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Bullying: Um Desafio às Escolas do Século XXI

Conheça qual é o grande desafio para as escola do século XXI

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INTRODUÇÃO

Devido os grandes casos de violência escolar registrados nos últimos anos, e segundo estatísticas, os jovens entre 10 e 21 anos, estão entre os que mais matam e morrem no mundo. Foram uns dos vários fatos, que incentivou a construção deste artigo.

Podemos observar, que a faixa etária a qual esses jovens se encontram, é durante sua vida escolar, ou seja, grande parte das práticas de bullying ocorre no ambiente escolar. O bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou moral, intencionais e repetidos, praticados por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder.

Quem nunca foi ridicularizado por um colega ou ridicularizou alguém na escola ou foi vítima de fofocas, apelidos, empurrões, risadinhas, entre outros.

É sobre esta prática, que muitas vezes é confundida com “brincadeiras”, que iremos tratar neste artigo. Um fenômeno que está deixando as escolas vulneráveis por falta de apoio das famílias dos alunos, e de todo comunidade escolar, que não está preparada, ou não conseguem ver as práticas de bullying.

Muitos são os fatores que fazem uma pessoa a praticar o bullyng, e veremos que, não é apenas um caso isolado dentro das escolas, mas uma questão de saúde pública que atinge todas as classes sociais e níveis econômicos. Muitas vezes o aluno que pratica o bullyng, é alvo de violência verbal ou física dentro da sua própria casa, ou quer se sentir poderoso – humilhar outros para esconder suas falhas – e obter uma boa imagens de si mesmo.

Existem ainda, aqueles que são expectadores do bullying. Estes são testemunhas das práticas, que muitas vezes não fazem nada para ajudar seus colegas, pois temem sofrerem as mesmas depreciações.

E por fim, a vítima do bullying. Este por sua vez, dependendo do seu estado emocional, pode chegar a cometer suicídio. Alguns até concordam com a agressão – se sou gordo, por que vou dizer o contrário?  Aqueles que conseguem reagir pode alternar momentos de ansiedade e agressividade. Para mostrar que não são covardes ou quando percebem que seus agressores ficaram impunes, os alvos podem escolher outras pessoas mais indefesas e passam a provocá-las, tornando-as alvo e agressor ao mesmo tempo. Muitas vezes pedem transferência para outra escola, ou ficam com medo de voltar e param de estudar.

Enfim, a escola deve desempenhar um papel muito importante no combate ao bullying, pois ele é ocorre de diversas formas como o cyberbullying via internt, e varia de acordo com os sexos. A escola neste momento, não só como órgão educacional, mas como extensão da família das vítimas de bullying, deve elaborar programas de reabilitação e combate às práticas de violência escolar; orientar professores e comunidade escolar para prevenir determinadas práticas, e saber lidar com as vítimas do bullying.

Iremos perceber que a prevenção do bullyng entre estudantes constitui-se em uma necessária medida de saúde pública, capaz de possibilitar o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes, habilitando-os a uma convivência social sadia e segura.

1.    ORIGEM DO BULLYING

O bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou moral, intencionais e repetidos, praticados por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder.

Devido ao fato de ser um fenômeno que só recentemente ganhou mais atenção, o assédio escolar ainda não possui um termo específico consensual, sendo o termo em inglês bullying constantemente utilizado pela mídia.

O bullying começou a ser pesquisado entre 10 e 20 anos na Europa, quando se descobriu o que estava por trás de muitas tentativas de suicídio entre adolescente. Sem receber a atenção da escola ou dos pais, que geralmente achavam as ofensas “bobas”, a criança recorria a uma medida desesperada. Na atualidade, é um tema que vem despertando cada vez mais o interesse de profissional da área da educação.

Todos os dias, crianças e adolescentes sofrem algum tipo de violência que vem mascarada na forma de “brincadeiras”. Pesquisados afirmam, que estes comportamentos, há pouco considerados inofensivos, podem causar sérias conseqüências ao desenvolvimento psicológico dos alunos, gerando desde queda na auto-estima, até em casos mais extremos, o suicídio.

Segundo especialistas, o bullyng pode ocorrer em qualquer contexto social, como em universidades, escolas, famílias, vizinhança e locais de trabalho. Um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa.

Um estudo da Abrapia demonstra que não há diferenças significativas entre as escolas avaliadas e os dados internacionais. A grande surpresa foi o fato de que aqui os estudantes identificaram a sala de aula como o local de maior incidência desse tipo de violência, enquanto, em outros países, ele ocorre principalmente fora da sala de aula, no horário do recreio.

1.1.    O assédio escolar

No Brasil, uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou Brasília como a capital do bullying. Segundo o estudo, 35,6% dos estudantes entrevistados disseram serem vítimas constantes da agressão. Belo horizonte, em segundo lugar com 35,3% e Curitiba, em terceiro lugar com 35,2%, foram, junto com Brasília, as capitais com maior freqüência de estudantes que declaram ter sofrido bullying alguma vez.

Ainda, segundo a pesquisa do IBGE, em Brasília, o maior número de casos ocorreu nas escolas particulares: 35,9%, contra 26,2% dos estudantes nas escolas públicas e que o bullying é mais freqüente entre os estudantes do sexo masculino (32,6%) do que entre os escolares do sexo feminino (28,3%).

O bullying compreende comportamentos com diversos níveis de violência que vão desde chateações inoportunas ou hostis até fatos agressivos, sob formas verbais ou não, intencionais e repetidas, sem motivação aparente, provocado por um ou mais estudantes em relação a outros, causando dor, angústia, exclusão, humilhação e discriminação.

Não é difícil encontrar exemplos de casos em que esse tipo de violência tenha acarretado conseqüências graves no Brasil. Mostrarei dois casos de bullying que achei ser oportuno.

1º - Cidade: Rio de Janeiro; escola não informada; ano 2008. Caso: há 15 dias o aluno “X” “valentão”, da 6ª série tentou atrapalhar o jogo de vôlei das alunas. Meu filho não permitiu que ele “travasse a bola”. Nisso, o tal “X” partiu com tudo para a agressão física, junto com outros colegas que acompanharam o tal “X”. Meu filho já caído ao chão, conseguiu se levantar rapidamente e correu por toda a escola, (e os outros atrás dele para pegá-lo) até que conseguiu entrar na sala dos professores para se abrigar. Tive de ir buscá-lo na escola e a mesma adotou as formas de costume para esse casos: ocorrências e comunicados aos pais e ao conselho tutelar. Mas essas ações não se mostraram eficazes visto que, embora eu e o pai dele estarmos buscando e levando-o à escola, essa semana, o “X”, dentro da escola abordou-o novamente e o relato é o seguinte: seis alunos jogavam cartas quando ele chegou e ordenou que todos se levantassem, bateu na cara de todos os meninos, disse para meu filho não tentar correr porque ele estava com “quadrada” (arma) e obrigou meu filho entrar num carro de um desconhecido na rua e só sair quando ele ordenasse. Meu filho tomou pavor de andar sozinho e não quer ir à escola. Ontem mesmo, a turma desse “X” jogou um copo na cabeça do meu filho... Disponível em: http://www.observatoriodainfancia.com.br/article.php3?id_article=662.

2º - Cidade: Rio de Janeiro; Escola Tasso da Silveira; Ano: 2011. Wellington Menezes de Oliveira, o assassino que perpetrou o massacre em Realengo, teria sido vítima de bullying nos anos em que estudou na escola municipal Tasso da Silveira – a mesma a que voltou, nesta quinta-feira, para abrir fogo contra os alunos, matando 12 deles. Ex-colegas de classe do atirador disseram ao jornal O Globo que o criminoso sempre apresentou distúrbios de comportamento – e sofria constantes intimidações de alunos da sua turma. O estudante Bruno Linhares, de 23 anos, estudou com Wellington em Tasso da Silveira e narrou ao jornal de que maneira os alunos provocavam o rapaz. Segundo ele, Wellington ganhou os apelidos de Sherman, em alusão ao personagem nerd do filme American Pie, e suingue, porque era manco de uma perna. “O Wellington era completamente maluco. Ele era muito calado, muito fechado. E a galera pegava muito no pé dele, mas não a ponto dele fazer o que fez”, afirmou. Bruno afirmou ainda que Wellington não era bom aluno, e frequentemente tirava notas baixas na escola. “A escola deveria ter encaminhado ele para um psicólogo”, afirma o estudante. O ex-colega do atirador disse ainda que os estudantes de sua turma sempre tiveram medo de que Wellington desenvolvesse algum comportamento violento. Segundo Bruno, um dos alunos chegou a afirmar ao atirador que um dia ele “ainda ia matar muita gente”. A frase em tom de brincadeira acabou se tornando uma triste profecia. “Sinceramente, não sei porque ele não fez isso com a nossa turma”, completa. O crime - Na manhã desta quinta-feira, Wellington entrou na escola dizendo que daria uma palestra aos alunos. Ele entrou em uma das salas de aula e começou a atirar contra os estudantes. Dez meninas e dois meninos foram assassinados. Um vídeo do circuito interno de câmeras da escola mostra alguns momentos do ataque: nele podem ser vistos adolescentes correndo desesperados, caindo ao chão e se levantando, tentando escapar do atirador, que passa a toda velocidade diante da filmadora. Após ser parado por um policial que atirou em sua perna, Wellington se deu um tiro na cabeça. "Funcionários da escola informaram aos policiais que o jovem chegou bem vestido, carregando uma mochila, e disse que daria uma palestra para os alunos. Foi assim que subiu ao terceiro andar do prédio", afirmou o coronel Evandro Bezerra, relações públicas do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. O coronel disse ainda que o atirador aparentemente premeditou o ataque. Wellington deixou uma carta incogruente, carregada de referências religiosas e na qual anunciou seu suicídio.  http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/atirador-de-realengo-sofria-bullying-no-colegio-afirmam-colegas

Além de haver alguns casos com desfechos trágicos, como o de Realengo no Rio de Janeiro, esse tipo de prática está preocupando por atingir faixas etárias cada vez mais baixas, como crianças dos primeiros anos de escolarização.

1.2.    Características de alunos que praticam o bullying

Segundo Aramis, os motivos que levam a esse tipo de violência são extremamente variados e estão relacionados com as experiências que cada aluno tem em sua família e/ou comunidade: “Famílias desestruturadas, com relações afetivas de baixa qualidade, em que a violência doméstica é real ou em que a criança representa o papel de bode expiatório para todas as dificuldades e mazelas são as fontes mais comuns de autores ou alvos de bullying.

Outras características podem ser descritas aos alunos que praticam bullying, como: querer ser o mais popular, sentir-se poderoso e obter uma boa imagem de si mesmo. Isso leva o autor do bullying a atingir o colega com reptidas humilhações ou depreciações. É uma pessoa que não aprendeu a transformar sua raiva em diálogo e para quem o sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de agir. Pelo contrário, sente-se satisfeito com a opressão do agredido, supondo ou antecipando quão dolorosa será aquela crueldade vivida pela vítima.

1.3.    Conseqüências de alunos que são alvos do bullying

Os alunos alvos de bullying, segundo Aramis, geralmente, são poucos sociáveis, inseguros e desesperançados quanto à possibilidade de adequação ao grupo. Sua baixa auto-estima é agravada por críticas dos adultos sobre a Suva vida ou comportamento, dificultando a possibilidade de ajuda. Tem poucos amigos, é passivo, retraído, muitas vezes infeliz e sofre com a vergonha, medo, depressão e ansiedade.

Além dos traços psicológicos, os alvos desse tipo de violência costumam apresentar particularidades físicas. As agressões podem ainda abordar aspectos culturais, étnicas e religiosas.

“Também pode ocorrer com um novato ou com uma menina bonita, que acaba sendo perseguida pelas colegas”, exemplifica Guilherme Schelb, procurador da República e autor do livro “Violência e Criminalidade Infanto-Juvenil”.

2.    OS VÁRIOS TIPOS DE BULLYING

Segue alguns exemplos que agressões:

•    Insultar a vítima;
•    Acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada;
•    Ataques físicos repetidos contra a pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade;
•    Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas, etc, danificando-os;
•    Espalhar rumores negativos sobre a vítima;
•    Depreciar a vítima sem qualquer motivo;
•    Fazer com que a vítima faça o que ela quer, ameaçando-a para seguir as ordens;
•    Colocar a vítima em situações problemáticas com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bullying;
•    Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência.

Apesar de tantas outras formas de assédio, as formas como o bullying se efetiva, varia de acordo com a faixa etária, o ambiente em que se encontra, e o sexo dos praticantes – se são meninos ou meninas.

2.1.    A diferença do bullying praticado por meninos e meninas.

Segundo artigo publicado na Revista Nova Escola, as ações dos meninos são mais expansivas e agressivas, mais fáceis de identificar. Eles chutam, gritam, empurram, batem.

Já no universo feminino, o problema se apresenta de forma mais velada. As manifestações entre elas podem ser fofocas, olhares, sussurros, exclusão. “As garotas raramente dizem por que fazem isso. Quem sofre não sabe o motivo e se sente culpada”, explica a pesquisadora norte-americana Rachel Simmons, especialista em bullying feminino.

Ela conta que as meninas agem dessa forma porque a expectativa da sociedade é de que sejam boazinhas, dóceis e sempre passivas. Para demonstrar qualquer sentimento contrário, elas utilizam meios mais discretos, mas não menos prejudiciais. “É preciso reconhecer que as garotas também sentem raiva. A agressividade é natural no ser humano, mas elas são forçadas a encontrar outros meios – além dos físicos – para se expressar”, diz Rachel.

2.2.    Cyberbullying

Este tipo de bollying, correr por meio eletrônicos, com mensagens difamatórias ou ameaçadoras, que circulam por e-mails, sites, blogs, redes sociais como Orkut, Faceboock e Twitter, e celulares. É quase uma extensão do que dizem a fazem na escola, mas com o agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a cara.

Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das ameaçadas e os efeitos podem ser tão graves ou piores. “O autor, assim como o alvo, tem dificuldade de sair de seu papel e retomar valores esquecidos ou formar novos” explica Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Esse tormento que a agressão pela internet faz com que a criança ou o adolescente humilhado não se sinta mais seguro em lugar algum, em momento algum. Marcelo Coutinho, especialista no tema e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz que esses estudantes não percebem as armadilhas dos relacionamento digitais. “Para eles, é tudo real, como se fosse do jeito tradicional, tanto para fazer amigos como para comprar, aprender ou combinar um passeio”.

2.3.    Bullying na Educação Infantil

Dados recentes mostram que os casos de bullying atinge faixas etárias cada vez mais baixas. A disseminação do bullying está em todas as classes sociais e as pesquisas apontam uma tendência para o aumento rápido desse comportamento com o avanço da idade dos alunos. “Diversos trabalhos internacionais têm demonstrado que a prática do bullying pode ocorrer a partir dos 3 anos de idade, quando a intencionalidade desses atos já pode ser observada”, afirma o coordenador da Abrapia.

Podemos observar ainda, que entre as crianças menores, é comum a criança apresentar alguma particularidade, como não conseguir segurar o xixi, e os colegas se segregarem por isso ou darem apelidos para ofendê-la constantemente – este é uma caso de bullying.

Essa conduta, porém, será mais freqüentes num momento em que houver uma maior relação entre pares, mais cotidiana e estabelecida com os outros, explica Adriana Ramos, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e coordenadora do curso de pós-graduação “As relações interpessoais na escola e a construção da autonomia moral”, da Universidade de Franca (UNIFRAN).

2.4.    Testemunhas do bullying

É comum pensar que há apenas dois envolvidos no conflito: o autor e o avlo. Mas os especialistas alertam para um terceiro personagem responsável pela continuidade do conflito.

O espectador típico é um testemunha dos fatos, pois não sai em defesa da vítima nem se junta aos autores. Quando recebe uma mensagem, não repassa. Essa atitude pode ser: se cala por medo de ser a “próxima vítima”, por não saberem como agir e por descrerem nas atitudes da escola. Esse clima de silêncio pode ser interpretado pelo autores como afirmação de seu poder, o que ajuda a acobertar a prevalência desses atos, transmitindo uma falsa tranqüilidade aos adultos.

Os que atuam como plateia ativa ou como torcida, reforçando a agressão, rindo ou dizendo palavras de incentivo também são considerados espectadores. Geralmente, estão acostumados com a prática, encarando-a como natural dentro do ambiente escolar. Outros porém, sente simpatia pelos alvos, tende a não culpá-los pelo ocorrido, condena o comportamento dos autores e deseja que os professores intervenham mais efetivamente.

O simples testemunho de atos de bullying já é suficiente para causar descontentamento com a escola e comprometimento do desenvolvimento acadêmico e social.

2.5.    Bullying contra alunos com necessidade educacionais especiais

Conversar abertamente sobre a deficiência é uma ação que deve ser cotidiana na escola. O bullying contra esse público costuma ser estimulado pela falta de conhecimento sobre as deficiências, sejam elas físicas ou intelectuais, e, em boa parte, pelo preconceito trazido de casa.

De acordo com a psicóloga Sônia Casarin, diretora da S.O.S. Down – Serviços de Orientação sobre Síndrome de Down, em São Paulo, é normal os alunos reagirem negativamente diante de uma situação desconhecida. Cabe ao educador estabelecer limites para essas reações e buscar erradicá-las não pela imposição, mas por meio da conscientização e do esclarecimento.

Não se trata de estabelecer vítimas e culpados quando o assunto é o bullying. Isso só reforça uma situação polarizada e não ajuda em nada a resolução dos conflitos. Melhor do que apenas culpar um aluno e vitimar o outro é desatar os nós da tensão por meio do diálogo. A violência começa em tirar do aluno com deficiência o direito de ser um participante do processo de aprendizagem. É tarefa dos educadores oferecer um ambiente propício para que todos, especialmente os que têm necessidades educacionais especiais, se desenvolvam com respeito e harmonia.

3.    O PAPEL DA ESCOLA NO COMBATE AO BULLYING

3.1.    O que diz a lei?

A escola é vista, tradicionalmente, como um local de aprendizado, avaliando-se o desempenho dos alunos com base nas notas dos testes de conhecimento e no cumprimento de tarefas acadêmicas.

A escola pode se amparar em três documentos legais de abrangência nacional e internacional para solucionar o problema do bullying: a Constituição da República Federativa do Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas que são a base de entendimento com relação ao desenvolvimento e educação de crianças e adolescentes. Em todos esses documentos, estão previstos os direitos ao respeito e à dignidade, sendo a educação entendida como um meio de prover o pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania.

Os atos de assédio escolar configuram atos ilícitos, não porque não estão autorizados pelo nosso ordenamento jurídico, mas por desrespeitarem princípios constitucionais e o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. A responsabilidade pela prática de atos de assédio escolar pode se enquadrar também no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviços aos consumidores e são responsáveis por atos de assédio escolar que ocorram nesse contexto.

Dado que a cobertura da mídia tem exposto o quão disseminada é a prática do assédio escolar, os júris estão agora mais inclinados do que nunca a se simpatizarem com as vítimas. Em anos recentes, muitas vítimas têm movido ações judiciais diretamente contra os agressores por “imposição internacional de sofrimento emocional” e incluindo suas escolas como acusadas, sob o princípio da responsabilidade conjunta.

No Estado do Espírito Santo, existe um Regimento Comum das Escolas Estaduais, que orientam quanto os casos de Bullying em seu artigo 83, é dado como ato infracional a prática do Bullying, sendo os procedimentos que a escola deve tomar no artigo 89, que são: encaminhar para o conselho tutelar, menores de 12 anos; fazer ocorrência policial; se for o caso, transferência compulsória.

3.2.    Como evitar o bullying?

Segundo Aramis a prevenção de futuros incidentes pode ser obtida com orientações sobre medidas de proteção a serem adotadas: ignorar os apelidos, fazer amizade com colegas não agressivos, evitar locais de maior risco e informar ao professor ou funcionário sobre o bullying sofrido.

Cléo Fante e José Augusto Pedra, autores do livro Bullying Escolar, dá algumas dicas para evitar o bullying:

•    Incentivar a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças por meio de conversas, campanhas de incentivo à paz e à tolerância, trabalhos didáticos, como atividades de cooperação e interpretação de diferentes papéis em um conflito;
•    Desenvolver em sala de aula um ambiente favorável à comunicação entre alunos;
•    Quando um estudante reclamar de algo ou denunciar o bullying, procurar imediatamente a direção da escola.

A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia) sugere também algumas dicas:

•    Conversar com os alunos e escutar atentamente reclamações ou sugestões;
•    Estimular os estudantes a informar os casos;
•    Reconhecer e valorizar as atitudes da garotada no combate ao problema;
•    Criar com os estudantes regras de disciplina para a classe em coerência com o regimento escolar;
•    Estimular lideranças positivas entre os alunos, prevenindo futuros casos;
•    Interferir diretamente nos grupos, o quanto antes, para quebrar a dinâmica do bullying.

Todo ambiente escolar pode apresentar esse problema. “A escola que afirma não ter bullying ou não sabe o que é ou está negando sua existência”, diz o pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapai). O primeiro passo é admitir que a escola é um local passível de bullying. Deve-se também informar professores e alunos sobre o que é o problema e deixar claro que o estabelecimento não admitirá a prática.

“A escola não deve ser apenas um local de ensino formal, mas também de formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, cooperação e solidariedade. Agir contra o bullying é uma forma barata e eficiente de diminuir a violência entre estudantes e na sociedade”, afirma o pediatra.

A exibição de filmes que retratam o bullying, como “As melhores coisas do mundo” (Brasil, 2010), da cineasta Lais Bodanzky, também ajudam no trabalho. A “partir do momento em que a escola fala com quem assiste à violência, ele para de aplaudir e o autor perde sua fama”, explica Adriana Ramos.

3.3.    Como agir nos casos de bullying?

Segundo a Revista Nova Escola, o foco deve se voltar para a recuperação de valores essenciais, como o respeito pelo que o alvo sentiu ao sofrer a violência. A escola não pode legitimar a atuação do autor da agressão nem humilhá-lo ou puni-lo com medidas não relacionadas ao mal causado, como proibi-lo de freqüentar o intervalo.

Já o alvo precisa ter a auto-estima fortalecida e sentir que está em um lugar seguro para falar sobre o ocorrido. “As vezes, quando o aluno resolve conversar, não recebe a atenção necessária, pois a escola não acha o problema grave e deixar passar”, alerta Aramis Lopes.

Ainda é preciso conscientizar o espectador do bullying, que endossa a ação do autor. “Trazer para a aula situações hipotéticas, como realizar atividades com trocas de papéis, são ações que ajudam a conscientizar toda a turma.

Ao surgir uma situação em sala, a intervenção deve ser imediata. Se algo ocorre e o professor se omite ou até mesmo dá uma risadinha por causa de uma piada ou de um comentário, vai pelo caminho errado. Ele deve ser o primeiro a mostrar e dar o exemplo, diz Aramis Lopes Neto, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria.

A escola deve avisar aos pais sobre os efeitos das agressões entro e fora do ambiente escolar, como na internet por exemplo. A intervenção da escola também precisa chegar ao espectador, o agente que aplaude a ação do autor é fundamental para a ocorrência da agressão, complementa a especialista Adriana Ramos.

Ainda é preciso mediar a conversa e evitar acusações de ambos os lados. “O ideal é que a questão da reparação da violência passe por um acordo conjunto entre os envolvidos, no qual consigam enxergar em que ponto o alvo foi agredido para, assim, restaurar a relação de respeito” explica Telma Vinha, professora do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas.

3.4.    Como agir nos casos de cyberbullying?

Mesmo virtual, o cyberbullying precisa receber o mesmo cuidado preventivo do bullying e a dimensão dos seus efeitos deve sempre ser abordada para se evitar a agressão na internet. Trabalhar com a ideia de que nem sempre se consegue tirar do ar aquilo que foi para a rede dá à turma a noção de como as piadas ou as provocações não são inofensivas. “O que chamam de brincadeira pode destruir a vida do outro. É também responsabilidade da escola abrir espaço para se discutir o fenômeno”, afirma Telma Vinha.

Caso o cyberbullying ocorra, é preciso deixar evidente para crianças e adolescentes que eles podem confiar nos adultos que os cercam para contar sobre os casos sem medo de represálias, como a proibição de redes sociais ou celulares, uma vez que terão a certeza de que vão encontrar ajuda. “Mas, muitas vezes, as crianças não recorrem aos adultos porque acham que o problema só vai piorar com a intervenção punitiva”, explica a especialista Telma Vinha.

3.5.    Como lidar com o bullying na Educação Infantil?

Para evitar o bullying, é preciso que a escola valide os princípios de respeito desde cedo. É comum que as crianças menores briguem com o argumento de não gostar uns dos outros, mas o educador precisa apontar que todos devem ser respeitados, independentemente de se dar bem ou não com uma pessoa, para que essa ideia não persista durante o desenvolvimento da criança.

Quando o bullying ocorre entre os pequenos, o educador deve ajudar o alvo da agressão a lidar com a dor trazida pelo conflito. A indignação faz com que a criança tenha alguma reação. “Muitas vezes, o professor, em vez de mostrar como resolver a briga com uma conversa, incentiva a paz sem o senso de injustiça, pois o submisso não dá trabalho”, ressalta Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

CONCLUSÃO

A inexistência de políticas públicas que indiquem a necessidade de priorização das ações de prevenção ao bullying nas escolas, objetivando a garantia da saúde e da qualidade da educação, significa que inúmeras crianças e adolescentes estão expostos ao risco de sofrerem abusos regulares de seus pares. Além disso, aqueles mais agressivos não estão recebendo o apoio necessário para demovê-lo de caminhos que possam vir a causar danos por toda a vida.

Em um país como o Brasil, onde o incentivo à melhoria da educação de seu povo se tornou um instrumento socializador e de desenvolvimento, onde grande parte das políticas sociais é voltada para a inclusão escolar, as escolas passaram a ser o espaço próprio e mais adequado para a construção coletiva e permanente das condições favoráveis para o pleno exercício da cidadania.

Mesmo admitindo que os atos agressivos derivem de influências sociais e afetivas, construídas historicamente e justificados por questões familiares e/ou comunitárias, é possível considerar a possibilidade infinita de pessoas descobrirem formas de vida mais felizes, produtivas e seguras. Todas as crianças e adolescentes têm, individual e coletivamente, uma prerrogativa humana de mudança, de transformação e de reconstrução, ainda que em situações muito adversas, podendo vir a protagonizar uma vida apoiada na paz, na segurança possível e na felicidade. Mas esse desafio não é simples e, em geral, depende de uma intervenção interdisciplinar firme e competente, principalmente pelos profissionais das áreas de educação.

Assim sendo, é necessário que se estabeleça ações a serem desenvolvidas objetivando as ações do agressor e as conseqüências na vítima. É importante, que os educadores e a família, principalmente, estejam atentos a qualquer sinal de ação agressiva.

Para quem é vítima de algum desses tipos de humilhações, a saída é se abrirem, ou seja, procurarem ajuda, começando pelos próprios pais e a direção da escola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAMIS, A. Lopes Neto – Bullying – Comportamento agressivo entre estudantes – Jornal de Pediatria – Artigo de Revisão, 2005.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa – Bullying – Mentes Perigosas na Escola – Editora Fontanar.

GALDINO, Jefferson – Bullying – Vamos Mudar de Atitude! – Editora Noovha América.

http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/bullying-escola-494973.shtml
http://www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica/artigosv1n2/15-PEDAGOGIA-04.pdf
http://www.profala.com/arteducesp146.htm
http://www.profala.com/arteducesp120.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying
http://www.observatoriodainfancia.com.br/article.php3?id_article=662


Publicado por: ANDRÉ PROFIRO NUNES

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.