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Inclusão e cidadania no EJA em Parnaíba-Piauí

Experiências que monstram os avançoes, as conquistas, o favorecimento de oportunidades no processo de escolarização de jovens e adultos.

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RESUMO

O artigo retrata uma trajetória do trabalho desenvolvido no PROEJA- Programa de Educação de Jovens e Adultos, criado e desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Parnaíba no período de 2001 a 2004. O objetivo é dividir as experiências, mostrando os avanços, as conquistas, o favorecimento de oportunidades no processo de escolarização de jovens e adultos que não tiveram acesso à educação na idade apropriada em decorrência dos mais variados motivos. A evolução da educação de jovens e adultos com o surgimento da inclusão da cultura de formação continuada para educadores. Nas exigências do mundo atual, a conquista da cidadania perpassa pela inclusão de uma escola específica, capaz de promover a igualdade entre homens e mulheres; desenvolver a autonomia; possibilitar o acesso à cultura; favorecendo uma participação criativa e consciente.

INTRODUÇÃO

Segundo o Censo de 2000 (IBGE), Parnaíba é um município com cerca de 132.282 habitantes, sendo 94,5% população urbana e 5,5% população rural; e observa-se que a taxa de urbanização cresceu bastante, mas o nível de analfabetismo ainda é de 15,41% ou seja, 20.384 pessoas entre 15 anos e mais, encontram-se em condição de analfabetismo absoluto. Para minimizar este quadro a Prefeitura de Parnaíba, através da Secretaria Municipal de Educação gestão 2001-2004, estabeleceu como meta prioritária a inclusão desta modalidade de ensino. Criou-se o PROEJA, que teve como bandeira de luta inicial vencer preconceitos e idéias arcaicas que ainda imperavam no nosso meio cultural, tais como:aplicar dinheiro no analfabetismo é jogar fora recursos?;esse povo não estudou porque não quis?, entre outras. O regime adotado é presencial e atende todas as séries do Ensino Fundamental. Organizado em 1º ciclo (1ºe 2º série), 2º ciclo (3º e 4º série), 3º ciclo (5º e 6º série) e 4º ciclo (7º e 8º série), o horário de funcionamento das turmas é no período da noite com exigência da freqüência dos alunos no mínimo de 75%, deverá ser cursado no mínimo 800h ou 200 dias letivos. Atendendo assim, as exigências estabelecidas pelas diretrizes curriculares do MEC. O material didático utilizado é apropriado para educação de jovens e adultos, estruturada de acordo a proposta curricular para Educação de Jovens e Adultos? (MEC) e Parâmetros Curriculares Nacionais- PCNs, Atendeu ao longo de quatro anos em média de 17.300 alunos, mantidos pelos recursos municipais e auxílio financeiro do Governo Federal, através do Programa de Apoio a Estados e Municípios, Recomeço, mas somente foi contemplado com esta ajuda financeiro a partir do ano de 2002.

 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Desde 1949, a UNESCO, periodicamente, realiza a cada dez ou doze anos Conferências Internacionais de Educação de Jovens e Adultos, a primeira ocorreu em Elsinore, na Dinamarca; a segunda em 1960 em Montreal, no Canadá; a terceira em 1972 em Tóquio, no Japão; a quarta 1985 em Paris; a quinta e última em 1997 em Hamburgo, na Alemanha. Estas conferências foram fundamentais para influenciarem nos resultados que estão sendo alcançados. A Declaração de Hamburgo aprovada na V Confintea (Conferência Internacional de Jovens e Adultos) atribui à educação de jovens e adultos o objetivo de despertar a responsabilidade planetária nas pessoas; promover a igualdade dos homens e mulheres; desenvolver a autonomia, possibilitar o acesso à cultura, aos meios de comunicação, à preservação ambiental, aos cuidados com à saúde; contribuir à formação continuada adequando as novas tecnologias, as necessidades sócio-econômicas e culturais; incorporando a cultura de paz e democracia e assim favorecendo uma participação criativa e consciente dos cidadãos . No art. 3º da Declaração de Hamburgo:

Entende-se por Educação de Adultos o conjunto de processos e aprendizagem, formal ou não, graças ao qual as pessoas consideradas adultas pela sociedade a que pertencem desenvolvem as suas capacidades, enriquecem os seus conhecimentos e melhoram as suas qualificações técnicas ou profissionais ou as reorientam de modo a satisfazerem as suas próprias necessidades e as da sociedade. A Educação de Adultos compreende a educação formal e educação permanente, a educação não formal e toda a gama de oportunidades de educação informal e ocasional existentes numa sociedade educativa multicultural, em que são reconhecidas as abordagens teóricas baseadas na prática (Declaração de Hamburgo, 1997). Sabemos que a constituição de 1988 assegurou a todos os cidadãos o direito ao ensino fundamental público e gratuito, independente da idade.

 Esta conquista possibilitou que 25% da receita dos estados e municípios fossem aplicados na Educação, sendo que a metade desses recursos destinar-se-ia à eliminação do analfabetismo e à universalização do ensino fundamental. E assim, a tentativa foi negativa, pois os recursos continuavam centralizados ao atendimento, somente de crianças e adolescentes. A EJA foi Tratada de forma secundária por todas as estâncias governamentais, esteve vivendo à míngua, marginalizada, com recursos escassos e políticas educacionais relegados a segundo plano.

Esses fatores influenciaram a trajetória da EJA em passos lentos, ou seja, ocasionando um descumprimento da Legislação e uma infração nos direitos humanos dos cidadãos brasileiros. A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como princípio :Unir os povos do mundo todo, no reconhecimento de que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos?(1948. art. 1º). Surge a Lei de Diretrizes e Bases da Educação? LDB nº 9.394, de 20/12/96, cabe evidenciar alguns pontos importantes sobre o tratamento dado por esta lei, dentre eles:(...) igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; (...) pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; (...) garantia de padrão de qualidade; (...) valorização da experiência extra-escolar; (...) vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Na seção V. art. 37, prevê, que a Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que, pelos mais variados motivos, não puderam ter acesso ou continuidade à seus estudos na idade apropriada, de forma gratuita, considerando as características dessa clientela, seus interesses, condições de vida, de trabalho.

Logo em seguida o governo federal institui a Lei nº 9.424, de 24/ 12/96, que dispõe sobre o Fundo de manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do magistério? FUNDEF. Mas, o Presidente da República vetou parcialmente esta Lei, impedindo a contagem das matrículas em educação de jovens e adultos, para efeito dos cálculos do FUNDEF, o que mais uma vez impossibilitou o investimento de Estados e Municípios nessa modalidade de ensino. Somente em 2001, criou-se o RECOMEÇO, um programa federal que em caráter suplementar disponibilizava recursos. Somente 14 Estados e Municípios, com baixo Índice de Desenvolvimento Humano, receberam recursos financeiros proporcionais ao número de jovens e adultos matriculados no ensino fundamental baseado no censo escolar anterior (ano 2000) na modalidade de EJA (ensino fundamental regular e presencial). Portanto, o município de Parnaíba, ficou excluído desta transferência de recursos, já que no ano de 2000 não havia aluno matriculado nesta modalidade de ensino.

A Regulamentação do sistema municipal de ensino ocorreu através da Lei Municipal de nº 1.859, de 15 de março de 2002 incluindo no ensino Fundamental a modalidade de Educação de Jovens e Adultos. 2001-2004: A INCLUSÃO DA EJA Ressaltamos que, em um país onde existem um grande avanço tecnológico e várias iniciativas de desenvolvimento econômico, impera um número significativo de jovens e adultos que não tem acesso à escola. Isto mostra que o analfabetismo é, ainda hoje, um dos maiores obstáculos do exercício da cidadania e causador da exclusão social nas camadas mais desfavorecidas da sociedade. É imprescindível que haja uma conscientização em todas as instâncias sobre a importância da EJA neste terceiro milênio. A necessidade de se implantar uma política educacional neste setor é de extrema relevância. Considerando o grande contingente que constitui o público analfabeto e/ou com ensino fundamental incompleto. Parnaíba, cidade Litorânea do Piauí, está inserida dentro deste contexto nacional, é constituída por uma grande parcela da população de baixa renda, bem como apresenta grandes índices de analfabetismo absoluto e funcional. Em 2001, iniciou-se um novo ciclo de inclusão e desenvolvimento educacional, a Prefeitura Municipal de Parnaíba, começa a construir um modelo de gestão que tem como objetivo transformar essa realidade.

A criação da primeira Coordenação de Educação de Jovens e Adultos, foi um grande avanço nesta modalidade educacional, possibilitando desenvolver uma política de atendimento adequado a esta demanda, incluindo a formação de uma equipe compromissada. Esta modalidade educacional contribuiu no resgate a cidadania, homens e mulheres tiveram acesso dando prioridade as especificidades e características de cada comunidade, promovendo uma aprendizagem significativa a todos. A falta de recursos federais, não foi empecilho para torná-la prioridade. O compromisso de transformar esta triste e excludente realidade educacional esteve aliado a responsabilidade dos gestores, que, no entanto , tornou-se extremamente fundamental para readequar as finanças . Esta prioridade possibilitou a ousadia de muitos educadores transformar o sonho em realidade.

Jovens e adultos despertavam para conhecer novos horizontes, a oportunidade de reescrever uma nova história , a esperança de ser valorizado como cidadão . Construindo-se então o PROEJA - Programa de Educação de Jovens e Adultos, com uma metodologia que atendesse as necessidades do público alvo, tendo o objetivo de fornecer a este alunado todas as especificidades que esta modalidade exige a fim de se construir uma identidade própria, pois ao longo dos anos esse público viveu à luz de uma pedagogia que, além de tradicional, era específica para ensino fundamental regular, ou seja, jovens e adultos eram marginalizados e tratados como crianças. No decorrer do primeiro ano do mandato da gestão Parnaíba nosso Porto O PROEJA atendeu o total de 2.751 alunos, distribuídos em 93 turmas da alfabetização, 1º ciclo e 2º ciclo (ensino fundamental), teve em média 105 educadores. Atingir está meta foi uma combinação de idéias e ideais, que teve como sentimento a paixão pela educação das minorias, dos excluídos e dos marginalizados. Houve um resgate, uma mobilização, um compromisso e uma responsabilidade em tornar este acesso escolar a todos.

E assim, a cidadania estava sendo conquistada, dentro do direito de ler, entender e reescrever sua própria trajetória. Tornar o sonho possível, desenvolver uma Parnaíba baseada em acesso digno para todos tornou-se o grande marco desta modalidade. A inclusão educacional possibilita tornar todos os cidadãos de fato e de direito. Como Paulo Freire enfatizou: Seria, uma ilusão ingênua pensar que não se organizasse em instituições, organismos, grupos de caráter ideológico, para a defesa de suas opções, criando, em função destas, sua estratégia e suas táticas de ação.(1979: 53).

Nesse sentido, faz-se necessário a participação de todos os envolvidos no processo educativo, de um planejamento estratégico. Consideramos algumas de extrema importância: Ação mobilizadora, dos agentes de saúde, representantes de associações ,igrejas e voluntários ; Ação seletiva dos educadores, condicionada a apresentação de no mínimo 30 (trinta) cadastros, em seguida era avaliado o curriculum vitae, dando prioridade o envolvimento que o mesmo mantinha com a comunidade e em seguida submetido a prova dissertativa; Ação de implantar as turmas ,início das aulas o educador aplicava um diagnóstico, para identificar o perfil de cada aluno, adequando-o conforme suas carências educacionais; Ação de capacitação dos educadores, a prefeitura contratou equipe de instrutores de alto nível, atuantes na formação de professores da UFPI, para ministrar um curso inicial de 120h/a ; Ação de Parcerias com a Fundação Banco do Brasil possibilitou curso de capacitação e material didático. A partir de 2002, o programa foi contemplado com recursos do Recomeço, mesmo com o valor per capita inferior ao gasto mínimo por aluno calculado pelo FUNDEF. O recurso federal possibilitou aumentar o número de matrículas para mais de 210% ou seja, 5.779 alunos distribuídos em todos os ciclos do fundamental.

Ampliando sua equipe para 187 professores e 06 coordenadores de grupo, 02 auxiliares administrativos e 01 digitador. Neste período, iniciaram-se os encontros pedagógicos baseados na proposta curricular,MEC e Parâmetros Curriculares Nacionais,PCNs. A organização foi estruturada em pautas, a cada encontro, era proporcionada uma reflexão entre teoria e prática.

Alguns aspectos significativos para a permanência do alunado: a merenda escolar; fardamento; livro didático (Coleção Viver-aprender); professores em constante acompanhamento e orientação didática, metodológica e Kit escolar (caderno, lápis, borracha, pasta). Em 2003, mudanças ocorreram na Secretaria de Educação e o programa sofreu uma instabilidade, mas conseguiu se manter no patamar de 4.558 alunos matriculados. A formação continuada dos professores e equipe de formadores recebeu reconhecimento nacional O sucesso fora compartilhado por vários educadores de diversos estados, desta forma o município de Parnaíba foi contemplado com uma reportagem na segunda maior revista de circulação nacional,Nova Escola, edição dezembro/2003 Editora Abril. Esta foi a primeira vez que um Programa Municipal de Educação de Parnaíba alcança referencial de formação continuada para todo o País.

O reconhecimento também da Fundação Banco do Brasil que considera a educação municipal de Parnaíba no setor de alfabetização de Jovens e Adultos, um dos quatros melhores pólos de desenvolvimento no campo da Alfabetização de Adultos BBeducar/ PROEJA. Destaque também na revista Mais Brasil edição dezembro /2003. Em 2004, iniciou-se o período letivo com muita turbulência, várias escolas estavam ocupadas com os desabrigados das enchentes, incluindo nesta condição alunos da EJA. Mas, a mobilização permanente dos educadores foi fator primordial para alcançar a meta de 4.186 alunos matriculados em todos os ciclos. O destaque das ações nesse período foi o acompanhamento dos coordenadores de grupo, nas salas da EJA, trouxe resultados satisfatórios, possibilitando identificar os educadores que mais apresentam dificuldades de introduzir a metodologia adequada a este público.

E assim, conseqüentemente contribuem para elevarem as altas taxas de evasão e/ ou repetência, trazendo sérias conseqüências na auto-estima dos alunos. A dificuldade que o setor administrativo enfrenta para diminuir a participação de professores que apresentam poucos resultados de adequação a proposta da EJA é extremamente difícil, já que ainda impera em nosso meio o famoso apadrinhamento. Paulo Freire nos possibilita refletir: A grande questão ao avaliarmos nossas ações é que não se faz o que se quer, mas o que se pode. Uma das condições fundamentais é tornar possível o que parece não ser possível. A gente tem que lutar para tornar possível o que ainda não é possível. (São Paulo, 1991) Talvez o resultado da credibilidade do PROEJA tenha sido essa luta constante de tornar possível uma avaliação permanente do corpo docente, modificando a forma de acompanhamento, mantendo como exigência a participação de todos nos encontros pedagógicos, a fim de transformar, despertar e incutir a necessidade da formação permanente, para de fato fazer inclusão com responsabilidade e qualidade.

EDUCADORES E EDUCADORAS: INCLUSÃO NA FORMAÇÃO CONTINUADA A EJA é uma grande possibilidade de crescimento para educadores e educadoras, uma descoberta em meio a grandes desafios, não só para quem sabe codificar e decodificar as letras, mas, sobretudo para aqueles que se percebem socializando o que sabem com os outros sujeitos. Eles se descobrem educadores e educadoras que, mesmo com limites, encontram as possibilidades para desenvolver um processo educacional em que todos constroem esse novo momento em suas vidas. Oportunizar novos talentos descobrir-se como agente transformador, despertar o senso de responsabilidade social, o compromisso com os excluídos e o valor de tornar a educação pública de qualidade tornou-se a grande marca do PROEJA. Sabemos que a força matriz deste programa é o desejo de compartilhar e ajudar o outro. Começando pelo papel do educador, como resgate de sua auto-estima.

Esse educador começa descortinando sua realidade, percebendo sua importância para a vida de diversas pessoas e passa a ser sujeito da concretização de uma luta política mais ampla e efetiva, vislumbrando inclusive a continuidade e o enriquecimento de sua formação. Este desafio de manter os educadores em constante formação sofreu resistências, enfrentou concepções arcaicas, pois muitos acreditavam que já estavam formados e que, portanto, não necessitavam participar de cursos de atualização. Sabemos que durante muito tempo a função do educador era vista mais de forma sacerdotal, e com isto afastou-se a idéia que o educador deve ser um eterno cientista, deve ser um profissional que se mantenha em constante atualização de práticas e reflexões teóricas.

Não se pode mais conceber que nenhuma modalidade de ensino tenha educadores que pare no tempo, é preciso quebrar o rótulo educador da EJA qualquer um, e sim, investir e manter a formação continuada como prioridade constante. Buscando sempre os meios compatíveis com as necessidades e exigências do mundo atual. No PROEJA, o educador não esteve isolado, suas conquistas e desafios estavam em constantes reflexões coletiva exigindo o processo construtivo do pensar e do fazer pedagógico. O acompanhamento nas salas de aula foi extremamente importante para as reflexões do formador. Atuando diretamente nas dificuldades de cada professor, desde o registro dos diários de classe, a postura, a linguagem, a metodologia, os conteúdos e principalmente a afetividade na relação aluno-professor. Esta prática possibilitou melhorar o perfil dos educadores da EJA e conseqüentemente uma melhor aprendizagem dos alunos.

A liberdade do educador em decidir, intervir dentro de sua atuação pedagógica, o novo jeito de despertar potencialidades e responsabilidades aos poucos modificara a cultura livresca sendo redirecionada para novas práticas, ou seja, o livro passou a ser apenas uma das ferramentas de aprendizagem e não mais a única. Vera Ribeiro define que: Os programas educativos, que têm a alfabetização como conteúdo importante, devem se ocupar não apenas de desenvolver habilidades de processar informações a partir de diversos tipos de textos, mas também, de promover atitudes favoráveis à leitura como veículo de aquisição de novos conhecimentos e desenvolvimento cultural. (2001 : 49) As Abordagens de temas específicos, tiveram também um enfoque decisivo para melhorar o desenvolvimento dos educadores adequando-os as tendências educacionais e as reflexões atuais , dentre eles destacaram -se : novos jeitos de avaliar e planejar; inteligências múltiplas; empreendedorismo; projetos pedagógicos e Parâmetros Curriculares Nacionais EJA .

Segundo Gadotti: a competência técnica do Educador passa pela apropriação da capacidade de dirigir o pedagógico, como sujeito da construção do Projeto Pedagógico com seus educandos: Passa pela apropriação da capacidade de planejar, selecionar atividades significativas interessantes e variadas, teoricamente fundamentadas para atingir objetivos claramente específicos, proporcionando o conhecimento do educando através de estratégias de intervenção pedagógica. Passa pela apropriação da capacidade de observar as reações significativas, afetivas, culturais e ideológicas do educando durante o desenvolvimento das atividades pedagógicas; registrar as ocorrências significativas e continuidade avaliar os avanços do educando, avaliar o processo pedagógico e avaliar-se. (GADOTTI (org.), 1996: 57). Os encontros de formação continuada possibilitaram agregar uma nova cultura. O educador pesquisador sendo aquele que estuda; propõe, organiza, observa, intervém e testa seu referencial teórico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Momentos que marcaram o PROEJA, desfile cívico de alunos e educadores nas comemorações do aniversário da cidade; Solenidade de formatura dos alunos; Aula-Passeio (pontos históricos e turísticos de Parnaíba); Entrega de material didático; Feiras escolares; Gincana cultural dos educadores; Encontros de Formação Continuada; Festival de Talentos da EJA; Encontro de Educadores da EJA- Julho; Confraternização de professores com feijoada - FEIJOEJA; Ação Voluntária dos educadores em solidariedade as vítimas da enchente; Mobilização Ação Global; Projeto Meio-Ambiente (visita aterro sanitário); A repercussão da Reportagem da Revista Nova Escola e Revista Mais Brasil; Festa junina - Arraial do Centroeja; Oficinas da Escola é 10, Escola é vida e feira do empreendedor; Café Pedagógico. Marcas do PROEJA, vídeos e fotografias registram sorrisos, gestos, dedicação, responsabilidade, compromisso e conquistas. Uma coletânea que fica de todos aqueles que colaboraram com a reescrita da vida de muitos jovens e adultos.

Os textos, momentos vivos que marcaram a vivência dos projetos. Dentre os principais citamos: Contribuições indígenas na história da Parnaíba; Valorização o patrimônio histórico; Resgate da história de Parnaíba; Cidadania; Trabalho infantil; Valores de nossa gente; Meio ambiente; Empreendedorismo. A trajetória do PROEJA foi construída no exercício de cidadania, na diversidade de muitos rostos, nos olhares, nas emoções e na evolução de cada educador e formador. A cada atividade desenvolvida, entre acertos e erros, a cada encontro uma proposta surgia, as idéias fluíam, o espírito de equipe fortalecia o coletivo, o diálogo e a interação do movimento compromissado com a educação de qualidade. Oportunizou uma viajem de conhecimento navegou em diversos portos, descobriu outros ritmos, outras teorias, entendendo a importância da geografia, questionando história, decifrando códigos, fazendo cálculos, interpretando, conhecendo os diversos fenômenos da natureza discutindo cidadania e favorecendo o estudo de uma cultura educacional empreendedora.

A equipe sente-se orgulhosa de ter contribuído e oportunizado o conhecimento, as informações e transformações relacionadas com setor educacional da EJA. A inclusão dos jovens e adultos uma conquista, um marco de respeito, justiça e a construção de exercício de cidadania. Tornando possível o que não parecia ser impossível. Hoje é pólo de referência para outros educadores e se constituiu num processo muito significativo de formação para todos os que o promoveram. A avaliação deste trabalho foi procedida através de relatos, que mostra que houve mudanças significativas e relevantes para alunos, professores, coordenadores, técnicos e gestores. Parnaíba, viveu uma trajetória de justiça social, respeitando jovens e adultos, resgatando o direito básico e fundamental de qualquer cidadão, independente da idade .Ler, escrever e empreender, transformou sonhos em realidade.

Esta nova cultura educacional ganhou credibilidade perante aqueles que entendem e fazem educação. Respeitando, mobilizando e incentivando jovens e adultos à freqüentarem a escola. Impactos positivos como mudança cultural na vida dos alunos, maior cuidado com saúde, respeito às diversidades, reeducação familiar, inserção no mercado de trabalho e auto estima são resultados surpreendentes e satisfatórios. Sabe-se que a Educação de jovens e adultos-EJA, embora necessários para o desenvolvimento dos grupos marginalizados pela pobreza, não são suficientes para integrá-los numa sociedade cada vez mais marcada pela exclusão das minorias. Cabe evidenciar os esforços e tentativas de mudanças, mesmo por pequenos grupos que contribuem para amenizar o problema da EJA. É preciso que continuemos sensibilizando as esferas institucionais e civis, na tentativa de continuar propondo uma educação inclusiva, universalizada e de qualidade.

A EJA é um direito; é a chave para o século 21; é tanto conseqüência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação na sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável, da democracia da justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo é a cultura de paz baseada na justiça. BIBLIOGRAFIA FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL. Lei Federal nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. BRASIL, Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais do ensino fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. HAGUETTE, André. Consciência e estatística educacionais. Revista da Educação - AEC. Brasília: Nº.109, P. 19-27. Out/dez/1998. GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José E. (orgs.) Educação de Jovens e Adultos: Teoria, prática e proposta. São Paulo: Cortez, Instituto Paulo Freire, 2001 (Guia da escola cidadã; v.5) RIBEIRO, Vera Maria Masagão (coord). Educação de Jovens e Adultos. Ensino fundamental: Proposta curricular 1º segmento. São Paulo: Ação Educativa. Brasília: MEC, 2001. (org) Educação de Jovens e Adultos: novos leitores, novas leituras. Campinas, SP: Mercado das Letras; Ação Educativa, 2001.


Publicado por: jose cardoso de araujo sobrinho

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