Domínio das Tecnologias Digitais: competência indispensável ao professor do século XXI
O objetivo desta pesquisa é construir uma reflexão sobre a necessidade de que o professor dos dias atuais domine as tecnologias digitais para que possa desenvolver, junto a seus alunos, um trabalho motivador, eficiente e condizente com a realidade da sociedade contemporânea.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Resumo: A sociedade dos dias atuais é chamada de sociedade do conhecimento ou da informação, e o uso das tecnologias digitais é corriqueiro no dia a dia de todos. Esse fato faz com que a escola seja desafiada a incorporar essas tecnologias em suas atividades rotineiras, dado não somente o amplo leque de possibilidades ofertado pelos recursos digitais, como também o fato de que sua linguagem é extremamente atraente para o aluno, por ela fazer parte de quase tudo que envolve sua vida cotidiana, inclusive seus relacionamentos. O presente trabalho pretende oportunizar uma reflexão sobre a importância de o professor de hoje ter o domínio das tecnologias digitais para que possa desenvolver em sala de aula um trabalho mais coerente e condizente com os novos tempos, de mudanças tão rápidas e em que a comunicação e a informação acontecem em tempo real. O estudo foi feito por meio de pesquisa qualitativa, aplicada e exploratória, do tipo bibliográfica, e chegou-se à seguinte conclusão: aproximadamente metade dos professores da educação pública brasileira fazem uso das tecnologias digitais, mas esbarram em problemas como insuficiência na infraestrutura das escolas e falta de capacitação dos professores.
Palavras-chave: Tecnologias digitais. Formação de professores. Competência indispensável. Educação brasileira.
Abstract: Today's society is called a knowledge or information society, and the use of digital technologies is commonplace on a daily basis. This fact makes the school challenged to incorporate these technologies in its routine activities, given not only the wide range of possibilities offered by the digital resources, but also the fact that its language is extremely attractive to the student, because it forms part of almost everything that involves your daily life, including your relationships. The present work intends to offer a reflection on the importance of the teacher of today to have the mastery of the digital technologies so that he can develop in the classroom a work more coherent and in keeping with the new times, of such rapid changes and in which the communication and the information happens in real time. The study was carried out through qualitative, applied and exploratory research, of the bibliographic type, and it was concluded that approximately half of Brazilian public education teachers use digital technologies, but run into problems such as insufficiency in school infrastructure and lack of teacher training.
Keywords:digital technologies, teacher training, andindispensableskills.
Introdução
Nunca fui ingênuo apreciador da tecnologia: não a divinizo, de um lado, nem a diabolizo, de outro. Por isso mesmo sempre estive em paz para lidar com ela.
(Paulo Freire)
Vivemos em um mundo extremamente digital. As informações chegam até nós por todos os lados e ações corriqueiras de nosso dia a dia dependem hoje única e exclusivamente dos meios digitais, como por exemplo, o acesso à nossa conta bancária, que é feito tão somente através de artefatos tecnológicos. Além disso, dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) indicam que a população brasileira encerrou o mês de maio de 2018 com 235,5 milhões de aparelhos celulares, o que implica uma densidade de 112,68 celulares para cada 100 habitantes. Como se pode constatar, vivemos o que hoje se tem chamado de Sociedade da Informação. Mesmo pessoas com pouca instrução escolar fazem uso (embora com certa dificuldade) de todo esse aparato de dispositivos tecnológicos que nos cerca, já que, na verdade, não existe uma segunda opção: estamos inseridos nesse universo tecnológico e, para o bem ou para o mal, não há mais como viver à margem desse âmbito.
Considerando-se os fatos acima, é inadmissível que na esfera educacional esses recursos amplos da tecnologia não sejam utilizados no cotidiano escolar. Ocorre que grande parte dos professores não tem familiaridade com o uso desses recursos para fins educacionais e também é fato que a maioria dos cursos de graduação em licenciaturas não oferece esse conhecimento a seu aluno que posteriormente será o professor de uma escola pública ou privada. Isso faz com que a escola dos dias atuais pareça (e realmente esteja) defasada em relação aos métodos e recursos que utiliza para mediação entre aluno e aprendizagem. Em alguns casos, há uma distância abissal entre o cotidiano do aluno (e também a comunidade na qual ele se insere) e a educação e estratégias oferecidas pela escola onde ele estuda, pois muitas vezes trabalham com realidades totalmente diferentes.
O Banco Mundial publicou, em março/2018, o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2018: Aprendizagem para Realizar a Promessa da Educação, em que constata que há uma “crise de aprendizagem” em nível global, que afeta principalmente os países de baixa e média renda, afirmando que, mesmo após anos de escolarização, há pessoas incapazes de ler e interpretar de maneira correta aquilo que leram, ou ainda, inaptos para efetuar cálculos básicos de Matemática. (BANCO MUNDIAL, 2018, p.1)
O presidente do Grupo Banco Mundial, Jim Yong Kim, discorre sobre esse fato:
Esta crise de aprendizagem é uma crise moral e econômica. Quando bem ministrada a educação promete aos jovens emprego, melhores rendas, boa saúde e vida sem pobreza. Para as comunidades a educação promove a inovação, fortalece as instituições e incentiva a coesão social. Mas esses benefícios dependem da aprendizagem e a escolarização sem aprendizagem é uma oportunidade perdida. Mais do que isso, é uma grande injustiça: as crianças a quem a sociedade não atende são as que mais necessitam de uma boa educação para serem bem-sucedidas na vida.
(BANCO MUNDIAL, 2018, p. 1)
Para resolver o problema da escolarização sem aprendizagem, o Banco Mundial recomenda três políticas a serem adotadas pelos países afetados por essa crise, a saber: 1- avaliar a aprendizagem, para que esta se torne uma meta verificável; 2- fazer as escolas trabalharem para todas as crianças; e 3- mobilizar todas as pessoas interessadas na aprendizagem. Na explanação do item 2, recomenda-se a nutrição adequada de todas as crianças, a cooptação e manutenção de profissionais com nível de excelência e a utilização de “tecnologias que ajudem os professores a ensinar no nível do estudante e reforçar a direção da escola, incluindo os diretores”. (BANCO MUNDIAL, 2018, p. 1)
Ora, para que se possa ensinar no nível do estudante, faz-se necessário que o professor “fale a mesma língua” que o aluno, adote sua linguagem, tente enxergar o mundo do ponto de vista de quem aprende e tente estabelecer canais de comunicação que sejam eficazes, que façam com que o aluno aprenda a aprender, pois como afirma um velho ditado chinês, “se deres um peixe a um homem, ele comerá uma vez; se o ensinares a pescar, ele comerá a vida inteira”. É isso que a educação precisa fazer – ensinar o aluno a “pescar”, para que nada lhe falte no decorrer de sua existência, para que esteja apto a enfrentar os desafios que a vida lhe impuser.
Foi com base nesse pensamento que esse trabalho foi desenvolvido: se hoje a linguagem mais utilizada pelas crianças, adolescentes e jovens é a linguagem virtual, por que até hoje a escola ainda caminha com passos tão vacilantes nesse sentido? Por que alguns professores ainda trabalham somente com aulas expositivas, desprezando talvez o maior e melhor recurso com o qual poderia contar para despertar o interesse e a motivação de seus alunos quanto à aprendizagem? Dessas reflexões nasceu a proposição do presente estudo: o domínio das tecnologias digitais como competência imprescindível para o professor da sociedade contemporânea.
Portanto, algumas questões precisam ser discutidas e investigadas para que se possa chegar a respostas satisfatórias para a qualidade de ensino que se deseja: por que o professor dos dias atuais precisa ter domínio das tecnologias digitais? Como o domínio das tecnologias digitais por parte do professor pode contribuir para o sucesso de seus alunos quanto à aprendizagem? Como e onde essa competência pode ser adquirida?
Este trabalho pretende contribuir para uma reflexão sobre o papel do professor e da escola em tempos de Sociedade da Informação, uma vez que o uso da tecnologia é um caminho sem volta e, quanto mais rápido a escola se adequar aos novos tempos, melhor para todos: alunos, professores, escola e sociedade. Não se pretende, em momento algum, apresentar essa proposta como solução única dos problemas da educação, mas como uma (poderosa) ferramenta a mais para a consolidação de um saber significativo, que contribua efetivamente no árduo processo da aprendizagem.
Justificativa e Objetivos
A educação básica pública brasileira tem sido um dos maiores desafios enfrentados pela sociedade e o governo atual. Embora se saiba que a educação seja a mola-mestra para que se alcance mobilidade social e econômica, para a transformação de pessoas em cidadãos autônomos, críticos, participativos e ainda, em seres que carreguem em si o senso da coletividade, do bem-estar geral, sabe-se também que esse ideal parece estar muito longe de ser alcançado. Para se discutir as causas que conduzem a esse problema, visto por muitos como um bicho-de-sete-cabeças, há que se citar fatores como o investimento insuficiente em infraestrutura (seja ela de recursos físicos, humanos, tecnológicos, formativos, etc.); a baixa remuneração dos profissionais que atuam nessa área e a consequente sobrecarga de trabalho advinda desse fato; a falta de participação dos pais na vida escolar dos filhos; currículos organizados de maneira rígida, sem levar em conta as particularidades regionais ou microrregionais; o despreparo de educadores muitas vezes por uma formação deficiente ou inadequada; e, por fim, os assustadores índices de violência da sociedade brasileira que, de maneira direta ou indireta, refletem-se também dentro da escola, no ambiente escolar.
Os baixos resultados apresentados pelos alunos das escolas públicas impõem um desafio à escola, à administração pública e à sociedade no sentido de buscar soluções que, se não contribuírem para resolver de vez os problemas, possam ao menos minimizá-los. Sabe-se que grande parte dos educandos perdeu o interesse pela escola, pela educação, e um dos motivos parece ser a discrepância que há entre a escola que se tem e aquela que se deseja ter. Uma das razões dessa disparidade é que o aluno de hoje, seja em casa, na rua, ou em situações comuns de seu dia a dia, se serve da tecnologia para resolver problemas, estabelecer comunicação com outras pessoas, fazer pesquisas sobre algo que lhe interessa, enfim, para quase tudo que permeia sua vida cotidiana. Ocorre que, na escola, ainda há pouco uso das tecnologias digitais e esse pode ser um recurso metodológico de valor inestimável para se obter um aluno mais comprometido, mais interessado, e para que se possa oferecer a ele um sistema de ensino mais próximo de sua realidade, com muito mais mecanismos à sua disposição, que lhe possibilitam uma gama muito maior de procedimentos e modos de chegar aos resultados de que necessita.
Para isso, é necessário que o docente esteja apto para orientar o aluno e mediar o conhecimento utilizando todos os meios disponíveis para isso, inclusive e principalmente, as tecnologias digitais.
Objetivo Geral
O objetivo desta pesquisa é construir uma reflexão sobre a necessidade de que o professor dos dias atuais domine as tecnologias digitais para que possa desenvolver, junto a seus alunos, um trabalho motivador, eficiente e condizente com a realidade da sociedade contemporânea.
Objetivos Específicos
• Pesquisar na bibliografia acadêmica existente a situação do professor e da escola perante as tecnologias digitais disponíveis que podem ser utilizadas como recursos educacionais;
• Identificar o que são tecnologias digitais, porque o professor contemporâneo deve aprender a dominá-las e apontar como elas podem contribuir para o sucesso do aluno dentro do processo de ensino-aprendizagem;
• Indicar como e onde a competência do domínio das tecnologias digitais pode ser adquirida pelo professor;
• Incentivar uma reflexão do professor sobre a necessidade de desenvolver a competência do domínio das tecnologias digitais para enriquecimento e êxito de seu trabalho.
Percurso Metodológico
O presente trabalho foi desenvolvido, quanto à abordagem, através de pesquisa qualitativa. Para Gerhardt e Silveira (2009, p. 32), “a pesquisa qualitativa preocupa-se, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais”. Também para Minayo (2001), citado em Gerhardt e Silveira (2009, p. 32), “a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.
Quanto à natureza, utilizou-se a pesquisa aplicada, cujo objetivo é, segundo Gerhardt e Silveira (2009, p. 35), “gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos”.
Quanto aos objetivos, fez-se uso da pesquisa exploratória, do tipo bibliográfico. Para Gerhardt e Silveira (2009, p. 35), pesquisa exploratória é aquela que “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses”. Entre outros fatores, pode envolver levantamento bibliográfico e análise de exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2007, apud GERHARDT e SILVEIRA, 2009, p. 35).
No que se refere aos procedimentos, foi feita uma pesquisa bibliográfica, que conforme Fonseca (2002, p. 31), “é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites”.
Para se organizar melhor o estudo, a revisão bibliográfica foi dividida em 5 partes, nas quais tentou-se apresentar um painel das tecnologias digitais, a saber: 1. As tecnologias Digitais; 2. A Escola e as Tecnologias Digitais; 3. O professor e as Tecnologias Digitais; 4. O Aluno e as Tecnologias Digitais; e 5. Como e onde adquirir domínio das Tecnologias Digitais. Para isso, foram utilizados livros, apostilas, artigos acadêmicos, notícias, análise de leis, etc., recorrendo-se tanto a material impresso quanto a matérias virtuais.
Revisão Bibliográfica
A sociedade contemporânea vive uma época de grandes avanços e conquistas na área tecnológica. Nunca antes na história do mundo as distâncias pareceram tão pequenas e a facilidade de comunicação se apresentou tão rápida e fácil. Ações comuns do dia a dia das pessoas são executadas através de equipamentos tecnológicos que já se inseriram de tal forma na vida dos cidadãos que é quase impossível imaginar a existência dos seres humanos sem todo esse aparato de tecnologia que facilita e agiliza a rotina de todos.
Mas, apesar dessa realidade, o universo escolar parece permanecer à parte disso, pois os recursos tecnológicos ainda são pouco utilizados nas atividades rotineiras de uma sala de aula. Prevalece ainda o modelo antigo ‘quadro-negro/giz/aula expositiva’, fazendo com que algumas pessoas afirmem que temos “alunos do século XXI, professores do século XX e escolas do século XIX”[3]. (PORTAL G1, 2012)
As tecnologias digitais atualmente são várias e disponíveis para serem usadas para que se aprenda e que se ensine, sem contar que também se pode fazer uso delas a qualquer instante e onde quer que se esteja, e o que faz a distinção nesse caso não são os sistemas operacionais existentes, mas o propósito para o qual são direcionados e a função a que podem ser destinados por educadores, gestores e alunos (MORAN, 2017).
Aparelhos como smartphones, celulares, tablets e notebooks podem ser instrumentos que, além de nos auxiliar a ter acesso ao conhecimento, podem ser aplicados no desenvolvimento de projetos, no diálogo de diversas naturezas, no compartilhamento de nossas percepções, no desfazer de incertezas, no debate de assuntos, e ainda, podem contribuir para melhorar nossa capacidade de nos expressar, seja oralmente ou por escrito. Assim, esses dispositivos podem servir grandemente como expediente para se promover a motivação dos alunos na aquisição do conhecimento (MORAN, 2017).
Ademais, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –UNESCO, em seu documento ‘Educação para a cidadania global: tópicos e objetivos de aprendizagem’, no ano de 2016, define sete objetivos da educação, entre os quais:
• desenvolver e aplicar as competências cidadãs fundamentais, como investigação crítica, tecnologia da informação, alfabetização midiática, pensamento crítico, tomada de decisão, resolução de problemas, construção da paz e responsabilidade pessoal e social; (UNESCO, 2016, p. 16. Grifo nosso)
Se hoje a sociedade se encontra imersa em um processo de profundas transformações, essas mudanças têm de se refletir na escola, já que a escola não passa de um espaço social onde se prioriza a busca do conhecimento, um ambiente que deve ser propício e dedicado ao desenvolvimento de atividades que conduzam ao ensino-aprendizagem.
Freire afirma, entre outras coisas, que “ensinar exige bom senso e apreensão da realidade” (FREIRE, 1996). A escola que não se alinha às inovações de seu tempo deixa de praticar esses deveres apontados por Freire e acaba se distanciando de tal maneira de seu aluno, que acaba colhendo como consequência fatores desagradáveis como a falta de interesse e motivação do aluno, indisciplina no ambiente escolar, evasão e outras condições igualmente nocivas à boa qualidade da educação.
Moran (2017, p. 2) assevera que outro benefício indiscutível das tecnologias digitais em sala de aula, seria para aplicação da Sala de Aula Invertida – Flipped Classroom, cuja proposta seria, segundo o site Carta Educação, “prover aulas menos expositivas, mais produtivas e participativas, capazes de engajar os alunos no conteúdo e melhor utilizar o tempo e conhecimento do professor”. Como se sabe, a maioria dos alunos – e também dos educadores – está habituada a um tipo de ensino paternalista, em que existe uma espécie de tutela do professor em relação ao aluno, posto que tudo é feito a partir da orientação e condução do professor no decorrer de todo o processo de ensino-aprendizagem. A metodologia da sala de aula invertida pode contribuir para que se ofereça uma educação mais emancipatória, mais libertadora e democrática, uma vez que permite uma participação mais dinâmica e efetiva por parte do aluno.
Enfim, são muitas as benesses que podem ser desfrutadas caso a escola de nossos dias opte por oferecer uma educação mais voltada para a realidade, usufruindo de todos os recursos que a modernização tecnológica pode proporcionar. Existem inúmeros softwares educativos que podem facilitar o algumas vezes pedregoso caminho para o saber, tornando essa caminhada muito mais suave e prazerosa para ambos os lados – o de quem ensina e o de quem aprende. Mas é mister que quem ensina passe antes pelo processo de aprender a usar esses recursos para que se alcancem os resultados desejados, porque como sabiamente garante Paulo Freire em sua Pedagogia da Esperança, “ninguém ensina o que não sabe” (FREIRE, 1997, p. 67). Eis aí o grande desafio.
As Tecnologias Digitais
“Tecnologia digital é um conjunto de tecnologias que permite, principalmente, a transformação de qualquer linguagem ou dado em números, isto é, em zeros e uns (0 e 1).” (RIBEIRO, 200-?, p.1) O vocábulo ‘digital’ procede da palavra dígito, do latim digitus, que significa dedo. Isso sinaliza que as imagens, os sons, os textos, ou a junção de todos eles que visualizamos, por exemplo, na tela de um computador, um tablet ou um celular, na verdade foram transformados em números que são lidos por dispositivos que os convertem naquilo que vemos ou ouvimos em nosso aparelho eletrônico.
As tecnologias digitais que têm revolucionado a sociedade em todos os seus segmentos, seja na área econômico-financeira, social, pessoal ou da saúde, apareceram em meados do século XX, tendo um rápido avanço nas suas últimas duas décadas e adquirindo uma evolução assustadora nestes primeiros dezoito anos do século XXI. A vida de todos foi modificada pela rapidez dessas mudanças tecnológicas, pelo relativo baixo custo que apresentam e pela alta disseminação desses recursos pelo mundo afora.
As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) referem-se a um grupo de meios de difusão de informação (mídias). Pode-se citar como exemplo de tecnologias digitais possíveis de serem usadas na educação os computadores, tablets, celulares, lousas digitais, TV’s, aparelhos de data show, projetor Arthur, entre outros.
O atual Plano Nacional da Educação, Lei n. 13.005/2014, traça como meta número 7 “fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades” para que a educação pública brasileira alcance, até 2021, as seguintes médias de IDEB: 6,0 para os anos iniciais do Ensino Fundamental; 5,5 para seus anos finais e 5,2 para o Ensino Médio (PNE, 2014, p. 14-15). Para tanto, define 36 estratégias, entre as quais estabelece três que se referem diretamente ao uso de tecnologias digitais para se promover uma educação inovadora, como se pode observar:
7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas pedagógicas inovadoras que assegurem a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem, assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, com preferência para softwares livres e recursos educacionais abertos, bem como o acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas;
7.15)universalizar, até o quinto ano de vigência deste PNE, o acesso à rede mundial de computadores em banda larga de alta velocidade e triplicar, até o final da década, a relação computador/ aluno (a) nas escolas da rede pública de educação básica, promovendo a utilização pedagógica das tecnologias da informação e da comunicação;
7.20)prover equipamentos e recursos tecnológicos digitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar a todas as escolas públicas da educação básica, criando, inclusive, mecanismos para implementação das condições necessárias para a universalização das bibliotecas nas instituições educacionais, com acesso a redes digitais de computadores, inclusive a internet; (PNE, 2014, p. 16-17. Grifo nosso)
Como se vê acima, está previsto no PNE vigente o acesso às tecnologias digitais para todas as escolas públicas de educação básica, com metas preditas para o fim da presente década, planos esses que dificilmente serão alcançados, considerando-se a situação atual da maioria das escolas quanto a esse quesito.
Também a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sancionada pela Resolução CNE/CP n. 2, de 22 de dezembro de 2017, apresenta dez competências gerais para a educação brasileira, das quais a competência cinco se refere à habilidade de lidar com as tecnologias digitais, procurando extrair de seu uso, entre outras coisas, a autonomia, o protagonismo e a ética no comportamento pessoal e/ou social, como se pode constatar:
COMPETÊNCIAS GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
[...]
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
(BNCC, 2017, p. 11. Grifo nosso)
A Revista Educação publicou, em abril/2018, uma matéria em que expõe o seguinte: com base na competência n. 5 da BNCC, sobre a proposta de utilizar as TDIC’s em sala de aula, propôs-se a alguns especialistas que atuam em sistemas de ensino que já utilizam esses recursos que indicassem 5 lições inferidas do uso das TDIC’s. A conclusão apresentada foi: a) lição n. 1: “É preciso fundir tecnologias a outros meios e processos de ensino e aprendizagem”; b) lição n. 2: “Utilizar elementos de tecnologia para envolver e dar engajamento”; c) lição n. 3: “Não nos interessa o ‘fator novidade’ sem alcançar impacto acadêmico”; d) lição n. 4: “Oferecer um ecossistema que dê suporte e integre as tecnologias”; e) lição n. 5: “É preciso criar oportunidades com responsabilidade e ética”. (REVISTA EDUCAÇÃO, 2018, p. 1.)
Como se vê, o uso das TDIC’s no ambiente escolar não deve, de forma alguma, abolir a prática de outras metodologias, mas sim ser utilizada como uma poderosa ferramenta a mais para a construção de uma aprendizagem significativa para o aluno. Além disso, é importante observar que o uso das tecnologias digitais pode trazer maior envolvimento por parte do aluno, já que é um recurso com o qual ele está familiarizado e aprecia, mas se não houver resultados na área de aprendizagem, seu emprego não é interessante para a escola. Também é necessário que a escola esteja atenta à infraestrutura que deve proporcionar para que se faça a utilização eficaz e adequada das tecnologias digitais, ou a metodologia se perderá nas dificuldades de pouco acesso à rede, equipamentos ineficientes ou insuficientes, ambientes inadequados, etc. E, por fim, há que se estar vigilante para que a aplicação das TDIC’s em sala de aula se dê sempre com responsabilidade e ética, valores tão necessários na sociedade e sem os quais não se forma um cidadão.
Pesquisas recentes, como por exemplo, a pesquisa TIC Educação 2016, realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação, apontam que 52% das escolas já empregam smartphones em atividades com alunos, o que indica um acréscimo de 10% em relação ao ano anterior. (REVISTA EDUCAÇÃO, 2018, p. 1)
A Escola e as Tecnologias Digitais
“A escola é pouco atraente.” Com essas palavras, Moran inicia a introdução de seu trabalho acadêmico intitulado ‘A educação que desejamos – novos desafios e como chegar lá’ (MORAN, 2009, p. 7). Nove anos se passaram desde que essa frase foi publicada dessa forma e pouca coisa parece ter mudado desde então. As inovações tecnológicas acontecem de modo espantosamente rápido, num ritmo alucinante, mas a escola parece não acompanhar essa velocidade e presteza. Isso faz com que ela se mantenha à margem das mudanças, aparentemente arcaica nos métodos, gerando o desinteresse e apatia de seus alunos, que na verdade parecem viver duas realidades distintas em dois mundos diferentes: uma instigante, provocativa, ágil, no seu ambiente social, “real”, e outra previsível, monótona, sonolenta, no seu ambiente escolar.
Moran (2009) alerta que:
Nossa vida interligará cada vez mais as situações reais e as digitais, os serviços físicos e os conectados, o contato físico e o virtual, a aprendizagem presencial e a virtual. O mundo físico e o virtual não se opõem, mas se complementam, se integram, combinam numa interação cada vez maior, contínua, inseparável. Ter acesso contínuo ao digital é um novo direito de cidadania plena. Os não conectados perdem uma dimensão cidadã fundamental para sua inserção no mundo profissional, nos serviços, na interação com os demais.
(MORAN, 2009, p. 9) Grifo nosso.
Se vivemos hoje uma época em que o mundo virtual é parte indissociável de nosso dia a dia, em que transações financeiras, compra e venda de produtos, informação, comunicação, enfim, uma infinidade de atividades corriqueiras são feitas através dos meios virtuais, de maneira natural e totalmente integrada à vida da maioria das pessoas, por que isso não acontece também na escola?
É de se supor que isso não poderia ser diferente com a educação. Este mundo de infinitas possibilidades ofertado pela informática pode sim contribuir, e muito, para despertar nas crianças e jovens o gosto e o interesse pela aprendizagem, dadas todas as facilidades e recursos que possibilita, não somente porque são audiovisuais, mas principalmente porque permitem a interação do usuário, sua participação direta, seu acesso aos hipertextos de variadas formas, abrindo para o educando um imenso leque de alternativas de aprendizado e de conhecimento.
Segundo texto do site da UNESCO, citado por Araújo (Padlet, TFPS, 2018):
A UNESCO acredita que as TIC podem contribuir com o acesso universal da educação, a equidade na educação, a qualidade de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento profissional de professores, bem como melhorar a gestão, a governança e a administração educacional ao fornecer a mistura certa e organizada de políticas, tecnologias e capacidades.
De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Stanford, divulgada pela Revista Superinteressante, as pessoas são capazes de guardar 10% do que leem, 30% do que ouvem e 70% do que leem, ouvem e interagem. É, portanto, incontestável, o aporte que pode ser dado pela informatização à qualidade da educação. Mas, de qualquer forma,é preciso que não se esqueça de um fato: o computador, por si só, não gera conhecimento, porém pode ser uma ferramenta valiosíssima para a aquisição deste.
Nota-se que hoje em dia, há a necessidade de maior interação entre professor e aluno, com uma participação mais efetiva e ativa por parte deste último. E pensar em alunos sem acesso frequente ao uso dos recursos digitais é constatar a existência de sua exclusão de áreas relevantes do aprendizado moderno: a multiplicidade e disponibilidade de informações da web, oportunidade de busca rápida de uma infinidade de temas, material acadêmico farto e disponível em bibliotecas e portais educativos, presença e atuação do aluno em grupos de seu interesse. (MORAN, 2009, p. 9-10)
Além disso, o uso das tecnologias digitais, já que possibilita uma maior participação do aluno no ato de aprender, também contribui para que ele aprenda de maneira mais independente, mais emancipatória, desfazendo, em parte, a ideologia predominante do paternalismo na educação, que trabalha sempre com a teoria de que o aluno precisa ser tutelado, orientado, amparado, para que sua aprendizagem se dê a contento. Essa emancipação se refletirá de maneira positiva na vida escolar do aluno, uma vez que possibilitará a ele o “aprender a aprender”, a pesquisar, a buscar na fonte certa o conhecimento de que necessita no momento em que dele necessita, sem forçosamente precisar da tutela ou do auxílio de alguém.
A sociedade demanda que a escola mude o atual panorama que se verifica na atualidade: o distanciamento abissal que há entre a escola que se quer e se precisa e aquela real, com que nos deparamos no cotidiano de professores e alunos – disciplinas desvinculadas entre si, conhecimento fragmentado e muitas vezes desprovido de sentido para o aluno, professores desmotivados, alunos desinteressados. Por consequência, alarmantes e péssimos resultados de aprendizagem por todo o Brasil, mantendo um círculo vicioso que não se quebra, mas se mantém de forma ininterrupta ao longo dos anos, como se pode comprovar com os últimos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB, divulgados em agosto de 2018, pelo Ministério da Educação – MEC, que apontam que apenas 1,64% dos alunos brasileiros do Ensino Médio têm conhecimento adequado em Português e somente 4,52% deles em Matemática (MEC, 2018).
Para enfatizar esse horizonte desanimador, corroboram também os quocientes do IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e principal indicador da qualidade da educação – divulgados em 03 de setembro de 2018, pelo MEC. Os resultados apontam que somente os anos iniciais do Ensino Fundamental conseguiram cumprir as metas de aprendizagem estabelecidas, e nas palavras do atual Ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, “o Ensino Médio está falido, corre o risco de chegar ao ‘fundo do poço’ e não está agregando conhecimento aos alunos” (FAJARDO & FOREQUE, 2018).
Esse cenário desfavorável da educação brasileira atinge toda a sociedade, posto que o progresso da nação esteja indissociavelmente ligado à qualidade da educação que se oferece aos cidadãos. Afinal, “a educação universal e de qualidade é percebida hoje como condição fundamental para o avanço de qualquer país. É o caminho necessário para evoluir, ser competitivo, superar a brutal desigualdade, oferecer perspectivas melhores de autonomia, empreendedorismo e empregabilidade” (MORAN, 2009, p. 8).
A Constituição Brasileira (CF), promulgada em 1988, traz em seu artigo 205 o seguinte enunciado:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
(CF, 1988, p. 160)
E o artigo 206 apresenta os vários princípios sobre os quais o ensino deverá se basear, entre os quais o inciso VII, que trata da garantia do padrão de qualidade, como se pode observar:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
[...]
VII – garantia de padrão de qualidade.
(CF, 1988, p. 160.) Grifo nosso.
Como se pode ver, embora a garantia de padrão de qualidade da educação esteja prevista na Carta Magna brasileira, isso não ocorre, conforme atestam os estarrecedores resultados obtidos pela educação pública nas avaliações externas, que expõem claramente as dificuldades enfrentadas por dois dos três segmentos de ensino avaliados no sistema educacional brasileiro. Segundo Moran (2009, p. 9-10), “a educação precisa de mudanças estruturais”, precisa ser reinventada, “precisa, cada vez mais, ajudar todos a aprender de forma mais integral, humana, afetiva e ética, integrando o individual e o social, os diversos ritmos, métodos, tecnologias, para construir cidadãos plenos em todas as dimensões”.
Em 2013, por ocasião da elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, houve preocupação com o tema da necessidade da inclusão das tecnologias digitais no dia a dia das salas de aula, como se pode observar no fragmento abaixo:
[...] enquanto a escola se prende às características de metodologias tradicionais, com relação ao ensino e à aprendizagem como ações concebidas separadamente, as características de seus estudantes requerem outros processos e procedimentos [...] enquanto os docentes creem que acompanham a era digital apenas porque digitam e imprimem textos, têm e-mail, não percebendo que os estudantes nasceram na era digital. As tecnologias da informação e comunicação constituem uma parte de um contínuo desenvolvimento de tecnologias, a começar pelo giz e os livros, todos podendo apoiar e enriquecer as aprendizagens. Como qualquer ferramenta, devem ser usadas e adaptadas para servir a fins educacionais e como tecnologia assistiva; desenvolvidas de forma a possibilitar que a interatividade virtual se desenvolva de modo mais intenso, inclusive na produção de linguagens. Assim, a infraestrutura tecnológica, como apoio pedagógico às atividades escolares, deve também garantir acesso dos estudantes à biblioteca, ao rádio, à televisão, à internet aberta, às possibilidades da convergência digital. Essa distância necessita ser superada, mediante aproximação dos recursos tecnológicos de informação e comunicação, estimulando a criação de novos métodos didático-pedagógicos, para que tais recursos e métodos sejam inseridos no cotidiano escolar. [...] O conhecimento científico e as novas tecnologias constituem-se, cada vez mais, condição para que a pessoa saiba se posicionar frente a processos e inovações que a afetam. (DCNEB, 2013, p. 27-28) Grifo do autor. Itálico nosso.
Como se pode observar no trecho acima, há uma enorme discrepância entre o universo escolar tradicional e aquele que é observado em sua clientela, que é composta por uma geração que Palfrey e Gasser (2011, p. 20) chamam de Nativos Digitais. Segundo esses autores, pais e professores tendem a se afastar das decisões que os jovens estão tomando atualmente porque as barreiras linguísticas e culturais entre esses segmentos são enormes. É óbvio que essa situação – nova para todos – gera insegurança e preocupação, e, poder-se-ia dizer, uma boa dose de resistência por parte dos mais velhos em relação aos mais novos, ou àquilo que é novo. Mas, como os próprios autores reconhecem, “o simples fato de os Nativos Digitais não aprenderem as coisas da mesma maneira que seus avós o fizeram não significa que a maneira como estão aprendendo seja pior” (PALFREY & GASSER, 2011, p. 271). Preocupante, ainda segundo os estudiosos, seria o fato de haver “pessoas que estão crescendo em uma era digital, mas não estão aprendendo as habilidades sofisticadas de coletar, processar e criar informações, baseadas no que aprendem e compartilham com os outros” (PALFREY & GASSER, 2011, p. 272). Isto é, inquietante é notar que as tecnologias digitais estão presentes na vida de todos, mas a escola não tem se apropriado como deveria desses recursos, favorecendo uma situação de exclusão de seus educandos em relação ao empoderamento de capacidades que poderiam desenvolver caso dispusessem de acesso frequente ao universo digital, o que confirma o pensamento de Moran (2009, p. 9).
A utilização das tecnologias digitais na escola possibilita o que Moran (2009) denomina Construção Cooperativa, já que permite, por exemplo, a estruturação e produção de um trabalho conjunto, de um projeto que envolva vários grupos, de uma investigação sobre um fato ou problema atual, tudo isso em tempo concomitante e real. Além disso, como constata Behrens (2009), propicia-se ao aluno a oportunidade de revelar suas múltiplas inteligências, dada a diversidade dos recursos de que ele irá dispor para levar a cabo as tarefas de que está incumbido. Isso contribuirá para torná-lo descobridor, transformador e produtor do conhecimento (MORAN, MASETTO & BEHRENS, 2009, p. 49, p. 75).
Uma pesquisa realizada em 2016 pelo Instituto Ayrton Senna revelou que menos de 50% das escolas públicas dispunham de laboratórios de Informática com acesso à Internet. Portanto se constatou que, além do desafio de se assegurar uma infraestrutura adequada nas escolas, existe um outro, que é a formação continuada dos docentes. (ESTADÃO, 2017, p. 1)
O professor e as Tecnologias Digitais
Maurice Tardif (2014, p. 31) define o professor como alguém que “antes de tudo, sabe alguma coisa e cuja função consiste em transmitir esse saber a outros”. E, completando, afirma que o professor ideal é alguém “que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua experiência cotidiana com os alunos” (TARDIF, 2014, p. 39).
Como se sabe, o professor é peça fundamental no processo educativo, cedendo prioridade somente ao aluno, que é, ao mesmo tempo, objeto e sujeito da educação. No decorrer de sua carreira profissional, o professor adquire e acumula saberes, entre os quais se podem citar os disciplinares, os curriculares e os experienciais (TARDIF, 2014, p. 36-38). Todos esses saberes irão contribuir para a forma como o professor irá executar seu trabalho junto aos alunos, influindo inclusive nos resultados de aprendizagem que conseguirá obter dos mesmos.
Tardif (2014) afirma ainda que os professores estabelecem com seu objeto de trabalho (o aluno) relações humanas, individuais e sociais a um só tempo:
Os professores não buscam realizar objetivos; eles atuam, também, sobre um objeto. O objeto do trabalho dos professores são seres humanos individualizados e socializados ao mesmo tempo. (...) Embora ensinem a grupos, os professores não podem deixar de levar em conta as diferenças individuais, pois são os indivíduos que aprendem, e não os grupos. (...) ...Os alunos são heterogêneos. Eles não possuem as mesmas capacidades pessoais nem as mesmas possibilidades sociais.
(TARDIF, 2014, p. 128-129)
A prática pedagógica, portanto, tem de ser vista como uma tecnologia a ser aperfeiçoada dia a dia, em função das situações concretas encontradas pelo professor no que se refere à comunidade na qual atua, à clientela a que se destina seu trabalho, às necessidades e particularidades de seu público-alvo. Isso possibilita transformar o objeto da educação – que é o aluno – no sujeito da educação – o aluno.
Em pesquisa desenvolvida pelo movimento Todos pela Educação – movimento da sociedade civil que visa ao alcance da educação de qualidade para todos e luta por esse ideal unindo pessoas, especialistas, instituições e governo em torno desse objetivo – realizada no primeiro semestre de 2017, envolvendo 4 mil professores do Ensino Fundamental, Médio e da Educação de Jovens e Adultos – EJA da educação pública de todo o país, cujo tema era o seguinte: “O que pensam os professores do uso de tecnologias em sala de aula?” Constatou-se que os professores estão dispostos a empregar as tecnologias digitais em suas aulas e que consideram que, desde que haja os instrumentos necessários e as circunstâncias propícias à utilização das tecnologias digitais, estas podem contribuir grandemente para a boa qualidade da educação. (ALEGRIA, 2017)
E ainda, dos professores pesquisados, 55% asseguram que fazem uso rotineiro das tecnologias digitais em sala de aula; 54% afirmam que fariam mais uso desses recursos, caso não implicassem uma maior carga de trabalho e 45% deles disseram que a utilização das ferramentas digitais “aumenta a pressão” em suas atribuições profissionais. Além disso, os professores alegam que empecilhos na infraestrutura das escolas dificultam a aplicação das tecnologias digitais no ambiente escolar. Segundo eles, os maiores obstáculos para o emprego dos recursos tecnológicos seriam: a) aparelhos insuficientes (66%); b) baixa velocidade da internet disponível (64%); e c) falta da capacitação necessária (62%). Estes últimos 62% dos docentes afirmam que nunca realizaram cursos gerais de informática ou de tecnologias digitais na educação (ALEGRIA, 2017).
Olavo Nogueira Filho, responsável pelas políticas educacionais do movimento Todos Pela Educação apresenta a seguinte conclusão a respeito do assunto:
Por meio da pesquisa, identificamos que, além dos desafios de infraestrutura já conhecidos, há três principais caminhos para o avanço dessa tecnologia em Educação: a ampliação e a melhora da oferta de formação e apoio específico, a apresentação de propostas que ajudem a rotina de trabalho do professor e um melhor entendimento pelos docentes sobre o potencial de impacto pedagógico da tecnologia.
(ALEGRIA, 2017. Grifo nosso)
Como se vê, para que se consolide a utilização das tecnologias em sala de aula, não somente há a necessidade de boa vontade dos professores reconhecendo o quão impactante para melhor pode ser seu uso nas atividades rotineiras da escola (já que na vida cotidiana de todos nós é assim), mas também há que se desenvolverem políticas públicas voltadas para a capacitação dos docentes, com ampliação do oferecimento dessa capacitação, além de iniciativas que apresentem propostas que auxiliem os professores no desenvolvimento de seu trabalho habitual.
Freire (2002, p. 36) assegura que “ensinar é uma especificidade humana”, e como tal, exige comprometimento, segurança, apreensão da realidade, bom senso, competência profissional, entre outras coisas. Afirma ainda que “o professor que não leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe”. (FREIRE, 2002, p. 36) Depreende-se, portanto, que apesar da obrigação do estado de oferecer a estrutura necessária para que se desenvolva um trabalho mais harmônico e condizente com os avanços tecnológicos da sociedade atual, dita ‘sociedade da informação ou do conhecimento’, é necessário que o professor também tome para si a responsabilidade de se interessar pelo assunto, de buscar meios que possibilitem sua formação e capacitação na área de tecnologias digitais, uma vez que não basta a escola dispor de um aparato tecnológico se não houver interesse, disposição e sabedoria para utilizá-lo.
Tardif (2014, p. 16) afirma que “o saber dos professores depende, por um lado, das condições concretas nas quais o trabalho deles se realiza e, por outro, da personalidade e da experiência profissional dos próprios professores”. Diz ainda que “os saberes de um professor são uma realidade social materializada através de uma formação, de programas, de práticas coletivas, de disciplinas escolares, de uma pedagogia institucionalizada, etc., e são também, ao mesmo tempo, os saberes dele” (TARDIF, 2014, p. 16. Itálico do autor).
É importante ressaltar que esse ‘saber plural’ definido por Tardif sofrerá influências plurais, pois sua aplicação dependerá de uma matriz curricular que não é escolhida pelo próprio professor, que tampouco poderá controlar ou selecionar os saberes pedagógicos que serão difundidos pelos estabelecimentos de ensino onde o professor atua (TARDIF, 2014, p. 41). Por outro lado, sabe-se que o professor é figura fundamental no processo ensino-aprendizagem. Segundo Tardif (2014, p.149), “o professor é sujeito de seu próprio trabalho e ator de sua pedagogia, pois é ele quem a modela, quem lhe dá corpo e sentido no contato com os alunos (negociando, improvisando, adaptando)”. Ou seja, o professor, embora siga princípios e currículos pré-estabelecidos, faz isso de maneira pessoal, única, firmado em sua concepção de mundo, estribado em suas potencialidades, mas também cerceado pelas próprias limitações e complexidades. O processo da educação é dual, exige uma troca entre professor e aluno. Não existe alguém que se apropria do conhecimento, mas o conhecimento é (re)construído nas interações professor-aluno-prática educativa. Portanto, o professor tem que assumir esse seu papel de agente transformador da realidade, ver-se não como um simples transmissor de conhecimentos, mas alguém que é portador e produtor de práticas e saberes, que efetua relevantes contribuições à sociedade.
É comum, hoje em dia, ouvir-se falar sobre o empoderamento das pessoas. Esse termo, criado por Paulo Freire, segundo os dicionários Aurélio e Houaiss, significa “o ato ou efeito de promover conscientização e tomada de poder de influência de uma pessoa ou grupo social, geralmente para realizar mudanças de ordem social, política, econômica e cultural no contexto que lhe afeta” (FREITAS, 2017, p.1). As tecnologias digitais são um significativo instrumento para se obter uma educação mais coerente com a realidade que vivemos. As Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC’s talvez sejam atualmente o mais expressivo recurso que pode ser utilizado para empoderar os indivíduos, dadas as facilidades de seu acesso à maioria das pessoas e o relativo baixo custo da manutenção desse tipo de serviço. As redes virtuais podem ser usadas para possibilitar o compartilhamento de ideias, projetos, dúvidas e soluções, podendo produzir benefícios para a qualidade de vida de toda a sociedade.
A professora e pesquisadora do setor de educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Nuria Camas, defende que uma das atribuições mais relevantes do professor é a de apoiar o aluno e habilitá-lo para sua inclusão na cultura digital: “A união das possibilidades com o uso da web 2.0 — escrita, leitura, partilha, imagem e som em uma única página navegável, colaboração — pode ser feita por todos que tenham acesso à rede de computadores” (Portal GOVERNO DO BRASIL, 2017)
Nessa roda viva que são os dias atuais, nada é permanente. O próprio conhecimento se renova ininterruptamente, as tecnologias disponíveis se aperfeiçoam a cada momento e aquilo que é útil num dia pode-se tornar obsoleto no dia seguinte. Essa rapidez na transformação do conhecimento requer um profissional também ágil, que consiga adaptar-se às situações na mesma velocidade de mudança das circunstâncias. Isso implica um constante investimento na formação e capacitação dos profissionais do ensino. Se o aluno é o sujeito da educação, e também seu objeto, o professor é o mediador entre o aluno e o conhecimento. É o professor o catalisador, o que faz acontecer o maravilhoso processo do aprender. Um professor preparado, consciente, envolvido com os alunos e a prática educativa, acaba sendo, ele mesmo, (por que não?) uma tecnologia personificada, pensante, um poderoso instrumento de transformação de pessoas, e consequentemente, do mundo.
São muitos os benefícios do uso das tecnologias digitais na educação. E é preciso levar em conta o seguinte: se hoje as redes sociais são parte inerente ao nosso cotidiano, por que não integrá-las de vez à educação, para que se faça o uso produtivo e racional de algo que já está entranhado na vida de todos nós? A resposta a essa pergunta depende de cada educador e poderá determinar a existência ou não de um ensino mais democratizado, acessível à maioria das pessoas.
O Aluno e as Tecnologias Digitais
Palfrey e Gasser (2011, p. 11) classificam as pessoas que nasceram depois de 1980 como ‘Nativos Digitais’. Isso inclui todas as pessoas com até 38 anos de idade, indicando que a esmagadora maioria da clientela que hoje se encontra matriculada nas escolas, do pré-escolar ao ensino de nível superior, é nativa digital. É óbvio que essa geração, que tem acesso a uma gama imensa de recursos tecnológicos, age e pensa de maneira diferente das gerações anteriores. Nota-se que tudo mudou, inclusive a maneira de se conviver socialmente ou se relacionar com o conhecimento:
Mas uma coisa você sabe com certeza: estes garotos são diferentes. Eles estudam, trabalham, escrevem e interagem um com o outro de maneiras diferentes das suas quando você era da idade deles. Eles leem blogs ao invés de jornais. Com frequência se conhecem online antes de se conhecerem pessoalmente. Provavelmente nem sabem como é um cartão de biblioteca, que dirá terem um; e, se o tiverem, provavelmente nunca o usaram. Eles obtêm suas músicas online – com frequência de graça, ilegalmente – em vez de comprá-las em lojas de discos. Mais provavelmente enviam uma Mensagem Instantânea em vez de pegarem o telefone para marcar um encontro mais tarde, à noite. [...] Conectam-se entre si através de uma cultura comum. Os principais aspectos de suas vidas – interações sociais, amizades, atividades cívicas – são mediados pelas tecnologias digitais. E não conheceram nenhum modo de vida diferente. (PALFREY & GASSER, 2011, p. 12. Grifo nosso.)
Os autores acima ainda reforçam a ideia de que os pais e os professores dos nativos digitais, por serem as pessoas mais próximas com as quais eles podem contar, têm também maior responsabilidade em relação a isso e a função mais relevante a exercer nesse contexto. Os estudiosos aconselham que, ao invés de relegar as novas tecnologias a segundo plano, pais e professores devem solicitar a ajuda dos nativos digitais para agirem juntos e encontrarem resultados produtivos. (PALFREY & GASSER, 2011, p. 20)
Por outro lado, os pesquisadores se preocupam com o que chamam de “grande abismo de participação entre aqueles que são Nativos Digitais e aqueles que têm a mesma idade, mas que não estão aprendendo nem vivendo da mesma maneira”. Segundo eles, o acesso às tecnologias não é suficiente. Precisa haver uma “alfabetização digital”, que envolve as competências necessárias para se mover e se dar bem nesse mundo complexo e intrincado que se configura diante de todos nós. (PALFREY & GASSER, 2011, p. 24)
A escola não pode ignorar essa necessidade urgente de adequação de suas metodologias com vistas a atender às imposições demandadas por esse novo público, que de um lado tem acesso às novas tecnologias, e, de outro, não sabe utilizá-la de maneira sábia e produtiva. Se na atualidade a Internet tornou-se um dos recursos mais utilizados no dia a dia das pessoas, é totalmente natural que esse valioso mecanismo seja utilizado também na área educacional, já que disponibiliza de ferramentas infinitamente mais interessantes e superiores a todas aquelas de que já dispúnhamos na educação tradicional, dada a extrema diversidade e variedade de dispositivos e conteúdos que oferece. Além da multiplicidade de assuntos e conteúdos de que se dispõe, é importante salientar a possibilidade de socialização, de proximidade entre alunos-alunos, alunos-professores, alunos-professores-instituição, através do uso das redes sociais.
Há muitas maneiras proveitosas de se utilizar as redes sociais na educação, como por exemplo, no compartilhamento de informações, estudos em grupo, divulgação de conteúdos pertinentes aos assuntos estudados, partilha de materiais e recursos (como vídeos, arquivos, links), e principalmente no fortalecimento das relações entre os membros dos diferentes segmentos que compõem a instituição escolar. A proximidade e a informalidade geradas pelas redes sociais possibilitam uma maior interação entre os indivíduos, mesmo que de maneira virtual.
Em estudo realizado por Ribas (2015), envolvendo turmas de alunos da cidade de Curitiba (PR) e Lauro de Freitas (BA), comprovou-se que “as relações geradas a partir das redes sociais impactam diretamente no desempenho acadêmico dos alunos de EaD, isto é, contribuem positivamente como ferramenta no processo de geração do conhecimento” (RIBAS, 2015, p. 17). Isso confirma o pensamento de Vygotsky (1991) para quem “o processo de socialização contribui efetivamente para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo do indivíduo”(RIBAS, 2015, p. 16).
Lorenzo (2013) cita alguns dos inúmeros benefícios que uma rede social criada para trabalhar com a educação pode oferecer, entre eles a centralização, em um só lugar, de todas as atividades de ensino; o aumento do senso de comunidade educativa para alunos e professores; aumento da fluência e facilidade de comunicação entre professores e alunos, com participação maior de todos; melhoria da eficácia do uso das TIC’s, aglutinando pessoas, recursos e atividades; facilidade na coordenação e o trabalho de vários grupos de aprendizagem; colaboração e conexão com estudantes; facilidade na comunicação e transmissão de informações entre professores e pais de alunos.
Segundo o site Novos Alunos (http://novosalunos.com.br/7-vantagens-do-uso-de-tecnologia-na-sala-de-aula/> 17 nov. 2017), há inúmeras vantagens para o aluno no uso das tecnologias digitais, entre as quais se destacam sete: 1- melhora na interpretação das informações (o equipamento de realidade virtual ajuda a consolidar melhor o aprendizado); 2- possibilidade de discussão dos temas das aulas (através de fóruns, debates virtuais, etc.); 3- aulas mais dinâmicas e atraentes (aulas com uso de tecnologias digitais são muito mais estimulantes que as meramente expositivas); 4- facilidade na organização das informações (ferramentas de buscas e compartilhamento de anotações podem reforçar o aprendizado e otimizar os estudos); 5- estímulo ao autodidatismo (incentivo ao ato de pesquisar e aprender sozinho, contribuindo para a educação emancipatória); 6- redução da evasão escolar (aulas criativas, interessantes e atraentes colaboram para reduzir a saída de alunos da escola); e 7- inclusão dos diferentes tipos de alunos (equipamentos eletrônicos podem ser ajustados de acordo com as necessidades especiais de alunos que possuam alguma deficiência visual, auditiva ou motora, facilitando a inclusão deste no processo de aprendizagem. (NOVOS ALUNOS, 2017)
Como e Onde Adquirir Domínio das Tecnologias Digitais
É fato consumado que cada vez mais as tecnologias digitais têm de estar presentes no dia a dia das escolas, já que essa é a realidade no cotidiano de todos, sejam ricos ou pobres, adolescentes, jovens, adultos ou idosos, e até mesmo há que se considerar as crianças bem pequenas, que desde muito cedo já têm acesso às novas tecnologias, com o uso de joguinhos e outras atividades interativas. Essa situação força o profissional da educação dos dias atuais a tentar adquirir o domínio dessas tecnologias, pois isso não é mais uma opção para o professor, mas uma exigência imposta pela educação e a sociedade destes novos tempos.
Joly (2004), citada em Martins (2005), afirma que “somente professores hábeis no uso de tecnologia em situações de ensino-aprendizagem são capazes de levar o aluno a utilizar efetivamente os dispositivos e recursos de forma mais avançada do que em operações básicas, além de demonstrar atitudes mais próximas dos padrões desejáveis”. (MARTINS, 2005, p. 1)
Há pelo menos duas décadas o Brasil tem investido em políticas públicas que visam preparar o professor para utilização das tecnologias em sala de aula na tentativa de promover a inclusão digital com programas como ‘Mídias na Educação’, ‘Proinfo Integrado’ (Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional), mas Souza e Schneider (2016, p. 2) asseguram que, segundo pesquisas desenvolvidas por Gatti, Barreto e André (2011), os resultados não têm se mostrado suficientes:
Em seu levantamento acerca da formação do professor e das políticas a ela relacionadas, Gatti, Barreto e André (2011) evidenciaram que as formações oferecidas aos docentes são, em boa parte, negligenciadas e oferecidas de forma pontual e distante da realidade dos professores. Outrossim, não há qualquer evidência concreta de que o professor põe em prática o que foi visto nas formações continuadas oferecidas. Assim, todo o investimento em tecnologias na e para a escola torna-se inútil quando o professor não se sente seguro para utilizá-las de forma planejada e eficaz; quando se sente excluído do processo de tomada de decisões ou quando sua realidade não contempla o necessário para o seu uso efetivo. Sua utilização somente terá impacto nas escolas quando a preparação de bons professores for prioridade [...]. (SOUZA & SCHNEIDER, 2016, p. 2-3)
Além disso, esses pesquisadores também chamam a atenção para o fato de que as escolas de ensino superior que disponibilizam cursos de Licenciatura, ou seja, que atuam na formação de professores, precisam estar atentas a oferecer a seus alunos uma graduação condizente com os tempos modernos nos quais vivemos, incluindo na capacitação de seus graduandos os métodos e as didáticas específicas para uso das tecnologias digitais na educação. Isso porque, segundo os autores, “não se pode exigir mudança no perfil dos profissionais da educação que saem das academias quando a formação que lhes é oferecida ainda ocorre sob moldes tradicionais; é preciso formá-los da mesma maneira que se espera que venham a atuar futuramente” (SOUZA & SCHNEIDER, 2016, p. 3).
O professor e pesquisador de projetos de inovação da Universidade de São Paulo – USP, José Manuel Moran, recomenda alguns portais e sites que podem auxiliar o professor a desenvolver e utilizar metodologias que empregam as tecnologias digitais, como por exemplo, o portal Innoveedu.org, o material Inova Escola (da Fundação Telefônica), os e-books gratuitos Educação no Século 21: Tendências, Ferramentas e Projetos para inspirar e Tecnologias para a transformação da educação: experiências de sucesso e expectativas. Esses elementos não só apresentam experiências revolucionárias na área educacional como também exemplos práticos de aplicação das tecnologias digitais na educação. (MORAN, 2017, p. 1)
Além disso, o educador Moran sugere o acesso a portais de apoio a professores, estudantes e suas famílias, como o Portal do Professor, Escola Digital, Educopédia, Dia a dia educação, que disponibilizam conteúdos, roteiros de aulas e experimentos no emprego de tecnologias, separados por nível e área de ensino. Também orienta que educadores e educandos podem fazer cursos pelos quais se interessem em plataformas como Coursera, Miriada X, Edx, Udacity, Veduca. O professor enfatiza que essas plataformas oportunizam o alcance a assuntos contemporâneos, a educadores de grande cabedal acadêmico, e a vídeos interessantíssimos, que podem ser utilizados como recurso didático em sala de aula. (MORAN, 2017, p. 2)
Para a personalização da aprendizagem, o pesquisador sugere plataformas adaptativas como o Duolingo para Escolas ou a Khan Academy, que possibilitam ao aluno impor o seu próprio ritmo de aprendizagem, inclusive estimulando-o com recompensas. Outrossim, lembra-nos que as tecnologias digitais são instrumentos de publicação e compartilhamento de experiências e informações e que, para isso, podem ser utilizados aplicativos como o Wordpress, o Blogger do Google, o Wix, o Google drive ou o Sway da Microsoft. Também nos alerta para o fato de que os murais virtuais – como o Padlet, o Lino-it e o Symbaloo, podem atuar como excelentes ferramentas para se compartilhar informações, impressões ou ideias sobre algum tema. Do mesmo modo, aplicativos e outros recursos digitais são citados pelo professor: para criar mapas e mapas conceituais, o Cmaps Tools, o Mindomo ou o Mindmeister; para a confecção de livros ou revistas digitais, o Bookcreator; para comunicar com pessoas externas à escola e transmitir mensagens ao vivo, aplicativos como o Hangouts, o Skype e o FaceLive. (MORAN, 2017, p. 3)
Menezes e Santos (2001) afirmam que a formação continuada é direito do professor, garantido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, e que ela não só “possibilita a progressão funcional baseada na titulação, na qualificação e na competência dos profissionais, mas também propicia o desenvolvimento dos professores articulados com os estabelecimentos de ensino e seus projetos” (MENEZES & SANTOS, 2001, p. 1). Segundo os autores, a educação a distância é instrumento importantíssimo para a concretização desse fato. Realmente, em 2009, a Lei n. 12.056 incluiu alguns parágrafos no artigo 62 da LDB (Lei 9.394/96), como se constata:
Art. 62 – [...]
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério.
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância.
(LDB atualizada, 2017, p. 44) Grifo nosso.
Como se observa, é responsabilidade da União, dos Estados e Municípios, conjuntamente, promover a formação continuada dos educadores. Para tanto, o Inciso III do Artigo 63 da LDB assegura que os institutos de educação de nível superior devem manter “programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis” (LDB atualizada, 2017, p. 45).
Há iniciativas de se promover a formação continuada dos profissionais da educação através de cursos de pós-graduação e outros, mais rápidos e específicos, como por exemplo, o curso de extensão on-line em Tecnologias Emergentes a Serviço da Aprendizagem, oferecido pela Unifei, contando com carga horária de 80 horas e dois meses de duração. Ocorre que, como se pode notar através de análise da lista de convocados e matriculados no referido curso, o número de vagas ofertadas é insuficiente para o número de interessados, o que assinala uma certa dificuldade de se democratizar o acesso a esse tipo de formação. (NEaD UNIFEI, 2017).
Resultados da Pesquisa
Na análise bibliográfica proposta por este trabalho, chegou-se aos seguintes resultados: o professor, peça essencial no processo ensino-aprendizagem, uma vez que é aquele que mantém contato mais próximo com o aluno e, além disso, é o responsável pela mediação entre o aluno e o conhecimento, ainda tem grandes dificuldades de lidar com as tecnologias digitais em sala de aula, pois pesquisas recentes executadas num universo de 4.000 professores da educação básica pública de todo o Brasil constataram que aproximadamente 55% dos docentes utilizam essas tecnologias rotineiramente, o que se refere a pouco mais que a metade deles. (ALEGRIA, 2017) Considerando-se a hipótese de esse número representar a situação dos docentes brasileiros em geral, isso indica que há ainda um longo caminho a percorrer para que se possam mobilizar todos os profissionais da educação a fazer emprego habitual dos recursos tecnológicos que já são tão presentes em outras áreas da vida de todos os cidadãos.
As tecnologias digitais são um conjunto de tecnologias que foram desenvolvidas com o que se chama sistema binário, ou seja, um sistema que transforma quaisquer dados ou linguagens nos números zero e um, e torna possível sua leitura por dispositivos tecnológicos que os convertem em sons, imagens e textos. (RIBEIRO, 2018) Surgiram no século XX, e hoje quase tudo com que convivemos na sociedade utiliza esse tipo de recursos, desde a movimentação e controle da economia, até sofisticadíssimos exames de saúde realizados através de equipamentos eletrônicos que apresentam alta resolução e fidedignidade. Tem-se constatado que, se a tecnologia digital faz parte da vida de todos, em todos os segmentos da vida, é necessário que essas inovações também se tornem parte da rotina escolar de educadores e educandos, porque isso seria a forma natural de se agir em tempos de modernidade, em que se vive o que denominamos ‘Sociedade da Informação’.
O professor contemporâneo que ainda não tem domínio das tecnologias digitais, pelo menos o básico para lidar com elas, se vê numa situação de cobrança por parte de sua profissão, pois não é simplesmente uma questão de opção para ele, mas uma exigência que se impõe pela necessidade de se oferecer ao aluno um ensino significativo, conectado com a realidade e os desafios do tempo presente. O mundo mudou, a sociedade mudou, nossa maneira de ver a vida e de viver também mudou, é preciso que a educação acompanhe todas essas metamorfoses dos novos tempos. Também é importante ressaltar que, em pesquisa feita pela prestigiada Universidade de Stanford, da Califórnia, nos Estados Unidos, verificou-se que as pessoas retêm na memória 10% do que leem, 30% do que ouvem e 70% do que leem, ouvem e interagem. (SUPERINTERESSANTE, 1994) Isso prova o quão crucial é para a educação poder contar com recursos tecnológicos que possibilitam aos alunos uma aprendizagem interativa, participativa. É como ter o mundo ao alcance de um “click”.
Há, hoje em dia, inúmeras formas de o professor tornar suas aulas mais interativas, seja através da simples formação de grupos nas redes sociais, criação de blogs, ou do uso de plataformas e aplicativos específicos para a área educacional, que possibilitam desde o compartilhamento de informações e experiências até a confecção de livros, revistas, mapas conceituais e outros materiais igualmente interessantes para utilização por parte de professores e alunos. (MORAN, 2017, p. 3)
A formação inicial e/ou continuada do professor é responsabilidade conjunta da União, do Distrito Federal/ou Estado e dos municípios. (CF, 2017, p. 44) Porém, o que se observa, é que, para adquirir o domínio das tecnologias digitais, é preciso haver iniciativa, na maioria das vezes, por parte do próprio docente, em se inscrever em cursos de pós-graduação ou de extensão oferecidos por estabelecimentos públicos de ensino superior (cuja oferta é sempre bem menor do que a procura), ou buscar por cursos da iniciativa privada, o que demanda um custo com o qual o professor é que terá que arcar. Constata-se também que ainda há pouca iniciativa das instituições de ensino superior – públicas ou privadas – que oferecem cursos de graduação em licenciaturas em incluir em seu programa curricular a oportunidade de formação em Tecnologias de Informação e Comunicação. Em alguns casos, essa disciplina é oferecida como matéria optativa e, mais uma vez, fica a decisão somente para o docente se quer ou não adquirir essa competência.
O professor precisa se preparar para atuar de forma significativa em sua área de trabalho, pois como afirma Paulo Freire, “o professor que não leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe”. (FREIRE, 2002, p. 36) Hoje, o exercício de sua função requer dele alguém que se atualize, que lance mão de todos os recursos possíveis para tornar a educação um processo democrático, acessível e, como defendem muitos estudiosos, para que aconteça a “socialização do saber escolar”. O docente não pode ignorar que as tecnologias digitais são um dos mais relevantes e valiosos recursos de que ele pode se utilizar para fazer com que o aluno desperte em si o inestimável gosto pelo aprender e o saber.
A escola – e no caso da pública, o seu mantenedor, seja a União, o Estado ou o Município – precisa investir em sua infraestrutura física e tecnológica, pois não adianta oferecer computadores, se não há, por exemplo, um espaço adequado para instalá-los, ou se não existe acesso à Internet, ou ainda, se esse acesso for lento e insuficiente para o número de pessoas a utilizá-lo.
Há que se ter consciência de que somente uma ação conjunta, que envolva a capacitação humana, tecnológica e estrutural de cada escola será capaz de oferecer o ambiente e os recursos necessários para que as Tecnologias Digitais se incorporem definitivamente ao dia a dia das escolas e com isso contribuam grandemente para um melhor desempenho dos alunos e a elevação da qualidade do ensino público, uma das mais urgentes e requeridas demandas da sociedade de nossos dias.
Conclusão
A educação básica pública brasileira enfrenta uma grave crise. Pode-se constatar esse fato analisando, entre outros fatores, os resultados de nossos alunos nas avaliações externas, em testes como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA, ou nos exames promovidos pelo próprio país, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB ou o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, em que ficam claras as imensas dificuldades do país em ofertar aos alunos um ensino de qualidade. Nesse sentido, é urgente que o país tome atitudes que busquem sanar essas adversidades, sob pena de ter o próprio progresso engessado por uma educação ruim, que não forma cidadãos competentes, nem para exercer plenamente sua cidadania, nem para atuar satisfatoriamente no mundo do trabalho.
Para reverter esse panorama extremamente negativo da educação brasileira, é preciso que se invista em todos os recursos possíveis e imagináveis para que se obtenha uma educação emancipadora, coerente com as necessidades do mundo em que vivemos. Entre esses recursos possíveis, encontram-se as tecnologias digitais, um expediente de custo relativamente barato, disponível facilmente, e portando em si um número infinitesimal de possibilidades de aplicação e uso.
Ademais, não se pode esquecer que as tecnologias digitais hoje são os meios mais comuns utilizados no dia a dia das pessoas, em todos os segmentos de suas vidas, desde os relacionamentos interpessoais às suas necessidades econômicas, financeiras, de locomoção, de informação e de entretenimento. Já há muitas iniciativas no sentido de se utilizarem as tecnologias digitais na educação, mas esse número ainda é incipiente se considerarmos a amplitude que esse recurso pode alcançar no âmbito educacional.
Entre as dificuldades para utilização adequada desses recursos estão principalmente a falta de infraestrutura das escolas (que muitas vezes não dispõem de instalações adequadas, não contam com equipamentos em número suficiente para uso dos alunos, e ainda, não usufruem de acesso à Internet ou esse acesso é lento, insuficiente) e a falta de capacitação do professor para lidar com as novas tecnologias.
Como está previsto na LDB, a formação e a capacitação do professor da educação básica é responsabilidade da União, do Estado ou do Município. Portanto, é necessário que essas instituições a tomem para si e capacitem de forma massiva os profissionais da educação nessa área, caso se queira realmente que a educação avance nesse setor. O que se observa é que a oferta de cursos de formação e capacitação dos professores é ainda muito menor que a demanda, e, além disso, há que se considerar as dificuldades pessoais dos docentes uma vez que nem todas as regiões do país oferecem esse tipo de capacitação com facilidade de acesso a polos de atendimento, no caso de cursos de educação a distância.
Por outro lado, é preciso também que se tome consciência de que o uso das tecnologias digitais não vai ser o “salvador da pátria” da educação. Na verdade, as tecnologias de informação e comunicação são um recurso interessantíssimo que pode ser utilizado como uma preciosa ferramenta a mais para se construir uma educação de qualidade. No entanto, seu uso precisa ser aliado a outras estratégias, que vão desde políticas públicas que visem diminuir a desigualdade social ao estabelecimento de gestões escolares que sejam realmente democráticas e autônomas para que se possa lidar com toda a diversidade inerente à sociedade brasileira e, por consequência, ao seu universo educacional.
Ao professor da educação básica pública brasileira do século XXI cabe, apesar das inúmeras e diversas dificuldades que enfrenta no exercício de sua profissão, lutar pela conquista da habilidade de valer-se das tecnologias digitais – seja cobrando dos órgãos públicos competentes o upgrade necessário para isso, seja tendo ele mesmo a iniciativa de adquirir essa capacidade – para oferecer a seus educandos a oportunidade de aprender de maneira mais prazerosa, consistente e harmônica com as facilidades e necessidades da vida contemporânea. No mais, deve-se sempre lembrar que, como diz a epígrafe que abre o presente trabalho, não se deve divinizar as tecnologias digitais, e tampouco demonizá-las; o processo de sua utilização pode e deve ser feito com equilíbrio e tranquilidade. Mas não se pode, de forma alguma, desprezar o que seu uso pode trazer como benefício para uma educação tão combalida e necessitada quanto a brasileira no presente momento.
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Publicado por: Climene Cristina Dias de Siqueira
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