CONSEQUÊNCIAS DO DESCONHECIMENTO DE MATEMÁTICA FINANCEIRA NA VIDA DOS BRASILEIROS
Análise sobre a importância dos conhecimentos básicos de matemática financeira, para o cidadão brasileiro no dia a dia.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
RESUMO
Este artigo tem como objetivo destacar a importância dos conhecimentos básicos de matemática financeira, para o cidadão brasileiro no dia a dia. Destacando alguns erros de governo e apontando práticas que são lesivas para o consumidor. Levando o leitor a entender como é importante os conhecimentos matemáticos para se livrar delas, demonstrando o poder que o consumidor tem no controle da balança comercial.
Palavras-chave: Matemática financeira; conhecimento; condição.
Quando criança, aprendemos com o passar dos anos as relações socioeconômicas que regem nossa sociedade. O dinheiro do qual as pessoas tanto falam, as mercadorias de necessidade básica, os elementos de luxo, os serviços, tudo são elementos do nosso modelo capitalista. Modelo em que as pessoas buscam ter uma renda para que possam custear tudo o que precisam, ao invés de produzir um pouquinho de cada coisa. Sem dúvida que este modelo favorece quem tem mais renda e desta forma sacrifica aqueles que têm menos ou nenhuma renda. No entanto, é um modelo que estimula a busca por uma renda melhor, a vontade de empreender e consequentemente a mudança de classe social.
Atualmente, o mundo vive uma crise econômica , provocada pela pandemia da COVID 19 e cada nação tem enfrentado um ponto em específico dela: Crise energética, desvalorização cambial, falta de mão de obras, desemprego, instabilidade política, que são nada mais que um raio-x de pontos que já eram críticos bem antes do vírus. A pandemia veio para revelar a fragilidade econômica das nações, medir a capacidade de suportar um abalo econômico tão grande, se mantendo estável e o resultado para grande maioria das potências tem sido catastrófico.
O Brasil já vinha da recuperação de uma grave crise, potencializada no governo da presidente Dilma Rousseff e não tinha se recuperado totalmente. Isso ficou claro durante a pandemia com aumento da inflação, desemprego e capacidade de resposta do governo a este cenário. Dotada de uma política assistencialista com viés característico de um modelo socialista, o governo Dilma viu tudo que foi considerado como ganhos e crescimento, desmoronar e ficar abaixo de zero.
De acordo com Vieira (2018, p. 4) isso por não concordar em fazer cortes nos direitos trabalhistas e programas sociais, como exigiam setores da capital. Fica claro ao perceber que foram estas as primeiras medidas de Michel Temer ao assumir a presidência.
Não é defender o fim de programas assistenciais, mas de refletir sobre a abrangência e eficácia deste remédio. Os programas sociais têm um caráter imediato e corretivo, que de fato ajuda. Muitas famílias dependem deles para sua sobrevivência. No entanto, a médio e longo prazo, eles por si só, não são a melhor forma de enfrentar a pobreza e a desigualdade social. É muito mais eficaz, o estado dar condição para que o cidadão: Qualifique, seja capaz de se manter depois de um tempo e não se torne um dependente permanente de programas sociais.
Esses programas, na grande maioria das vezes, não solucionam o problema é apenas supri provisoriamente as necessidades básicas do cidadão. Por outro lado, custam uma fortuna para o estado, impactando de forma significativa nas contas públicas, de forma a proporcionar um cenário similar ao do Brasil da era Dilma. Dá para perceber, que não funciona cem por cento para nenhum dos lados: O país não resolve em definitivo a pobreza e a desigualdade social, o beneficiário não tem sua situação totalmente revertida pelos valores que a ele é repassado, e além disso, percebe a todo instante que é básico. As outras classes sociais sentem o peso desses benefícios através dos altos impostos para financiá-los e por fim o mercado se desequilibra.
Diante desta turbulência, as pessoas que não têm conhecimento de matemática financeira acabam pagando um maior preço. Isso porque faz escolhas erradas, aje de forma precipitada e como consequência tem seu patrimônio diminuído. Compromete toda sua renda, se afunda no mar das altas taxas de juros, ficando cada vez mais sem um norte.
Infelizmente é muito comum ouvirmos frases como: Porque o presidente não imprime mais dinheiro e repassa para os pobres? A casa da moeda pode imprimir mais dinheiro e passar para o governo fazer o que deve ser feito, vou escolher o cartão de crédito porque as parcelas são baixas. O que fica claro nestas frases é o desconhecimento de matemática financeira e de economia básica. Basta compreender o básico para concluir que ações desse tipo teriam efeitos desastrosos para o país. Recentemente tivemos a venezuela experimentando essas medidas de impressão de moeda e quem acompanha os jornais sabe qual foi o resultado. Segundo o site Monitor Mercantil, O cartão de crédito segue sendo um dos maiores responsáveis pelo endividamento dos brasileiros.
Objetivo de todas essas informações que trouxe até aqui, é levar você entender a importância de conhecer matemática financeira. Desde criança, os pais já devem mostrar aos seus filhos como proceder. Muitos que hoje atravessam momentos turbulentos em sua vida financeira, sabem que a falta de instrução foi decisiva para estar da forma que estão e reconhece isso talvez em momento que vão ter muito menos tempo e tranquilidade para aprender tais conceitos.
A análise de um financiamento, a escolha da melhor forma de pagamento, o melhor investimento, a compra de certa quantidade de um produto, tudo isso passa pelo conhecimento de matemática. Uma situação muito curiosa que tem me chamado a atenção é sobre o pente de ovos. De um tempo pra cá, com a alta do preço deles, o comerciante tem pegado muitos clientes desatentos. O tradicional tem trinta unidades e o que eles fizeram? Isso mesmo que você imaginou. Diminuiu a quantidade para vinte e curiosamente manteve o preço que era praticado antes da pandemia.
O resultado de tudo isso é clientes achando que estão levando vantagem, mas na verdade estão pagando o preço inflado, por não estar atentos a quantidade de produto que estão levando. Isso porque o comerciante mantém a forma geométrica da embalagem, informa a quantidade de forma bem discreta e aposta naqueles que não usam a matemática no mercado. Este foi apenas um dos exemplos que são comuns no cotidiano dos consumidores. São várias situações em que o consumidor paga por embalagem, paga mais caro pelo fracionamento do produto, leva água congelada como carne e a matemática os salvaria em todas essas situações.
Não teria como deixar de abordar eles: Os cartões. Os de crédito então, são muito utilizados e para muitos é como uma bomba relógio, em questão de tempo explode. Muitas pessoas recorrem a ele e se bem utilizado pode ser uma boa maneira de organizar os gastos, alguns deles até oferecem alguns benefícios para os usuários. O problema é que na verdade ele te dá uma sensação de ter dinheiro e na verdade a operadora está te emprestando aquele montante e te dá a opção de parcelar ou não o pagamento. O maior problema delas são as altas taxas de juros e se atrasar os pagamentos o prejuízo é alto, certo e dinâmico. Isso porque quanto mais demorar, mais sua dívida sobe e você será um grande candidato a pertencer ao grupo dos inadimplentes negativados.
A palavra é educação financeira e está estritamente ligada aos conhecimentos matemáticos. Os consumidores são os responsáveis, na maioria das vezes, pelos altos preços dos produtos e isso é muito fácil de perceber. Vamos dar como exemplos a carne bovina, que tem sofrido alta nos preços a vários meses. A carne de boi produzida aqui parte é destinada ao mercado interno e o restante a exportação. Segundo a Embrapa Em 2015 o país se posicionou com o maior rebanho (209 milhões de cabeças), o segundo maior consumidor (38,6 kg/habitante/ano) e o segundo maior exportador (1,9 milhões toneladas) de carne bovina do mundo, tendo abatido mais de 39 milhões de cabeças.
Com a pandemia, houve um aumento expressivo na quantidade exportada. Países como China e Estados Unidos diminuíram suas produções e passaram a comprar mais dos outros países, inclusive do Brasil. Segundo o site Canal Rural, O Brasil tem a segunda carne bovina mais barata do mundo, atrás apenas da Argentina. Aí você deve estar se perguntando, mas como assim? A questão é que ela é considerada barata negociada em Dolar e portanto se torna um produto extremamente atrativo aos importadores. Ainda mais frente a escalada de desvalorização do Real frente ao Dólar atualmente.
Para quem produz, também é mais vantagem exportar. Com o Dólar valendo mais de cinco reais, receber em Real é menos interessante e não seria difícil fazer essa escolha. Com poucos produtores direcionados ao mercado interno, o que acontece é uma tentativa de equilíbrio de preços. O preço pago em reais com o pago em dólar convertido em moeda nacional. Obviamente se trata de uma comparação injusta, mas o produtor vende para quem paga mais e está exercendo o direito de livre mercado. O resultado disso vemos todos os dias ao entrar nos açougues e deparar com os informativos de preços.
O consumo até começa a cair e campanhas que pregam o boicote à compra dos produtos em alta começam a ganhar força. No entanto, a adesão a essas práticas não é massiva e portanto não é o suficiente para uma derrubada dos preços. O mercado é balizado pela lei da oferta e da procura e se o consumo interno cai drasticamente, teremos uma maior oferta de produto e consequentemente derrubada de preços. Querendo ou não, o egoísmo fala mais alto. Pessoas que se encontram em uma situação melhor, acabam mantendo seus hábitos de consumo e colaborando para a continuação dos preços inflados.
Figura 1 - Campanha contra carne bovina
Fonte: blogsoestado, 2021.
Esta é uma arma que os consumidores têm mas não sabem utilizar. Para muitos, o sacrifício é extremo e todos tem suas razões para justificar a não adesão. O pior de tudo é que fica ruim até para aqueles que têm uma melhor condição financeira. Afinal, poderiam estar pagando menos e consequentemente, consumindo mais ou direcionando os recursos poupados a outras coisas.
Outro fator que marca muito o desconhecimento dos brasileiros sobre matemática financeira é a não importância aos centavos. É bem comum deparar com pessoas aceitando receber balas no lugar de moeda, operadores de caixas arredondando valores para suprimir os centavos e muita gente, por desconhecer o peso dessas práticas acabam aceitando isso como normal e irrelevante. O que causa espanto é que se esse consumidor fizer uma simples operação aritmética dos impactos destas práticas, ficará com certeza espantado com o montante ao longo dos anos.
Uma forma fácil de convencer quem pensa o contrário é pedir para ele experimentar fazer o inverso. Levar um pacote de balas como pagamento de algum produto ou deixar de pagar parte do valor, justificando os centavos arredondados para evitar o troco. Dificilmente vai ser bem sucedida esta negociação e com certeza a pessoa não levará o produto. Temos que entender que se trata de uma prática abusiva e que a longo prazo gerará um impacto relevante nas finanças.
O pagamento por meio de cartões tem sido um forte aliado no combate a estas práticas abusivas. O consumidor paga estritamente o que comprou e nada mais além disso, não permitindo margem para a argumentação da falta de moedas de um centavo. As ideias de que um centavo é pouco e é irrelevante, foram justamente as que causaram a retirada delas de circulação, restringindo elas aos cofrinhos.
Com esta forma de pagamento, outro ponto positivo tem sido a diminuição dos gastos com a moeda em espécie. O dinheiro eletrônico passa a favorecer o papel da casa da moeda e o governo federal, na confecção de moedas de reposição. Bem como as atividades de bancos e empresas de transporte de valores, que gastam altos valores na movimentação de moedas em espécie, quem tem sido substituída gradativamente pelo dinheiro eletrônico.
Diante disso tudo, a solução perpassa obviamente pelo ensino de matemática desde o ensino primário. A educação tem como principal papel, o preparo do indivíduo para exercer a cidadania e sem conhecimento básico de matemática financeira, observamos que isso pode não ser alcançado. É muito corriqueira situações em que instituições financeiras aproveitam da falta de conhecimento dos usuários e os enganam com empréstimos a juros exorbitantes, financiamentos com juros abusivos, mascarados pelo baixo valor das parcelas.
O ensino de matemática financeira deve estar a todo instante contextualizado e integrado com práticas da comunidade na qual o aluno está inserido. Para que os conteúdos aprendidos em sala tenham aplicabilidade no mundo real. Não faz sentido algum, um aluno estudar porcentagem ao longo do ensino fundamental, e não saber fazer o cálculo de um desconto oferecido por um vendedor em determinado produto. O uso de equipamentos eletrônicos faz sentido, no que tange a produtividade e agilidade em cálculos do dia a dia. Porém, não podemos como cidadão ficar refém deles e não ter o mínimo de conhecimento matemático para um eventual cálculo à moda antiga.
Até mesmo, porque em uma situação de pane destes equipamentos teríamos condições de identificar rapidamente um equívoco e revisar a operação de outra forma. A falta de conhecimento em matemática financeira tem contribuído muito para escolhas equivocadas de algumas pessoas e é muito grave. A escola, os governantes e os próprios cidadãos têm um papel importantíssimo na mudança desta realidade. O primeiro ponto é admitir. A escola admitir a deficiência no ensino, os governantes admitirem a falta de investimentos nas instituições educacionais voltadas a este tema e os cidadãos admitirem essa deficiência em grande parte da sociedade e buscarem ajuda.
Após reconhecerem a gravidade do assunto e admitir suas parcelas de culpa, cabe a cada uma destas partes se mobilizar para uma mudança. Pesquisas como esta, são de extrema importância. São as pesquisas que vão nortear cada um para o que deve ser feito e como deve ser feito. Não adianta uma mobilização descoordenada sem consenso e objetivos claros. A ação deve ser conjunta e com finalidade de mudar a realidade do consumidor brasileiro, no quesito de conhecimento de matemática financeira.
O marketing tem sido cada vez mais implacável com aqueles que não possuem capacidade discernir as trapaças do mercado. Preços com quantidades menores que o habitual, propagandas voltadas às crianças, associação de produtos a ídolos e pessoas que têm papel de referência na sociedade, associação de prazer e riqueza a determinado serviço, e por aí vai. Um consumidor, para poder ter atitude crítica a esta realidade, tem que ter conhecimento básico de matemática financeira e a escola, em conjunto com a sociedade e governantes, têm um papel de extrema importância na construção deste conhecimento.
REFERÊNCIAS
https://monitormercantil.com.br/cartao-de-credito-e-maior-vilao-do-endividamento-dos-brasileiros/
https://www.embrapa.br/qualidade-da-carne/carne-bovina
https://www.canalrural.com.br/noticias/pecuaria/boi/preco-da-carne-tendencia/
https://www.blogsoestado.com/danielmatos/2021/01/12/no-interior-do-maranhao-povo-boicota-compra-de-carne-bovina-para-pressionar-queda-de-preco/
Por Samuel Junio Pereira Francisco
Publicado por: Samuel Junio
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