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Discriminação racial e o ensino superior brasileiro

Análise sobre discriminação racial e o ensino superior brasileiro.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Existem diversos limites e possibilidades para o bem viver de estudantes negros em instituições de ensino superior. Entre as questões facilitadoras, pode-se observar as relações amistosas entre discentes, o fácil acesso à universidade por estudantes que residem próximo à instituição de ensino, alunos que têm interesse em momentos de lazer além da universidade e etc.

Primeiramente, a historiografia mostra que, é necessário fazer uma trajetória ao Brasil colônia, com o intuito de entender a educação para negros no país. Assim, a trajetória até os dias atuais, da educação para alunos afrodescendentes, não foi cristalina e descomplicada como aconteceu para muitos estudantes brancos. A história da escolarização para a população negra no Brasil, foi amplamente assinada e datada de desigualdades e preconceitos. Os Portugueses, ao chegarem à sua nova colônia, tinham a intenção de estabelecer uma escola Cristã, como forma de regular e controlar os nativos, para que estes, escutassem e executassem as tarefas impostas a eles. Dessa forma, os Lusitanos queriam modelar os comportamentos e valores dos povos indígenas, para aceitarem trabalhar como escravos e também a acolherem seus conceitos religiosos. Porém, desde o início da história do Brasil, esta educação já excluía os negros escravizados.

Ademais, é de conhecimento geral, que apenas na época do Brasil Império, após muita resistência dos afrodescendentes, o país começou a ter escolas informais para negros. Uma das primeiras instituições data de 1860, a escola do professor Antônio Cesarino. Este, era filho de um escravo alforriado que reconhecia a importância da educação. O pai de Cesarino vendeu toda a sua tropa de mulas, para que seu filho pudesse estudar. Antônio Cesarino frequentou uma escola para brancos, se formou e passou a lecionar. Observando tal cenário, Cesarino abriu uma instituição de ensino para moças brancas e com o capital que arrecadou dessas alunas, conseguiu abrir um curso gratuito, no período noturno, para moças negras.

Contudo, noventa anos após a abolição da escravatura em 1978, houve a criação do MNU - Movimento Negro Unificado, que combatia a desigualdade e injustiça social. Esta união foi criada após um feirante negro ser atacado, ao ser acusado de roubar itens do seu trabalho. Com isso, a população afrodescendente saiu às ruas para protestar contra o ato executado, em plena ditadura militar. Em consequência deste movimento, os estudantes negros das instituições de ensino superior no Brasil conquistaram um maior bem-estar nos dias atuais. Todavia, ao se analisar o bem viver desses discentes, é possível observar que há diversos olhares subjetivos para esta dita “jocosidade do ensino superior”. Segundo Diener (1984) acredita que existem três aspectos do bem-estar subjetivo que são de importantes destaque: primeiro, é a subjetividade - o bem-estar reside dentro da experiência do indivíduo; segundo, consiste no entendimento de que bem-estar, não é exclusivamente a escassez de controvérsias e dificuldades, mas também a presença de fatores positivos; terceiro, salienta que o bem-estar inclui uma medida global ao invés de somente uma medida limitada de um aspecto da vida. 

Conclui-se assim que, levando em conta os aspectos do bem-estar subjetivo, propostos por Diener, a sociedade questiona: como é possível trazer acolhimento para a subjetividade e também prover uma assistência psicossocial efetiva para a população afrodescendente? Em resposta a essa questão, existem diversas maneiras de abranger esta necessidade de assistência e acolhimento. Por exemplo, com uma política efetiva de combate aos estigmas e preconceitos, ao dar “voz” e também “ouvidos para ouvir”, sobre como é possível fazer uma sociedade mais deleitosa, em promoção ao bem viver dos estudantes negros nas universidades. Assim, a construção de direitos como, as cotas raciais, autonomia e liberdade, estão em vigor no cenário atual brasileiro. Mas ainda, há um espaço abrangente para fazer mais e ter maior equidade populacional.

Já no âmbito da psicologia é possível levantar a seguinte questão, “como as demandas da população negra aparecem na prática do psicólogo e como estes fazem uso de algum procedimento, para lidar com o preconceito e a discriminação racial?” Com isso, as demandas da população negra buscam os psicólogos constantemente. Por exemplo, em uma série de tv americana chamada, “This is us”, há um personagem negro chamado “Randall”, que frequentemente fazia terapia. Sua terapeuta, uma mulher branca, sempre tinha as melhores intenções de o ajudar, o escutava e tentava lhe auxiliar em todas as questões abrangentes de sua vida. Porém, com o tempo, ele sentiu o desejo de procurar por um psicólogo negro, para que este pudesse de alguma forma, o ajudar a lidar com o preconceito, discriminação e racismo que sofreu em sua vida. Randall encontra um terapeuta afrodescendente, e ele começa a enxergar outras possibilidades em sua vida, que até então não havia pensado. Levando-se em consideração esses aspectos, nota-se que a população negra no Brasil galgou por diversos impasses e bloqueios. De acordo com dados do censo de educação superior 2019 do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) há cerca de 613 mil pessoas negras matriculadas no ensino superior no país, o qual corresponde a apenas 7,12% do total de universitários. 

Conclui-se cassim, que há considerável espaço para melhoria no acolhimento de negros nas faculdades brasileiras, prover um melhor amparo desta dor e luta que vem de muitas gerações e uma melhora considerável no cenário atual. Estes jovens, mesmo incentivados por suas famílias, encontram grandes obstáculos para sua formação e profissionalização. Assim, a assistência psicossocial oferecida pelas universidades aos discentes negros, é possível disseminar o conforto necessário para estes estudantes.Através da compreensão e do não-julgamento, pode-se prover um bem-estar mais assíduo aos estudantes, por meio do ativismo negro, como moveimento “#VidasNegrasImportam” oferecem a oportunidade a esses jovens serem compreendidos, percebidos, alcançados e aceitos. Ainda há muito o que fazer, como debates em congressos, criação de novas leis, disseminação de antigos paradigmas, melhorar o acesso da população negra à universidade e realizar campanhas. Assim, sendo possível trazer à tona a importância dos dados expostos acima.

Referências: 

TENDÊNCIAS DO DIREITO DO TRABALHO CONTEMPORÂNEO, São Paulo, LTr., 1980, às fls. 13-14.

MESMO COM AUMENTO, PRESENÇA NEGRA NO ENSINO SUPERIOR AINDA É MINORIA; Brasília, Correio Braziliense, 2020; Machado, Mariana.

OLIVEIRA, Luís R. Cardoso de. Racismo, direitos e cidadania. Estud. av.,  São Paulo ,  v. 18, n. 50, p. 81-93,  Apr.  2004 .   Available from . access on  12  May  2021.  https://doi.org/10.1590/S0103-40142004000100009.

NUNES, Sylvia da Silveira. Racismo no Brasil: tentativas de disfarce de uma violência explícita. Psicol. USP,  São Paulo ,  v. 17, n. 1, p. 89-98, mar.  2006 .   Disponível em . acessos em  12  maio  2021.

Texto de: Vanessa Hoffmann


Publicado por: Vanessa Hoffmann e Silva

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.