.

Mesmo sem o uso constante da tecnologia, a docente desenvolvia aulas que concebiam a autossuficiência nos alunos. Ela visava uma turma que prezasse pela a responsabilidade das atitudes e as consequências ao realizá-las. A cada início de aula era feito uma reflexão, e ao chamar a atenção do aluno ela utilizava a mesma coisa. Os alunos refletiam tanto, que estavam se tornando bastante questionadores e isso é excelente para a formação de um cidadão crítico na sociedade.

Inúmeras vezes, foi presenciado os pais irem falar com a professora sobre como os seus filhos chegavam em casa falando bem das aulas ou como eles tinham avançados nas disciplinas nas quais no ano anterior demostravam dificuldades. Ao receber um reforço positivo desse, a professora tinha cada dia mais certeza que estava fazendo seu trabalho de forma certa e suas inovações nas aulas não paravam.

Além das aulas de matemática, os alunos adoravam a disciplina de ciências. Certo dia eles foram pra uma fazendinha da escola, observar os animais, o que eles comiam, faziam e suas características. A maioria ficou encantado, pois como alguns moravam em apartamentos e só tinha visto animais em telas de computadores ou tablets, quando se depararam com os animais não queriam mais voltar pra sala.

Essa alegria ou encantamento das crianças pelos os assuntos da escola só foi praticável por causa das inovações e o desejo do protagonismo discente em sala. Não foi capaz de identificar nenhuma disciplina ou aula que a professora não estivesse disposta á fazer. Os alunos possuíam autonomia pra escolher lugares de estudos, posicionamentos de carteiras, paradidáticos para leitura e de que forma aprender. Nessa perspectiva, a autonomia do educando possuía um papel fundamental na indisciplina, relação entre os colegas e respeito a diversidade presente em sala.

Contudo, as habilidades e competências dos estudantes eram reforçadas a cada aula. Algumas vezes foi presenciado alunos não querendo desenhar ou produzir algo alegando não possuir habilidades necessárias para a execução de tal tarefa. A professora conversava com o aluno e mediava a atividade, possibilitando assim a criança perder o medo e desenvolver a tarefa de forma prazerosa. Segundo Perrenoud (1999):

Em uma pedagogia das situações-problema, o papel do aluno é implicar-se, participar de um esforço coletivo para elaborar um projeto e construir, na mesma ocasião, novas competências. Ele tem direito a ensaios e erros e é convidado a expor suas dúvidas, a explicar seus raciocínios, a tomar consciência de suas maneiras de aprender, de memorizar e de comunicar-se (PERRENOUD, 1999, p. 65).

Em razão disso, o docente deve ensinar e orientar os educandos em suas experiências e necessidades escolares. Além disso, quando o aluno erra, o professor deve enxergar isso como um meio para a aprendizagem, possibilitando o trabalho individual e grupal e moldando sua metodologia didática quando for necessária.

Por meio de uma pedagogia diferenciada e uma metodologia inovadora, o professor sente-se desafiado a examinar os conhecimentos e mobilizar os recursos necessários para uma aula dinâmica e significativa. Desenvolver um trabalho a partir de um protagonismo discente é colocar o aluno em diversas situações onde ele terá que desenvolver uma autonomia suficiente para identificar os obstáculos, elaborar estratégias e domina-los.

Nesse sentindo, pode perceber a necessidade de refletir e discutir a respeito das práticas de ensino, planejamento, metodologias e a participação ativa dos estudantes nas aulas. De fato, é desafiante ensinar, mas a falta de diálogo entre professores e alunos pode colaborar para um desinteresse no aprendizado.

As aulas na turma do 4ª ano, eram ministradas com discussões e interação, a professora não era a detentora do saber, e não se prendia ao uso exclusivo do livro. Na sala era notório o uso das metodologias ativas na aprendizagem com mudanças, alterando aspectos sociais, econômicos e políticos, onde a educação apresentou uma grande evolução, produzindo resultados positivos para o professor quanto para o aluno. A docente utilizava projetos, situações-problemas, estudos de casos e atividades individuais e grupais para o melhoramento de suas aulas, permitindo os alunos enxergarem a aprendizagem como algo tranquilo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista dos argumentos apresentados, é notório que a autonomia é um principio educativo, na qual a aprendizagem é baseada em metodologias ativas. O propósito dessa pesquisa, é mostrar que é possível potencializar a educação através de um protagonismo discente, mesmo se tratando de uma turma do 4º ano na educação básica.

De fato, ainda é bastante desafiador tanto para os docentes, disecentes e escola o uso de inovações em sala, já que esse metódo retira os professores e alunos da zona de conforto, sendo instigados diariamente a renovar o processo de ensino e aprendizagem.Como foi visto, o protagonismo discente porporciona inúmeros aspectos positivos, já que o seu enfoque é a formação integral do aluno, sendo trabalhado seus pontos políticos, sociais e econômicos, resultando em um cidadão crítico e reflexivo.

Um professor que visa a inovação, não precisa necessariamente do uso exarcebado de tecnologias, ele deve planejar, usar a criatividade e se colocar em uma posição de mediador da aprendizagem. O incentivo aos alunos, é de grande importãncia para se ter êxito, os mesmos devem produzir seus materiais, opinar, dialógar, questionar e ser o agente principal no modo como se dá a construção de conhecimentos.

Nesse sentindo, uma educação que visa o protagonismo discente possibilta o educando ser considerado como um ser histórico, produtor de conhecimentos, sendo valorizado as suas vivências  e assim formar sujeitos autônomos, transformadores da sua realidade e uma construção de conhecimentos que vai além do ambiente escolar.

Infelizmente, poucas pesquisas se têm acerca de inovações e os discentes como sujeitos principais no processo de estruturação de conhecimentos, porém, é necessário que haja mais estudos sobre o assunto, pois um docente que opta por possibilitar um educando ser o atuante pelo o próprio aprendizado só traz vantagens e a formação de um cidadão participativo.

O professor deve preparar o aluno para ser livre e não ser um indivíduo que apenas reproduz conhecimentos, onde o docente é apenas o mentor do conhecimento e não a fonte, podendo assim, formar sujeitos capazes mudarem suas realidades, buscando um processo educativo que haja uma interação, na qual pomove transformação na aprendizagem.

Por isso tudo, é gratificante quando se observa alunos dispostos a aprender, onde a professora valorizava cada aula e atitude dos educandos, com muita criatividade, paciência, dedicação, planejamento, estudos e amor a profissão, com o desejo incansavelmente de formar alunos e o principal, sujeitos que poderam aprender de froma significativa podendo assim, oportunizar os alunos a adquirir a autonomia para o exercício em diversos aspectos de suas vidas.

REFERÊNCIAS

BECKER, Fernando. A origem do conhecimento e a aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2003.

Coleção Mídias Contemporâneas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens. Vol. II.

CORREIA, J A. Inovação Pedagógica e Formação de Professores. Porto. Edições ASA. 1989.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 49º ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

LIBÂNEO, J. C. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. 5ª ed. – Goiânia/GO – Editora Alternativa, 2004.

LEITE, Sérgio Antônio da Silva; TASSONI, Elvira Cristina Martins.A afetividade em sala de aula: as condições de ensino e a mediação do professor.Disponível em:Acesso em 25 de fevereiro de 2019.

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Por Sara Ambrozio


Publicado por: Sara Ambrósio

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