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Paradigmas Científicos e Educação

Porque a educação precisa redimensionar o seu olhar para o aluno, Teoria da complexidade e teoria do caos,...

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Gicele Monteiro dos Santos[1]

Jaldemir Santana Batista[2]

Micael Pereira Nobre[3]

Telmaelita Rocha dos Santos[4]

Judite Filgueiras Roodrigues[5]

Evoluir é um processo inerente à condição humana. Entre encontros e desencontros, o processo evolutivo da espécie humana nunca se expandiu tanto em termos de informação, como ocorreu no início do século XX. Na realidade, o limiar do século citado representou uma mudança radical no meio científico e, conseqüentemente, na forma de se enxergar o mundo. Duas grandes teorias podem ser evidenciadas como participantes da quebra dos paradigmas do início do século. São elas: a Teoria da Relatividade (Einstein) e a Física Quântica (Planck). Essas duas concepções científicas modificaram radicalmente as idéias anteriores de tempo, espaço, massa, energia e, em especial, a forma de se perceber o ser humano nas diferentes áreas do conhecimento.

Para se compreender melhor o porquê de essas teorias provocarem tantas mudanças, tornar-se-á necessária uma apresentação da visão do mundo anterior ao século XX. Tal visão começou no inicio do século XVI com o advento da racionalização científica. Participaram desse contexto grandes nomes como: Galileu Galilei (Método Experimental), Francis Bacon (Método Indutivo), René Descarte (Método Dedutivo) e Newton (As leis fundamentais da Física). Esses quatro personagens arquitetaram uma concepção do mundo máquina em que os eventos nele ocorrentes obedeciam a um padrão de certezas e linearidades. Logicamente, tal convicção exigia um olhar para a ciência altamente experimental. Assim, para ser cientifico necessitava ser quantificado, experimentado (sentido laboratorial), dimensionado.

Não há como negar a importância dos quatro para os séculos XVI, XVII e XVIII. Sem eles, talvez, estivéssemos ainda com as lentes da idade média. Eles foram para esses séculos o que foi o Nilo para a Antiguidade. Permitiram ampliar a forma de se perceber a realidade, romperam com os paradigmas impositivos da igreja. O problema, porém, foi expandir tal olhar mecânico para as ciências humanas e biológicas. Não é possível tentar estudar o ser humano da mesma forma que Newton usou para estudar os planetas. Foi justamente o que ocorreu. As demais ciências utilizaram os métodos das ciências físicas para ganhar o status de ciências.

CAPRA (1994) comenta que utilizar essa transferência fez-nos pagar um ônus elevado, pois como se pode igualar o ser humano a uma máquina? Onde fica a subjetividade humana? Como desconsiderar a experiência emocional do sujeito? E o que dizer dos sonhos, da ética, da estética e dos valores? Torna-se realmente plausível a dicotomia exercida sobre o ser humano. Foi “quebrado” em unidades e desvinculado de seu processo histórico. Enfim, ocorreu o que MORIN (2003) chamou de racionalização da modernidade e, além disso, cognominou de irracional “tal racionalização” pelo fato de desconsiderar a outra parte essencial do ser humano: a subjetividade.

Em termos educativos, temos marcas até hoje presentes na Escola. A figura do professor autoritário, sendo o centro e o detentor do conhecimento; a organização da sala; a distribuição das disciplinas; as próprias divisões das disciplinas; o olhar apenas cognitivo sobre o aluno e a fragmentação do próprio conhecimento.

Conforme citado na introdução, o século XX foi o momento de desconstruir a arquitetura de máquina construída nos séculos anteriores. A Teoria da Relatividade permitiu rever o conceito de tempo e espaço. Os dois tornaram-se um só. Surge inclusive a expressão “espaço-tempo”.

Conseqüentemente, agora, entende-se que as condições do espaço-tempo são mutáveis e vinculados ao processo histórico do ser humano. Além disso, essa teoria traz a idéia de relatividade e descaracteriza o ideal de certeza da modernidade. Corrobora ainda para um novo olhar, a famosa equação da sua teoria E=m.c2. Com essa fórmula o ser humano passa a ser compreendido de forma condensada, pois a energia tornou-se igual a massa. Ora, se sou massa, sou energia. Portanto, ligo-me a tudo e a todos. Daí vir a idéia de um mundo orgânico e relacional, em que não há objetos, mas sim relações.

A educação, então, precisa redimensionar o seu olhar para o aluno, pois ele precisa ser considerado como ser não apenas cognitivo, mas também com as outras energias emotivas, sociais, culturais e enfim, toda a sua totalidade: razão x emoção, corpo x alma, coração x cérebro. A aprendizagem precisa levar essas novas idéias em consideração.

Contribuiu, também, a Física Quântica, pois ao estudar o infinitamente pequeno, descobriu-se que o universo é uma grande bolsa cósmica energética, repleta de dinâmicas relacionais.

Portanto, desfaz-se a idéia das certezas, das previsibilidades e de mundo linear. Isso é bem expresso por Moraes (2004, p.152).

“Na verdade, participamos de uma grande sinfonia universal. Da sinfonia contida no canto dos galos que tecem cada manhã, da sinfonia das flores que embelezam os campos das abelhas que polinizam a vida, da sinfonia aprisionada em um grão de areia e entretecida na eternidade do aqui e do agora. Cada coisa tem o seu sentido, sua razão de ser, ocupa um lugar no tempo e no espaço e participa, a seu modo, da grande dança universal integrada, consciente ou inconscientemente, ao grande ritmo da festa. Na realidade somos todos cúmplices de algo neste mundo. Precisamos estar mais conscientes disto e, conseqüentemente, mais responsáveis.”

Além dessas duas teorias, podemos citar como construtoras dessa nova visão a Teoria da Complexidade e a Teoria do Caos. Para a primeira, não há nada estático, tudo é dinâmico e relacional e para a segunda é justamente na incerteza que reside o processo evolutivo do universo e da espécie humana. Educar, então, tornou-se, a partir das quatro teorias citadas, um processo complexo, ou seja, dinâmico, não linear com múltiplas diferenças no seu início (biológicos, sociais, culturais) e que continuam por toda a vida. É, enfim, no dizer de Moraes, um processo biopsicossocial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Moraes, M.C. O paradigma educacional emergente. Campinas/SP: Papirus (2004).

Capra, F. O ponto de mutação: A ciência, a sociedade e a cultura emergente. São Paulo: Cultrix (1994).

Morin E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez (2003).

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[1] Licenciada em Letras – UFPA; Especialista em Língua Portuguesa – UFPA; Especialista em Literatura Brasileira – ULBRA/PA; Mestranda em Ciências da Educação – UTIC/Py.

[2] Licenciado em Letras – AGES/BA; Especialista em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa - AGES/BA; Especializando-se em Metodologia do Ensino Superior – AGES/BA; Licenciando-se em Ciências Biológicas – UFS; Mestrando em Ciências da Educação – UTIC/Py

[3] Bacharel em Ciências Farmacêuticas – UNIFOR/CE; Especialista em Farmácia Hospitalar – SBRAFH/SP; Especialista em Assistência Farmacêutica – ESP/CE; Especializando-se em Acupuntura – INCISA/ MG; Mestrando em Ciências da Educação – UTIC/Py

[4] Licenciada em Pedagogia – CEULS/ULBRA/PA; Especialista em Psicopedagogia – UEPB/IESPES/PA; Especialista em Gestão Educacional - CEULS/ULBRA/PA; Mestranda em Ciências da Educação – UTIC/Py.

[5] Dra Ciências do Movimento Humano. Docente da UTIC


Publicado por: Gicele Monteiro dos Santos

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