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OS DESENHOS ANIMADOS COMO PRODUTORES E REPRODUTORES DE ESTEREÓTIPOS SOBRE OS POVOS INDÍGENAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL DOS NÃO ÍNDIOS

Entenda como os desenhos animados que utilizam da imagem do índio de uma forma marginalizada são capazes de desenvolver e produzir estereótipos sobre esses povos.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO:

Com os avanços da tecnologia e diante das necessidades emergentes do mercado de trabalho, os pais cada vez mais vêm dedicando minuciosos tempos para conviverem com seus filhos. Nessas perspectivas, observa-se que na educação infantil, a criança passa boa parte do seu tempo diante da tela da tv, ou de computadores, assistindo desenhos animados de classificação livre, mas que podem contribuir para o desenvolvimento de estereótipos sobre diversos contextos sociais. O objetivo deste estudo é analisar se de fato os desenhos animados que utilizam da imagem do índio para o entretenimento dessas crianças são capazes de provocar algumas reflexões baseadas em pré-julgamentos devido ao conteúdo exibido. Para tal, foi necessária adotar a seguinte metodologia de estudo, de inicio uma revisão de literatura para conhecer alguns conceitos e tipos de ‘estereótipos’ e por fim, uma observação com crianças de faixa etária de 5 e 6 anos assistindo vídeos que rotulam o comportamental indígena. Como resultado de pesquisa foi possível concluir que, de uma forma significativa os desenhos animados que utilizam da imagem do índio de uma forma marginalizada são responsáveis pela reprodução de conceitos equivocados sobre povos e suas respectivas culturas para as crianças da educação infantil.

PALAVRAS-CHAVE: Desenhos animados. Estereótipos. Educação Infantil. 

INTRODUÇÃO

O presente estudo elaborado como trabalho final do Curso de “Culturas e Histórias dos Povos Indígenas” tem como objetivo refletir como os desenhos animados que utilizam da imagem do índio de uma forma marginalizada são capazes de desenvolver e produzir estereótipos sobre esses povos com aspectos sociais e culturais desconhecidos pelos não índios, dentro das perspectivas da educação infantil.

Logo, para alcançar o objetivo deste trabalho se fez necessário primeiramente uma revisão de literatura, para conhecer alguns conceitos e tipos de estereótipos que permeiam em nossa sociedade. Em seguida, adotou-se como metodologia a analise de algumas cenas de desenhos animados junto a crianças com faixa etária de 5 e 6 anos, assim, foi possível perceber como essas atrações da mídia podem contribuir para a formação de preconceitos e estereótipos.

Alguns desenhos, como por exemplo, os bíblicos tem o objetivo de ensinar algo às crianças, outros, apenas se contem no entretenimento, ambos de classificação livre, mas com objetivos distintos, assim, são reesposáveis de formar conceitos do mundo social e cultural para as crianças. Dessa forma o desenho vem se caracterizando como um bom aliado para a construção de estereótipos voltados tanto para a cultura indígena, quanto para a própria cultura.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi dividida em 2 etapas:

1ª Levantamento bibliográfico sobre os principais conceitos e tipos de estereótipos;

2ª Observação com crianças de faixa etária de 5 e 6 anos, assistindo um vídeo que utilize a imagem do índio de uma forma estereotipada.

RESULTADOS:

Os estereótipos podem ser definidos como conceitos criados a partir de um ponto de vista politico e social, estabelecidos na forma como uma cultura compreende outra. Segundo Fleuri (2006), podem ser considerados como pré-julgamentos que temos sobre outros povos devido às diferenças existentes dentro dos aspectos considerados normais pela maioria.

Os Estereótipos são pré-julgamentos ou crenças socialmente compartilhadas a respeito dos membros de uma categoria social, que se referem a suposições sobre a homogeneidade grupal e aos padrões comuns de comportamento dos indivíduos que pertencem a um mesmo grupo social. Daí podemos definir estereótipo como, o conjunto de crenças que dá uma imagem simplificada das características de um grupo ou dos membros de um grupo. (FLEURI, 2006, p.01)

De acordo com Martinez (2006) existem vários tipos de estereótipos e podem ser classificados como de gênero, raciais e étnicos, socioeconômicos, e também aqueles oriundos do meio profissional.

Os estereótipos de gênero são aqueles direcionados ao gênero masculino e feminino, quanto as suas atribuições seja no lar, ou no mercado de trabalho, antes, a visão da sociedade sobre isso era que as mulheres eram preparadas para cuidar dos filhos e do lar, e os homens ficavam responsáveis pelo sustento da casa.

Os estereótipos raciais e étnicos são aqueles que caracterizam as raças e as etnias, generalizando os aspectos culturais, produzindo e reproduzindo rótulos em costumes que são desconhecidos, como é o caso da cultura indígena.

Os estereótipos socioeconômicos são aqueles relacionados à questão financeira dos indivíduos dentro dessa organização da sociedade de classes. Por exemplo: Os mendigos continuam nessa vida por opção; Os pobres são preguiçosos, ou são menos higiênicos.

Já os estereótipos sociais, podem ser detectados de uma forma ampla em todos os espaços sociais, no meio profissional direcionado a certas profissões, estereótipos em relação à opção sexual (gays, lésbicas e bissexuais), estereótipos no mundo da estética, e ainda aqueles muito comuns em escolas como os "nerds", que são alunos que se destacam pela sua inteligência e pelo seu jeito introvertido.

Como recurso metodológico, neste estudo foi utilizado um desenho de classificação livre, muito conhecido pelas crianças, “Pica-pau”. A observação consiste em analisar como o desenho animado pode reproduzir estereótipos marginalizados sobre os povos indígenas. Junto com as crianças, foram assistidos dois episódios do desenho, nomeados de “Um índio de Madeira” e “O rei do faroeste”, ambos os episódios mostram um lado cruel e marginalizado dos índios, no primeiro, o índio é caracterizado como um assaltante procurado pela justiça, e em troca de sua captura está sendo ofertada uma recompensa, já o segundo episodio citado, conta a historia de um índio que é procurado pela justiça por roubar as encomendas postais das cidades circunvizinhas.

As crianças foram observadas em momentos e horários diferentes, para que quando questionadas sobre o que conseguiram compreender dos desenhos não pudessem ser influenciadas pelas demais. No total, participaram deste estudo cinco crianças com idades entre  5 e 6 anos. Após assistirem o desenho, perguntei para elas o que elas achavam do Índio e do que ele estava fazendo com o Pica-pau, logo de inicio, falaram que Índio é mau porque estava querendo bater no Pica-pau, dentre as cinco crianças uma afirmou ter medo de índio, porque eles atiram flechas nas pessoas.

Os desenhos infantis trazem uma séria de estereótipos relacionados ao índio, como vemos por exemplo o Pica Pau, em que ele traz o índio americano de forma deturpada, fazendo a “dança da chuva”, usando as palavras “mi” “quer” e reforça o estigma do índio americano, peles-vermelhas, colocando assim como sendo uma única cultura. (Marcos, 2012, p.01)

De acordo com a pesquisar, esses moldes utilizados pela animação são igualitários, caracterizando os índios como uma única cultura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Através das analises feitas e das observações pertinentes à proposta dessa pesquisa, é possível considerar que, os desenhos animados de uma forma generalizada são capazes de produzir conceitos equivocados sobre variados temas que permeiam o meio social, mesmo sendo de classificação livre, e podendo ser assistido por todos os públicos, mas é na infância que os conceitos e estereótipos são previamente formados.

Logo, a mídia como formadora de opiniões, na educação infantil, pode ser considerada responsável por desenvolver nas crianças um sentimento de diferença no que diz respeito à cultura, aos costumes, e, sobretudo o comportamento de outros povos. Fazendo assim com que os estereótipos ganhem cada vez mais resistência.

Dentro dessas perspectivas, destaco o papel transformador da escola para quebrar tabus persistentes sobre os povos indígenas, tabus esses que nascem naturalmente dentro de nossas casas através das mídias. Faz-se necessário para auxiliar a escola matérias didáticos atualizados que contextualizem a historia indígena, e as transformações que esses povos vem sofrendo devido a interferência da cultura dos não-indígenas.

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

FLEURI, Reinaldo Matias. Políticas da diferença: para além dos estereótipos na prática educacional. Campinas, vol. 27, 2006.

MARCOS, Marina Cândido. Estereótipos indígenas e a programação infantil das mídias. Disponível em . Acesso em 08 de outubro de 2015.

MARTINEZ, Marina. Estereótipo. Disponível em < http://www.infoescola.com/sociologia/estereotipo/ > Acesso em 15 de outubro de 2015.


Publicado por: Willian Lima Santos

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.