O eu e o outro nas relações transcendentais: Um Mergulho na Teoria Sociocultural de Vigotsky
Aritgo que revela que a aprendizagem e o desenvolvimento humano ocorre nas interações intersubjetivas.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Dorislene Alves.Almeida Cantarela [1]
Gilza Andrade Cruz[2]
Maria Benedita de Paula [3]
Nezi Nilda Monteiro Pimentel[4]
Rosalina de Oliveira Reis Goebel[5]
Judite Filgueiras Rodrigues[6]
As relações entre o Eu e o Outro nas dimensões sociais são apresentadas no texto abaixo, mediante os pressupostos de Vigotsky na teoria sócio cultual, revelando que a aprendizagem e o desenvolvimento humano ocorre nas interações intersubjetivas.
Para entendermos os pensamentos de Vigotsky é necessário conhecer um pouco de sua biografia. Lev Seminovitch Vigotsky nasceu em 1896 na Bielorrusia. No ano de 1917 graduou-se na Universidade de Moscou em Literatura. Começou suas investigações no campo da Psicologia, coordenando e dirigindo varias pesquisas acerca da educação de pessoas portadoras de necessidades especiais.
Seu interesse por estas temáticas e a importância de suas pesquisas neste campo o levaram a direção do Departamento de Psicologia no Instituto de Medicina Experimental.
Aos 38 anos morreu de tuberculose. Seu trabalho só foi divulgado muito tempo após ser produzido, devido “a guerra fria”. Sem dùvida, ele foi uma das personalidades mais influentes na área da Educação e da Psicologia.
As posturas evolucionistas e biologopsicologistas presentes nas idéias de Vigotsky, postularam duas vertentes importantes:
1) A interação existente entre o desenvolvimento e a aprendizagem;
2) Os vínculos relevantes produzidos pelas relações professor e aluno.
Estes pressupostos constituem os pilares das suas investigações, sendo fundamentais, propícios e pertinentes à realização deste ensaio teórico.
Entre idas e vindas, encontros e desencontros, princípios e fins, palcos e platéias, viagens e paragens: o EU e o OUTRO.
O outro que sou eu e o eu que é o outro. São identidades construídas pelo preço da destruição, singularidades emitidas pela gloria da pluralidade, formas impressas em função das disformes e multiformes apresentadas.
Nesta ótica, não é o fim um principio? A morte uma vida?
Numa análise metafórica neutraliza-se e mortifica-se a vida, criamo-na e recriamo-na a cada dia, a cada momento; é pela possibilidade de ressignificar idéias, conceitos, pensamentos e ações que imortalizamos concepções e até teorias seculares.
É no rol da imortalidade que situamos o pensamento de Vigotsky, que continua vivo mesmo após séculos. O autor corrobora para um olhar mais profundo e sensível, no sentido de perceber que qualquer ser, em sua individualidade que é social, pode registrar seu pensamento, sua alma nas entranhas das “letras”, garantindo um nincho da memória imortalizada nas reentranças do conhecimento humano.
O pensamento e a linguagem, por serem sustentação da vida humana, são reconhecidos por Vigtsky (1988) como estruturas superiores do indivíduo, por elas, acrescenta-se: é possível alcançar a transcendência.
Para isso é importante mortificar iniciativas que aprisionam os sujeitos em concepções diretivas e lineares. A idéia de morte aqui tratada planta uma outra: a de vida surgida a partir dela. Novas idéias não surgem do nada, mas da “recriação” do velho, complementação do anterior, ressignificação do ultrapassado na ótica do novo paradigma. A vida se constitui a partir dessa morte caracterizando um processo de interdependência: a morte que gera vida, que gera morte...
É possível esta metaforização, porque se visualiza atualmente as relações de desenvolvimento, ensino e aprendizagem a partir do principio vigotskyano, na medida que se assume debates e práticas em torno da dialética, dialógica, problematização, metodologias ativas, planetarização e integralidade do sujeito.
Dessa forma, todas essas abordagens são caracterizadas por uma educação e ensino constituintes de formas universais e necessárias do desenvolvimento mental, em cujo processo se ligam os fatores socioculturais e as condições internas dos indivíduos. Todo debate que se vincula aos elementos de interatividade e aos pressupostos sociais e culturais assumem relevância no cenário educacional.
Para entender as relações existentes entre o desenvolvimento e a aprendizagem é importante compreender o conceito de Vigotsky, de zona de desenvolvimento proximal apresentado por ele.
Tal conceito se evidencia como maturidade intelectual do aluno e suas potencialidades para resolver situações problematizadoras com ou sem intervenção do “outro”.
Estas idéias são importantíssimas para a atividade docente já que ele é esse “outro significativo” para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e o manejo da informação permitindo-lhe saber que todos os alunos homogêneos ou heterogêneos que existam nos cursos, contam com essa capacidade de maneira latente.
Desta forma, o docente poderá adotar recursos didáticos que otimizem a tarefa pedagógica, implementando distintas formas de organização do espaço educativo.
A zona de desenvolvimento proximal manifesta-se então como uma aproximação interativa entre os diferentes sujeitos em suas individualidades e coletividades, singularidades e pluralidades. São as idiossincrasias (individuais e coletivas) do ser que formam o grande mosaico que garante a diversidade de aprendizagens.
Amplia-se o nível real porque a necessidade sócio-cultural dos seres humanos revela potenciais inesgotáveis.
Observa-se que esta perspectiva da psicologia insere-se vivamente dentro da tradição filosófica marxista, porque revela crítica, ideologias, culturas e multiculturas. Neste sentido, Vygotsky, à medida que explicou a constituição histórico-social do desenvolvimento psicológico humano insere-o no processo de apropriação da cultura mediante a comunicação com outras pessoas.
Dá-se pois, a justificativa de que um EU se faz mediante outros “EUS”. Tais processos de comunicação e as funções psíquicas superiores neles envolvidas se efetivam primeiramente na atividade externa (interpessoal) que, em seguida, é internalizada pela atividade individual, regulada pela consciência.
No processo de internalização da atividade há a mediação da linguagem, em que os signos adquirem significado e sentido. Há uma lógica vigente no tocante a estes: os significados atribuídos aos signos podem ser relativos, mediante valoração de determinada cultura, uma vez que as normas e os valores de uma coletividade caracterizam o sentido dado a cada indicativo, ícone ou símbolo. É o OUTRO que material ou imaterialmente vive no EU que consolida todo o desenvolvimento social, cultural e paralelamente o cognitivo.
Ao destacar a atividade sócio-histórica e coletiva dos indivíduos na formação das funções mentais superiores, não se pode deixar de elucidar o caráter de mediação cultural do processo de conhecimento e, ao mesmo tempo, a dimensão individual da aprendizagem pela qual o sujeito se apropria ativamente da experiência sócio-cultural.
Fica claro então, que o ato de aprender se constitui nas relações intersubjetivas. É nestas, que a vida latente se manifesta eminentemente “sapiente”, em que o pensar pensante gera a imortalidade da alma[7], no conhecer e na transcendência do OUTRO e do EU.
REFERÊNCIAS
Idoneos.com Suscripciones Web 2.0 → Homepage → Las Enseñanzas de Vigotsky Las Enseñanzas de Vigotsky. Lic. Marcelo Albornoz
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. SP, Martins Fontes, 1988
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[1] Graduada em Enfermagem e Obstetrícia .Especialista em : Saúde da Família, Educação Profissional em Saúde- Enfermagem, Licenciatura Plena em Ciências Físicas e Biológicas- PEFOPE, Mestranda em Ciências da Educação. É Coordenadora do Curso Técnico em Agentes Comunitários de Saúde em Porto-velho-RO
[2] Licenciada em Letras.Especialista em Estratégias de Ensino e Aprendizagem e Psicologia do Conhecimento, mestranda em Ciências da Educação. É Professora e Coordenadora do Colegiado de Letras e do Comitê Gestor em Orientação Pedagógica da Faculdade de Ages.
[3] Graduada em Enfermagem e Obstetrícia e Licenciatura em Enfermagem.Especialista em : Saúde Comunitária, Educação Profissional em Saúde – Enfermagem, Gestão de Serviços de Saúde, Educação a Distancia e Informática em Saúde. Mestranda em Ciências da Educação. È Professora na Faculdade Anhanguera e Responsável Técnica do Serviço de Enfermagem do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal
[4] Graduada em Letras.Especialista em Língua Portuguesa: uma Abordagem Textual. Mestranda em Ciências da Educação. É Professora da Secretaria Executiva de Educação do Pará e da Universidade do Vale do Acaraú
[5] Graduada em Enfermagem e Obstetrícia.e Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Saúde Pública, Saúde da Família, Educação Profissional em Saúde – Enfermagem, Metodologia do Ensino Superior, Licenciatura Plena em Ciências Físicas e Biológicas _ PEFOPE. Mestranda em Ciências da Educação. È Enfermeira da III Gerencia Regional de Saúde de Vilhena –Ro, e Professora do Curso de Técnico em Enfermagem do SENAC- RO.
[6] Dra em Ciências do Movimento Humano. Docente da UTIC
[7] Aqui entendida como essência humana
Publicado por: nezi nilda monteiro pimentel
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