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ESCRAVOS DA TECNOLOGIA: A SÍNDROME DO SPA E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

A evolução das gerações e a tecnologia, escravos da tecnologia, efeitos da Síndrome no Professor Universitário, o professor universitário “driblando” a Síndrome do Pensamento Acelerado para uma melhor qualidade de vida e prática pedagógica.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

Depressão, exaustão,tensão, desânimo, impaciência, agitação...São alguns dos males que veio arraigado ao século XXI. Novas tecnologias surgem a todo instante, os usuários sofrem um “bombardeio” de informações, mentes são estimuladas diariamente e uma sobrecarga cerebral atinge a humanidade, roubando a energia que deveria ser usada para manter o corpo em perfeito funcionamento.Esta pesquisa objetivou investigar de que forma a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) poderá atingir os docentes universitários e suas práticas pedagógicas e  ainda sua influência no comportamento dos discentes provocando a indisciplina.O estudo adotou metodologia qualitativa baseada em entrevistas semiestruturadas. A partir  da análise dos dados quatro categorias emergiram: A evolução das gerações e a tecnologia; escravos da tecnologia; efeitos da Síndrome no Professor Universitário; o professor universitário “driblando” a Síndrome do Pensamento Acelerado para uma melhor qualidade de vida e prática pedagógica . Profissões como o de professor exige um esforço intelectual mais intenso,precisam se manter atentos, produtivos e na maioria das vezes realizam o trabalho sob grande pressão, e é por isso que podem ser atingidos por este“Mal do século”. A pesquisa conclui que muitos problemas levantados dizem respeito ao nível de stress dos docentes universitários. Entre estes,destacam-se: A dupla e por vezes tripla jornada;cansaço constantes;problemas com a memória;desgaste físico e emocional além da dificuldade em utilizar-se das novas tecnologias a fim de tornar as aula mais produtivas e prazerosas, melhorando as práticas pedagógicas.

Palavras-chave: Desgaste;Estresse;Gerações;Indisciplina;NovasTecnologias; Pensamento Acelerado.

Abstract

Depression, exhaustion, tension, discouragement, impatience, agitation ... are some of the evils that came rooted in the 21st century. New technologies emerge all the time, users are bombarded with information, minds are stimulated daily and a cerebral overload strikes humanity, stealing the energy that should be used to keep the body in perfect working order. This research aimed to investigate what the Accelerated Thought Syndrome (SPA) could reach university teachers and their pedagogical practices and also their influence on the behavior of the students provoking indiscipline. The study adopted a qualitative methodology based on semi-structured interviews. From the analysis of the data, four categories emerged: Evolution of the generations and technology, slaves of technology, effects of Syndrome in the University Professor, university professor "dribbling" the Accelerated Thought Syndrome for a better quality of life and pedagogical practice. Teacher-like professions require a more intense intellectual effort, they need to be attentive, productive, and most often carry out the work under great pressure, and that is why they can be affected by this "Evil of the century." The research concludes that many problems raised concern the level of stress of university teachers. These include: The double and sometimes triple journey, constant fatigue, problems with memory, physical and emotional exhaustion and the difficulty of using new technologies in order to make classes more productive and pleasurable, improving the pedagogical practices.

Keywords: Stress; Generations, Indiscipline, New Technologies accelerated thinking

1 Evolução das Gerações e a Tecnologia

Uma reverência ao século XXI! Vislumbrava-se a chegada do terceiro milênio. Carros voadores, viagens à lua em naves espaciais com passagem de ida e volta, contato com os alienígenas, colonizar planetas vizinhos, ter robôs tão humanizados que poderiam ser considerados membros da família...

.... Não se chegou a tanto, mas, o século XXI trouxe sim grandes avanços, principalmente em relação às novas tecnologias, possibilidades infinitas são criadas pela internet, especialmente no que se diz respeito ao desenvolvimento das formas de comunicação e sua influência nos modos de vida.  A conversação entre amigos e parentes que moram distantes, era tão difícil e agora facilitada pelas ondas eletromagnéticas, ficar horas em orelhões aguardando a vez de falar é um passado tão remoto que esses objetos protetores de telefones públicos são raros de se ver, cartas então? Ninguém mais escreve. A moda agora é a criação de fotoblogs e blogs, conversas através de chats e watsapp, trocam mensagens que são repassadas através de celulares e computadores. Já não se compra mais jornais, estes, que eram arremessados assertivamente no jardim das residências e o assinante era acordado pelo entregador ao som de uma melodia que anunciava sua chegada mesmo estando a vários quarteirões. Agora, substituído por jornais digitais, que além da informação chegar mais rápido, há também à economia com gastos referentes a funcionários e matéria prima.

Ficar milionário então, não depende necessariamente de muito estudo. Para alcançar o sucesso, o processo pode ser simples e está ao alcance de qualquer cidadão comum, por exemplo, a criação de aplicativos, (o que não é tão difícil pelo potencial que as crianças e adolescentes possuem hoje em dia) ou até mesmo ficar famoso postando fotos e vídeos na hora certa nas redes sociais que chegam a ser acessados por milhões de pessoas.

Vinte e quatro horas online, os cotidianos das pessoas são transmitidos nas redes sociais sem nenhum pudor, as vidas viraram um “reality show”, o respeito, a empatia, o “olho no olho” vai perdendo espaço para a ilusão do mundo perfeito, onde a vida é feita de ostentação, superexposição, a necessidade de registrar cada passo, seja eles alegre ou tristes, o que vale é quantas “curtidas” será possível alcançar.

A geração “Z” formada por indivíduos constantemente conectados não podem reclamar de desinformação, ao contrário das gerações passadas, está tudo nas mãos.     

Já não se pode alegar que não se conhece os males que um cigarro pode causar ou sobre a poluição e o efeito estufa causados pelo desmatamento das florestas.

A tecnologia avança “a olhos nus” pode-se estar a todos os lugares, o tempo todo, vinte e quatro horas por dia, em apenas um ou dois cliques, é possível desvendar os mistérios da Patagônica ou ainda fazer um passeio virtual pelas Grutas de Yungang, na China.

Como se pode observar existem inúmeras formas de adquirir conhecimento e com a educação não poderiam ser diferentes. A tecnologia invadiu as salas de aula, apoderou-se da mente de alunos e professores, alastrou-se por toda a sociedade, já não é mais possível viver sem ela.

Saber identificar as características de cada geração é de suma importância, pois através desta análise, é possível compreender as ações coletivas empreendidas pelas novas gerações, como enfrentar os novos desafios e observar como tudo isso foi evoluindo.

2 Escravos da Tecnologia

Smartphones, tablets, ipads, softwares, aplicativos e redes sociais. Não dá para escapar. Todos estão conectados. Não se pode negar que houve uma significante melhoria de vida após a chegada da internet, contribuindo para várias inovações nos campos de pesquisa, em relação à medicina, no acesso à comunicação. A tecnologia está presente em quase todos os aspectos de nossas vidas, tornou-se imprescindível em nossas moradas, em nossos escritórios, escolas e em todos os lugares do mundo.

Eisenstein E, Bestefenon S. (2011) diz que a internet avançou de tal maneira que superou todas as expectativas de séculos passados e as certezas tecnológicas.

Entretanto, em um mundo cada vez mais modernizado, a tecnologia está tomando o lugar do “olho no olho”, das brincadeiras de rua, da roda de amigos reunida na porta de casa para “jogar conversa fora”, do sentar em uma praça só para ver o vai e vem das pessoas, apreciarem um jardim ou até mesmo meditar um pouco. Uma dependência foi criada, já não se vê pessoas por aí sem estar com o celular nas mãos, até parece que já faz parte das vestimentas, as crianças desde muito pequenas já sabem manipular o aparelho e trocam facilmente uma boneca ou um carrinho pela tela fascinante do smartphone.        

Para os adolescentes, a tecnologia exerce fascínio, nela, a possibilidade de se verem como sujeitos controladores de sua própria história e entrar em contato com o novo, de se arriscar a testar coisas que as gerações anteriores olham com curiosidade é extraordinário. A possibilidade de poder fazer algo no mundo virtual, sem correr o risco do fracasso na realidade concreta, faz com que eles fiquem sempre conectados.

E nessa escravidão que jovens e adolescentes vão sendo “acorrentados” através dos backbone, a busca pela popularidade, atingindo às vezes uma exposição exagerada, falando sobre coisas privadas, compartilhado fotos e vídeos muitas vezes comprometedoras e por ser um local que está longe dos olhos dos seus pais, só percebem o erro quando os problemas começam a aparecer, remetendo-lhes a uma experiência ruim.

Schelp (2009) realizou uma pesquisa na Unigran (Centro Universitário da Grande Dourados), publicada posteriormente pela Revista Abril (2009), edição 2120, onde revelou que as redes sociais na internet congregam 29 milhões de brasileiros por mês. Nada menos que oito em cada dez pessoas conectadas no Brasil têm o seu perfil exibido em algum site de relacionamentos. Na época, segundo o autor, as redes mais utilizadas eram: Orkut, Twitter, Facebook, Line do mundo, Sônico, Myspace, Linked in.

O autor analisou a Geração X em sua pesquisa, e somente 08(oito) anos após, a Geração Alfa, já se comunica através de outras redes como: Snapchat, Linkdln, Skipe, Google+, Instagram, Youtube, Messenger, Whatsapp.

Em tese, não há nada de errado com esse novo meio de se comunicar, entretanto, é preciso perceber a necessidade dos relacionamentos no mundo real, a sociabilidade é uma necessidade que faz bem para o estar psíquico e também para o físico. Ter muitos seguidores no Instagran, não significa necessariamente estar “rodeado” de amigos. A solidão pode adoecer. A vida em grupo oportuniza crescimento, trás sentimento de liberdade, proporciona momentos de lágrimas, mas também de gargalhadas.

Quando se tem amigos “off-line”, expor e compartilhar alegrias, tristezas, frustrações e dúvidas passam a não ser tão perigoso. O amigo consola, a família acolhe. Ninguém vive num “mar de rosas” o tempo todo, dificuldades do dia-a-dia são enfrentadas e conviver em grupos é um desafio constante, entretanto, é de suma importância para a formação integral do indivíduo.

E na busca desenfreada por “amigos virtuais”, jogos on-line, comunicação excessiva, surge à dependência tecnológica de quem não consegue ficar “desconectado”. Em mochilas escolares, bolsas femininas, pode até faltar o caderno, mas, os carregadores de celulares é um assessório certo de ser encontrado! E a falta dele causa um grande estresse. 

Pelo simples fato da internet está lenta ou uma música demorar a “baixar”, já é motivo de angústia para muitos internautas. Essa necessidade pelo imediatismo e do estímulo exagerado está adoecendo gerações. Segundo o psiquiatra Augusto Cury, em seu livro sobre a Ansiedade (2014), sintomas como: depressão, angústia, déficit de concentração e ansiedade são sintomas comuns em jovens nos dias de hoje e este mal tem nome: “A síndrome do Pensamento Acelerado”.

3 A Síndrome do Pensamento Acelerado

Uma mega elaboração de pensamentos, numa velocidade tão alta que consome e estressa o cérebro. Estímulos sociais, atividades em excesso, a necessidade de se manter constantemente atenta e produtiva, impede o “refletir antes de reagir”, o “expor e não o impor”, a empatia. Sintomas como dores de cabeça, dores musculares, irritabilidade, déficit de memória, insônia e fadiga surgem, e este “mal” segundo Augusto Cury (2014) tem nome: “Síndrome do Pensamento Acelerado”, mas conhecida como a Síndrome da SPA.

A SPA é uma síndrome decorrente do Pensamento Acelerado que produz sintomas parecidos com a hiperatividade, porém suas causas estão relacionadas com o excesso de estímulos, de atividades, de informações.

Augusto Cury (2014, pág. 03) define o conceito da Síndrome do Pensamento Acelerado como:

“O “SPA” é caracterizado por baixa concentração, dificuldade em lidar com estímulos da rotina diária, irritabilidade, esquecimento, ansiedade intensa”. Acontece que as pessoas pensam em cada vez mais coisas e pensam cada vez rapidamente, o que obriga a uma tensão psíquica intensa para que o cérebro possa responder ao que dele exigimos”

Dessa forma, o SPA está interligado com a sensação de que às horas do dia está sendo insuficiente para a realização das atividades diárias, e sem perceber, a sociedade se torna cada vez mais rápida e estressada.

Atingindo principalmente pessoas adultas e que trabalham em locais que exige uma constante concentração ou que seja preciso lidar com metas, prazos e uma série de responsabilidades, a síndrome pode perturbar a boa noite de sono do indivíduo, rondando a sua mente fazendo com que não consiga se desligar e deixar de se preocupar, acordando várias vezes com o pensamento nas atividades a serem realizadas no outro dia e estes pensamentos são substituídos pelos próximos até que se levante sem descansar fisicamente e psicologicamente.

O psiquiatra (2014) enfatiza que as pessoas que têm um trabalho intelectual excessivo, como juízes, promotores, advogados, psicólogos e professores, terão mais probabilidade de desenvolver a SPA. Isso não descarta que outros profissionais e até mesmo as crianças poderão em algum momento desenvolver a síndrome, tudo dependerá da qualidade de vida que o indivíduo esteja levando.

Segundo o autor, algumas das causas da SPA são: I - Excesso de informação; II - Excesso de atividades; III - Excesso de trabalho intelectual; IV - Excesso de preocupação; V - Excesso de cobrança; VI - Excesso de uso de celulares; VII - Excesso de uso de computadores.

Dentre estes, o excesso de informações e o uso de computadores são os principais vilões causadores da Síndrome do SPA nesta geração. Cada vez mais se encontra pessoas diante de um computador, visualizando várias telas abertas ao mesmo tempo, onde se é possível acessar o Facebook, dar uma olha no Twitter, ouvir uma música através do YouTube e ainda ver as notícias do dia e enviar e ler mensagens em grupos do Watsapp.

É muita informação! Sem contar com as preocupações e afazeres de todos os dias. O cérebro trabalha para se organizar e devido ao grande desgaste, o corpo e a mente começa a dar sinais como: apreensão, dificuldade de memória, déficit de concentração, fadiga, irritabilidade, cansaço físico e sono alterado. A partir daí a Síndrome do SPA já estará instalada no corpo e na mente do indivíduo.

4 Efeitos da Síndrome no Professor Universitário

Sintomas de estresse como: irritabilidade, dificuldade de concentração, insônia, fobias, perda de interesse pelo trabalho, baixa autoestima, esquecimento, sensação constante de cansaço e dentre outros sintomas são queixas comuns dos profissionais de educação.

A depreciação do professor seja ela por parte do sistema, dos alunos ou da própria sociedade é também um agente para que ocorra o estresse. A disposição dos alunos em sala de aula também tem uma considerável contribuição para este desgaste. Na maioria das vezes, a indisciplina é a grande responsável por uma eventual sensação de decepção e até de desmotivação do profissional.

Situações em que é preciso interromper a aula, aumentar o tom de voz, pensar como motivar os alunos, faz com que ao longo do tempo, uma conjuntura de estresse e desmotivação tome conta do professor.

A educação vem a ser uma grande preocupação mundial, onde o trabalho docente é de suma importância para a formação e transformação da sociedade, porém, essa categoria é uma das mais expostas à ambientes conflituosos e alta exigência de trabalho, principalmente, em empresas particulares. Isto pode refletir em sua saúde física e mental, assim como no desenvolvimento de suas atividades profissionais e rotineiras.

Essa sobrecarga de trabalho, vêm atrelada à intensidade de se ter que realizar várias atividades ao mesmo tempo como: planejar, estudar, corrigir provas e trabalhos, dar feedback aos alunos e ainda ter que participar de atividade e exigências da instituição como ainda se atualizar através de cursos, seminários, pós-graduações.

O acúmulo de tantas responsabilidades acaba por provocar grande fadiga física e emocional, aumento a ansiedade e o estresse.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS 1993), a ansiedade é um dos maiores problemas e de grande gravidade que vem atrelada à contemporaneidade. A vida agitada e situações que provocam grandes pressões e estresse gera essa doença que tanto prejudica a qualidade de vida do indivíduo.         

Diante disso, os professores universitários podem apresentar sintomas relacionados à Síndrome do Pensamento Acelerado e a sobrecarga do dia-a-dia também é levada para a sala de aula.

Aulas desmotivadoras podem causar inquietação nas cadeiras, conversas paralelas, manipulação em aparelhos eletrônicos,olhos pesados, a mente divagando e total dispersão. A culpa por essas reações, entretanto, nem sempre é do aluno. Algumas práticas dos docentes contribuem para que a aula não flua em sintonia e se torne desinteressante, estando atento ainda que o discente também pode estar carregado dos sintomas da síndrome do SPA, o que complicará mais ainda a interação entre professor-aluno.

O sistema educacional está doente. São formados anos após anos profissionais estressados por professores doentes que irão atuar em uma sociedade urgente, rápida e ansiosa.

Ao exercer a atividade docente, o professor universitário assume uma dimensão de formação que ultrapassa a sala de aula e que irá perdurar por toda a vida do seu aluno. O processo de ensino e aprendizagem desenvolvidos na universidade, procura buscar a evolução do ser humano tanto de forma profissional quanto de forma social.

A competição entre os docentes e a tecnologia chega a ser desonesta. Televisão, internet, os jogos em rede, telefones celulares. Estes meios de comunicação poderosos encantam jovens e adultos e com suas “armas poderosas” apondera-se das mentes criando modelos sociais incorretos como: policiais irreverentes, bandidos impávidos, políticos corruptos, pessoas sem caráter levando vantagens e banalizando a cidadania. O resultado de tudo isso é a grande dificuldade do docente em penetrar no psíquico dos estudantes, de educar dentro de um padrão de correção e qualidade.

Segundo análise do Dr. Augusto Cury (2014, p.58):

 “... seus gestos e palavras não têm impactos emocionais e, consequentemente, não sofrem um arquivamento privilegiado capaz de produzir milhares de outras emoções e pensamentos que estimulem o desenvolvimento da inteligência”. E diz mais o Psicólogo: “A maior conseqüência do excesso de estímulos da TV é contribuir para gerar a Síndrome do Pensamento Acelerado, SPA. Nunca deveríamos ter mexido na caixa preta da inteligência, que é a construção de pensamentos, mas, infelizmente, mexemos. A velocidade dos pensamentos não poderia ser aumentada cronicamente. Caso contrário, ocorreria uma diminuição da concentração e um aumento da ansiedade. É exatamente isso que está acontecendo com os jovens,”.

A Síndrome SPA causa uma hiperatividade mental de fundo não genético. Um comportamento agitado ou apático dentro da sala de aula interfere tanto na concentração do aluno como na qualidade da aula e no emocional do docente.

A ansiedade causada pela SPA pode gerar uma necessidade de alívio, e, numa tentativa de suavizar o incômodo, sentem a necessidade de buscar novos estímulos e daí vem à agitação na cadeira, as conversas paralelas, a falta de concentração, o uso de eletrônicos.

Os docentes universitários, por sua vez, já estão esgotados mentalmente, acordam fadigados sem saber a causa. O estresse tornou-se intenso e já não se sente motivado. A irritabilidade, a impaciência, o esquecimento acontecem com freqüência. Além do mais, eles também desempenham vários papéis na sociedade e sofre as pressões sociais, familiares , profissionais,educa, ouve ,aconselha e ainda trava uma luta diária competindo com as novas tecnologias que exige uma revisão nas metodologias.

5 O Professor Universitário “driblando” a Síndrome do Pensamento Acelerado para uma melhor qualidade de vida e prática pedagógica

Desacelerar é a palavra chave. Eliminar de vez com a Síndrome da SPA na vida dos professores universitários não é fácil, até porque essa decisão será mais individual do que coletiva. Mas, se não for possível eliminá-la, é preciso ao menos gerenciá-la.

A escolha de ficar na plateia, assistindo passivamente aos pensamentos e angústias provocados pela síndrome ou assumir o papel de diretor da sua história, depende unicamente de atitudes tomadas. O cuidado com a saúde e com o corpo é primordial para o início desta caminhada rumo a uma melhor qualidade de vida. O exercício físico faz com que o sedentarismo perca seu espaço. É preciso organizar a vida, dando prioridade para as coisas mais importantes, é preciso arrumar algum tempo para cuidar de si mesmo e, só assim será capaz de cuidar de outras pessoas ou coisas.

Sofrer por antecipação também é um desgaste mental desnecessário. Segundo Cury (2003), mais de 90% das preocupações sobre o futuro não se materializarão. E os 10% ocorrerão de maneira diferente do que se foi desenhado. É preciso desenvolver estratégias para superar os desafios e as dificuldades.

Se livrar de sentimentos como: de incapacidade, conformismo, inferioridade, parar de querer ser o melhor em tudo que faz, também será uma ótima forma de aliviar a mente. E, tudo isso é válido tanto para o professor quanto para o aluno.

Cury (2003, p.19) diz que: “Os professores reclamam que os alunos estão cada vez mais agitados, ansiosos e alienados. Mas, toda mente é um cofre; não existem mentes impenetráveis, e sim chaves erradas”.

Dessa forma, é preciso repensar na prática pedagógica dos professores universitários a fim de penetrar na mente de seus discentes, utilizando a tecnologia em favor da educação. Com ela, é possível trazer para a sala de aula a inovação, a criatividade, a ação e a desconcentração, ajudando a burlar a Síndrome do SPA durante as aulas.

Diferente dos professores das gerações X e Y, as gerações Z e Alfa que já nasceram tendo contato com os computadores e smartphones, por isso, para eles é muito natural o seu uso dentro das salas de aula.

Através de vídeos, animações, imagens, objetos digitais, é possível estimular os alunos durante as aulas. Pesquisas também podem ser solicitadas e atividade desenvolvida através da internet, estimulando a pesquisa em site confiava.

Incentivar os alunos a utilizar diferentes tecnologias para executarem apresentações como: blogs, enquetes online, podcats, vídeos poderá tornar as tarefas mais prazerosas e interessantes.

Outra forma de mexer como o psiquê dos alunos tirando-os da mesmice e evitando que a SPA tomem conta de seu corpo e sua mente é criando um espaço online para que todos possam postar seus trabalhos e dúvidas em um grupo fechado em alguma rede social ou blog, onde todos tenham acesso. Dessa maneira, a interação entre os estudantes, professor e matéria também acontecerá fora da sala de aula. As aulas para o professor também soará de uma maneira mais leve, descontraída, saindo do tradicional, da educação “conteudista”, dando um sentido melhor para a vida de todos.  

Como a internet é um local propício para conteúdos falsos e sem credibilidade, é preciso desenvolver um trabalho inicial com os alunos demonstrando como tirar o melhor dela, através de palavras-chaves para encontrar assuntos específicos.

Os avanços científicos e tecnológicos são figuras marcadas no mundo contemporâneo, invadem os cotidianos das pessoas e afetam a maneira de aprenderem, de se organizarem e interferem nas áreas sociais, políticas e profissionais. O trabalho do professor universitário também é atingido por essas transformações, e é exigido um novo perfil de profissional. Diante desta realidade, o educador deverá estar preparado para lhe dar com estas novas tecnologias, ser flexível mais do que nunca em relação ao planejamento pedagógico, investir em aprender a utilizar essas tecnologias em sala.

O fato é que, como diz APPLE (1995, p.169) “elas estão aí, e não irão embora”, Portanto, atitudes e comportamentos devem ser repensados e modificados.       Há muito tempo o professor e o livro didático deixaram de serem as únicas fontes do saber. Os alunos aprendem de múltiplas e variadas situações.

Não há como contestar a necessidade e a importância do papel do professor dentro da sala de aula, ele deverá continuar decidindo como será a prática e levando seus alunos ao conhecimento, entretanto, é preciso utilizar a internet como uma aliada em sua prática pedagógica, tornando suas aulas mais interessantes e menos estressantes tanto para docentes quanto para os discentes, e dessa forma driblar a Síndrome do SPA

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todas as pessoas vivem momentos de estresse e ansiedade. Compromissos, responsabilidades, a correria do dia-a-dia é normal, entretanto, não conseguir relaxar e ter nem ao menos uma noite de sono tranqüilo, acordando de madrugada com o pensamento em que deverá fazer no outro dia já é um caso bastante preocupante. A Síndrome do Pensamento Acelerado descoberto pelo psiquiatra Augusto Cury influencia a vida de Docentes e Discentes Universitários.

É preciso desacelerar. Comer mais devagar, ouvir mais músicas, abrir os olhos pela manhã e levar alguns minutos para levantar, conversar mais, trocar experiências e não viver a mercê de televisões, jogos de rede, celulares.

A tecnologia trouxe grandes avanços em várias áreas, mas também está adoecendo gerações, e como também não se pode viver longe ou sem ela, é preciso utilizá-la com cuidado e objetividade. O acesso a internet e aos aparelhos tecnológicos tão comuns entre estudantes poderá ser utilizado pelo professor universitário como uma forma de tornar a sala de aula um ambiente mais interativo e, conseqüentemente, mais atraente aos alunos.

Professores que resistem à inclusão da tecnologia em sua prática pedagógica acabam por tornarem-se obsoletos. Por outro lado, os professores capazes de tirar proveito dessas tecnologias poderão ser auxiliados inclusive no seu bem estar físico e emocional, pois o processo de ensino sendo mais atraente e inovador diminuirão a indisciplina e o desinteresse dos alunos.

O uso das tecnologias dentro da sala de aula não exime o docente e o discente de ter os sintomas do SPA, mas será com certeza um novo recomeço para ambos, e ao menos dentro da faculdade os sintomas da Síndrome do Pensamento Acelerado poderá ser amenizado.

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Publicado por: LUCIANA FERREIRA PEREIRA

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