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DESENVOLVIMENTO GLOBAL INFANTIL

Análise sobre o desenvolvimento global infantil.

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Descobrir o próprio corpo é aprendizado natural para a criança, perceber suas funções, estabelecer relações de movimento, coordenação, revelando suas expressões, sentimentos, experiências, um momento importante na construção da identidade, sua descoberta. O corpo é a origem de todas as suas aquisições: cognitivas, orgânicas, afetivas. A mente e o corpo são unificado, não há como separar, o estado de um sugere o estado do outro, corpo é o lugar onde ocorrem as experiências do indivíduo e sua formação como ser humano. Ter a consciência do próprio corpo não é tão simples, precisa ser trabalhado, estimulado e investigado por intermédio de práticas educativas. Através de exercícios e brincadeiras é que a criança aprende a aceitar suas limitações, coordenar emoções, desenvolver-se intelectualmente e se sociabilizar.

Para Freire (2005, p.11): “Corpo e mente devem ser entendidos como componentes que integram um único organismo. Ambos devem ter assento na escola, não um (a mente) para aprender e o outro (o corpo) para transportar. É necessário, a cada início de ano, que o corpo da criança também seja matriculado na escola, e não seja, considerado por algumas pessoas como um ‘estorvo’, que quanto mais quieto estiver, menos atrapalhará a aprendizagem.”

É no aprender brincando que a criança estimula seus movimentos, desenvolve sua capacidade criadora, se relaciona com o meio, estabelece coordenação, descobertas, iniciativas, organiza ideias, experimenta, cria vínculos e sua consciência corporal. O corpo é explorado pela criança desde o seu nascimento, esse conhecimento é importante para promoção da construção de identidade e autoimagem de forma gradativa, incorporando todas as suas vivências e ganhando a consciência de si. A escola pode e deve incluir o corpo como integrante no papel de construção do conhecimento, o professor pode criar atividades para estimular o desenvolvimento do aluno e nunca limitar seus movimentos.

A infância é um período de crescimento/desenvolvimento muito importante, momento na vida da criança que precisa ser valorizado e orientado adequadamente, para que possa se desenvolver plenamente com saúde, ter seus direitos garantidos. Segundo Piaget (2012), “o conhecimento não está no sujeito, nem no objeto, mas na interação indissociável entre ambos”. A inteligência da criança é estruturada em adaptações progressivamente complexas, existindo a necessidade de troca entre meio físico, social, cultural, etc. Na fase sensório-motor, a criança explora o mundo através dos sentidos, fase de zero a dois anos, onde já sabemos que é o período com maior potencial de aprendizado, nenhum adulto possui tamanho potencial. Em seguida a criança entra no período da educação pré-escolar e o aprendizado ganha outros significados importantes.

Criança é um ser social ativo e criativo que produz e contribui para a produção cultural e social dos adultos. A criança não deve ser tratada como um mini adulto, historicamente esse tratamento era comum (principalmente na idade média) e isso acarreta na abreviação da infância, depois do século XVIII a criança passou a ser separada dos adultos e surgiram as primeiras instituições escolares. Com o surgimento do interesse nas crianças, surgem também preocupações em ajudá-las a adquirir o princípio da razão e fazer delas cristãos racionais. Esse paradigma guiou a educação do século XIX e XX. No século XX, após a primeira Guerra Mundial, cresce a ideia de respeito à criança, que culmina no Movimento das Escolas Novas. Na década de 20 e 30, Vygotsky defende a ideia de que a criança é introduzida no mundo da cultura por pessoas mais experientes. Wallon destaca a afetividade como fator para o processo de aprendizagem. Dentre as teorias pedagógicas, as concepções psicológicas na Educação Infantil impulsionaram seu crescimento e modos de pensar.

A maneira como a infância é vista atualmente é mostrado no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasília, 1998), que vem afirmar que:

"as crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio". Sendo assim, durante o processo de construção do conhecimento, "as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem ideias e hipóteses originais sobre aquilo que procuram desvendar". Este conhecimento constituído pelas crianças "é fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação". Ainda convém salientar que compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da educação infantil e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia, sociologia, medicina, etc. possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil apontando algumas características comuns de ser das crianças, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, 1998, p.22).

A educação para crianças deve promover integração entre os aspectos que norteiam seus conhecimentos. Sabemos hoje que a criança é dotada de particularidades e precisa de cuidados especiais, não apenas na parte educacional, mas também na parte familiar e social. Hoje a criança é vista como sujeito de direitos, com necessidades a serem supridas, caracterizando um atendimento integral que devem ser respeitados. Conhecendo todas as concepções de infância ao longo da história, e ainda no século XX a criança era vista como página em branco, incapaz de expressar opinião, e ainda hoje observamos que existe uma dificuldade de se estabelecer os direitos da criança com total obediência e liberdade de expressão com libertinagem. Sendo assim, a concepção da infância precisa ser considerada como aquela que avalia o lugar da criança e trata seus direitos do ponto de vista dela como indivíduo social em pleno desenvolvimento, que precisa ser estudada e levada em consideração, com mais atenção e afeto.

Segundo o Parâmetro Nacional de qualidade para a Educação infantil, a criança deve brincar, movimentar, sentir, imaginar, ter curiosidade, se expressar, ter conhecimento sobre a natureza, cultura, interagir, ter confiança, saúde e higiene, ser capaz de identificar singularidades, solicitar ajuda, escolher seus brinquedos, respeitar as regras, identificar os riscos, experimentar alimentos. As crianças formam seu próprio mundo de coisas inserido em um mundo ainda maior, ela cria sua história na coletividade, é influenciada pelo meio, sendo assim, a criança deve brincar e realizar todas as suas atividades esperadas sem a influência do consumismo, criar e não apenas consumir coisas, aprender a valorizar o que tem. É no cuidado e nas brincadeiras organizadas que a criança se desenvolve. Freire (1991) aponta uma concepção diferenciada do processo educativo, “evidenciando a importância de vivenciar corporalmente tudo o que a criança aprende na escola.”

Devemos considerar que a infância é uma fase importante na formação do ser humano, Precisamos educar nossas crianças para que se tornem adultos críticos/reflexivos e responsáveis por seus atos e por toda a sociedade. São vários os processos para se alcançar um ensino de qualidade, a educação, além de ser formadora e transformadora, precisa auxiliar a inserção do indivíduo em sociedade, lhes dando condições de ter um pensamento crítico e agir de forma democrática, para seu pleno exercício da cidadania. Devemos motivar nossas crianças, com criatividade, pela busca do conhecimentos, explorando novas possibilidades, que podem ser a base essencial para professores e alunos no cotidiano escolar. A escola precisa ser um espaço acolhedor, respeitar os indivíduos, estimular a solidariedade, princípios éticos.

Referências Bibliográficas

ARIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro. LTC,1978.

BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular
nacional para educação infantil. Brasília, DF: MEC, 1998.

BRASIL. Lei n.9394, Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Editora do
Brasil.

CORTELLA, Mario Sergio. Não nascemos prontos! Provocações filosóficas. Petrópolis: Vozes, 2006.

FREIRE, J. B. De corpo e alma: o discurso da motricidade. São Paulo: Summus, 1991.

MEC. Educação Infantil. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparqualvol1.pdf> Acesso em 24 abr. 2018.

PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012. 156p

Por Thaís Estrella Scherer
Professora de Ciências e Biologia, Pedagoga – Instituto Educacional LTDA


Publicado por: Thais Estrella Scherer

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