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Dificuldades encontradas durante o processo de implantação do PROUCE – Programa Um Computador por Educador – NO SISTEMA PÚBLICO MUNICIPAL DE ENSINO DO MUNICÍPIO DE ERECHIM – RS.¹

Confira sobre as Dificuldades encontradas durante o processo de implantação do PROUCE – Programa Um Computador por Educador.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Resumo

É um grande desafio aprender a gerenciar o processo de ensino aprendizagem em meio às tecnologias digitais. As Escolas precisam rever seus processos de organização, aproximar o currículo da realidade de seus estudantes, proporcionar momentos de reflexão e formação para seus professores, a fim de que possam se adaptar às novas situações e sejam incluídos no processo de inclusão digital. Os modelos que aprendemos até agora não são mais suficientes para atender as necessidades da Sociedade que se apresenta em constante transformação. As mudanças pedagógicas são necessárias, para que, tanto professores quanto estudantes, possam estar motivados e dispostos a aprender juntos. Neste universo é muito importante investir em formações que levem o professor a refletir sobre o seu verdadeiro e fundamental papel em uma Sociedade que vive conectada.

Palavras-chave: Aprendizagem. Processo. Formação continuada. Professor.Tecnologias digitais.

Abstract

It is a challenge to learn how to manage the process of teaching and learning in the midst of digital technologies. The Schools need to review their processes of organization, approach the curriculum from the reality of their students, provide moments of reflection and formations for their teachers, so that they can adapt to new situations and are included in the digital inclusion process. The models we have learned so far are not sufficient to meet the needs of the Society that is presented in constant transformation. The pedagogical changes are needed so that both teachers and students can be motivated and willing to learn together. In this universe is very important to invest in formations that lead teachers to reflect on their true and fundamental role in a Society that lives connected.

Keywords: Learning. Process. Continuing education. Teacher. Digital technologies.

A Escola é um ambiente privilegiado de aprendizagem. Nela, o currículo, a formação dos professores, a administração do tempo, o espaço e o material didático estão planejados para ajudar a constituir um ambiente propício à aprendizagem. Pons (1998), constata que os desafios colocados para a educação neste início de milênio remetem à configuração de novas necessidades tecnológicas para os professores que envolvem a organização das escolas, o projeto de materiais educativos, a elaboração de projetos curriculares e a utilização de modelos qualitativos de pesquisa a partir de novos conceitos.

Nesta perspectiva, faz-se necessário uma reestruturação de todo o Sistema Escolar onde se incluem o currículo, as práticas pedagógicas, a gestão, a visão que a sociedade tem da escola, a participação da família, a formação de professores e certas mudanças de perfil do professor e do estudante. A expansão das tecnologias, a internet e, mais recentemente, as redes sociais, têm pressionado a escola a inserir esses recursos em suas práticas pedagógicas.

Não basta ter apenas formação técnica, é preciso ir aprendendo e vivenciando com os alunos nos ambientes de aprendizagem, quer sejam no laboratório de informática ou na sala de vídeo. É preciso proporcionar projetos que estimulem os alunos não apenas na autoria técnica, mas sim na produção do conhecimento, auxiliar que esses alunos saibam interpretar, sintetizar, refletir, ter criticidade, pensamento lógico, serem autônomos e saber pesquisar referenciando fontes. Como ressalta, (Moran,2006 p.86), “A produção de conhecimento com autonomia, com criatividade, com criticidade e espírito investigativo provoca a interpretação do conhecimento e não apenas a sua aceitação. Portanto, na prática pedagógica o professor deve propor metodologias que contemplem elaboração de projetos que provoquem um estudo sistemático, uma investigação orientada, para ultrapassar a visão de que o aluno é um objeto, e torná-lo sujeito e produtor do seu próprio conhecimento.”

Embora ainda haja uma grande resistência, por parte de alguns gestores e educadores, em admitir a necessidade de adaptar-se ao novo perfil do estudante, os recursos tecnológicos já estão há um certo tempo inseridos no contexto escolar, na figura do computador, da internet e de outras tantas mídias como televisão, DVD, projetor multimídia, celular, entre outros. Cabe então a compreensão de que sua utilização deve ser integrada às práticas pedagógicas e ao desenvolvimento do currículo.

A prática pedagógica dos professores do Sistema Público Municipal de Erechim sofreu alterações significativas, conforme podermos acompanhar no relato de uma professora através da Pesquisa Questionário... “Após ter recebido o notbook foram oferecidos Cursos de Formação onde nós podemos conhecer melhor o sistema e ter sugestões de atividades que poderiam ser desenvolvidas com os estudantes e melhorar a aprendizagem dos mesmos. Desta forma, passei a explorar mais os programas que já estão disponíveis no computador.”

A inovação educacional integra diferentes dimensões com o uso de novos materiais, currículos e tecnologias, adoção de abordagens, estratégias e atividades educativas e mudanças nas crenças sobre as práticas pedagógicas, que influenciam o cotidiano escolar. Portanto, a inovação educacional é mais um processo do que um produto; pode se dar em nível das políticas e sistemas educacionais, das instituições, dos contextos e dos sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. (Fullan, 2001).

Atualmente existem Políticas Públicas que possibilitam o acesso à inserção das tecnologias no ambiente escolar. No Município de Erechim (RS), a adesão ao PROINFO- Programa Nacional de Informática na Educação – desencadeou uma série de ações voltadas à Inclusão Digital, criação do NTM (Núcleo Tecnológico Municipal), do PROUCE (Programa Um Computador Por Educador) e adesão ao PROUCA – (Programa Um Computador Por Aluno).

Segundo a LDB 9.394/96, a formação de profissionais da educação deve atender os objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características de cada fase do desenvolvimento do educando, fundamentada na associação entre a teoria e a prática, inclusive mediante a capacitação em serviço. Deste modo, o Núcleo Tecnológico Municipal planejou a formação dos professores na intenção de promover a Inclusão Digital dos mesmos.

Mesmo aceitando que o computador pode desempenhar um papel benéfico no processo de aprendizagem e embora isso possa ser conseguido de formas muito diferenciadas, dependendo das perspectivas e fundamentos com que cada uma das abordagens concebe a aprendizagem, a evidência é que a utilização que se faz hoje do computador nem sempre tira partido das suas reais potencialidades em termos de alteração na forma como as pessoas aprendem” (Papert, 1996).

As tecnologias e as mídias ganham espaços no contexto da escola. É comum a existência de bibliotecas, sala de DVD, equipamentos como vídeo, rádio, câmera digital, filmadora, computador e projetor multimídia nos espaços escolares.

Há anos a escola é uma instituição que se baseia no falar/ditar do mestre, na escrita manuscrita do aluno e, há quatro séculos, em um uso moderado da impressão. Uma verdadeira integração da informática supõe o abandono de um hábito antropológico mais que milenar o que não pode ser feito em alguns anos. (LEVY, 1993, p. 34)

As possibilidades do uso do computador como ferramenta educacional estão crescendo e os limites dessa expansão são desconhecidos. Cada dia surge novas maneiras de usar o computador como recurso para enriquecer e favorecer o processo de aprendizagem. (VALENTE, 1998, p. 18)

Nesse contexto, a utilização do computador como ferramenta educacional, é vista como um instrumento com o qual o sujeito desenvolve, executa algo, ocorrendo assim, o aprendizado através da resolução de problemas e da comunicação, propiciando uma educação centrada na aprendizagem.

Não se pode negar que a informática, tem intensificado a sua presença em nossas vidas. O computador vai se tornando um aparelho corriqueiro em nosso meio social. Gradualmente, todas as áreas vão fazendo uso deste instrumento e fatalmente todos terão de aprender a conviver com essas máquinas na vida pessoal assim como também na vida profissional.

A Informática Educativa privilegia a utilização do computador como uma ferramenta pedagógica que auxilia no processo de construção do conhecimento. Neste momento, o computador é um meio e não um fim, devendo ser usado considerando o desenvolvimento dos componentes curriculares. Os professores passaram a usar as novas tecnologias nas suas práticas pedagógicas, levando a Escola a passar por grande mudanças, no início percebemos muita dificuldade por parte de alguns professores e em determinados momentos uma resistência em aceitar e ter que mudar a prática de anos de docência.

A utilização do computador para a criação de ambientes de aprendizagem é uma das tantas possibilidades de uso desta ferramenta na educação. Mas, para criar ambiente de aprendizagem, centrado no aluno como agente ativo, é necessário considerar que o ambiente deve prever não apenas apresentação de situações de aprendizagem, mas, também, permitir ao estudante a criação de novas situações, lembrando que essa resolução pode ser social e não apenas individual. (Passerino, 2001).

Os recursos tecnológicos já estão há um certo tempo inseridos no contexto escolar, talvez não sempre na figura do computador e da internet mas de outras tantas mídias, como a TV e o vídeo. Cabe então a compreensão de que sua utilização seja integrada às práticas pedagógicas e ao desenvolvimento do currículo e então, resultar em um aprendizado que seja significativo aos estudantes, desenvolvendo neles a capacidade de interpretar o mundo em que vivem.

Para a implantação dos recursos tecnológicos de forma eficaz na educação são necessários: o computador, o software educativo, o professor capacitado para usar o computador como meio educacional e o estudante, e é importante que nenhum se sobressaia ao outro. O computador não é mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo e então, o aprendizado ocorre pelo fato de executar uma tarefa por intermédio do computador.

Fundamentação teórica

Atualmente, uma das temáticas que vêm sendo discutidas no cenário educacional é o trabalho por projetos. Mas que projeto? O projeto político-pedagógico da escola? O projeto de sala de aula? O projeto do professor? O projeto dos estudantes? O projeto de informática? O projeto da biblioteca? Essa diversidade de projetos que circula frequentemente no âmbito do Sistema de Ensino muitas vezes deixa o professor preocupado em saber como situar sua prática pedagógica em termos de propiciar aos alunos uma nova forma de aprender integrando as diferentes mídias nas atividades do espaço escolar.

“Estamos no caminho certo, a cada ano percebemos avanços na qualidade de atendimento na Educação de nossos estudantes. Não precisamos transformá-la e sim dar continuidade”, responde um dos professores entrevistados.

No entanto, para fazer a mediação pedagógica, o professor precisa acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, ou seja, entender seu caminho, seu universo cognitivo e afetivo, bem como sua cultura, história e contexto de vida. Além disso, é fundamental que o professor tenha clareza da sua intencionalidade pedagógica para saber intervir no processo de aprendizagem do aluno, garantindo que os conceitos utilizados, intuitivamente ou não, na realização do projeto sejam compreendidos, sistematizados e formalizados pelos estudantes.

O trabalho por projetos requer mudanças na concepção de ensino e aprendizagem e, consequentemente, na postura do professor. Hernández (1988) enfatiza que o trabalho por projeto "não deve ser visto como uma opção puramente metodológica, mas como uma maneira de repensar a função da escola" (p. 49). Essa compreensão é fundamental, porque aqueles que buscam apenas conhecer os procedimentos, os métodos para desenvolver projetos, acabam se frustrando, pois não existe um modelo ideal pronto e acabado que dê conta da complexidade que envolve a realidade de sala de aula, do contexto escolar.

Mas que realidade? Uma realidade com a qual o professor se depara atualmente é caracterizada pela chegada de novas tecnologias (computador, Internet, vídeo, televisão) na escola, que apontam novos desafios para a comunidade escolar. O que fazer diante desse novo cenário?

Como relata professor entrevistado... “Muitos educadores encararam o desafio como uma oportunidade de aprimorar suas práticas pedagógicas e fizeram do programa uma realidade em suas salas de aula.” Isso nos mostra que, o principal elemento de transformação dentro da Escola é o professor, quando existe a receptividade e o querer mudar, tudo fica mais tranquilo e o processo de mudança acaba sendo algo envolvente e dinâmico.

Daí a importância do desenvolvimento de projetos articulados que envolvam a coautoria dos vários protagonistas do processo educacional. O fato de um projeto de gestão escolar estar articulado com o projeto de sala de aula do professor, que por sua vez visa propiciar o desenvolvimento de projetos em torno de uma problemática de interesse de um grupo de estudantes, integrando o computador, materiais da biblioteca e a televisão, torna-se fundamental para o processo de reconstrução de uma nova escola. Isso porque a parceria que se estabelece entre os protagonistas (gestores, professores, alunos) da Comunidade Escolar pode facilitar a busca de soluções que permitam viabilizar a realização de novas práticas pedagógicas, tendo em vista a aprendizagem para a vida.

A ideia de projeto envolve a antecipação de algo desejável que ainda não foi realizado, traz a ideia de pensar uma realidade que ainda não aconteceu. O processo de projetar implica analisar o presente como fonte de possibilidades futuras (Freire e Prado, 1999). Tal como vários autores sugerem, a origem da palavra projeto deriva do latim projectus, que significa algo lançado para a frente. A ideia de projeto é própria da atividade humana, da sua forma de pensar em algo que deseja tornar real, portanto o projeto é inseparável do sentido da ação (Almeida, 2002). Assim, Barbier (apud Machado, 2000, p.6) salienta: "(...) o projeto não é uma simples representação do futuro, do amanhã, do possível, de uma ideia; é o futuro a fazer, um amanhã a concretizar, um possível a transformar em real, uma ideia a transformar em acto"

Um dos pressupostos básicos do projeto é a autoria – seja individual, em grupo ou coletiva. A esse respeito, Machado (2000) destaca que não se pode ter projeto pelos outros. É por essa razão que enfatizamos que a possibilidade de o professor ter o seu projeto de sala de aula não significa que este deverá ser executado pelo estudante. Cabe ao professor elaborar projetos para viabilizar a criação de situações que propiciem aos estudantes desenvolverem seus próprios projetos. São níveis de projetos distintos que se articulam nas interações em sala de aula. Por exemplo, o projeto do professor pode ser descobrir estratégias para que os estudantes construam seus projetos tendo em vista discutir sobre uma problemática de seu cotidiano ou de um assunto relacionado com os estudos de certa disciplina, envolvendo o uso de diferentes mídias disponíveis no espaço escolar.

Para isso, é necessário compreender que no trabalho por projetos as pessoas se envolvem para descobrir ou produzir algo novo, procurando respostas a questões ou problemas reais.

A mediação do professor é fundamental, pois, ao mesmo tempo em que o estudante precisa reconhecer sua própria autoria no projeto, ele também precisa sentir a presença do professor, que ouve, questiona e orienta, visando propiciar a construção de conhecimento do aluno. A mediação implica a criação de situações de aprendizagem que permitam ao aluno fazer regulações, uma vez que os conteúdos envolvidos no projeto precisam ser sistematizados para que os alunos possam formalizar os conhecimentos colocados em ação. Isso é claramente evidenciado no relato de um dos professores entrevistados, quando o mesmo diz que “No que diz respeito as tecnologias, sinto como que se estivéssemos sempre para trás. Por outro lado, às vezes, é difícil encontrar receptividade, pois alguns profissionais não querem se adaptar a esta realidade e sair da sua zona de conforto.”

Nesse sentido, (Almeida, p.58, 2002) corrobora com essas ideias destacando "que o projeto rompe com as fronteiras disciplinares, tornando-as permeáveis na ação de articular diferentes áreas de conhecimento, mobilizadas na investigação de problemáticas e situações da realidade. Isso não significa abandonar as disciplinas, mas integrá-las no desenvolvimento das investigações, aprofundando-as verticalmente em sua própria identidade, ao mesmo tempo, que estabelecem articulações horizontais numa relação de reciprocidade entre elas, a qual tem como pano de fundo a unicidade do conhecimento em construção."

O conhecimento específico – disciplinar – oferece ao estudante a possibilidade de reconhecer e compreender as particularidades de um determinado conteúdo, e o conhecimento integrado – interdisciplinar – dá-lhe a possibilidade de estabelecer relações significativas entre conhecimentos. Ambos se realimentam e um não existe sem o outro.

Esse mesmo pensamento serve para orientar a integração das mídias no desenvolvimento de projetos. Conhecer as especificidades e as implicações do uso pedagógico de cada mídia disponível no contexto da escola favorece ao professor criar situações para que o aluno possa integrá-las de forma significativa e adequada ao desenvolvimento do seu projeto. Por exemplo, quando o aluno utiliza o computador para digitar um texto, é importante que o professor conheça o que envolve o uso desse recurso em termos de ser um meio pedagógico, mas um meio que pode interferir no processo de o aluno reorganizar suas ideias e a maneira de expressá-las.

De fato, a integração efetiva poderá ser desenvolvida à medida que sejam compreendidas as especificidades de cada universo envolvido, de modo que as diferentes mídias possam ser integradas ao projeto, conforme suas potencialidades e características, caso contrário, corre-se o risco da simples justaposição de mídias ou de sua subutilização. Isso nos reporta a uma situação já conhecida de muitos professores que atuam com a informática na educação. Um especialista em informática que não compreende as questões relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem terá muita dificuldade para fazer a integração das duas áreas de conhecimento – informática e educação. Isso também acontece no caso de um especialista da educação que não conhece as funcionalidades, as implicações e as possibilidades interativas envolvidas nos diferentes recursos computacionais. Claro que não se espera a mesma expertise nas duas áreas de conhecimento para poder atuar com a informática na educação, mas o desconhecimento de uma das áreas pode desvirtuar uma proposta integradora da informática na educação. Para integrá-las, é preciso compreender as características inerentes às duas áreas e às práticas pedagógicas nas quais essa integração se concretiza.

Essa visão atualmente se apresenta de forma mais ampla, uma vez que o desenvolvimento da tecnologia avança vertiginosamente e sua presença na escola se torna mais frequente a cada dia. Uma preocupação é que o professor não foi preparado para desenvolver o uso pedagógico das mídias. E para isso não basta que ele aprenda a operacionalizar os recursos tecnológicos, a exigência em termos de desenvolver novas formas de ensinar e de aprender é muito maior. Essa questão, no entanto, diz respeito à formação do professor – aquela que poderá ser desenvolvida na sua própria ação e de forma continuada, pois hoje com a tecnologia basta ter o apoio institucional que prioriza a qualidade do trabalho educacional.

Algumas considerações

A crescente internacionalização de pesquisas sobre a formação de professores constitui-se um dos grandes avanços nas últimas décadas. Considerado como uma área de pesquisa relativamente nova, tem atraído a preocupação e o envolvimento de muitos pesquisadores norte-americanos, europeus e latino-americanos. A problemática em si nunca tinha sido tão explorada como nos últimos tempos. Estudiosos da área têm denotado a fertilidade de questionamentos, resultantes de vários estudos e alguns resultados de pesquisas, que demonstram cada vez mais, a complexidade que envolve a profissão docente e suas especificidades com o ofício de ensinar.

As preocupações mais gerais se centram nos processos de construção do conhecimento profissional, saberes e identidade do professor, profissionalização docente, professor crítico reflexivo, desenvolvimento profissional do professor, entre outros, atendendo especificidades diferenciadas, mas que convergem suas contribuições na busca de novos referenciais teórico-metodológicos, buscando suplantar os velhos paradigmas de formação, entre eles, a racionalidade técnica. Ainda desvelando novas concepções formativas, estudiosos como NÓVOA (1992), ZEICHNNER (2000), ALARCÃO (1996, 1998, 2001) CANÁRIO (1994, 1999), CONTRERAS (1997), IMBERNÓN (2000), GARCIA (1992, 1999), FORMOSINHO (2002), THURLER (2002), GARRIDO & PIMENTA & MOURA (2000), têm apontado, em especial, a escola como lócus privilegiado à formação e desenvolvimento profissional do professor.

Da mesma forma que as pesquisas na formação dos professores têm redirecionado suas concepções teórico-metodológicas, o mesmo movimento tem exigido da escola uma mudança/inovação quanto ao seu papel, qual seja, a de uma instituição organizacional aprendente, entendida como um terreno fértil à qualificação não somente daqueles que nela estudam, mas também dos que nela ensinam.

Como resposta a essa nova perspectiva da escola reflexiva, da formação inicial e contínua, do desenvolvimento profissional do professor, parece haver um certo consenso que o desenvolvimento profissional ocorre durante a vida do professor, na sua interação com a sua prática, com o coletivo escolar e com os contextos organizacionais no qual estão inseridos.

No contexto dessas novas ideias, urge como necessário e imprescindível, a mudança e a inovação das práticas escolares, não mais como no princípio da racionalidade técnica, que estabelece como alguns princípios, via de regra, a tarefa a alguns que pensam e outros que executam a prática docente. A prática do professor deve levar em conta o estudo da sua própria prática, como um dos meios constitutivos da construção de novos saberes profissionais. Sob esse prisma, evidencia a superação da dicotomia entre teoria e prática, entre escola e universidade, as políticas públicas descontextualizadas das necessidades inerentes ao ensino e da escola.

Uma questão que gera questionamento entre os professores é o fato de que nem todos os conteúdos curriculares previstos para serem estudados numa determinada série/nível de escolaridade são possíveis de serem abordados no contexto do projeto. Essa é uma situação que mostra que o projeto não pode ser concebido como uma camisa de força, pois existem momentos em que outras estratégias pedagógicas precisam ser colocadas em ação para que os alunos possam aprender determinados conceitos.

O compromisso educacional do professor é justamente saber o que, como, quando e por que desenvolver determinadas ações pedagógicas. E para isso é fundamental conhecer o processo de aprendizagem do aluno e ter clareza da sua intencionalidade pedagógica.

Uma possibilidade seria pensar no desenvolvimento de um projeto que tenha começo, meio e fim, tratando esse fim como um momento provisório, ou seja, que a partir de um fim possam surgir novos começos. A importância desse ciclo de ações é justamente que o professor possa criar momentos de sistematização dos conceitos, estratégias e procedimentos utilizados no desenvolvimento do projeto. A formalização pode propiciar a abertura para um novo ciclo de ações num nível mais elaborado de compreensão dando, portanto, o formato de uma espiral ascendente, representando o mecanismo do processo de aprendizagem.

É necessário colocar aos professores que as máquinas nunca substituirão o professor, desde que ele reconstrua seu papel e sua identidade a partir da utilização das novas abordagens pedagógicas que esses recursos tecnológicos facilitam.

A adoção das TIC em sala de aula traz para os estudantes, muitos caminhos a percorrer e para isso é preciso a presença do professor, pois é ele quem vai dinamizar todo este novo processo de ensino aprendizagem por intermédio dessa ferramenta, explorando-a ao máximo com criatividade, atingindo o objetivo maior da Informática Educativa: mudança, dinamização e envolvimento, por parte do aluno na aprendizagem.

O grande desafio da atualidade consiste em trazer essa nova realidade para dentro da sala de aula, o que implica em mudar, de maneira significativa, o processo educacional como um todo, lembrando que levar o computador para a sala de aula não significa a solução para todos os programas educacionais, é preciso ensinar a utilizar a tecnologia de forma consciente, enfatizando os valores morais.

Portanto, trabalhar na perspectiva tecnológica, inserindo a possibilidade de diferentes ambientes educacionais, permite ao aluno produzir novas formas de construir o conhecimento, favorecendo a aprendizagem individual e coletiva, desenvolvendo assim a colaboração entre os estudantes. Mudança é palavra de ordem na sociedade atual. A educação não pode ficar alheia. A inclusão da informática na educação deverá mudar a maneira como aprendemos e poderá ajudar a formar cidadãos críticos, criativos e preparados para a construção de um projeto de uma sociedade melhor para todos.

Referências

PRADO, Maria Elisabette Brisola Britto. Pedagogia de projetos. Pesquisadora colaboradora do Núcleo de Informática Aplicado à Educação (Nied-unicamp) e doutoranda do Programa de Pós- Graduação em Educação: currículo da PUC-SP.

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LEVY, P. Tecnologias da Inteligência. O futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: 34, 1993.

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Fullan, m.(2001) The new meaning of Education Change. New York: Teaches' College Press, third edition.

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PASSERINO, Liliana Maria. Informática na Educação Infantil: Perspectivas e possibilidades. In: ROMAN, Eurilda Dias; STEYER, Vivian Edite. (Org.). A Criança de 0 a 6 anos e a Educação Infantil: um retrato multifacetado. Canoas: ULBRA, 2001, p. 169-181 de Produção), 2000.

VALENTE, J. A. Computadores e conhecimento: repensando a educação. [s.ed.] Campinas: Gráfica Central da UNICAMP, 1998.

Belloni, M. L. (1998) “O que é mídia educação”, Autores Associados, Campinas, 2ª edição.

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Litwin, E. (2001), “Das tradições a virtualidade”. In: Litwin, E. Educação a distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa, Artmed Editora, Tradução Fátima Murad, Porto Alegre.

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RIVAS, Noeli Prestes Padilha (2005) “A (re) significação do trabalho docente no espaço escolar: currículo e formação”, PEDROSO, Cristina Cinto Araujo Pedroso.; LEAL, Maria Alejandra Iturrieta; CAPELINI, Helena de Andrade (Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP e Faculdade de Filosofia Ciências e Letras – USP – RP)

Márcia Silva²
Rafael Otto Coelho³

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¹ Trabalho de conclusão apresentado à Coordenação de Pós-graduação em Mídias na Educação do Instituto Federal Sul Rio-Grandense – Campus Pelotas, sob a orientação do Prof. Ms. Rafael Otto Coelho.

² Márcia Silva, professora graduada no curso de Matemática – LP pela Universidade Regional Integrada de Erechim (URI-RS).

³ Professor Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL-RS)


Publicado por: Márcia Silva

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