Cinema na Escola
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Resumo:
Considerando que o jogo cinematográfico no trabalho escolar pode ajudar os alunos a compreenderem melhor as disciplinas de Português, Geografia, História, Ciências, Arte e outras que fazem parte da grade curricular da educação básica, este trabalho sugere que, através da perspectiva projetada pela produção e realização cinematográfica, ativada pela arte-educação, para educar com o cinema, sobre o cinema e através de todos os meios disponíveis, o percurso praradidático complementa o ensino tradicional e ajuda a construir uma apropriação crítica da mídia, por meio de experiências educativas com fruição, análise e criação de produtos audiovisuais no cotidiano escolar, seja em ambiente formal e não formal de ensino.
Palavras chave: Arte-educação, mídia-educação, cinema na escola, produção cinematográfica, crianças e adolescentes.
Introdução:
O recurso paradidático do cinema como mídia educativa pode complementar o ensino tradicional do mundo moderno com a inserção estética e cognitivas do jogo cinematográfico no cotidiano da educação básica em espaço formal e não formal de ensino. O cinema pode ser compreendido a partir de suas dimensões cognitivas relacionada ao instrumento da cinematografia como sendo um meio eficaz de comunicação, expressão e arte, e pode ser abordado como objeto de conhecimento, meio de comunicação, meio de expressão, arte e sentimentos. Matisse estava certo em dizer que “os meios através dos quais a arte se expressa e o sentimento pela vida que os estimula são inseparáveis” (GEERTZ, 2002, p.148). Tomemos como exemplo o tema cinema na escola, considerando que a realização cinematográfica é por essência artesanal e quando aplicado no cotidiano escolar tem força suficiente para transformar socialmente o indivíduo, em sua maneira de pensar e de agir, porque oferece a oportunidade para comunicar e expressar os sentimentos através de Mostra de filmes e do fazer cinematográfico, integrando, informando, educando, divertindo, gerando conhecimento e envolvendo professores, alunos e a comunidade escolar num trabalho coletivo e segmentado na Arte-educação, de forma bastante criativa, promovendo inclusive o fomento da arte como sistema cultural. Estudar arte é explorar uma sensibilidade; de que esta sensibilidade é essencialmente uma formação coletiva; e de que as bases de tal formação são tão amplas e tão profundas como a própria vida social, nos afasta daquela visão que considera a força estética como uma expressão grandeloqüente dos prazeres do artesanato (GEERTZ, 2002, p.149). Como observou Baxandall, o público não necessita aquilo que já possui. Necessita sim um objeto precioso, no qual lhe seja possível ver aquilo que sabe; precioso o bastante, para que, ao ver nele o que sabe, possa aprofundar esse seu conhecimento (GEERTZ, 2002, p. 158). O dicionário classifica arte como sendo “a produção consciente ou arranjo de cores, formas, movimentos, sons ou outros elementos de uma forma que toca o sentido de beleza”. Classifica ainda, como sendo um “conjunto das normas para a execução mais ou menos perfeita de qualquer coisa (especificamente, a arte abrange a poesia, a música, a pintura, a arquitetura, a escultura, a dança e o teatro). Tratado acerca dessas normas. Execução prática de uma idéia. Artifício; astúcia. Habilidade; profissão. Travessura; traquinada. Arte abstrata: a que se caracteriza por não procurar reproduzir as formas e as cores naturais; tenta exprimir somente os valores simbólicos. Arte culinária: conjunto de normas para o preparo dos alimentos. Arte mágica: feitiçaria. Artes gráficas: a pintura, o desenho, a fotografia, a fototipia, a gravura etc., relacionadas à confecção de livros e outras publicações. Artes industriais: aplicação utilitária de trabalhos manuais, artes decorativas e aplicadas, utilizadas na indústria. Artes liberais: as que exigem estudo e grande aplicação do espírito (dependem mais da inteligência que das mãos). Artes mecânicas: as que se executam mediante”. trabalho manual. Artes plásticas: as que visam à reprodução das formas físicas”, sugerindo portanto a possibilidade de introduzir o cinema como arte de produzir som e imagem em movimento, contida de várias formas e possibilitando no surgimento da variedade de expressão artística e de concepções.
Ao longo do tempo o cinema foi se constituindo e modificando. Em 1910 do século XX, nos Estados Unidos, o americano David W. Griffith dá um novo significado à linguagem cinematográfica, proporcionando movimentos e planos de maior impacto visual as imagens captadas, não só do "real" mas criando outras possibilidades com imagens diferentes e ilusórias, possibilitadas por invento de tradições e costumes vivenciados por diferentes personagens num mundo ficcional e próprio do cinema, o qual chamamos de arte-tecnica. O cinema é constituído por imagem em movimento, as quais estão relacionadas diretamente com o cotidiano de cada indivíduo, ou seja, com a cultura, com a identidade e tudo aquilo que ele representa na sociedade. É importante trabalhar o cinema e a linguagem cinematográfica no cotidiano escolar com crianças e adolescentes, seja em ambiente formal ou não formal de ensino, porque eles precisam aprender, entre outros benefícios, o domínio da linguagem cinematográfica para que possam transitar com facilidade nos diferentes campos sociais. O cinema na educação tem valor importante no processo de socialização. A utilização da imagem cinematográfica na educação levou inúmeros intelectuais a militarem a favor da implantação do cinema educativo no Brasil e a partir deste movimento surge em 1936, o Instituto Nacional de Cinema Educativo. Antes porem, em 1929 do Século XX, já havia uma determinação do emprego do cinema em todas as escolas primárias, mas foi a partir de 1930 do século XX, que o cinema teve presença marcante na educação. A década de 1960 do século XX também foi marcada pelo cinema educativo quando, a partir de experiências em associações culturais como cineclubes, cineforum e circuitos de cinema, realizou-se projeções de filmes para um público envolvido num projeto educativo e de sensibilização. Os avanços tecnológicos propõem para o século XXI, um novo rumo para a educação no Brasil, sendo possível empregar todos os meios e recursos tecnológicos disponíveis e aplicáveis ao alcance de seus objetivos, a exemplo da fotografia, do CD, do DVD, do vídeo, da televisão, da Web, dos Blogs, do Smart TV, das redes sociais, etc., e do próprio cinema. Por mais que a mídia de um modo geral seja importante pela sua capacidade de inserção participativa no âmbito social, a arte-educação pela mídia na educação não fica cativa a esta, pois o objetivo principal do trabalho midiático na escola não se limita apenas ao uso de equipamentos tecnológicos em laboratórios multimídia e sim que professores e alunos participem das atividades neste e em qualquer outro espaço que sejam capazes de estabelecer interações, construir relações, sentido, expressão e arte.
Debatendo sobre a relação do ensino com os meios, Jacquinot destaca sobre o valor de reputar não só a manifestação da linguagem comum da mensagem e o conteúdo como fonte de informação e saber, mas do mesmo modo, como discussão socialmente localizada, “sem esquecer que só o dispositivo de utilização pedagógica permite dar a eles um valor formativo” (JACQUINOT, 1999, p. 12). Ela estabelece uma diferença entre os produtos audiovisuais com a finalidade de ensino-aprendizagem produzidos para o contexto formativo, e aqueles utilizados na escola, sem necessariamente ter a finalidade específica desta produção educativa. Segundo Alain Bergala, a escola deve ser um lugar de encontro do cinema como arte, pois entende o filme como “traços de um gesto de criação” (2002, p. 22). O professor deve cumprir seus objetivos educacionais, aplicando os recursos audiovisuais e apropriando-se das suas dimensões tecnológicas, culturais e sociais, porque tem grande importância no trabalho com os alunos no cotidiano escolar.
Cinema na Escola se intercruzam na relação texto e contexto pois o discurso audiovisual torna-se um “dispositivo que opera a partir de uma rede de saberes sociais” (EUGENI, 1999, p. 7), e as escolas devem propor alternativas, mostrando que a ferramenta da cinematografia envolve uma relação entre a abordagem crítica, a leitura de filmes e a passagem à ação realização.
Conclusão:
Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, são os princípios norteadores da educação para o século XXI. Com tudo, é possível que não exista uma autentica educação sem arte e uma autentica arte sem educação. Tradicionalmente a sala de aula é uma condição de anteaprendizado demonstrada pelos próprios alunos sentados, enfileirados e completamente "mudos" até serem chamados para reproduzir o que o professor pede. Esta condição demonstra um aprendizado decorado e massificado em pleno Estado do Rio de Janeiro, antes governado por um Garotinho, e depois por uma flor chamada Rosinha, num Brasil presidido por um molusco chamado Lula, e num mundo onde um carro chama Picasso e um boneco Leonardo da Vinci. É a verdadeira pedagogia do oprimido, em que o desarranjo na mentalidade política tramita pela alienação do corpo e dos sentidos.
Muitos artistas estão estagnados no seu próprio universo ou estão diretamente relacionados com à estrutura comercial da arte e por isso não estão estimulados a instigar o público para o ensino da Arte. Mesmo havendo uma proliferação de feiras e cursos espalhadas por todo o Brasil com ações voltadas a promoção da educação da arte, nada acontece porque é apenas uma matriz cultural onde o público não consegue completar o processo de transformação. Não basta ter somente o conhecimento e sim consolidar o conhecimento as estratégias educacionais capazes de reagir o público com ações transformadora, e que a estratégia aplicada seja capaz de ligar a arte a realidade de cada indivíduo. Educar através da arte valoriza no indivíduo os aspectos morais e intelectuais, nos moldes do pensamento idealista e democrático. A Arte-Educação é uma tentativa de educar através da Arte nos espaços formais e não formais de ensino, embora na pratica essa educação tem sido executada de maneira imperfeita e incompleta porque exclui vários aspectos importantes e fundamentais no processo de aprendizagem e desenvolvimento do aluno. Nas escolas, a fragilidade dos professores do ensino fundamental e ensino médio maus preparados em cursos de reduzida duração é uma constante.
Um dos subsídios de fundamental importância para uma ação transformadora no ensino e na aprendizagem da arte é dominar os conhecimentos históricos relacionados com a arte-educação.
A conquista de novas propostas para ajudar nas questões do ensino-aprendizagem, junto as instituições de ensino formal, tornou-se uma das maiores preocupações dos educadores de Arte. Qual o caminho a percorrer neste novo milênio? Esta é a questão que deve ser discutida por arte-educadores de todo o Brasil. Não só o artista, mas o próprio educador, deve instigar a realidade em cada aluno, de forma que a arte surja daquilo que tenha significado para cada pessoa. É preciso sair do local fechado da sala de aula e buscar outros espaços. Só envolvendo a comunidade é que o artista consegue preservar a originalidade. Aí é que está o valor de uma arte. Uma forma de compartilhar com as pessoas o que existe no mundo. Construir os projetos coletivamente a partir do envolvimento da comunidade é uma grande estratégia. Acreditando na possibilidade de renovação, defendo a idéia de introduzir o “Cinema na Escola”, porque além dos indicadores apresentados, considero dois aspectos fundamentais: no primeiro aspecto, reside a característica inclusiva e a proposta multidisciplinar que inova o ensino com interação das disciplinas: português, ciências, história, geografia e arte, visando preparar o aluno sobre o fazer cinematográfico, a apreciação e a interpretação de filmes que permite aos estudantes, apurar seu gosto estético e seu entendimento sobre o próprio cinema. Neste sentido o cinema será trabalhado na escola como ferramenta metodológica que servirá a diversos professores, e não simplesmente como conteúdo específico das aulas de arte, mas que também será utilizado como meio para se trabalhar como apoio da disciplina de arte, diversas temáticas, cabendo aos professores a discussão estética e de recursos técnicos, abrangendo suporte, tecnologia, imagem, luz, fotografia, roteiro, cenografia, figurino, maquiagem e outros, abordando conteúdos de artes visuais, musicais e cênicas. No segundo aspecto reside a capacitação dos docentes e a preparação dos discentes sobre várias áreas do conhecimento, como por exemplo: Saúde, Meio Ambiente e outros temas que poderão ser discutidos e propostos entre professores e alunos em sala de aula. Nesta fase, adota-se a aplicação dos recursos da produção cinematográfica, no formato vídeo digital, onde alunos e professores estarão desenvolvendo o senso crítico e criativo da ação realizadora através de atividades orientadas e monitoradas por professores, arte-educadores e técnicos de cinema que poderão ser convidados para ministrar palestras e oficinas de produção cinematográfica, abrilhantando ainda mais o projeto, despertando interesse e curiosidade da comunidade escolar e comunidade local, uma vez que os alunos estarão participando de palestras, debates, oficinas e produções de filmes documentários, sobre diversos temas importantes e de grande relevância, a exemplo de Dengue, Hepatite, Leptospirose, Aids, ecologia, etc. Desta forma, os participantes serão motivados a pesquisar, identificar e propor soluções adequadas para a diminuição das principais problemáticas existentes em suas comunidades, produzindo seus próprios filmes, num trabalho coletivo. Um ensino de qualidade deverá estar, sempre, fundamentado no trabalho coletivo, por significar a integração de todos os docentes, ajudando-se mutuamente em direção a objetivos bem definidos em busca de um trabalho de qualidade em todas as disciplinas. Trabalha-se o coletivo, buscando elevar o nível de aprendizagem de acordo com as possibilidades e ritmo de cada grupo de alunos em todas as disciplinas.
Cinema na Escola tem a característica de inovar o ensino, ajudando inclusive na integração daqueles professores com mau desempenho, que insiste em individualizar suas ações pedagógicas, tornando-se a fonte de todos os problemas enfrentados pela escola na busca da melhoria da qualidade do ensino. O nível de aprendizagem pode melhorar bastante com o desenvolvimento de habilidades entre professores e alunos, e por meio de conteúdos significativos, nos quais fiquem expressos os conceitos básicos de cada unidade de estudo das respectivas disciplinas.
Conforme mencionado anteriormente, é fundamental que o professor use de estratégias para acompanhar como o aluno elabora e organiza o conhecimento. A aplicação da ferramenta cinematográfica, sob o contexto da arte-educação pela mídia na educação, é uma ação bastante positiva devido à inovação, atratividade e multidisciplinalidade que vem proporcionar ao âmbito escolar, e que funciona como suporte, na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio, tendo em vista que as atividades propostas irão contribuir, de forma bastante significativa, para o desenvolvimento das crianças e adolescente, permitindo-os a desenvolverem seu potencial máximo como responsáveis cidadãos do mundo, através de oficinas culturais e produções cinematográficas, a serem aplicadas por educadores e técnicos cinematográficos e do audiovisual. Cinema na Escola deve ser inserido como projeto sócio-educativo e desenvolvido através de um método próprio de educação ativa, com a característica do “APRENDER FAZENDO”, fundamentado nos princípios e valores éticos, morais e sociais, levando-os a praticarem a cidadania, doando o seu tempo e talento na construção do bem comum, da dignidade e respeito à vida, e sobre tudo, aprendendo a ver Deus na criação, preservando a natureza e enfrentando todas as dificuldades, usando deste recurso para servir ao próximo, e para o desenvolvimento social, cultural e sustentável, beneficiando paralelamente, a comunidade escolar e a comunidade local, através das ações sócio-educativas desenvolvidas com Cinema na Escola.
Referências Bibliográficas:
BERGALA, Alain. L’hypothèse cinema: Petit traité de transmission du cinema à l’école et ailleurs. Paris,
BAZALGETTE, Cary. Los medios audiovisuales en la educación primaria. Madrid, Morata, 1991.
CASETTI, Francesco. Teorie del Cinema 1945-1990. 7 ed. Bompiani, Milano, 2004.
¬¬¬¬¬¬¬DICIONÁRIO. Novo dicionário da língua portuguesa. Editora: Rídeel, 2007.
EUGENI, Ruggero. Film, sapere, società: per un’analisi sociosemiotica del testo cinematografico.
GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa.Tradução de Vera Mello Joscelyne – Petrópolis,RJ: Vozes, 2002.
JACQUINOT, Geneviève; LEBLANC, Gérard (Orgs.). Appunti per una lettura del cinema e della televisione. Editoriale Scientifica, Napoli, 1999.
MOSCONI, Elena. Il cinema nella prassi educativa: uma prospettiva pragmática. In MALAVASI, P.
Moysés Faria das Chagas
Graduado em Comunicação Social - Rádio e TV (Unesa)
Pós-graduado em Arte-Educação (Universo)
Mídia-Educação (UFF)
MBA em TV Digital, Radiodifusão e Novas Mídias de Comunicação Eletrônica (UFF)
Mestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente (Anhanguera/Unipli)
Publicado por: Moysés Faria
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