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HIPERATIVIDADE

Confira aqui um artigo que apresenta o que é a hiperatividade e quais são as suas causas.

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RESUMO

Este artigo irá apresentar o que é a hiperatividade e suas causas. Apesar do TDAH se apresentar com mais frequência nos meninos do que nas meninas percebido devido a função do hormônio testosterona que eles apresentam, pesquisas revelam que nas meninas o fator hormonal é bem mais intenso. O fundamental em ambos os casos é a consideração da existência da doença e a busca de soluções. Hoje em dia, várias pesquisas estão sendo realizadas apontando uma melhoria de vida para os portadores de TDAH e a tendência é cada vez mais se avançar nesta área, superando barreiras, tornando a vida dessas pessoas e familiares mais amenas. Cabe também à escola estar atenta ao comportamento dessas crianças e aos tumultos que provocam no espaço escolar desequilibrando professores e mantendo uma relação instável com os colegas.

Palavras-chave: Hiperatividade. Desatenção. Aprendizado.

1 INTRODUÇÃO

A criança com TDAH tem problemas de aprendizado e de falta de atenção, devido à distração. Esta é tão forte que as crianças, não percebem quando alguém fala com elas, não obedecem às regras sociais e estão sempre em movimento. Muitos tabus existem, mas há tratamento e controle que favorecem o desenvolvimento cognitivo social e afetivo da criança.

É importante para os pais observaram que as crianças hiperativas têm dificuldades para compreender as regras, instruções e expectativas sociais. O problema é obedecê-las. Esses comportamentos são eventuais e não premeditados. Elas discutem com os pais, professores, adultos e amigos, devido à sua incapacidade de concentrar-se e ao constante bombardeamento de estímulos, ela pode ficar estressada.

A partir desse momento, o quadro começa a ter importância entre os transtornos do desenvolvimento na infância. O déficit de atenção e a hiperatividade são as características de maior destaque do transtorno e aqueles que o definem, mesmo havendo muitas outras que possam estar associados ao quadro.

2 HIPERATIVIDADE

De acordo com os estudos de Saul Cypel (2001, p. 30), pode-se dizer que as causas da hiperatividade são provenientes da genética, se dá em família cujos pais apresentavam prevalência acentuada de problemas psiquiátricos, quando comparadas com pais de crianças normais. É muito provável que outros fatores familiares e ambientais intervenham na determinação do TDAH. Em decorrência de lesões encefálicas, observava-se um quadro de frequente agitação psicomotora, privação de oxigênio ao nascer é uma das agressões mais importantes ao sistema nervoso, crianças nascidas com peso muito baixo, são também referencias para os estudos.

Quanto as causas de disfunções neuroquímicas, existem hipóteses sugerindo a existência de uma disfunção bioquímica relacionada aos chamados neurotransmissores do sistema monoenergético, mais especificamente noradrenalina e a dopamina cuja concentração estaria diminuída no local onde um neurônio liga-se outro para que ocorra a transmissão dos estímulos e esta transmissão é promovida e facilitada pela presença da substância neuro transmissora (sinapse). A baixa concentração neste ponto faz com que os estímulos transitem de forma inadequada de um neurônio para outro, havendo prejuízo na transmissão de informação.

De acordo com Topazewski (1999), a hiperatividade é causada pela pouca produção de Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que é uma classe de neurotransmissores responsável pelo controle de diversos sistemas neurais no cérebro, incluindo aqueles que governam a atenção, o comportamento motor e a motivação.

Segundo Mattos (2001, p. 15) “[...] as pessoas com o transtorno não conseguem em variadas situações como estudar, ler e trabalhar, manter a atenção voltada para o que faz”. Apresenta também inquietudes e na maioria dos casos, não ficam quietas por muito tempo, sendo agitadas e impulsivas. Apesar desse problema ser muito frequente e causar problemas na vida do indivíduo, segundo ainda o autor, é muito difícil de ser diagnosticado.

Conforme Silva (2003, p. 20)

[...] não devemos raciocinar como se estivéssemos diante de um cérebro “defeituoso”. Devemos, sim, olhar sob um foco diferenciado, pois, na verdade, o cérebro do TDAH apresenta um funcionamento bastante peculiar, que acaba por trazer-lhe um comportamento típico, que pode ser responsável tanto por suas melhores características, como por suas maiores angústias e desacertos vitais.

Vale ressaltar que o transtorno é uma síndrome que afeta um grande número de crianças em idade escolar. A grande queixa dos professores se restringe a falta de atenção dos seus alunos. O tratamento deve ser administrado de acordo com o grau da síndrome. Em certos casos, faz-se necessário o uso de medicamentos psicoestimulantes, ou melhor, neuroestimulantes do tipo Metilfenidato, para que estimulem os neurotransmissores deficientes, equilibrando o doente, havendo assim um autocontrole.

Em casos mais leves, a ajuda com uma terapia comportamental com o paciente e com a família, soluciona. Em casos mais sérios, é preciso uma ação multidisciplinar com várias pessoas envolvidas: pais, professores, médicos, terapeutas e medicamentos. Como nos demais distúrbios do desenvolvimento, há várias condições, toda uma variedade de fatores que poderão estar intervindo e nem sempre serão os mesmos para todas as crianças.

A mente do portador desse transtorno trabalha como um receptor de extrema sensibilidade que quando detém um sinal, reage automaticamente sem analisar as peculiaridades do objeto causador do sinal capturado, por este motivo o comportamento é complexo e recheado de muita adrenalina. Para a criança, esse comportamento influencia na formação da autoestima, e todo adulto com o transtorno, tem problemas com a autoestima, sendo este o maior desafio na formação do mesmo.

A impulsividade também traz sérios danos, além dos provenientes da infância. Em relação as atitudes, quando adulto, já terá compreendido que agir de determinada maneira poderá correr riscos vitais, porém sua impetuosidade verbal pode continuar a lhe ocasionar sérios problemas de uma frequente instabilidade, caso não seja mais compreendido.

A palavra impulsividade tem várias definições que irão ajudar a entender as reações do TDAH diante dos estímulos externos. Pequenas ações podem chamar-lhe a atenção e gerar grandes emoções, um gás para as suas ações.

Os professores devem esperar dos alunos com o transtorno, todas as formas e possibilidades possíveis de resultados, algumas conseguem ter um bom desempenho acadêmico, e serão bons profissionais no futuro, porém muitos apresentam um comportamento muito abaixo do esperado em relação aos demais e ao seu potencial, não importa qual seja o nível de QI da pessoa, nela poderá ser averiguado o TDAH, desde a inteligência limítrofe até os superdotados.

Os professores necessitam estar atentos a sala de aula, para ver se há alguma anomalia na mesma. A função do professor é de extrema importância para auxiliar no diagnóstico do transtorno, visto que, a hiperatividade só fica presente durante a escolaridade, quando é necessário aumentar o nível de concentração para aprender. Assim, é muito importante que o professor esteja bem orientado para identificar uma criança sem limites, de uma criança hiperativa.

Para o adulto as dificuldades se apresentam no relacionamento com os colegas, no trabalho, na família, na vida social e na educação, devido à dificuldade em administrar horários, esperar as oportunidades, enfim, seguir as regras apresentadas pela sociedade. O tratamento do TDAH em adultos deve ser feito da mesma maneira que se trataria uma diabete: um tratamento contínuo e bem manejado.

Assim que o diagnóstico é feito o primeiro passo e mais efetivo é o tratamento com a medicação. Esse tratamento também poderá ser educacional ou direcionado a mudança de hábitos e comportamentos (terapia comportamental). O envolvimento da família é essencial para o maior sucesso destas intervenções. Nota-se que grande percentagem de adultos que possuem o transtorno apresenta, associados outros transtornos. Desta forma é preciso ter paciência, amor e muita compreensão para conviver com o portador, buscando meios que facilitem sua convivência familiar e escolar.

Quando todos os critérios de avaliação são satisfeitos, a presença de hiperatividade na infância é de aproximadamente 3% a 5%. Uma porcentagem mais alta parece ocorrer em certas populações como, por exemplo, as crianças oriundas de famílias de baixa renda. As pesquisas também sugerem consistentemente que a hiperatividade é aproximadamente cinco a nove vezes mais frequente em meninos do que em meninas, embora alguns problemas de hiperatividade possam afetar um igual número de meninos ou meninas. Por exemplo, foi sugerido que as meninas têm problemas para terminar os trabalhos na sala de aula com a mesma frequência que os meninos. Não há dúvida, entretanto, que um maior número de meninos tem problemas de desatenção, agitação, impulsividade e humor que as meninas (GOLDSTEIN; GOLDSTEIN, 1998, p. 26, 27).

As crianças que possuem características do TDAH apresentam-na precocemente para boa parte das pessoas, surgindo na primeira infância. O distúrbio apresenta-se com comportamentos crônicos, com tempo de no mínimo seis meses, que se fixam antes dos 7 anos.

2.1 AS CAUSAS DA HIPERATIVIDADE

Não existe uma causa única, perfeitamente estabelecida. Sabe-se que há uma participação genética no transtorno, não significando que todas as crianças daquela família sofrem do mesmo transtorno.

Segundo Goldstein e Goldstein (1998, p. 52)

[...] a hiperatividade têm como causa, traumas durante o parto, alguns distúrbios clínicos e convulsivos, efeitos colaterais oriundos de medicamentos, pelas dietas alimentares, chumbo, pelas infecções no ouvido, também por hereditariedade e ainda por lesões cerebrais.

Do ponto de vista da atividade neuronal, segundo outros estudos (mediante ressonância magnética funcional e a tomografia por emissão de pósitrons), nos gânglios basais e no córtex pré-frontal das crianças com TDAH acontece um consumo de glicose inferior em comparação com as crianças do grupo de cerca de 10%, motivo pelo qual essas regiões do cérebro não funcionam plenamente.

Em relação ao fator hereditário, o TDAH é um distúrbio muito complexo que, na quase totalidade dos casos, não depende dos relacionamentos entre pais e filhos, mas “[...] nasce de uma interação particular entre o substrato genético e o neurobiológico, e uma série de fatores ambientais” (MARZOCCHI, 2004, p. 51).

De acordo com Marzocchi (2004, p. 53),

Um ambiente familiar desorganizado, sem regras, ou na qual os pais apresentam estresse e problemas conjugais, pode fazer surgir nas crianças problemas de atenção ou de hiperatividade. Uma família equilibrada e bem estruturada está em condições de fornecer aos filhos um crescimento tranquilo. Se isso é verdade para todas as crianças, é mais verdade ainda para aquelas que têm TDAH, cujo comportamento fica particularmente exposto às influências externas (comportamento não auto-regulado). Regularidade no estilo de vida e coerência na educação são dois elementos essenciais para o desenvolvimento de uma criança.

Conforme relata Marzocchi (2004, p. 53), a criança que tem predisposição para desenvolver um TDAH não apresenta uma condição patológica, também não é uma doença que necessita ser curada, mas sim, um dos entre tantos traços do temperamento ou da personalidade que vêm herdados dos pais. A pré-disposição de regular o próprio comportamento é, por conseguinte, uma dimensão característica de cada pessoa, que a caracteriza das outras.

Nos últimos anos, foram realizados estudos que procuraram identificar os fatores de risco do TDAH. Para maior esclarecimento, faz-se oportuno distinguir os fatores de risco em três momentos da vida da criança: antes do nascimento, durante o nascimento e na primeira infância.

Os fatores de risco pré-natais se referem a: um elevado nível de ansiedade da mãe durante a gravidez, ao abuso de álcool e do fumo por parte da mãe e, por fim, à situação socioeconômica da família.

Os fatores de risco perinatais até agora identificados são: pouco peso do bebê (inferior a 2,5 kg), um episódio de hemorragia pouco antes do parto e o índice de Apgar[1] (que é um valor compreendido entre 1 e 10 a indicar a saúde do recém-nascido) no primeiro minuto de vida.

Entre os fatores de risco da primeira infância, foram identificados alguns que podem ser considerados sob controle por parte de alguns pais; de fato, um índice de risco é apenas um sinal que ajuda os pais a intervir precocemente para prevenir problemas mais graves. Entre estes encontram-se, inclusive, os retardos no desenvolvimento das habilidades de coordenação motora, pouco peso do corpo e da cabeça durante o crescimento, problemas de respiração depois do nascimento e retardo na aprendizagem da linguagem. Também as crianças que antes dos 24 meses são excessivamente ativas e irrequietas têm maiores riscos de desenvolver o distúrbio.

Crianças na faixa de idade entre os 2 e os 3 anos, que devem ser monitoradas, são aquelas que se interessam por jogos e brincadeiras num período muito breve, que querem continuamente mudar de atividade e que reagem de modo desproporcional  às estimulações dos pais. Durante a idade da escola maternal, as crianças com risco de TDAH são aquelas que apresentam problemas de atenção, de controle emocional, irritabilidade, acessos de raiva, dificuldade de adaptação a novas situações e irregularidades na alimentação e no sono.

CONCLUSÃO

O transtorno do déficit de atenção com ou sem hiperatividade é um transtorno que afeta um segmento importante da população infantil, interferindo no processo ensino-aprendizagem e tem grande influência no seu desenvolvimento vital, tanto do ponto de vista do rendimento escolar, acadêmico, profissional como nas relações sociais.

Devido à multiplicidade de fatores que desencadeiam o trasntorno é necessário que as famílias e a escola se informem  e se preparem adequadamente, e conheçam em que consiste e quais são as alternativas de tratamento disponível para cada caso, ficando atentos aos transtornos que possam vir surgir no futuro, a fim de contribuir para o bem-estar e o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças que apresentam esse transtorno.

Conclui-se, portanto, que apesar do grande número de estudiosos sobre o transtorno, ainda há muito que ser pesquisado. Atualmente a Neurociência criou o campo da Neuroeducação, cujo objetivo é pesquisar a educação e o cérebro, que pode ser modificado pela prática pedagógica. O movimento acadêmico criou uma sociedade internacional, a IMBES (International Mind, Brain, and Education Society), que congrega pesquisadores e neurocientistas do mundo inteiro, comprometidos com a tradução dos novos conhecimentos sobre o cérebro para o educador.

Relata-se, então, que a hiperatividade é um transtorno que pode estar presente na vida de qualquer pessoa, pois não impossibilita o indivíduo de desenvolver suas atividades cotidianas. Dependendo do tipo de hiperatividade apresentado, passa desapercebida no adulto, mas na criança não, porque dela é cobrado mais atenção, capacidade reflexiva, concentração e desenvoltura.

REFERÊNCIAS

CYPEL, Saul. A criança com déficit de atenção e hiperatividade: Atualização para pais, professores e profissionais da saúde. São Paulo: Lemos Editorial, 2001.

GOLDSTEIN, Sam. GOLDSTEIN, Michael. Hiperatividade, como desenvolver a capacidade de atenção da criança. Campinas: Editora Papirus, 1994.

MATTOS, Paulo. No mundo da lua: Perguntas e respostas sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Huperatividade em criança, adolescente e adulto. São Paulo: Lemos Editorial, 2003.

MARZOCCHI, Gian Marco. Crianças desatentas e hiperativas: o que pais, professores e terapeutas podem fazer por elas. Trad. Antonio Efro Feltrin. São Paulo: Paulinas: Edições Loyola, 2004.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. São Paulo: Editora Gente, 2003.


Por Glória das Graças Schmitel da Penha Lemos - Graduada em Pedagogia e Artes Visuais. Pós-graduada em Alfabetização, Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos e Mestranda em Ciências da Educação.

[1]Escala ou Índice de Apgar é um teste desenvolvido pela Dra. Virgínia Apgar, médica norte-americana, que consiste na avaliação de 5 sinais objetivos do recém-nascido no primeiro, no quinto e no décimo minuto após o nascimento, atribuindo-se a cada um dos sinais uma pontuação de 0 a 2, sendo utilizado para avaliar as condições dos recém-nascidos. Os sinais avaliados são: frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor da pele. O somatório da pontuação (no mínimo zero e no máximo dez) resultará no Índice de Apgar e o recém-nascido será classificado como sem asfixia (Apgar 8 a 10), com asfixia leve (Apgar 5 a 7), com asfixia moderada (Apgar 3 a 4) e com asfixia grave: Apgar 0 a 2.


Publicado por: Gloria das Graças Schmitel da Penha Lemos

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