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O Sistema Educacional, as Avaliações e os Índices

Confira aqui uma perspectiva sobre o sistema educacional brasileiro!

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Dentro da perspectiva neoliberal, os sistemas de serviços públicos são articulados para o fracasso. Se não há fracasso não há adesão ao setor privado. As pessoas, se pudessem escolher não gastar com saúde e educação não o fariam. Para articular tal falência de modo a não parecer realmente uma estratégia articulada, constrói-se todo um discurso ideológico sustentado por um equivocado ideal democrático. Tal ideal sustenta uma ideia de liberdade de ação e estratégia pedagógica.

Cada escola, cada professor cria suas próprias estratégias e ações para adaptar à realidade de cada comunidade ou individuo. São os chamados Projetos Políticos Pedagógicos. Isso é coerente com uma proposta humanista. O problema surge quando todas as estratégias e ações elaboradas e executadas são avaliadas por um sistema único, específico, elaborado por quem não elaborou e executou as estratégias e adaptações pedagógicas. Ou seja, os vestibulares, o ENEM, SAEB, SARESP, e qualquer avaliação ou processo seletivo não são elaborados por quem executa o processo de ensino-aprendizagem. Portanto não há harmonia entre os processos de construção e avaliação do conhecimento. Contudo, os índices oficiais de desempenho educacional são comprometidos por uma simples questão de incoerência entre as dimensões que compõem o sistema educacional.

Nesse contexto o sistema educacional da redes privadas também tem a liberdade de adaptarem as diretrizes básicas (LDB) ao contexto da comunidade, ou clientela, e à realidade dos indivíduos (classe média e alta). Enquanto o sistema público direciona as ações e estratégias à uma suposta construção da cidadania através da valorização da diversidade, adaptando o conhecimento à realidade dos discentes, o sistema privado direciona as ações para os processo seletivos. As redes privadas têm mais coerência e harmonia em suas propostas do que a rede pública em geral. Há muito mais homogeneidade do que a rede púbica no que diz respeito ao preparo dos discentes ao acesso às universidades e  aos concursos públicos.

Os sistemas de ensino privado das grandes cidades do Brasil compartilham dos mesmos profissionais e da mesma diretriz pedagógica oficial pública. Ou seja, a LDB é o parâmetro único. A maioria dos professores das redes privadas também são profissionais das redes públicas. Então onde está o problema? No sistema.

Busca-se, como políticas públicas para a educação, uma articulação eficiente entre o processo e a medição do processo objetivamente para a elaboração dos resultados para índices públicos nacionais e regionais, assim como para os processos seletivos em vestibulares e concursos.

Essa dicotomia do sistema educacional em público e privado é também uma manutenção das estruturas de desigualdade. No sistema capitalista neoliberal, enquanto estrutura de sustentação da sociedade de consumo e competição para conquista de poder (de consumo) , o caminho para tal conquista é a preparação para processos seletivos. A construção da cidadania não necessariamente prepara para tal competição. Mesmo quando não há muito rigor na seleção para a universidade, tais como as instituições privadas de menor porte, as bases para uma boa graduação não são bem construídas no ensino público, portanto as desistências e má formação selecionam e excluem esse  indivíduos provenientes do sistema público no mercado de trabalho.

No senso comum que constitui as relações entre sociedade e educação no Brasil, há a maior valorização e crença no sistema privado. Mesmo que no sistema público haja bons professores, bons recursos tecnológicos, boas propostas, boas estratégias, e boas ações, a sociedade não acredita. Os pais não acreditam, os próprios professores não acreditam, pois a maioria tem seus filhos em escolas privadas. Há aqueles que tentam, que se arriscam com inovações e rupturas com tradicionalismo e conservadorismos. Por vezes conseguem bons resultados, mas no processo de avaliação e seleção convencional não há adaptações e rupturas que atendam as individualidades e regionalidades aplicadas pelas iniciativas inovadoras. No fim, temos um sistema de ensino público que forma mão de obra barata e um sistema privado que prepara para os processos seletivos das especializações de mais alto nível, portanto uma eficiente manutenção das desigualdades e da exclusão arquitetado por diretrizes do mundo globalizado.


Publicado por: Alan Carvalho

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