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Conceito e preconceito

Confira uma reflexão acerca do conceito e preconceito que são impostos ao ser humano desde sua infância.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Pesquisas demonstram a extrema dificuldade que temos para mudar os conceitos básicos aprendidos na infância ou juventude, mesmo que estes venham a se mostrar errôneos ou prejudiciais na idade adulta.

Um conceito corresponde, dicionarizado, a uma “ideia geral” ou “noção abstrata”, sendo, portanto, ambíguo por definição; mas parece corresponder a uma necessidade profunda do ser humano, desde que os clássicos gregos os conceberam como um signo de algum objeto, qualquer que seja sua natureza, relacionado à sua intrínseca significação.

Um conceito, assumido como aquilo que se subtrai à diversidade e à mudança de pontos de vista ou de opiniões, se refere às características que, sendo constitutivas do próprio objeto, não são alteradas pela mudança de perspectiva, desde que imerso num contexto racional. Desde Platão, Descartes, Kant e muitos outros, e mesmos com os filósofos contemporâneos, sabemos que aqueles característicos dos contextos racionais são objetivos e apresentam certa constância, como é o caso de “não matar”, ou “não exercer a crueldade”, por exemplo.

Nas ciências exatas a compilação de seus cânones, ou seja, a identificação das bases geradoras de cada conceito, é tarefa mais simples. Basta tomar qualquer postulado matemático ou físico para determinar, com hierarquia, todos os conceitos fundamentais que, por sobreposição ou encadeamento, geraram as teorias que os constituem e que são, de certa forma, teorias do conceito, ou seja, todo conhecimento humano acumulado é também acúmulo de conceitos.

No entanto, fora do estritamente racional os conceitos estão sempre em transformações contínuas, na dependência de circunstâncias sociais, de ideias prevalentes em dados momentos, de movimentos políticos, das comoções públicas com certos fatos. Por isso, nas ciências humanas muitas vezes é difícil saber quais fatores históricos, cognitivos, ou comunitários influíram na criação de um conceito, embora todo conhecimento tenha sido construído com a intenção de interpretar os fenômenos da natureza, sejam eles internos ou externos aos homens.

Toda teoria do conhecimento é construída através do levantamento de hipóteses e a determinação da melhor explicação para o fenômeno observado; a representações mentais de um objeto abstrato ou concreto são criados e desenvolvidos para que grupos, indivíduos ou organizações especulem sobre a realidade, parte inerente do processo educativo, forma como nos apossamos da cultura do país e nossa região de nascimento em particular.

Assim, muitos conceitos, referentes a ideais ou objetos, são preconcebidos, ou seja, transmitidos à criança ou jovem pelo contato com as tradições religiosas, culturais ou comportamentais do círculo mais próximo, e a forma como família, escola e meios de comunicação tratam determinados temas será, portanto, preponderante na formação dos preconceitos. Alguns deles serão levados por toda a vida, sem sequer uma reflexão que possa ser considerada autônoma.

De forma geral espera-se que o processo educativo traga a possibilidade de ponderação de muitos temas, em especial sobre os preconceitos raciais, de gênero e outros, que permitam inclusão e uma convivência mais harmoniosa.

No entanto, sabemos hoje que altera-los, parcial ou integralmente, é tarefa complexa, exceto se muda totalmente a conjuntura social e histórica, como em guerras, grandes desastres, alteração impactante sobre a vida comunitária ou mesmo no plano pessoal. Preconceitos, lamentavelmente, costumam estar firmemente arraigados, e é difícil que uma escola, mesmo que de boa qualidade, sozinha consiga mudá-los, esta é tarefa a ser compartilhada com a família e toda a comunidade.

* Wanda Camargo – educadora e assessora da Presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.


Publicado por: Wanda Camargo

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