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EXPERIÊNCIAS DE TUTORES À DISTÂNCIA NOS PRIMEIROS MESES DO CURSO DE GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL PNAP-UNIRIO

Analisar as primeiras experiências adquiridas entre professores-tutores e alunos do curso de pós graduação em Gestão Pública Municipal oferecido pela Unirio de modo a verificar os problemas e desafios que acometem docentes e discentes nas fases iniciais do curso, destacar as dificuldades enfrentadas, nos primeiros meses, pelos alunos que ingressam no curso de pós graduação a distância – Gestão Pública Municipal, e avaliar de que forma e como a Instituição colabora para, dentro de sua proposta, auxiliar o aluno e motivá-lo no processo de ensino – aprendizagem.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

Este trabalho pretende analisar as primeiras experiências adquiridas entre professores-tutores e alunos do curso de pós graduação em Gestão Pública Municipal oferecido pela Unirio de modo a verificar os problemas e desafios que acometem docentes e discentes nas fases iniciais do curso. Também pretende mostrar os benefícios que a criação de cursos de EaD trazem para a formação continuada de profissionais públicos e privados na melhoria das suas atividades. Por meio de entrevistas, relatos e questionários, verificou-se que o inicio da experiência no curso á distância da maior parte dos alunos e discentes é complicada pelas especificidades do mesmo, da plataforma e da formação de cada integrante, o que se mostrou a maior causa das evasões e avaliações ruins.

Palavras–chave: Educação à distância. Formação continuada. Gestão pública municipal.

INTRODUÇÃO

Vive-se hoje uma verdadeira revolução no que se refere à educação a distância. Muitas são as oportunidades e propostas nesta modalidade, porém nem todas estão realmente voltadas para uma proposta que não só receba e habilite o aluno, mas que receba, prepare e o capacite, fazendo dele um sujeito construtor desse processo de aprendizagem. Pensando assim, e com o objetivo de atender a uma demanda atual necessitaria de tempo somado a uma nova percepção de espaço, a implementação desta modalidade surge de forma a contribuir e oferecer uma proposta de ensino que se enquadre a esse novo perfil de aluno.

Com o advento das novas tecnologias e o avanço na área da informatização, houve uma transformação na maneira de pensar a respeito do conceito de professor e de aluno. Não caberia mais neste novo paradigma de educação um educador estagnado, enquanto o mundo caminha ao encontro a uma nova realidade, na qual uma corrente de inovações acontece a todo o momento. Por tais motivos faz-se necessário um novo perfil de professor com características inovadoras. Este novo educador utiliza de ferramentas digitais para a construção do processo ensino – aprendizagem. São recursos mediados pela internet (chats, fóruns, videoconferências, hipertextos, e-mails) recursos nos quais propiciarão a interação dos contextos de estudo.

Com o uso das variedades de recursos disponíveis, no âmbito da EaD, utilizados, entra em cena a  chamada interatividade, baseada no trabalho colaborativo e participativo e autônomo, onde educadores e alunos  são co-autores da construção do conhecimento. Cabe então frisar como concepção importante desse novo paradigma de educação a participação do educando quanto ao um saber mais autônomo, e no decorrer do ensino-aprendizagem seu papel faz toda a diferença. Suas experiências, posicionamentos, buscas e atitudes contribuem para o enriquecimento da aquisição de informações, com tudo a sua auto-determinação constitui fator relevante para a reformulação de ideias, organização de novos conteúdos, elaborações de novos conceitos e no todo a construção de novos conhecimentos.

Nesse contexto, os tutores, dotados de uma visão mais participativa, estimulam a pesquisa, seja individual ou em grupo, com a perspectiva da busca do conhecimento, pois este não se restringe a figura daquele professor centralizador, mas um profissional que num trabalho em conjunto, proporciona possibilidades e oportunidades de o aluno adaptar-se, participar e construir também o processo de ensino. É certo que as dificuldades para os alunos neste ambiente é real, e que podem contribuir para o desestímulo, mas, para Moran (2002, p. 1)  “ é difícil manter a motivação no presencial e muito mais no virtual, se não envolvermos os alunos em processos participativos, afetivos, que inspirem confiança.”

Envolver a participação dos alunos no processo de construção, fazendo uso dos recursos digitais disponíveis, atentando para a sua autonomia vai ao encontro de sua motivação, pois oferecem respostas as suas expectativas. O que ao contrário, para muitos alunos, levaria a associar o momento de aprendizagem online a algo indiferente e solitário. Nesse sentido, o papel do tutor na educação a distância vem suscitar a prática desta modalidade à medida que integra e incentiva o aluno num trabalho colaborativo, evitando como consequências: o isolamento, a desmotivação e a desistência. 

Justificativa

A relevância da presente pesquisa se dá a partir das contemporâneas discussões sobre a importância da inserção das novas tecnologias de informação e comunicação na educação com a proposta de universalizar a educação no território brasileiro, levando-a a espaços menos favorecidos socialmente, geograficamente entre outras aplicações.

A pesquisa servirá também para aprofundar a discussão sobre os diferentes papéis dentro dos cursos de EaD, suas especificidades, problemas, dilemas e desafios com o objetivo de trazer a  tona novos casos que poderão servir de exemplos para o aperfeiçoamento destes e no aumento da eficácia e qualidade dos cursos.

Objetivos

  • Analisar as primeiras experiências adquiridas entre professores-tutores e alunos do curso de pós graduação em Gestão Pública Municipal oferecido pela Unirio de modo a verificar os problemas e desafios que acometem docentes e discentes nas fases iniciais do curso.
  • Destacar as dificuldades enfrentadas, nos  primeiros meses, pelos alunos que ingressam no curso de pós graduação a distância – Gestão Pública Municipal;
  • Avaliar de que forma e como a Instituição colabora para, dentro de sua proposta, auxiliar o aluno e motivá-lo no processo de ensino – aprendizagem.

Metodologia

A presente pesquisa, um estudo de caso de caráter teórico-empírico, pretende responder às questões, já constatadas em outras publicações científicas, no que se refere ao papel e importância do tutor nos cursos de Educação á Distância (EaD) na minimização dos primeiros problemas de ambientação.

O Projeto partirá de uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo, de modo a relacionar as habilidades, assim como capacitação e os relacionamentos na funcionalidade de atuação dos tutores desta instituição, com o objetivo de levantar as dificuldades encontradas nos três primeiros meses do curso de pós graduação à distância da UAB-Unirio (CEAD-PNAP), Gestão Pública Municipal (GPM) e as competências usadas para resolvê-las, tendo como prioridade a busca, a inserção e a motivação do aluno nesta modalidade.

Estão contidos nele os diários de trabalho de tutores do Programa Nacional de Administração Pública (PNAP), contendo situações do cotidiano das primeiras disciplinas, da inserção dos alunos no ambiente virtual de aprendizagem (plataforma Moodle) e da relação existente entre eles.  As constatações servirão para completar um conjunto de ações nos cursos de EaD na conduta e formação dos tutores para atender e proporcionar uma rápida e amigável inclusão no processo de ensino e aprendizagem, com a máxima qualidade que os cursos necessitam. Nesse sentido, é importante que haja um trabalho em conjunto. De um lado o aluno, sujeito que visa encontrar respostas às suas expectativas, do outro, as propostas da instituição e a funcionalidade prática no desenrolar desse processo.

Organização do Trabalho

O trabalho será dividido em 3 partes que somadas, mostrarão as especificidades do curso e dos problemas relacionados a ele no que se refere aos primeiros contatos entre professores-tutores, alunos e estrutura do PNAP/GPM. O primeiro trabalho abordará a visão do aluno que inicia o curso, suas primeiras impressões, dificuldades com o conteúdo, com a plataforma e com todos os elementos de um curso de EaD. O segundo terá uma abordagem do ponto de vista discente, apontando as características e formação dos profissionais que atuam no curso assim como suas dificuldades no relacionamento com os alunos e com a plataforma. A última parte será o objetivo da presente pesquisa, buscando caracterizar o curso, seus propósitos e desafios. 

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

Atualmente, com o uso das variedades de recursos tecnológicos disponíveis e utilizados, no âmbito da EAD, entra em cena a chamada interatividade digital, baseada no trabalho colaborativo, participativo e midiatizado, na qual educadores e alunos são autores da construção do conhecimento. Resume-se com o que afirma Moran, (2002, p. 1): “Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.”

No entanto, quando se fala em estudar a distância tem-se, muitas vezes, a impressão de que se está sozinho nesse momento. Na verdade, não é o que realmente acontece, porque o trabalho é realizado de forma colaborativa e construtiva. Mas o aluno precisa se der conta de que ele contribui para esse processo e que no início muitas dificuldades podem ocorrer: a interação com os outros componentes, o manuseio com as ferramentas da plataforma, como lidar com a linguagem nessa modalidade, o anseio com as atividades e todas as expectativas com as tarefas e avaliações que fazem parte do processo de aprendizagem. 

Nesses momentos de dificuldades, faz-se necessária uma percepção mais aguçada por parte do tutor. É ele que irá identificar as características e potenciais de seu grupo de aluno e para que isso aconteça, é necessário formar profissionais responsáveis pelo desenvolvimento do processo educativo, iniciar uma preparação adequada tanto para os aspectos didáticos e organizacionais quanto para tecnológicos (ARREDONDO, 2010).

Muitos alunos sentem, no início de um curso na modalidade à distância, em alguns momentos, a falta do contato físico porque, diferentemente de suas experiências anteriores com a modalidade presencial, onde o contato com o professor realiza-se de forma direta e pessoalmente, com um acompanhamento mais próximo. Sendo assim, no trabalho e na ação didática a distância é importante salientar de que maneira o tutor vai atender o seu grupo de alunos, sem perder ou esquecer-se de alguém e, dependendo da maneira como essa linguagem se dá e de que tipos de sujeitos estão envolvidos no contexto. 

Há alunos que se adaptam rápido a essa modalidade de ensino, enquanto outros possuem um ritmo menor, e/ou linguagens e formações diversas, mas todos independentes de suas necessidades, buscam e objetivam suas qualificações. Porém, quando os alunos não têm suas dificuldades sanadas ou não conseguem expor suas dúvidas durante o processo de aprendizagem, esses motivos podem levá-los a ficar desmotivados, oferecendo risco de reprovação ou mesmo de evasão do processo.  Por isso, a companhia do tutor é tão importante, haja vista que acompanha todo o processo de desenvolvimento da autonomia do aluno nos contextos das atividades, para que este não se perca ou se sinta sozinho durante o percurso da aprendizagem.

Cabe então frisar como fator importante desse paradigma de educação, a participação do educando, quanto ao um saber mais autônomo, no decorrer do ensino-aprendizagem, pois seu papel faz toda a diferença. Ela contribui para um desenvolvimento contínuo das atividades que são as respostas positivas para uma maior e melhor integração.

As características da educação à distância são diferenciadas daquelas que norteiam a educação presencial, em que alunos e professores estão localizados no mesmo espaço físico (sala de aula) e tempo. Na modalidade à distância existe a separação física entre aluno e professor, a comunicação faz uso dos recursos digitais midiáticos, visando ao acompanhamento, à interação interpessoal, à troca de informações e ao trabalho coletivo.

Nesse sentido, não podemos deixar de considerar que as novas tecnologias de informação e comunicação marcam a nossa sociedade e produzem os efeitos e as estratégias para que a modalidade da educação a distância realmente aconteça, porque os recursos disponibilizados pelas tecnologias contribuem para o desenvolvimento das atividades e da interação entre os participantes desse processo de ensino – aprendizagem.

Para Costa (2006, p. 7):

A utilização das ferramentas de interatividade na EaD permitem ainda que este sistema de ensino cumpra com seu objetivo de formar sujeitos independentes, autônomos e responsáveis, ao oportunizar que os alunos ajam como sujeitos ativos de sua formação, com capacidade de autodidatismo, capazes de aprender a aprender e a conviver (mesmo que a distância).

Para um dos entrevistados na pesquisa, sobre o seu contato com a EaD, mesmo achando de início o processo com o ambiente de educação a distância frio e meio confuso, a  sua facilidade em lhe dar com a tecnologia, enquanto professor presencial, o  ajudou  a participar a nova modalidade a distância. Esse exemplo contribui para mostrar como a familiarização do tutor com as ferramentas e recursos digitais contribuem para a sua melhor participação no seu trabalho na modalidade a distância e na qual irá desenvolver. Por tais motivos, faz-se necessário esse novo perfil de tutor com características inovadoras.   De acordo com Moran (2003, p. 2), “os papéis do professor se multiplicam, diferenciam e complementam, exigindo uma grande capacidade de adaptação, de criatividade diante de novas situações propostas de atividade.” Fica evidente que diante de uma educação online, que se utiliza de variados recursos tecnológicos e que não acontece face a face, é imprescindível a vontade de aprender e a habilidade do Tutor nesta modalidade. Confirma Freire (1987) quando nos diz que ninguém educa ninguém, o homem se educa na relação com o mundo, onde professor e aluno são sujeitos do processo, mediadores, um do aprendizado do outro. Sendo assim, no início do processo do ensino a distância, o tutor também precisa se ambientar com o contexto da educação online, para que haja uma relação de conforto e segurança na atuação do seu trabalho e na relação que irá se estabelecer entre os participantes do processo de ensino-aprendizagem. E é importante que o tutor sinta-se confortável e bem ambientado com todas as ferramentas que irá disponibilizar aos seus alunos. Segundo Costa (2006, p. 13):

Pode-se afirmar que desenvolver as habilidades de saber lidar com as ferramentas da interatividade é uma das tarefas do tutor, que se configura basicamente em auxiliar e orientar os alunos para que estes desenvolvam a capacidade para localizar, acionar e usar muitas ideias e informações. Nesse contexto, os tutores dotados de uma visão mais participativa, estimulam a pesquisa, seja individual ou em grupo, com a perspectiva da busca do conhecimento, possibilitando o aluno a adaptar-se, participar e construir também o seu processo de aprendizagem.  Porém, percebe-se que existem outros desafios nessa relação tutor e aluno, que são indicados nas experiências de atuação dos tutores da educação a distância do PNAP. Um deles é atribuído à linguagem (seja escrita, aos códigos, à parte ortográfica, aos erros de pontuação, etc.) situação que exige a atenção dos tutores, já que precisam lidar com suavidade e da melhor forma para que o aluno não desanime e desista. Cabe, então, ao tutor estimular o aluno na conquista de sua autonomia, para que todas as dificuldades aparentes sejam trabalhadas, facilitando sua inserção como sujeito, co-autor na construção do processo de aprendizagem.

Outro desafio do tutor do PNAP, em relação a alguns alunos nos polos de atuação, foi se deparar com trechos de trabalhos que eram copiados, montados e enviados nas atividades propostas por ele. Fato este que preocupou os tutores, pois os alunos envolvidos são profissionais e conhecem essa prática. Diante desta situação o tutor precisava entender quais fatores que poderiam levar a isso e como lhe dar com o fato sem perder o aluno de vista. Seria preciso avisar e ao mesmo tempo fazer uso de uma boa habilidade de comunicação, bom senso e sensibilidade, pontos fundamentais nesse tipo de contato visando sempre a qualidade e o bem estar do aluno no processo de ensino – aprendizagem. Para Costa (2006, p.10): "O papel do tutor é fundamental para o desenvolvimento e acompanhamento do processo da educação à distância, tanto quanto ao desenvolvimento como com relação ao acompanhamento, quanto o mesmo deverá desenvolver atividades como anotação do processo, registrar as dificuldades e progressos, assim como de socializador dos passos empreendidos pelos alunos, fomentador da interação e provocador de situações problemas."

Assim, propõe-se que a função do tutor pressuponha um processo dinâmico e flexível no que diz respeito ao trabalho relacional a ser realizado e que a qualidade deste dependerá de como se dará a construção e desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, observa-se o quão importante é a atuação do tutor no decorrer da aprendizagem do aluno, na educação à distância. Mesmo visando a sua autonomia e participação, o tutor acompanha, enriquece, fortalece, encoraja, estimula, contribui, ajuda e torna-se peça fundamental nesse processo de ensino – aprendizagem.

Dentro dos ambientes de aprendizagem, compostos por inúmeros elementos virtuais e animados, podemos destacar que alguns são mais importantes do que outros. Essa importância também pode variar de forma, tempo e modo no decorrer do curso e de acordo com as necessidades dos alunos.  A atuação do tutor e todas as suas responsabilidades são encaradas por muitos como essencial para desencadear os processos de ensino e aprendizagem e se mostra ainda mais importante quando o curso se inicia.

Muitas literaturas, que abordam a importância do tutor nos cursos de educação a distância, não comentam sobre a sua atuação quando se iniciam as aulas no ambiente virtual de aprendizagem. Os primeiros dias, chamados de “ambientação”, são considerados pelos alunos, os mais complicados de todo o curso e a razão para que muitos desistam do mesmo, quando não são bem assessorados.

Não podemos deixar de lado o papel de outros profissionais da EaD, como os desenhistas e programadores que confeccionam ambientes amigáveis e simplificados que facilitam a adaptação do aluno à modalidade a distância. Mas, a maior responsabilidade está nas mãos do tutor que tem que agir rápido, com paciência e técnica para suprir as necessidades iniciais de alunos que possuem todos os tipos e níveis de dificuldades para atuar nestes ambientes.

Políticas públicas para a formação continuada em EaD

Notoriamente as tecnologias de comunicação e informação criaram novas possibilidades e formas de ensinar. A vasta literatura aponta os benefícios que elas oferecem e elegeu a educação à distância como a estratégia para aumentar a oferta de ensino em todos os níveis e modalidades pelo Brasil, sendo, assim, o meio para levar a educação a regiões remotas de um país tão grande, proporcionar o aumento de vagas nas universidades e fornecer formação continuada a um grande contingente de trabalhadores sem tempo e ânimo para se aprimorarem.

Com esse pensamento, no final do século XX, no Brasil, começaram a surgir os projetos de implementação de elementos iniciais de uma educação que utilizasse as tecnologias de informação e comunicação como auxílio à educação pública que enfrentava dificuldades para aumentar a oferta de vagas na educação básica. Concomitantemente, com a criação destes projetos e para que os eles pudessem acontecer, surgiram políticas públicas que apoiavam a disseminação desta modalidade de ensino e com elas a infraestrutura necessária para sua organização. Entretanto, por mais que esse pensamento político se iniciava, a quantidade e qualidade dos investimentos era ínfimo e por muito tempo viu-se o desenrolar da iniciativa se afundar em burocracia e descrédito perante a população (BELLONI, 1999; ALONSO, 1996).

Nos primeiros anos do século XXI, percebeu-se uma retomada das discussões sobre a importância do ensino a distância e desta vez, a iniciativa privada tomou a frente da divulgação prevendo o futuro crescente que a modalidade alcançaria e com ela os lucros.

Podemos observar essa discussão no texto de Belloni (2002, p. 8 e 9):

"No Brasil (país historicamente dado a grandes experimentos tecnológicos inovadores na educação, que acabam por se tornar “elefantes brancos”, pela incúria do poder público e visão tacanha do setor privado), tem havido experiências de educação a distância nas quais se pode observar algumas características estruturais recorrentes: as políticas públicas do setor têm um caráter tecnocrático, autoritário e centralizador que as destina necessariamente a resultados medíocres, senão ao fracasso, ao passo que a iniciativa privada vai ganhando terreno, construindo competência e obtendo verbas públicas. No Brasil, é difícil pesquisar sobre os aspectos propriamente técnicos ou pedagógicos das experiências de uso educativo de tecnologias como a televisão, o computador, a telemática, ou mesmo o rádio, porque esbarramos sempre nas determinações econômicas e políticas.

Existem muitas categorias e experiências variadas de formação continuada, principalmente em nível de pós-graduação, desenvolvidas por empresas privadas, mas também por universidades públicas. Segundo Belloni (2002, p. 18) “essa modalidade abrange uma variedade muito grande de cursos de formação pós-graduada, de atualização profissional, reconversão e outros tipos, dirigindo-se a um mercado consumidor muito amplo”. Ainda segundo a autora (2002, p. 18), apesar da grande especulação em torno da qualidade destes cursos, a procura é muito grande e “esse tipo de oferta, cuja lógica é a de mercado, não difere muito, na essência, de antigas experiências de ensino por correspondência, do tipo do Instituto Universal Brasileiro e tende a gerar produtos de qualidade duvidosa. Cabe contextualizar que as mudanças sociais ocorridas nas últimas décadas – no modo de produção econômica, na organização da sociedade e gestão do trabalho, no acesso ao mercado de trabalho e nos processos culturais cada vez mais mundializados e mediados pelas técnicas – estão a exigir transformações radicais nos sistemas educacionais que, para adaptar-se às novas demandas, vão assumindo novas funções e enfrentando desafios (BELLONI, 1999 e 2001). Segundo a autora:

Neste quadro de mudanças do capitalismo tardio, a educação a distância aparece como um novo filão do mercado educacional, que tende a ser extremamente promissor do ponto de vista econômico, principalmente com as possibilidades de multiplicação derivadas do uso intenso das tecnologias de informação e comunicação. Em breve teremos oferta de cursos de praticamente todas as grandes universidades do mundo (especialmente as americanas), que estarão disponíveis no mercado mundial, por intermédio dos mais diversos meios. Os exemplos mais conhecidos desse tipo são os inúmeros cursos de atualização oferecidos por empresas, associações profissionais ou universidades, aproveitados de modo flexível e individual por diferentes categorias profissionais (médicos, engenheiros etc.) (BELLONI, 2002, p. 5).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Percebe-se que existe uma demanda crescente de alunos com interesse em estudar nesta nova modalidade (educação a distância). Esta proporciona ao aluno a busca por um saber mais autônomo ao mesmo tempo em que o inclui de forma mais participativa e democrática. Para comprovar o interesse  pela modalidade a distância, o Gráfico do Inep/Mec  mostra um exemplo que ilustra a comparação e a tendência de crescimento observada para as matrículas dos Cursos Superiores Tecnológicos presenciais e a distância ao longo de um período.

Tendo em vista o avanço da modalidade a distância, é certo que a tendência é a busca por profissionais que se enquadre  neste novo paradigma de educação. Entra em cena o Tutor a distância que media e possibilita que o processo de ensino aprendizagem aconteça de forma mais acessível e colaborativa. Nesse sentido a pesquisa visa relatar um modelo de um curso na modalidade a distância, experiências vividas por tutores em suas atuações nesta modalidade e a  relação e prática dos alunos nessa convivência.             

Esta parte da pesquisa propõe relacionar as experiências e desafios de alguns tutores com a educação a distância, no curso de Gestão Pública Municipal assim como suas dificuldades e desafios encontrados do decorrer desse processo de ensino – aprendizagem durante os três primeiros meses do curso.

Os relatos foram realizados anteriormente, ou seja, aproveitando toda a riqueza recente das experiências vividas na atuação dos tutores com a modalidade a distância e o curso e assim fossem transcritos, e se fizesse a análise dentro dos questionamentos que se busca na finalidade da pesquisa. Esta ficou restrita a quatro professores que se dispuseram a participar das entrevistas. 

Foram relacionadas três perguntas de caráter descritivo que comporão um terço do trabalho realizado. Os entrevistados começaram relatando suas experiências como professor na modalidade presencial, assim como as de tutor na educação a distância e suas experiências de atuação no Programa Nacional de Administração Pública - UNIRIO, especificamente com o curso de Gestão Pública Municipal. Como cita a tutora Norma Santos: “Após 23 anos atuando como professora no ensino presencial, trabalhando em escolas estaduais e municipais do Rio de Janeiro, considero esses seis meses como grande aprendizado nessa nova esfera da área de educação: Professor EaD”.  Fizeram considerações relevantes dessa nova forma de ensinar comparando-a com suas experiências na modalidade presencial, visto que todos possuem potencial bagagem didática como professores na modalidade presencial. Como disse a Tutora entrevistada Maria Angélica: “ Pode parecer óbvio, mas é necessário dizermos que a educação a distância tem características próprias, que impõem a necessidade de novas aprendizagens por parte de quem a planeja, desenvolve e avalia, implicando, inclusive, a necessidade de que seja construída uma nova maneira de compreender o processo de ensino e aprendizagem”. Eles citaram como a facilidade em lhe dar com a tecnologia possibilitou o dinamismo em sua atuação como tutor no curso. Expuseram a importância do ensinar e aprender, tanto do aluno como do professor, configurando a troca e a necessidade que são impostas pelas características da modalidade, que é o ensino a distância.

Os entrevistados relataram sobre as diversidades em relação à formação de seus alunos e citaram níveis de produções relativas aos municípios que os alunos moravam, mostrando estas um dos desafios encontrados em suas perspectivas com o curso e também o encontro com alunos desestimulados com a prática, já que estes haviam se formado a muitos anos.  São alguns dos motivos que  contribuíram para enriquecer a troca entre tutor e aluno no ambiente virtual e  mostrar a importância da função do tutor na prática desta modalidade.  Outro fato relatado e que ficou em evidência refere-se às questões relativas ao uso da língua portuguesa, fator observado pelos tutores a pequenos grupos que compunham as turmas durante o processo de ensino – aprendizagem. Como explanou o entrevistado Igor Rosa: “Uma outra percepção que tive, e que foi muito surpreendente de forma negativa, foi a questão relativa ao uso da língua portuguesa. Como se trata de um curso de pós-graduação, o esperado, ao menos de minha parte, era que os alunos tivessem um bom domínio da língua.”Dificuldade citada como preocupante, mas que contribuiu para que construíssem, nesse momento, uma abordagem em lhe dar com, e de forma delicada fazer o aluno entender o recado, mas não perder o estímulo.

Percebe-se que todos os tutores entrevistados têm em comum a visão de que sua função não só contribui para auxiliar nas dúvidas e mediar atividades, mas como aquele que também se mostra aberto a aprender e construir com o seu aluno no desenvolvimento desse trabalho colaborativo. Sendo assim, o seu papel é fundamental no que tange a qualidade no processo de ensino – aprendizagem,  pois  está, sempre,  disposto a colaborar da melhor forma para que todos os seus  alunos envolvidos tenham a melhor atenção e atendimento possível .

CONCLUSÃO

Conclui-se que, com o avanço da modalidade a distância no Brasil e a abertura de uma educação mais inclusiva, incorporada a uma crescente perspectiva tecnológica, faz-se necessário a figura de um profissional integrado a novas competências e características. É o caso do Tutor quem participa concomitantemente com o aluno, fazendo uso dos recursos e ferramentas disponibilizados pela tecnologia, colaborando assim na construção do processo de aprendizagem. A pesquisa mostra a importância da contribuição da função desse Tutor na modalidade a distância, assim como quais desafios encontra no decorrer do processo ensino – aprendizagem, percebe-se que esta se torna muito mais eficaz quando as atividades são orientadas por ele.

E com o objetivo de interagir com os alunos, ao tutor compete oferecer o apoio essencial para que aconteça o processo de aprendizagem e a motivação, como propulsora da relação que se irá estabelecer. Nesse sentido, o tutor precisa possuir e adquirir determinadas habilidades para por em prática com eficiência a sua atuação. Deve expressar uma atitude de excelente receptividade para assegurar um clima motivacional de entendimento pleno; informar o estudante sobre a estrutura e o funcionamento do sistema de EaD, dos meios didáticos utilizados e sistema de avaliação; comentar, o sentido e o papel da tutoria no processo de ensino e aprendizagem em Educação a distância; analisar, com o estudante, os níveis de responsabilidade dos tutores e de suas contribuições em diferentes atividades para garantir um processo de aprendizagem individual consistente.

É com esse perfil, mais às suas experiências anteriores, que o tutor a distância do Curso de Gestão Pública Municipal, oferecido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro dentro do Programa Nacional de Administração Pública (PNAP),  vem trabalhando e mostrando no decorrer de sua atuação  e experiência com este trabalho, e como este trás novas perceptivas e observações. Os desafios encontrados possibilitaram os tutores de encontrar maneiras e percepções que os colocassem mais próximos de seus alunos de maneira que os fizessem obter melhores resultados. Dessa maneira mostraram na prática a importância do seu papel para que o aluno consiga realmente alcançar e entender o seu processo de autonomia com o processo de ensino – aprendizagem.

REFERÊNCIAS

ALONSO, Kátia Morosov. “Educação à distância no Brasil: a busca de identidade”. In: PRETI, O. (Org.), Educação à distância: Inícios e indícios de um percurso. Nead/IE – UFMT. Cuiabá: UFMT, 1996, p. 57-74.

ARREDONDO, Santiago Castillo. Formación / capacitación del profesorado para trabajar en EAD. [On-line] Disponível em < http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/educar/article/viewArticle/2120> Acesso em 30/05/2012.

BELLONI, Maria Luiza “Integração das tecnologias de informação e comunicação aos processos educacionais”. In: BARRETO, R. G. (Org.), Tecnologias educacionais e educação à distância: Avaliando políticas e práticas, Rio de Janeiro: Quartet, 2001.

_______. Educação à distância. Campinas: Autores Associados, 1999.

_______. Tecnologia e formação de professores. Rumo a uma pedagogia pós-moderna? Educação & Sociedade, Campinas: Cedes, 1998, nº 65.

_______. A espetacularização da política e a educação para a cidadania. Perspectiva, 1995, nº 24.

______. Ensaio sobre a educação à distância no Brasil. Educação e Sociedade, [Campinas], a. 23, n. 78, p. 117-142, abr. 2002.

COSTA, Rozalina Cássia. O Tutor online na EaD: perfil, atribuições e importância. [On-line], Disponível em: http://pt.scribd.com/educacacaoevarieadades/d/3898131-O-TUTOR-ONLINE-NA-EAD.  Acesso em 12/abril/2012

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

MORAN, José Manuel. Contribuições para uma pedagogia online.  [On-line] Disponível em: < http://www.eca.usp.br/prof/moran.br >   – Acesso em 17/novembro/2011.

______. O que é educação à distância.  [On-line] Disponível em: . Acesso em 12/abril/2012.

SCHULTZ, Theodore W. O Capital Humano. Rio de Janeiro: Zahar, 1973. p. 11-52.

ANEXOS

ANEXO 1: Questionário utilizado na pesquisa

1. Comente sobre os benefícios que este curso trará para a atuação de servidores públicos em seu exercício profissional.

2. Quais são os objetivos principais do curso?

3. Quais principais desafios o curso enfrenta?

4. Comente sobre sua experiência em cursos de educação a distância e que tipo de público (aluno) você encontra em sua atuação no PNAP?

5. Fale sobre os desafios que tem encontrado e observado em sua interação e no contexto de aprendizagem com os alunos do PNAP?

6. Explique de que forma você contribui para minimizar e dirimir as dificuldades encontradas pelos alunos.

7. Qual a sua relação e experiência, como aluno, na modalidade a distância?

8. Quem pode ajudá-lo no processo e qual o seu papel?

9. Quais as suas dificuldades e como se esforça para superá-las?

10. O que quer com este curso e porque ele é importante para você?

11. Comente sobre as principais diferenças entre um curso de pós- graduação e outro de menor ou maior nível de exigência

 

Por Rosana da Silva Revelles

Trabalho Final de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Pós-graduação da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista Lato Sensu em Planejamento, Implementação e Gestão de EAD      .

Orientadora - Prof. Mestre Gabriela  Martins Sarubbi - Orientadora

UFF 


Publicado por: Rosana da Silva Revelles

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