ProJovem Urbano: Mediador da Qualificação Profissional e Inclusão de Jovens no Mercado de Trabalho – Expericências no Arco de Turismo e Hospitalidade em São Luís - MA
O ProJovem Urbano é um programa dirigido intencionalmente para as juventudes, oferecendo-lhes múltiplas oportunidades de escolarizações, considerando suas necessidades e possibilidades.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Resumo: A educação escolar preocupada com a formação plena do indivíduo, como pessoa e como cidadão, contribui para a formação profissional de maneira indireta. O ProJovem Urbano é um programa dirigido intencionalmente para as juventudes, oferecendo-lhes múltiplas oportunidades de escolarizações, considerando suas necessidades e possibilidades. O presente artigo teve como objetivo mostrar a importância da qualificação profissional para jovens e adultos, as percepções do alunado do ProJovem Urbano de São Luís –MA no arco de turismo e hospitalidade e as suas perspectivas de inserção no mercado de trabalho após a sua conclusão. Além de despertar neste público a consciência sobre o desenvolvimento sustentável dentro da atividade turística, através do Turismo sustentável. Percepções e perspectivas acerca do ProJovem Urbano, contextualização das aulas teóricas e práticas do arco de Turismo e Hospitalidade, algumas considerações sobre a realidade da cidade de São Luís e do seu mercado de trabalho, concluem nossa apresentação dos resultados da investigação.
Palavras-chave: Formação do indivíduo, ProJovem Urbano, Qualificação Profissional, Desenvolvimento sustentável, Turismo e Hospitalidade.
Urban ProJovem: mediator of training qualification and youth inclusion in the labor market - tourism and hospitality arc experiences in São Luis - Ma.
Abstract: The school education concerned with the individual full training as a person and as a citizen, contributes to the training indirectly. The Urban ProJovem is a program intentionally directed for youths, offering them multiple opportunities to adapt to school education considering their necessities and possibilities. This article aims to show professional training importance for youth and adults, the ProJovem Urban students of São Luis-MA perceptions in the tourism and hospitality arch and their prospects of entering the labor market after its completion. In addition to raising public awareness of sustainable development within the tourism, through Sustainable tourism. Perceptions and perspectives about the ProJovem Urban, context of theoretical and practical classes Tourism and Hospitality arc, some thoughts about the reality of the São Luis city and its labor market, conclude our research results presentation.
Keywords: Individual formation, Urban ProJovem, Professional Training, Sustainable Development, Tourism and Hospitality.
A educação escolar preocupada com a formação plena do indivíduo, como pessoa e como cidadão, contribui para a formação profissional de maneira indireta, seja por propiciar-lhe o acesso aos conhecimentos disciplinares, seja por entender que é parte dessa formação a compreensão do contexto em que o exercício da atividade profissional se realiza ou se realizará (FERRETTI, 2004, p.402).
Para DI PIERRO et al. (2001, p.71-72), assegurar essa escolaridade mínima comum é responsabilidade da qual o poder público não pode esquivar-se, ainda que possa contar com a colaboração da sociedade civil organizada para efetivá-la. Significa que a educação básica de jovens e adultos precisar ter currículos flexíveis, meios e formas de atendimento, integrando a educação geral e profissional, reconhecendo processos de aprendizagem informais e formais, para que os indivíduos possam obter novas aprendizagens e a certificação correspondentes mediante diferentes trajetórias formativas. [...] Existem inúmeras motivações que levam jovens e adultos a participarem de programas formativos, porém a que mais se destaca é a melhoria profissional e ocupacional.
Neste contexto, a “concepção produtivista de educação” proporcionou que os investimentos na área da educação fossem desejados não somente por motivos sociais, mas também por motivos econômicos. Nesta ótica a educação passa a ser vista como um retorno mais compensador do que outro investimento ligado à produção material (SAVIANI apud FRIEDRICH & BENITE, 2009, p4).
A contração e o acirramento da competição no mercado de trabalho no período recente só veio tornar mais explícitas e urgentes as necessidades de qualificação profissional das pessoas adultas (DI PIERRO et al., 2001, p.72), pois a partir de um acúmulo significativo de experiências apreendidas na educação de jovens e adultos, pode-se afirmar que a escolarização deve estar vinculada aos demais direitos humanos e sociais, em especial ao trabalho, que têm uma profunda centralidade na vida dos jovens mais pobres (ANDRADE et al., 2009, p.86).
Diante das necessidades citadas anteriormente, tornou-se necessário preparar o jovens para o mercado de trabalho através de uma formação profissional afim de aprimorar suas habilidades para executar funções específicas. A qualificação profissional não é uma formação completa, e não pode ser compreendida como uma construção teórica acabada, mas, sobretudo, como um conceito explicativo da articulação de diferentes elementos no contexto de relações de trabalho, capaz de dar conta das regulações técnicas que ocorrem na relação dos trabalhadores com a tecnologia e das regulações sociais que produzem os diferentes atores da produção que resultam nas formas coletivas de produzir (VILLAVICENCIO apud FERRETTI, 2004, p.414).
Podemos, então, citar o ProJovem Urbano que é um grande programa governamental brasileiro dirigido intencionalmente para as juventudes, num contexto em que os jovens insurgem como atores de peso nas agendas sociais e políticas do País, oferecendo-lhes múltiplas oportunidades de escolarizações, considerando suas necessidades e possibilidades para que eles permaneçam no programa (ANDRADE et al., 2009, p.74). Exemplo disso, são os jovens concluintes da Estação Juventude I da segunda entrada do PROJOVEM Goiânia, os quais procuraram este programa em busca de qualificação profissional e conclusão do Ensino Fundamental como oportunidade para um futuro melhor (FRIEDRICH & BENITE, 2009, p.4).
Portanto, no tocante da educação para jovens atrelada à qualificação profissional dentro de um programa como o ProJovem Urbano, percebeu-se a necessidade de realizar este trabalho objetivando mostrar a importância da qualificação profissional para jovens e adultos que retomaram a vida escolar após anos de afastamento, bem como apresentar as percepções do alunado do ProJovem Urbano de São Luís –MA no arco de turismo e hospitalidade após a realização das aulas teóricas e da práticas, e as suas perspectivas de inserção ao mercado de trabalho após a sua conclusão, além de despertar neste público a consciência sobre o desenvolvimento sustentável dentro da atividade turística através do “Turismo sustentável”.
1. O PROJOVEM URBANO (PJU)
O ProJovem Urbano foi criado como ação integrante da Política Nacional de Juventude lançada pelo Governo Federal em 2005, voltado para jovens brasileiros de 18 a 29 anos[3] alfabetizados e que não concluíram o ensino fundamental. Este programa tem duração de 18 meses, oferece formação no ensino fundamental, cursos de iniciação profissional, aulas de informática e auxílio de R$ 100,00 por mês (BRASIL. Secretaria...,2008).
Tem como finalidades a formação integral dos jovens por meio de uma efetiva associação entre Formação Básica, para conclusão do ensino fundamental , Qualificação Profissional, com certificação de formação inicial e Participação Cidadã, com a promoção de experiência de atuação social na comunidade. Desta forma, busca a reinserção destes jovens na escola e no mundo do trabalho, oportunizando-lhes desenvolvimento humano e exercício efetivo da cidadania. [4]
A carga horária do ProJovem Urbano é de 2.000 horas (1.440 presenciais e 560 não presenciais)1, a serem cumpridas ao longo de 18 meses letivos (72 semanas). Esse percurso formativo foi organizado nas seis unidades formativas, cada uma com a duração de três meses (BRASIL. Secretaria...,2008).
2. QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NO PROJOVEM URBANO
A qualificação profissional no ProJovem Urbano tem como finalidade principal promover o crescimento pessoal do aluno e sua visão crítica da realidade em que vive e da formação profissional, esperando que o alunado desenvolva competências necessárias para o desempenho de uma ocupação que gere renda; e estabelecer um projeto de desenvolvimento profissional, considerando suas potencialidades, suas necessidades de aprendizagem e as características de seu contexto de trabalho.
A Qualificação Profissional inicial leva a aprendizagens práticas e sociais, vivências, organização de conteúdos na relação teoria e prática. Para tanto, é preciso conhecer a cidade do ponto de vista das oportunidades que ela oferece para o desenvolvimento profissional.
Neste contexto, o Governo Federal em parceria com o governo municipal por meio da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e com a devida colaboração institucional de apoio e formação dos educadores por meio da Fundação Darcy Ribeiro (FUNDAR) fomentaram o PROJOVEM URBANO São Luís que objetiva a inclusão educacional certificando o alunado no ensino fundamental bem como a qualificação inicial em várias ocupações profissionais, onde destacamos neste município os arcos de Agroextrativismo, Construção e Reparos, Serviços Pessoais e Turismo e Hospitalidade, considerando a necessidade imediata no mercado de trabalho desta região.
Na entrada de 2010 o ProJovem Urbano, em São Luís no Maranhão, obteve 1777 alunos matriculados, dos quais 775 optaram pelo arco de Turismo e Hospitalidade. Ao final do programa havia 1085 alunos frequentando, e 479 no arco de Turismo e Hospitalidade. Este estava disponibilizado em 6 núcleos.[5]
Sendo Turismo e Hospitalidade, objeto da nossa análise no presente trabalho, pois, durante o curso o alunado estuda a disciplina de formação técnica geral, que propiciará o conhecimento geral sobre o que é o mercado de trabalho e suas necessidades profissionais e as ocupações da área de turismo e hospitalidade, ou seja, Auxiliar de Garçom (Cumim), Organizador de Eventos, Recepção de Hotéis e Monitor de Turismo Local. Podemos destacar o diferencial do ProJovem Urbano é que além de participar diariamente de aulas teóricas em seus núcleos de estudo em suas comunidades, os alunos participam de visitações técnicas à empresas ligadas aos setores de cada ocupação, proporcionando uma interação mais abrangente com a teoria e prática nas funções específicas, onde havendo dúvidas relativas ao aprendizado teórico os alunos poderão dirimi-las durante o percurso das visitações técnicas orientadas pelo qualificador profissional e guia de turismo local oficial.
3. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O TURISMO
3.1. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O desenvolvimento sustentável está relacionado com a conservação e preservação dos recursos naturais, utilizando-os de forma racional e planejada para que não se esgotem. Satisfazendo as necessidades humanas na atualidade sem comprometimento a sua capacidade natural para atender as futuras gerações.
A Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), citada por RUSCHMANN apud ROSE (2002, p.51), entende o desenvolvimento sustentável como:
Um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação da evolução tecnológica e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas.
3.2. TURISMO E O POTENCIAL TURÍSTICO DA CIDADE DE SÃO LUÍS
Segundo o professor de Direito Internacional, Salah-Eldin Abdel Wahab apud TRIGO (1998, p.12), consultor de Turismo da Organização Internacional do Trabalho (OIT-1971) e presidente eleito da União Árabe Internacional de Turismo 1972:
O turismo é uma atividade humana intencional que serve como meio de comunicação e como elo de interação entre os povos, tanto dentro como fora do país.
Na atualidade podemos conceituar a atividade turística como sendo deslocamento de pessoas de um local para outro diferente do de origem e com o tempo de permanência limitado buscando o lazer, descanso e a contemplação do natural e cultural sem que esteja agregado a atividades laborais.
A atividade turística possibilita o desenvolvimento econômico e social das localidades onde é implantada com um planejamento racional e visando a autossustentação, além de propiciar o intercâmbio e interação entre povos.
Sendo o Brasil considerado um país continente pela sua extensão territorial de aproximadamente 8.847.403km2, ocupando cerca de 47,9% da América do Sul. Possui um litoral de cerca de 7.400 km de extensão, possui parques ambientais, parques estaduais e biológicos de preservação e conservação de ecossistemas, além de 70 cidades históricas, mostrando assim seu grande potencial turístico.
Neste tocante destacamos o turismo sustentável como a atividade preocupada com a preservação do meio ambiente, a cultura local e o desenvolvimento econômico e social racional das regiões a serem potencializadas pelo turismo. Sendo, assim a capital maranhense São Luís, fundada em 1612 pelos Franceses, além de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, concedido pela UNESCO no ano de 2007, destaca-se também por sua riqueza de recursos naturais, de ecossistemas e biodiversidade de flora e fauna. Esta possui belezas naturais cênicas (meio ambiente, praias, patrimônios edificados, entre outras), com um povo muito receptivo (da capital maranhense e de todos os municípios interioranos), uma cultura invejável em todos os níveis sociais.
Pelo pouco relatado nestas linhas podemos ter ideia do grandioso potencial que a capital maranhense tem para num futuro bem próximo despontar no cenário nacional e internacional como potencial por excelência histórica e diversidade cultural, potencializadora da atividade turística, bastando para isso, um trabalho profissional para se planejar ações administrativas intuindo o fortalecimento autossustentável e racional para a criação de novos postos de trabalho e renda visando a melhoria da qualidade de vida de todos seus munícipes.
4. PERCEPÇÕES DO ALUNADO DO PJU NAS OCUPAÇÕES DE MONITOR DE TURISMO LOCAL
O presente trabalho foi realizado em conformidade com o projeto pedagógico e plano de ação do ProJovem Urbano local, desenvolvidos pelos qualificadores de Turismo e Hospitalidade, em 4 turmas divididas entre os núcleos I (turmas 3, 4 e 5) e II (turma1) na Unidade de Educação Básica da Cidade Olímpica, no Bairro da Cidade Olímpica, São Luís – MA. E apresenta resultados obtidos através das atividades não presenciais realizadas pelo alunado do ProJovem Urbano após as visitações técnicas utilizado como um dos recursos da avaliação do aprendizado teórico e da prática construída durante a execução do programa, devidamente orientadas pelo qualificador.
4.1. AULAS TEÓRICAS
As aulas deste arco foram estruturadas em aulas teóricas (expositivas) e práticas. A metodologia utilizada nas aulas expositivas em sala de aula foi de forma lúdico-pedagógica, que tem como pressuposto básico a participação mediante o desenvolvimento da reflexão crítica e o estímulo à criatividade e iniciativa dos alunos. Assim, no decorrer dos trabalhos foram valorizados os conhecimentos e as experiências pessoais, envolvendo-os na discussão, na identificação das questões da realidade, o que favoreceu a socialização do conhecimento, o diálogo e a desenvolver e estimular a potencialidade do alunado no tocante a uma participação mais efetiva no exercício da cidadania.
Como instrumentos/recursos didáticos foram utilizados a apresentação de vídeos temáticos, exposição de slides, projetor, palestras com profissionais de empresas ligadas a ocupação durante os quatro meses de finalização do programa com as práticas das ocupações.
Nas aulas do arco de turismo e hospitalidade foram trabalhadas as ocupações de Monitoria de turismo local, recepção de hotéis, organização de eventos e auxiliar de garçom. Escolhemos a ocupação de monitoria de turismo local como uma das ocupações a serem analisadas por evidenciar uma discussão ampla sobre aspectos relevantes da cidade, a sua história, a preservação do patrimônio cultural e ambiental.
Na ocupação de Monitoria de turismo local, durante a orientação das aulas em sala de aula foram abordadas as temáticas Preservação e conservação do patrimônio histórico; A importância do centro histórico de São Luís; O turismo sustentável; Educação ambiental e o turismo; O monitor de turismo local e o guia de turismo; A importância do profissional da recepção de hotéis e similares; Motivação para o trabalho, Etiqueta e marketing pessoal e profissional, direitos e deveres do trabalhador, a fim de dar um embasamento maior sobre aspectos relevantes do município onde moram, fatores da historiografia importantes, o patrimônio histórico, para uma melhor compreensão da atualidade em que vivem e as possibilidades de melhorar a qualidade de vida pessoal e coletiva, evidenciando-se a plena cidadania.
4.2. AULAS PRÁTICAS
O programa possibilitou conhecer a prática das habilidades na ocupação ofertada, com a visitação técnica a empresas e/ou instituições ligadas à área de atuação.
Em nossa análise específica da ocupação de monitoria de turismo local, o alunado foi conduzido pelo turismólogo, denominado pelo programa de qualificador profissional, e por um guia de turismo oficial cadastrado devidamente no EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo, objetivando a ênfase profissional e o seu aprimoramento desde o primeiro contato com os estudantes.
As práticas realizadas foram divididas em três momentos, em dias distintos, assim distribuídos:
1. No primeiro momento das aulas práticas realizaram um “City Tour”, visitando os principais pontos turísticos do centro histórico da cidade, passando pela Rua de Portugal onde puderam conhecer a riqueza dos casarões seculares com características arquitetônicas em estilo colonial português, o antigo mercado das tulhas, percorrendo a Av. Pedro II, onde contemplaram a atual sede do governo do estado situada edificação conhecida como “Palácio dos Leões”, observaram também o “Palácio de La Ravardière” sede do governo municipal, em tempos pretéritos a primeira câmara prisional da cidade, puderam apreciar nas praças as estátuas de personalidade épicas e monumentos centenários datados do início da primeira metade do século XIX, e conheceram a sede episcopal do estado, localizado ao lado da catedral ou igreja da sé, foram informados sobre a origem e história da cidade e das lendas populares existentes.
A partir das redações produzidas por alguns dos nossos alunos como atividades avaliativas não-presenciais após a realização das aulas práticas/visitações técnicas na ocupação de monitoria de turismo local pudemos retirar algumas de suas percepções como:
“...O Palácio dos leões representa um dos maiores símbolos da cultura maranhense..” Marinalva.
“...Outras edificações do centro histórico estão sofrendo degradações não por culpa do poder público, mas devido a insensibilidade dos seus proprietários...” Alberciane Pereira
“...As marcas do passado, portanto fazem parte do centro histórico, construções antigas, monumentos, ruas estreitas com calçamentos de pedras...” Rosilene dos Santos
“...Nos casarões históricos (...) os casarões com eiras e beiras eram os casarões dos ricos da época...” Nilvânia Silva
2. No segundo momento, os alunos foram conduzidos aos museus e casas de cultura, onde o primeiro a ser visitado foi a Casa de Nhôzinho, conduzidos por profissionais da própria instituição, visualizaram peças artesanais do cotidiano maranhense, sobre a vida de um dos seus principais artesãos o Nhôzinho, sua vida e obras; conheceram peças da indumentária do folclore e história da origem do bumba meu boi e danças, conheceram como são manufaturados o artesanato feito em palha de buriti como, chapéus, abanos, esteiras etc. Visualizaram tipos diferentes de embarcações e acessórios utilizados na pescaria artesanal do estado. Em seguida, puderam conhecer o Museu Casa das Festas, onde visualizaram ambientes montados com acessórios e toda indumentária utilizados nas casas de cultura religiosa dos afrodescendentes, conheceram a diferenciação ente os Nagôs e Gêge e todo o sincretismo religioso existente. Visitaram ainda a Casa Morada das Artes, onde apreciaram um pouco das obras de arte em telas a óleo sobre variados motivos como os casarões, janelas e mirantes, e retratando a cidade de Alcântara, produzidas por artistas populares e visualizaram bustos de personalidades da cultura maranhense.
A partir dessa visitação os alunos mostraram um olhar diferenciado do que eles tinham antes das aulas do arco para o centro histórico da cidade embasado nas aulas teóricas, através das produções textuais, como:
“...É muito bom ter conhecimento sobre nossa cidade e nossa cultura maranhense...” Maria Domingas
“...Os casarões no centro histórico são revestidos em azulejos portugueses...” Rosilene dos Santos
“... Esta visita que fiz, conjuntamente com amigos do PJU e o qualificador profissional, é diferente das que já fiz em outras vezes ao centro histórico. Pois, nunca sobrava tempo para conhecer coisas tão interessantes e de grandes valores culturais...” Antônia Marlene
“... No Museu Casa de Nhôzinho tive a oportunidade de conhecer o trabalho de vários artesãos representantes da cultura popular maranhense, lá encontrei uma quantidade de elementos que estão ligados ao fazer tradicional popular, é a cultura material presente no cotidiano do povo do Maranhão...” Antônia Marlene
“ Foi interessante essa visitação porque nos mostrou as embarcações, como canoas, carros de boi, e como eram feitos(...) sem que prejudicassem a natureza com o desmatamento.” Fabiana Araújo
3. No terceiro momento os alunos puderam apreciar um pouco das belezas cênicas naturais, onde visitaram três praias distintas da orla marítima da capital maranhense e que configuram como pontos importantes de visitação, são elas: a Praia da Ponta D’areia, a Praia de São Marcos e Calhau, onde obtiveram informações sobre a história e peculiaridades de cada uma delas. Durante a visitação, os alunos receberam pequenas orientações sobre educação ambiental nos aspectos correspondentes a preservação e conservação do meio natural, os impactos negativos do desenvolvimento urbano ao meio natural, a questão da preservação dos recursos hídricos e das praias, higiene e manutenção das praias e equipamentos turísticos, o saneamento básico: problemática dos esgotos e do lixo urbano.
Com esta última visita técnica, pudemos chamar a atenção do alunado e discutir conjuntamente sobre a responsabilidade social que devemos ter no presente com o propósito de resguardar nosso patrimônio natural e cultural para as futuras gerações, sendo esta a pilastra basilar do desenvolvimento sustentável. E foi possível que o alunado apontasse pontos positivos e negativos neste tipo de ponto turístico, além de sugerir soluções para melhorar as condições dos banhistas e das praias, como a seguir:
“ É uma praia bonita mais as lixeiras estão todas quebradas...” Conceição Ribeiro
“...outros problemas são a poluição que na maioria das vezes são causada pelos banhistas e também é porque não vimos latas de lixo espalhadas pelas praias(...)Os esgotos também estão assustando não só os turistas mais as pessoas da própria cidade.” Jefferson Serpa
“...poucos banhistas e nenhum salva-vidas para ficar orientando 24h sobre o banho impróprio e o que causa a contaminação da água.” Fabiana Araújo
“Possui quiosques como fonte de renda, mas precisa de lixeiras para colocar seus lixos adequadamente.” Fabiana Araújo
“...gostei de conhecer muita coisa bonita, como a praia da ponta d’areia...” Antonio Correia
Destacamos que todo o embasamento teórico sobre os três momentos distintos das aulas práticas aqui denominadas de visitações técnicas, foram devidamente facilitados durante as aulas expositivas em sala de aula, proporcionando aos estudantes um conhecimento rico em detalhes sobre as temáticas planejadas.
As atividades realizadas durante todo o percurso do programa de inclusão educacional ProJovem Urbano no decorrer dos dezoito meses que findou-se no mês de novembro de 2011, foram significativas para cadenciar o aprendizado favorecendo a compreensão e apreensão dos conhecimentos adquiridos durante as aulas teóricas e também das aulas práticas intuindo o amadurecimento do alunado no tocante a educação de modo geral e também no sentido do despertar para a vocação profissional e possível inserção ao mercado de trabalho.
Para ajudar-nos a perceber qual o olhar do alunado enquanto partícipe deste programa de inclusão educacional realizamos, uma sondagem como ultima atividade presencial em sala de aula, onde perguntamos ao alunado qual (ais) perspectiva(s) tem após conclusão e recebimento dos certificados do ensino fundamental e certificação da qualificação inicial no arco de turismo e hospitalidade. Obtivemos respostas favoráveis ao programa e o quanto significou para uma mudança positiva na vida destes jovens, as quais podemos destacar em trechos retirados das atividades, a seguir:
“..Aprendi como me vestir e me comportar em uma entrevista de trabalho, tive mais conhecimento de como fazer um currículo onde me trouxe grandes rendimentos para o mercado de trabalho, hoje sou prestadora de serviços em uma ONG(...) o ProJovem me proporcionou muitas coisas boas...” Fernanda Pereira
“ O ProJovem foi, ou seja esta sendo uma grande oportunidade de aprendizagem e conhecimento(...) pretendo fazer meu ensino médio e daí ingressar no mercado de trabalho e não pretendo parar por aí.Pretendo fazer uma boa faculdade, e no futuro quando eu olhar para trás ter certeza que o ProJovem Urbano foi uma porta aberta para o futuro promissor.” Denilze Andrade
“ O ProJovem Urbano, vai ficar guardado, principalmente esta experencia muito boa e interessante pra o resto da minha vida, porque me deu a oportunidade de estudar e fazer um curso de iniciação profissional...” Fabiana Araújo
“As minhas perspectivas ao concluir é terminar o ensino médio, fazer cursos e me formar na faculdade(...) O ProJovem Urbano é o primeiro passo ... ” Suleny Barros
“...O ProJovem foi mais uma das oportunidades que Deus me deu e me abençoou muito, pois, agradeço de todo o coração a todos os educadores...” Glaucymar Santos
“...Durante estes dezoito meses eu aprendi bastante e sairei pronta para o ensino médio(...) O ProJovem Urbano nos deu oportunidade de concluir o ensino fundamental e a possibilidade de inserção ao mercado de trabalho...” Rosilene Pereira
“O ProJovem Urbano foi Uma porta de mudança transformadora em minha vida, pois, após passar dez anos fora das salas de aulas, retornei para dar continuidade(...)Com os estudos das aulas de turismo e hospitalidade também aprendi muito, passei a conhecer um turismo diferente...” Antonia Marlene Santos
5. RESULTADOS ALCANÇADOS
Os alunos participaram ativamente das aulas expositivas, das palestras planejadas e das visitações técnicas, observamos uma maior integração harmoniosa e solidária entre os alunos, estão ainda mais motivados para dar continuidade aos seus estudos, conscientes e focados sobre seus planos de vida pessoal e profissional na busca por melhores oportunidades que garantam o aumento da sua qualidade de vida, bem como o amadurecimento educacional. Durante as suas manifestações escritas nas atividades não-presenciais destacamos o reconhecimento e a importância do ProJovem Urbano em suas vidas, onde manifestaram os vínculos fortalecidos com a sua comunidade, apreensão de conhecimentos específicos na qualificação profissional inicial,
A equipe técnica de professores possibilitou e reforçou a dinâmica interna de cada individuo para que este possa descobrir seus valores, suas potencialidades e tornar-se mais autônomo, reforçando a autoestima individual e busca por perspectivas futuras no mercado de trabalho.
Importante ressaltar é que apesar das palestras terem sido direcionadas aos alunos do PJU, havendo grande participação destes e dos professores, houve também a interação com os funcionários do estabelecimento de ensino e a comunidade, onde destacamos a receptividade e entusiasmo dos participantes no tocante ao envolvimento com as temáticas abordadas.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos com este estudo que o programa ProJovem Urbano foi importante para a mudança significativa na vida do alunado, proporcionando amadurecimento educacional, pessoal e até mesmo no contexto da qualificação profissional, com relatos de alunos conseguindo adentrar no mercado de trabalho, estabelecendo um foco e direcionamento em sua vida por meio de seus estudos, além do quanto estão motivados a obter uma melhor qualidade de vida por meio dos esforços próprios, dando continuidade à vida estudantil, incentivados pelos programa PJU.
A qualificação profissional no arco de turismo e hospitalidade proporcionou ao alunado um entendimento sobre temas como a natureza, a cidade, a vida social, e autossustentabilidade do ambiente em que vivem, proporcionando assim, um embasamento teórico-prático significativo para entender o seu cotidiano da vida pessoal, e também sobre as exigências do mercado profissional, as quais mudam e estão cada vez mais procurando pessoas qualificadas para ocuparem postos de trabalho.
Neste sentido o ProJovem Urbano possibilitou ao alunado entendimento sobre a vida social e importância da pro-atividade para mudança das suas realidades da vida em comunidade, onde puderam compreender a relevância da participação mais efetiva como cidadãos na construção da historia de vida comunitária, dando ênfase ao exercício da cidadania plena.
Podemos registrar um ponto negativo elencado pelos alunos em relação ao programa que poderia ser repensado nos programas vindouros, foi a extensa carga horária na disciplina de Formação Técnica Geral, em detrimento da carga horária mais enxuta no decorrer das ocupações do arco de Turismo e Hospitalidade, as quais tivemos que conciliar as aulas teóricas em sala de aula e as aulas práticas, ou seja, as visitações técnicas a instituições ou empresas ligadas a cada especificidade exigida.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Eliane Ribeiro; ESTEVES, Luiz Carlos Gil; OLIVEIRA, Edna Castro de. Composição social e percursos escolares dos sujeitos do ProJovem: novos/velhos desafios para o campo da educação de jovens e adultos. Em Aberto, Brasília, v. 22, n. 82, p. 73-89, nov. 2009.
BRASIL. Secretaria Nacional de Juventude. Projeto pedagógico integrado – PPI ProJovem Urbano. Brasília, 2008. Disponível em: www.projovemurbano.gov.br/userfiles/file/SET%202008_%20PPI%20FINAL.pdf .
DI PIERRO, Maria Clara; JOIA, Orlando; RIBEIRO, Vera Masagão. Visões da educação de jovens e adultos no Brasil. Cadernos Cedes, ano XXI, nº 55, novembro/2001.
FERRETTI, Celso João. Considerações sobre a apropriação das noções de qualificação profissional pelos estudos a respeito das relações entre trabalho e educação. Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 87, p. 401-422, maio/ago. 2004.
FRIEDRICH, Márcia; BENITE, Anna Maria Canavarro. O Programa Nacional de Inclusão de Jovens – PROJOVEM: Uma Análise Entre o Proposto e o Vivido em Goiânia. Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 2009. Disponível em: http://extras.ufg.br/uploads/248/original_1.3.__17_.pdf.
PREFEITURA DE SÃO LUÍS. Secretaria Municipal de Educação (SEMED) - Coordenação Local do ProJovem Urbano, São Luís – MA.
PROGRAMA NACIONAL DE INCLUSÃO DE JOVENS- ProJovem Urbano. Acesso em 28 de outubro de 2011. Disponível em: http://www.projovem.gov.br/site/interna.php?p=material&tipo=Noticias&cod=461#
ROSE, Alexandre Turatti de. Turismo: Planejamento e Marketing.1ª edição. Editora Manole. São Paulo, 2002.
TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. Turismo Básico. 6ªed. rev.ampl. Editora Senac São Paulo. São Paulo, 2002.
James William Guimarães de Carvalho[1]
Karla Cristina Souza Veras[2]
[1] Educador de Qualificação Profissional do ProJovem Urbano de São Luís (MA), turismólogo, cursando especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça (UFMA). Email: jamescarvalho@oi.com.br
[2] Educadora de Ciências da Natureza do ProJovem Urbano de São Luís (MA), bióloga, cursando especialização em Gestão Interdisciplinar do Meio Ambiente (IESF-MA). Email: karlaveras.bio@gmail.com
[3] Dados atualizados a partir do site http://www.projovem.gov.br/site/interna.php?p=material&tipo=Noticias&cod=461#
[4] Retirado do Manual do Educador Orientações Gerais. Organização: Maria Umbelina Caiafa Salgado; Revisão: Leandro Bertoletti Jardim- Brasília: Programa Nacional de Inclusão de Jovens- ProJovem Urbano, 2009.
[5] Dados fornecidos pela coordenação local do ProJovem Urbano, Secretaria Municipal de Educação (SEMED) - São Luís – MA.
Publicado por: JAMES WILLIAM GUIMARAES DE CARVALHO
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.