Os desafios da educação universitária em 2021
Breve estudo sobre os desafios da educação universitária na modalidade de ensino híbrido em 2021.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
A escolarização na modalidade remota foi a grande novidade no ano de 2020. A rede privada de ensino brasileira adotará o modelo de escolarização híbrido neste ano. O modelo de ensino híbrido, modalidade de ensino que mescla o remoto com o presencial. Isto é, parte dos estudantes assiste presencialmente as aulas no ambiente escolar enquanto a outra parte acompanha as aulas de casa, de forma síncrona. Será um “arranjo” compartilhado entre as instituições de ensino e as famílias. De acordo com as possibilidades e as demandas de pais e responsáveis, as escolas estruturarão as turmas e a escolarização a fim de atender a todos da melhor forma possível.
O Brasil ensaia voltar para as salas de aula em 2021, mas o retorno deve ser gradual. Parte dos alunos em casa e parte presencialmente nas universidades. A Portaria 2.117/2019, do Governo Federal, autoriza que os cursos de graduação presencial no Brasil tenham até 40% da carga horária em atividades a distância, incluindo as áreas de Engenharia e Saúde (exceto Medicina). Por outro lado, os cursos de graduação EAD podem ter até 30% da carga horária em atividades presenciais. Ou seja, todos os cursos de graduação podem ser híbridos, já que podem ofertar atividades presenciais e a distância na organização curricular.
O segredo do ensino híbrido é aproveitar o melhor dos dois modelos de aprendizagem. As atividades mais autônomas, como as de embasamento teórico, têm melhor aproveitamento quando realizadas a distância, via Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Os momentos presenciais privilegiam as atividades de consolidação dos conteúdos por meio de atividades interativas, como o desenvolvimento de projetos, os trabalhos em grupo e as discussões e debates.
O ensino híbrido exige muito mais mudança dos professores do que dos estudantes. É preciso trabalhar os docentes, que vão precisar passar por vários treinamentos e capacitações, para que se adequem às novas tendências educacionais do mundo. É necessário que eles utilizem nas salas de aula metodologias ativas de aprendizagem, para estimular os alunos quando estes estão estudando sozinhos, remotamente, e também quando estão em aula, de forma síncrona. É importante utilizar metodologias, como a sala de aula invertida, estudos de caso, resolução de problemas, estudo por projetos, entre outras alternativas.
No ensino híbrido, o que impacta é a (re)organização do processo de ensino com a mediação das tecnologias digitais, algo que vai além de uma simples aplicação metodológica. A dificuldade que se vislumbra é a adequação do currículo à realidade do aluno. A mudança impacta professores e alunos. O foco da sala de aula é o aluno, a aprendizagem ativa. Os docentes podem contribuir bastante para o crescimento do aluno a partir do ensino híbrido ao trazer proposições em sala de aula que oportunizem experiências significativas de aprendizagem e que aumentem o acesso ao conhecimento, evitando a evasão e fornecendo solidez na formação pessoal e profissional. Professores e alunos estarão juntos e separados compartilhando, colaborando e construindo conhecimento.
Para implementar o Ensino Híbrido é preciso realizar mudanças na infraestrutura, no currículo, nas práticas pedagógicas e na formação dos professores, que deve ocorrer de forma continuada.
O termo ensino híbrido é um termo amplo. Dentro dele existem alguns modelos diferentes: rotação por estações, laboratório rotacional e sala de aula invertida. Alguns desses modelos ainda preservam várias características da educação tradicional e são chamados de modelos sustentados, outros modelos vão romper totalmente com a educação normativa e são chamados de modelos disruptivos. Olha só algumas características de cada um desses modelos:
ROTAÇÃO POR ESTAÇÕES
No modelo de rotação por estações, o espaço da escola é dividido em estações de trabalho e cada uma delas tem um objetivo específico, ainda que direcionadas para o objetivo central da aula. A ideia é que os alunos circulem entre as estações diferentes, aprendendo partes da lição em cada uma delas. Como estamos falando de ensino híbrido, essas estações, em geral, são montadas com ferramentas tecnológicas típicas do ensino a distância, como vídeos de demonstração ou pequenas videoaulas.
Nessas estações os alunos possuem autonomia para circular e aprender no seu próprio tempo. É importante ressaltar, porém, que essas estações precisam ser independentes umas das outras, ou seja, complementares, mas não de uma forma que o aluno precise de passar por uma estação para ter o entendimento da outra.
Rotação individual
Há também uma variação chamada de rotação individual, na qual o roteiro de rotação entre estações é pensado para cada aluno, pensando em suas dificuldades e necessidades.
LABORATÓRIO ROTACIONAL
O laboratório rotacional propõe que os alunos alternem entre dois espaços, sendo um deles um laboratório com equipamentos de informática.
No laboratório os estudantes utilizam das ferramentas tecnológicas para complementar o que será ensinado em outro espaço, podendo ser uma sala de aula tradicional, um laboratório de ciências ou até mesmo um espaço externo (quadra esportiva, por exemplo).
Da mesma forma que funciona a rotação por estações, as lições devem ser pensadas de forma a que exista um tempo específico para os alunos estarem em cada ambiente e que as lições passadas em cada ambiente sejam complementares.
SALA DE AULA INVERTIDA
A sala de aula invertida é um modelo que rompe bastante com a premissa da educação tradicional. Como o nome sugere, é um modelo que inverte a lógica da sala de aula, ou seja, os alunos aprendem novos conteúdos em casa, por meio do ensino a distância, e utilizam o espaço da sala de aula para fixação, tirar dúvidas e fazer exercícios.
Nesse modelo o EAD é extremamente utilizado, especialmente as videoaulas. Afinal, como os novos conteúdos são passados remotamente, uma forma muito utilizada para facilitar o ensino é por meio dos vídeos online.
Aqui, o aluno tem um contato com a matéria antes de ter contato com o professor, então, quando ele está fisicamente na presença dos instrutores, já tem uma ideia bem melhor do assunto e de quais são suas dúvidas. Esse modelo é extremamente benéfico tanto para aluno quanto para professores, pois aumenta o rendimento em sala de aula, algo que é muito importante, especialmente em aulas curtas cerca de 50 minutos.
Em geral, todos os três modelos dentro do ensino híbrido visam estimular a autonomia e independência dos alunos, colocando-os como protagonistas de seu próprio processo de aprendizado. Então, além de benefícios no próprio ensino, é possível dizer que esse modelo também estimula o crescimento pessoal e profissional dos alunos.
Diferente do regime tradicional, este tipo de ensino exige recursos especiais para o efeito, nomeadamente computador e a internet. Esta assume-se como a principal desvantagem, visto não estar, ainda, ao alcance de toda a gente. Para suprir esta dificuldade, há instituições e autarquias que cedem o respetivo material aos estudantes. Noutros casos, é necessário fazer esse investimento.
As tecnologias não substituem o primordial, a sala de aula, alunos e professores, distantes uns dos outros, separados por telas de computadores, tablets e celulares, como uma forma de, ao menos, conseguirem compartilhar, mesmo que virtualmente, um ambiente parecido com o escolar.
O ensino híbrido está no topo das tendências escolares para 2021, ou seja, o distanciamento social em sala de aula ainda será necessário, e a forma de viabilizá-lo é com ensino híbrido. Nesse cenário em que a inovação é uma forte tendência, as atividades educacionais precisam acompanhá-la. Mais do que nunca, a construção do conhecimento tem exigido e continuará exigindo ações diversificadas, que saiam dos modelos preconcebidos.
As aulas presenciais e não presenciais, com certeza, serão o modelo em 2021. No ensino híbrido, o professor não é o único responsável pelo aprendizado do aluno, já que esse se torna dono da sua trajetória. O professor divide a tarefa da exposição de conteúdo com as ferramentas digitais e pode se dedicar ao desenvolvimento de competências e habilidades que preparem os estudantes para o futuro.
O Parecer nº 19, do Conselho Nacional de Educação (CNE) estende até 31 de dezembro de 2021 a permissão para atividades remotas no ensino básico e superior em todo o país, deixando a critério de cada rede de ensino e IES a adoção de carga horária a distância.
De acordo com o parecer/resolução, as universidades e faculdades, públicas e particulares, poderão reorganizar seus currículos e estarão liberadas para substituir todas as aulas presenciais por atividades não presenciais até o final de 2021. Também fica facultada às redes, escolas e instituições de ensino superior à determinação de recuperação da aprendizagem, seja presencial ou não.
Referências bibliográficas
BACICH, Lilian; TANZI NETO, Adolfo; TREVISANI, Fernando de Mello (org). Ensino Hibrido: personalização e Tecnologia na Educação. Porto Alegre: Penso. 2015.
SANTOS, Julio César Furtado. Aprendizagem significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor. 1ª Ed. Porto Alegre: Mediação, 2008.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. O professor e o combate à alienação imposta. São Paulo, Cortez & Autores Associados, 1991.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo: Libertad, 1994 (Cadernos Pedagógicos do Libertad,2).
ZABALLA, Vidiella Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto alegre: Artmed, 1998.
Publicado por: Benigno Núñez Novo
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