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AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: CONFLITOS A SEREM SUPERADOS

Avaliação Escolar, Identificação dos conflitos e contradições no processo escolar, como avaliar, lado positivo e negativo.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

Avaliar é uma prática que se encontra na atuação de qualquer educador. Ao falar sobre a mesma, gera uma ampla e variada discussão que merece ser aprofundada no intuito de saber se este instrumento esta contribuindo ou não para promover conhecimento nos alunos ou se este vem excluindo. Investigar estratégias metodológicas que diminuam conflitos sobre o que realmente é avaliar, contribuirá para orientar o educador que avaliar não é classificar, mas diagnosticar o aprendizado do aluno bem como de si próprio. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo levantar questões específicas sobre o que é avaliação, seus reflexos físicos e psicológicos, e em suma, que os tabus sobre a mesma sejam quebrados e uma nova visão possa assim ser obtida, afinal ela tem sido vista como requisito para obtenção de “notas” para ingressar no ano seguinte, o que de certa forma não ocorre um diagnóstico do aprendizado, tal julgamento de valor vem trazendo a educação grandes prejuízos e o fato de saber ou não recai inclusive na reprovação, outro fator que aqui será abordado é sobre os modelos de avaliações que podem ajudar o professor durante sua ação pedagógica, tais questões serão expostas para auxiliar os educadores na sua prática pedagógica até porque avaliar não é um assunto pronto e acabado.

Palavras-chave: Aprendizagem, Avaliação Escolar, Concepções Pedagógicas.

ABSTRACT

Evaluating is a practice that is found in the work of any educator. Talking about it generates a wide and varied discussion that deserves to be deepened in order to know if this instrument is contributing or not to promote knowledge in the students or if it is excluding. Investigating methodological strategies that reduce conflicts over what is actually evaluated will contribute to guiding the educator that evaluating is not classifying but diagnosing the student's learning as well as himself. Therefore, the present work aims to raise specific questions about what is evaluation, its physical and psychological reflexes, in short, that the taboos on it are broken and a new vision can thus be obtained, after all it has been seen as a requirement To obtain "grades" to enter the next year, which in a certain way does not occur a diagnosis of learning, such a value judgment has brought education great losses and the fact of knowing or not falls even in reprobation, another factor here Will be addressed is about the models of assessments that can help the teacher during their pedagogical action, such questions will be exposed to assist educators in their pedagogical practice even because assessing is not a finished and finished subject.

Key-words:Learning, School Evaluation, Pedagogical Conceptions.

1. INTRODUÇÃO

A avaliação influencia de uma forma ou outra na ação educativa, não podendo assim ser vista de maneira isolada. Ela é uma prática onde o professor utilizará vários métodos e meios visando diagnosticar o processo de ensino aprendizagem do seu aluno.

O nosso sistema educacional pauta-se numa avaliação em que classifica os alunos de maneira quantitativa, provando assim que os alunos são subtidos num mesmo patamar de ensino sem respeitar as diferenças e limitações de cada um, até porque a educação no momento atual já provou que não se nivela os alunos numa mesma dimensão de aprendizagem, pois cada um possui um ritmo e um modo de aprender.

Dentre tantos estudos já realizados se sabe que nas famílias brasileiras a condição social afeta drasticamente na vida escolar dos filhos, aqueles alunos que crescem num ambiente estruturado com boa alimentação e uma rotina de vida a qual segue assiduamente podem aprender mais rápido e com maior facilidade, já aquelas a qual a situação social é precária com falta de muitas coisas essenciais os resultados acabam sendo menores, devido à dificuldade diária que vivem.

A avaliação possui entre tantas artimanhas outro fator, os danos físicos e emocionais que os alunos passam no momento que estão sendo avaliado, isso faz com que se tenha um domínio sobre os mesmo se tornando um instrumento que mantém o poder e controle do processo de ensino- aprendizagem ao invés de reorientar o ensino e seu crescimento ao longo dos dias letivos.

Para que a escola atinja a premissa da construção do conhecimento será preciso um redimensionamento das práticas e da forma como avaliar o seu aluno. Ao se falar em avaliação sua amplitude nos leva a refletir sobre as formas existentes de avaliação, qual o caminho mais indicado para compreensão da mesma e como ela pode afetar na vida escolar dos alunos e promover reflexos na prática do professor.

Partindo de tantas indagações e dúvidas o presente trabalho de conclusão de curso abordará temas como o que é avaliar, os tipos de avaliações existentes, o efeito da mesma na vida escolar dos alunos e professores, a necessidade da mesma no processo de ensino- aprendizagem como instrumento de auxílio no crescimento cognitivo nos levando assim a uma reflexão sobre as deficiências existentes não se prendendo a argumentos e padrões, mas numa conduta ligada à aprendizagem.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL

Promover uma reflexão sobre a importância do ato de avaliar durante o processo de ensino- aprendizagem contemplando sua diversidade e relevância.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever o que é avaliação e os modelos existentes;

Apontar os danos físicos e psicológicos na vida escolar dos alunos;

Descrever a importância da avaliação durante o processo de aprendizagem;

Identificar os conflitos e contradições que circundam a mesma no processo escolar.

1.2 JUSTIFICATIVA

O processo avaliativo nas escolas se tornou algo equivocado, mediante tal assunto tornou-se relevante aprofundá-lo um pouco mais visto que é um tema bastante debatido e questionado entre os profissionais da educação, que em grande parte, por falta de um conhecimento mais específico do mesmo, acabam por generalizar a maneira de avaliar seus alunos, tonando-os “iguais”.

Atualmente os professores precisam tomar conhecimento que os tempos mudaram e com isso a forma de avaliar também, afinal nem o modo de ensinar já não é o mesmo o que nos garante e legitima a necessidade de tomar conhecimento do tema “avaliar”, suas definições, seu lado positivo e negativo. Ao se escolher o tema, já enunciado, foi justamente na tentativa de realizar uma pesquisa aprofundada cuja uma entre tantas finalidades é promover clareza do assunto que vem sendo questionado e argumentado no meio educacional, se o que está se fazendo vem sendo a forma correta ou se vem se tornando excludente, uma vez que o sistema educacional preocupa-se com a parte quantitativa e não com a qualitativa, o que de fato seria mais viável, pois novos rumos e avanço no patamar educacional só poderão ocorrer quando a preocupação for a qualidade e não quantidades numéricas muitas delas infundadas.

1.3 PROBLEMA

Sabe-se como avaliar nossos alunos mediante tanta diversidade? O avaliar é para que e para quem? Qual a necessidade de se avaliar e como realizá-la sem danos emocionais e psicológicos?

Estas entre tantas outras perguntas assombram a vida dos professores e alunos, sendo assim se pretende buscar aqui direções que possam responder a essas e tantas outras questões que a cada dia tem ganhado mais ênfase no processo educacional de inúmeras escolas.

2.  AVALIAÇÃO ESCOLAR

2.1 CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO

A avaliação é um dos elementos básicos entre outros de desempenho escolar, uma parte de toda didática envolvida no dia a dia escolar. Mas o que realmente seria avaliar?

Segundo Garcia (2003 Apud DILIGENTI, 1998, p. 21) o:

Termo avaliação é de utilização recente, já que a palavra “exame” era mais frequentemente utilizada para designar provas de conhecimento. Datam aos remotos 1200 a.C. as primeiras práticas de avaliação/exame de que temos notícia. Esses exames eram realizados pela burocracia chinesa com intuito de selecionar (somente junto aos homens) aqueles que deveriam ocupar cargos públicos. Desde seus primórdios, portanto, verificamos na avaliação a predominância de um componente seletivo em detrimento a qualquer aspecto educativo.

Durante muito tempo se utilizava nas escolas a palavra exame, onde os alunos eram submetidos a provas e por meio dela os professores calculavam o conhecimento de cada um. O termo avaliação é um sinônimo que foi adotado para efetivar a mesma coisa, observar o conhecimento que o aluno obteve ao longo dos dias letivos. Atualmente isso continua ocorrendo, houve alguns avanços, não deixando de ter a mesma significância, porém ainda assim os professores preocupam-se com o “avaliar”.

Bem se sabe que antigamente, e não precisa ir tão longe no tempo, pouco se via falar nas escolas sobre dificuldades de aprendizagem, atraso cognitivo e deficiências, com o passar dos anos isso tornou-se acentuado e passou a causar nos professores medos e receios em ensinar, logicamente que tantas mudanças ocorridas acabaram por fazer recuar parte dos professores pela falta de preparo em lidar com situações que até então era incomum ao seu dia a dia.

Se avaliar de um modo geral estava difícil imagina diante de tanta diversidade, porém a avaliação é um componente integrante na parte educativa e que precisa ser trabalhada e desenvolvida, uma vez que o próprio sistema exige e cobra para que seja realizada. Atualmente autores como Luckesi, Garcia, Diligenti e Caldeira entre outros vêm se realizando estudos para verificar qual a contribuição da mesma no processo de ensino- aprendizagem inclusive na própria formação do indivíduo.

Nosso sistema educacional não se preocupa com os índices de aprendizagem e sim com a aprovação e reprovação dos alunos, com isso “o nosso exercício pedagógico escolar é atravessado mais por uma pedagogia do exame que por uma pedagogia do ensino/ aprendizagem.” (LUCKESI, 2003, p. 18) em outras palavras os alunos realizam avaliações constantemente, mas os conteúdos assimilados são poucos, reproduzindo uma pedagogia tradicional, onde “ a avaliação está totalmente ligada à concepção tradicional, dando-se por meio de tarefas para casa e, quase que exclusivamente, pela prova escrita.” (SÁ, 2014, p. 01), partindo da ideia a qual o professor fala, o aluno absorve e tem de reproduzir o mesmo na avaliação.

Caldeira afirma que:

A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica. (CALDEIRA 2000, p. 122)

Em qualquer nível de ensino a avaliação existe, e está vinculada a natureza do conhecimento e é amparada por lei, tendo que existir. Num caráter cientifico se tornou um modelo de sociedade as avaliações pautadas em perguntas e respostas seguidas de uma nota que promoverá ou não o aluno para o ano seguinte. Avaliar transcende tal concepção pois alunos, professores ou qualquer estudante que seja não se resume em perguntas e respostas decoradas sem atingir um objetivo, embora esteja expresso isso em teorias e práticas que comumente se vê existem outras formas e outros meios de avaliar os quais aqui se abordará.

Segundo Gasparin:

O novo processo de ensino preconiza uma nova sequência de ação docente-discente: avaliação do professor; aprendizagem do professor; avaliação dos alunos; ensino do professor; aprendizagem do aluno e reaprendizagem do professor; avaliação do professor e dos alunos. Esta fase é o que podemos denominar de prática social inicial do conteúdo e da avaliação. (Gasparin 2014, p.1976)

Avaliar num sentido mais amplo de conhecimento, quer dizer diagnosticar por meio de diversas atividades aquilo que o aluno aprendeu ou não ao longo do ano servindo assim para o professor uma análise de si também, passando assim por um processo dialético onde aluno e professor efetuam uma reflexão do ensino e da aprendizagem. O professor se torna o mediador, e, utilizando recursos e metodologias diversas na avaliação, garante melhores aprendizados de seus alunos. Um exemplo de recurso utilizado é o currículo, que pode e deve ser flexível à instituição, respeitando a história e geografia de cada região.

Tratando-se do currículo, abordando suas teorias, o mesmo é marcado por fases e características que permeavam e que davam base para ações pedagógicas que visavam a construção do sujeito adequado para a determinada situação social.

O Eficientimo, de 1910, trabalhava a estrutura corporal do sujeito, para que o mesmo pudesse trabalhar mais e melhor, com influência estadunidense, o Taylorismo voltava os olhos para o tradicional, com autores como Bobbit e Tayler. Nisso, o currículo era científico e mecânico, com um pé na economia ligado à administração escolar, com objetivos de dividir grandes áreas em áreas menores, com o enfoque em conhecimentos práticos e não contextualizados. Sua função era de preparar o aluno para o mercado de trabalho e vida adulta economicamente.

Na escola, ensinavam-se os alunos olhando para o vocacional (em relação ao trabalho) do sujeito, e o mesmo tinha que se adequar ao que a escola oferecia, para que seu objetivo de introduzir o aluno ao trabalho, ao mesmo tempo com formação na vida política e econômica, porém, não criticamente, pois cabia também à escola manter o controle social.

Apesar do nome dado à próxima fase, não é visto ações de mudança. O Progressivismo agia também de forma tradicional, com o mesmo objetivo de adequar o aluno para o trabalho. No Brasil, em 1920, foi marcado pela Escola Nova, onde o aluno conduzia a aula e o professor, agia como um guia, como o autor John Dewey aborda, a experiência do aluno contava muito. Nesse meio, o currículo pretendia que a partir das experiências do aluno, o mesmo resolvesse problemas sociais imediatos e formar o aluno para ser um trabalhador, ligado a conceitos de inteligência social e mudança.

No currículo, 3 núcleos eram compreendidos, com conteúdos e assuntos que conectavam-se com: problemas de saúde, cidadania e meios de comunicação, de caráter pré-ativo, os mesmos conteúdos eram resultado do que o aluno necessitava. Assim, a escola buscava formar o sujeito para atuar com transformações da realidade, e para que este integre no processo produtivo, exigia-se criatividade. A educação tinha como marca o intuito da regressão da desigualdade social, que era gerada pelo controle social da sociedade urbana e industrial.

Na década de 70, as Teorias da Correspondência/Reprodução e NSE (Nova Sociologia da Educação), tiveram base nas teorias marxistas. Autores como, Louis Autusser, Michael Young e Michael Apple, o currículo passa a ver a educação como um processo de transmissão, por causa das relações de classe. Um novo tipo de currículo era imposto, sendo ele, arbitrário e mecânico, sem proposta de currículo, já que há divisão de classes. Porém, autores críticos iniciam estudos sobre o currículo (também acontece no currículo oculto), que este deveria trazer, e o motivo e consequências do então atual.

Na escola, a mesma funciona devido à ideologia dominante e transmite a cultura que detém, formando a sociedade como pacata e que se acomoda em relação à reprodução social, com a hegemonia dominante, formadora de mão de obra. A NSE busca compreender e questionar esse processo.

No final da década de 60 e início da década de 70, o Estruturalismo traz teorias críticas com um olhar fenomenológico, ou seja, no subjetivo. Tendo Paulo Freire como o principal autor, o currículo permitia ao aluno entender a sociedade e o mundo o qual está inserido, relacionado com atividades em que abordava experiências dos sujeitos para que o que o aluno presenciasse e vivia na sociedade a qual estivesse inserido, fizesse parte do currículo.

Critica a Educação Bancária, onde o aluno é apenas o receptor, a escola tinha que ser dialógica, onde a educação depende do meio social o qual o aluno convive, buscando saberes o qual o mesmo irá utilizar na mesma sociedade. Com o Pós-Estruturalismo, no final dos anos de 1970 até início dos anos de 1990, com autores como, Tomaz Tadeu da Silva e vários outros que questionam e defendem seus pensamentos, o currículo volta-se para a linguagem, como construtora de realidade, que mais do que criadora de códigos, é vista como a peça que interpreta a sociedade.

Os conceitos variam dependendo da relação entre sujeito/objeto e situação, entende-se que currículo é uma relação de poder, sem que deixe de atribuir significados e sentidos, a aprendizagem e conhecimentos não têm fim.  O sujeito é o resultado da produção cultural, que ainda sofre com a desigualdade social. Desse jeito, a escola passa a adotar metodologias para que o aluno possa compreender conteúdos que lhes são destinados a partir de sua realidade, formando sujeitos adequados a esta realidade.

Conforme estudos feitos, o currículo já passou por diferentes conceitos e objetivos, mas, os mesmos sempre ligados ao mundo do trabalho e que forme um sujeito apto ao mesmo. Porém, nada adianta quando o aluno não questiona que currículo é este e que sociedade é esta. Tanto aluno quanto equipe pedagógica, professores e sociedade precisam questionar sobre a realidade, para que assim, tomem posição e que busquem a transformação social, que ainda sofre pela desigualdade e luta de classes.

Sendo assim, a concepção de como avaliar um aluno diante de um currículo indefinido e talvez inapropriado para aquela sociedade o qual esteja inserido, pode passar por dificuldades, as quais interferem no processo de desenvolvimento educacional e também fere o emocional dos educando. Freire destaca:

O ato de estudar, de ensinar, de aprender, de conhecer é difícil, sobretudo exigente, mas prazeroso (...). É preciso, pois que os educando descubram e sintam alegria nele embutida, que dele faz parte e que está sempre disposta a tomar todos quantos a ele se entreguem. (FREIRE, 1993, p.83)

O modelo de avaliar com avaliações prontas está defasado, os professores precisam entender que alunos são avaliados diariamente diante de sua colocação, seus argumentos e interesse pelo assunto existente, o conhecimento além da sala de aula o qual podem buscar e trazer para a sala e compartilhar com o todo é satisfatório e não pode ser negado, nessa troca de conhecimento acontece à aprendizagem podendo assim servir como avaliação.

Diante destas premissas se abordará como próximo item os modelos existentes de avaliar, incorporando um currículo acessível e com a superação no modelo tradicional e como elas podem contribuir na prática pedagógica do professor e no aprendizado do aluno.

2.1.1 MODELOS DE AVALIAÇÃO ESCOLAR

Avaliar não é uma tarefa fácil e quando se trata da avaliação dos alunos situação fica um ouço mais complicada. Para facilitar então o entendimento da mesma se pautará em alguns modelos de avaliação e seu conceito visando não apenas uma classificação, mas o todo do processo educativo.

Atualmente boa parte do professorado encontra-se naquela metodologia tradicional de ensinar, decorar e repassar ao papel ta qual como aprenderam. Mas existem outras formas para detectar a aprendizagem do aluno como a avaliação mediadora; diagnóstica e somativa se explicitarão aqui cada uma para maior entendimento.

A avaliação diagnóstica é uma maneira que o professor encontra para fazer um breve levantamento sobre o que o aluno sabe diagnosticando assim qual seu nível de conhecimento, suas dificuldades. Essa forma de avaliar auxilia o professor para que o mesmo possa planejar suas ações visando o desenvolvimento de seu aluno. Quando de detecta as dificuldades esse verifica o que ele realmente tem conhecimento facilita para que um bom trabalho possa ser feito redirecionando assim prática pedagógica.

Luckesi nos coloca que:

A avaliação diagnóstica será, com certeza, um instrumento fundamental para auxiliar cada educando no seu processo de competência e crescimento para a autonomia, situação que lhe garantirá sempre relações de reciprocidade. (Luckesi, 2002, p. 44)

Por meio da avaliação diagnóstica professores e alunos realizam um trabalho conjunto, ou seja, debatem juntos, esclarecem dúvidas e preocupações juntos, estabelecem vínculos que garantirá crescimento visto que o professor nada os impõe, mas faz com que os alunos entendam que partindo daquilo que se sabe ou até mesmo daquilo que se tem dificuldade os avanços seguem mutuamente alavancando o potencial do aluno e aumentando as chances de ser melhor do que já se é.

Outro modelo de avaliação que auxilia a prática pedagógica do professor é a somatória/ classificatória, atualmente a mais usada, pois segue um modelo tradicional de avaliar onde é atribuídas “notas” que somadas e divididas se obtém uma média final. Segundo Hoffmann (2000, p.22), “a avaliação classificatória se resume à decisão de enunciar dados que comprovem a promoção ou retenção dos alunos”.

Esses dados recaem novamente nas notas o que tão obviamente não faz com que os alunos tenham uma aprendizagem para a sua vida como um todo e sim de uma maneira isolada onde é para um dado momento, o conhecimento não se pode ter para um dado momento existem coisas que levará para a vida e quando se avalia os alunos apenas naquele momento a aprendizagem não se efetiva.

O que vem acontecendo no momento é que a avaliação classificatória ou somatória tem rotulado os alunos em bons e ruins, fortes e fracos, sabem e não sabem deixando de promover um crescimento autônomo, e não é este o objetivo da avaliação dentro do contexto escolar; o ato de avaliar é importante e necessário, assim como cita Libâneo:

A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias (LIBANEO, 1994, p.195).

Outra avaliação que se pode analisar é a mediadora, esta faz interligações entre o eu e o mundo, ou seja, aquilo que a criança sabe e aquilo que ela busca conhecer através de suas vivências. Na perspectiva de Hoffmann entende-se que mediação significa:

 Um estado de alerta permanente do professor que acompanha e estuda a história da criança em seu processo de desenvolvimento. Entendida nesse sentido, a avaliação mediadora é um processo espontâneo, sem ser espontaneísta. Ou seja, é espontâneo, enquanto amplia o olhar sobre a criança em suas manifestações diversas e singulares do dia-a-dia. Mas não é um processo espontaneísta, porque se fundamenta em premissas teóricas consistentes sobre o desenvolvimento infantil e na definição de objetivos significativos para a ação pedagógica, que constituem o embasamento à observação e análise cotidiana pelo professor das descobertas e manifestações das crianças. (HOFFMANN 2002, p. 31)

O professor quando busca tal compreensão da história da criança e se interessa por tudo aquilo que ela traz consigo promove e garante uma aprendizagem espontânea, não seguindo os velhos parâmetros formais. Indagar, questionar, esclarecer são critérios que podem permear um novo modo de avaliar, quando diante das descobertas os alunos colocam suas ideias e seu ponto de vista acaba por ocorrer um meio de avaliar, quer-se mudanças quanto a avaliação então esta chegada a hora de quebrar os velhos paradigmas e conceitos que se tem, alunos não se resumem a notas e médias finais, eles fazem parte de um conjunto que merece ser avaliado diariamente a cada nova exposição de ideias que ele coloca frente as discussões.

Um fator que também deve levado em conta é que a diversidade existe seja ela de raça, cor, cultura logo se tem diversidade de aprendizagem, hoje estudos revelam com clareza que existem alunos que se saem melhor escrevendo outros falando e a questão que não quer calar é porque avaliar todos os alunos de uma única maneira se os alunos não são iguais? Por este e outros motivos que avaliar é um assunto a ser questionado e debatido, estando diante de outros modos de avaliar porque ainda há professores que insistem em realizar provas e mais provas, estabelecer a nota e por consequência uma nota final se podem utilizar outros instrumentos de avaliação.

A avaliação mediadora juntamente com a diagnóstica nos serve de aporte para novos rumos no quesito avaliar, porque permanecer na somatória apenas é rotular a todos em uma única capacidade o que de fato é injusto e desumano. Avaliar de modo medidor é fazer “perguntas, fazendo-lhe novas e desafiadoras questões, na busca de alternativas para uma ação educativa voltada para a autonomia moral e intelectual”, Hoffmann (2000, p. 34).

São raros os professores que avaliam seus alunos por meio de pesquisas, uma tarefa de casa, um questionário, uma leitura, geralmente são duas a três avaliações escritas e nada mais. Porém quando se avalia os alunos por meio de outras atividades, isso nos garante melhores resultados, afinal é um processo de construção e este não precisa ocorrer necessariamente na escola, Hoffmann nos respalda dizendo o seguinte:

Instrumentos de avaliação são, portanto, registros de diferentes naturezas. Ora é o aluno que é levado a fazer os próprios registros, expressando o seu conhecimento em tarefas, testes, desenhos, trabalhos e outros instrumentos elaborados pelo professor. Ora é o professor quem registra o que observou do aluno, fazendo anotações e outros apontamentos. Quanto mais frequentes e significativos forem tais registros, nos dois sentidos, melhores serão as condições do professor de adequar as ações educativas às possibilidades de cada grupo e de cada aluno. (Hoffmann 2006, p.119)

Portanto, através dos registros obtidos pode-se chegar a um resultado final não seguindo apenas uma linha de avaliação, o professor por meio das anotações que foi fazendo ao longo de suas aulas pode respaldar-se com mais firmeza e clareza como e de que forma chegou a um determinado resultado e que muitas vezes pode ser mais recompensador do que se tivesse apenas adotado as famosas avaliações escritas ou de alternativas. Se existem outros meios para se avaliar se deve então usufruí-los e registrá-los visto que promove o conhecimento e a autonomia dos alunos.

Muitos professores revelam a sua impossibilidade de desenvolver processos avaliativos mediadores, porque estão cercados por normas classificatórias exigidas pelas escolas. Mas também se percebe a sua dificuldade em alterar sua prática por falta de subsídios teóricos e metodológicos que lhe deem segurança para agir de outra forma. (HOFFMANN, 1998, p.70)

Bem se sabe que existe uma lei maior que rege s professores que está acima dos mesmos, muitos se vê bitolados neste único caminho. Porém, nas escolas existe o Projeto Político Pedagógico que rege a parte interna e que serve de princípio norteador para professores e funcionários inclusive os alunos, nele pode ficar subentendido que os professores podem adotar outras formas de avaliar com a finalidade de complementar a forma adota pelo sistema geral mas como em grande parte não se encontra este subsidio os professores preferem então continuar seguindo o velho e atual sistema, infelizmente é uma realidade a qual se percebe uma necessidade de mudança mas ao mesmo tempo não se muda e permanece do mesmo modo antiquado.

2.1.1.1 AVALIAÇÃO: SEUS REFLEXOS FÍSICOS E PSICOLÓGICOS.

Todo aluno é um conjunto de ações biológicas, físicas, psicológicas e cognitivas funcionando assim como um relógio, quando uma das partes para de funcionar o todo acaba sendo atingido. Na aprendizagem não ocorre diferente, são situações de circunstâncias, mas intimamente relacionadas.

Quando o aluno é inserido na escola ele já traz junto consigo uma bagagem de vida um tanto quando relativa, e hoje frente a tantas mudanças ocorridas a maneira de avaliar apenas por provas vem deixando nos alunos medos, traumas que acabam refletindo na saúde física e mental dos alunos, que muitas vezes fazem uma imagem do professor visto como perseguidor, carrasco entre outros linguajares que deixam marcas profundas.

Pela avaliação, nós professores, muitas vezes, “matamos” nossos alunos, matamos a alma bonita e jovem que eles possuem; reduzimos sua criatividade, seu prazer, sua capacidade de decisão. E a seguir, reclamamos que nossos alunos não são criativos. Como poderão ser criativos, se estivemos, permanentemente, a estiolá-los aos poucos com nosso autoritarismo arbitrário? (LUCKESI, 2003, P.76).

Quando se reduz a capacidade criativa do aluno se mata aos poucos aquilo que ele tem de melhor, nossa memória tem uma capacidade extraordinária de gravar tudo o que se é aprendido, mas na escola isso nem sempre é levado em conta fazendo com que os alunos percam a cada dia o interesse, ficando desmotivados e deixando de ver o lado bom da aprendizagem perdurando apenas o lado negativo que criou, ou melhor, que foi levado a criar devido a tantas pressões e cobranças que se for analisar são infundadas.

Piaget nos diz (1988, p. 41) que:

O sentimento que a criança tiver experimentado no passado, na família e com os professores, orientará os sentimentos futuros. É nesse sentimento primitivo que irá moldar as emoções e comportamentos mais profundos. Portanto, a afetividade na fase escolar e na adolescência do educando se apoia na direta relação afetiva dos pais e professores.

Quando a criança chega ao ambiente escolar acaba-se por perceber os sentimentos que mais predominam nela, tais sentimentos muitas vezes é algo vivenciam em casa e que podem se agravar na escola, ao ser submetido a realizar avaliações geralmente a criança já sofreu uma pressão em casa,como, castigos, ameaças, entre outros.

Tais dizeres se complementam com o de alguns professores que dizem se você não for bem na prova pode reprovar, esse tipo de conduta gera no aluno uma certa angústia que caminha durante toda vida escolar, afinal a partir do momento que ela é exposta a esse tipo humilhação e cobrança ela acaba por si só dizendo internamente para si as mesmas coisas. Assim como no decorrer do ano a mesma pode superar ela também pode nunca mais se libertar e trazer prejuízos emocionais e cognitivos futuros.

Quantas crianças estão sendo submetidas diariamente a esse tipo de cobrança e muitas delas não sabem reagir a frente de determinada situação porque não desenvolveram nelas o espírito de autonomia sempre dependo então de águem para guiá-las  que de fato já nos mostra que os problemas podem ser ainda maiores.

Os problemas emocionais costumam manifestar-se em forma de ansiedade ou angústia, acompanhadas de manifestações de tristeza, choro, retraimento social, dificuldades de estabelecer relações satisfatórias, desinteresse acadêmico, dificuldades de concentração, mudanças no rendimento escolar e relação inadequada com o professor e com os colegas. A gravidade desses problemas emocionais é muito variável, pois tanto podem ser psicoses infantis ou manifestações de situações conjunturais de estresse mais relacionadas com a vida cotidiana familiar, escolar ou social (COLL; MARCHESI; PALACIOS, 2007, p. 115).

Parte dos problemas emocionais é gerado ainda na infância e ao longo da vida vão se tornando cumulativo desenvolvendo transtornos, desvio de comportamento e até psicoses. Existe uma teia conjuntural por traz da vida de cada um que vai afetando na medida em que as coisas vão sendo mais cobradas.

A relação familiar atualmente anda bem comprometida visto que as estruturas familiares são outras o que as difere de antigamente, os alunos podem estar num ambiente familiar altamente estruturado, porém na escola se depara com outra realidade e pode começar os problemas ou vice versa.

Portanto, os ambientes escolares e familiares podem acarretar em grandes problemas quando os mesmos não são resolvidos conforme se deveria atropelar os problemas e fingir que não os vê e como adquirir uma doença e não querer curá-la a tendência é só pior e agravar ainda mais a situação.

Para muitos professores, a dimensão afetivo-emocional está intimamente relacionada com o sucesso ou fracasso escolar; frequentemente, é utilizada para justificar o não aprender. De modo geral, o enfoque dessa dimensão restringe-se quase exclusivamente a um ponto de vista que enfoca a falta, a carência, as impossibilidades e que durante a avaliação tudo fica legitimamente visível e notável.

Uma forma de castigar um pouco mais sutil [...], que existiu no passado e ainda existe, é a prática pela qual o professor cria um clima de medo, tensão e ansiedade entre os alunos: faz uma pergunta a um deles, passando-a para um segundo, terceiro, quarto, e assim por diante, gerando tensão nos alunos que podem vir a ser os subsequentes na chamada. Deste modo, a classe toda fica tensa, já que cada um espera ser o próximo. (LUCKESI, 1997, p. 49)

Para se resolver parte dos problemas cognitivos, emocionais e físicos que surgem nos espaços escolares e que por sinal estão cada vez mais comuns é necessário que a afetividade entre em cena e transcenda da crise atual de aprendizagem para um novo plano, o plano da emoção.

Alunos que precisam de afeto. E só há educação onde há afeto, onde experiências são trocadas, enriquecidas, vividas. O professor que apenas transmite informação não consegue perceber a dimensão do afeto na aprendizagem do aluno. (...) Que o professor amenize esse sofrimento e auxilie o desenvolvimento harmônico do aluno (CHALITA, 2001, p. 248).

A criança também traz para o ambiente escolar toda a carga afetiva de seu desenvolvimento com seus familiares, os problemas emocionais surgirão nos contatos que se estabelecerá e, as crianças que tenham desenvolvido a inteligência emocional saberão lidar com as frustrações que este ambiente e suas relações lhes  proporcionarão. Cabe ao professor e aos profissionais envolvidos nesta relação propiciar um ambiente acolhedor e de compreensão para que as crianças possam desenvolver suas potencialidades amplamente.

Os seres humanos diferem uns dos outros em vários aspectos como a inteligência, as habilidades, os esquemas de conhecimento que empregam, as estratégias de aprendizagem, os interesses, as expectativas, as motivações e todos esses aspectos incidem sobre os processos de ensino-aprendizagem de forma distinta e particular para cada aluno.

Em suma, o bem desenvolvimento no aluno no espaço escolar depende muito de seu estado emocional. Alunos que dormem tarde e acordam cedo não realizam as horas diária de sono necessária com isso durante a aula pode ocorrer picos de sonolência o que interfere mediante aprendizado, alunos que convivem em um ambiente familiar conflituoso chega a escola com necessidade de carinho e atenção e não consegue se concentrar porque aquilo que precisava receber em casa ele precisa buscar em outro lugar, alunos que são criados sobre pressão em casa e na escola sua tendência é ir ao declínio.

Diante destas situações e tantas outras que podem aparecer, pois ninguém está livre, os alunos agregam tudo isso e quando chega o dia da temida avaliação os mesmos entram em conflitos internos com os externos não realizando com sucesso e sendo colocado num ponto onde é ruim ou fraco e que nada sabe.

Por esse motivo os professores devem colocar na balança não somente o ensino em questão, mas as vivencias de aluno, e novamente recaí-se na questão sobre como proceder mediante a avaliação, pois ao se usar somente a maneira classificatória se estaria igualando a todos então cabe um momento de reflexão e usar a maneira diagnóstica e mediadora para intervir na aprendizagem destes alunos e não causar tantos danos emocionais e afetivos, pois estes podem deixar marcas para o resto de uma vida.

Vasconcellos (1995, p.37) nos coloca que:

A prática da avaliação escolar chega a um grau assustador de pressão sobre os alunos, levando a distúrbios físicos e emocionais: mal-estar, dor de cabeça, “branco”, medo, angustia, insônia, ansiedade, decepção, introjeção de autoimagem negativa. Uma escola que precisa recorrer à pressão da nota logo nas series iniciais, é certamente, uma triste escola e não está educando, é uma escola fracassada.

Desta maneira, a avaliação independente da forma como for elaborada pode trazer danos sérios aos alunos, a mesma deve ser abordada de uma forma onde não cause medos, angústias, ansiedade entre outros fatores psicoafetivos. Escolas que usam avaliação para impor aos alunos o “terror” ela não estará promovendo autonomia e muito menos se tornará uma escola libertadora e sim promoverá um verdadeiro fracasso aumentando os índices de reprovação e alavancando medos ainda maiores.

Para que os alunos não se sintam excluídos e para que vejam a avaliação com outros, olho, uma alternativa indicada é a autoavaliação, onde Sant’Anna explica:

A auto avalição é capaz de conduzir o aluno a uma modalidade de apreciação que se põe em prática durante a vida inteira. Graças a ela os alunos adquirem uma capacidade cada vez maior de analisar as suas próprias aptidões, atitudes, comportamentos, pontos fortes, necessidades e êxitos na concepção de propósitos. Eles desenvolvem sentimentos de responsabilidade pessoal ao apreciar a eficácia dos esforços individuais e de grupo. Aprendem a enfrentar corajosamente as competências necessárias em várias tarefas e a aquilitar suas próprias potencialidades e contribuições. Uma vez que se espera do aluno a responsabilidade por sua própria aprendizagem, é importante que se considere que isto somente ocorrerá se ele tiver uma visão clara do eu está tentando obter e de como está agindo a respeito. Quando o desejo de melhorar ocorre, como decorrência de suas percepções e analises, ocorrerão melhores condições para se aperfeiçoar. (SANT’ANNA, 1998 p. 94).

Ou seja, o aluno também tem a oportunidade de avaliar-se e assim saber como está se portando diante do ensino e diante de seu desempenho no processo de aprendizagem. Para os professores, essa metodologia de avaliação é uma ótima alternativa para um processo de inclusão dos alunos também na parte burocrática da escola, possibilitando-os a calcular duas notas, pensarem nos problemas encontrados, e buscar melhorias e soluções para os mesmos.

Porém, não se trata de jogar o trabalho apenas para o aluno. Faz-se necessária o planejamento do professor na hora de aplicar a técnica, antes preparando os alunos e explicando como a mesma funciona, para que não haja dúvidas na hora da aplicação.

O planejamento do professor é muito importante. Torná-lo flexível não significa que não se definam objetivos ou roteiros. É preciso fazer um balanço permanente entre os objetivos delineados e os rumos tomados pelo grupo de estudantes, mesclando aulas expositivas, discussões, tarefas coletivas, tarefas individuais. Da mesma forma, a seleção de conteúdos proposta pela escola precisa ser lida criticamente, analisando-se tais propostas em sua essencialidade (HOFFMANN, 2006, p. 43).

Depois que o professor conceitua e explica o método para os alunos, a primeira aplicação deve ser feita com cuidado e sempre com o auxílio do professor. O compromisso e a parceria entre aluno e professor é primordial para que o aluno tome confiança e analise seus erros e acertos, como aborda Martinez:

[...] sem dúvida, a auto-avaliação é um momento essencial do processo geral de avaliação, como elemento corretor para chegar aos objetivos pessoais assumidos, e só é possível dentro de uma comunicação individualizada professor-aluno, tendo metas qualitativas concretas a alcançar na atividade e não um resultado centrado na pessoa, que atende contra a auto-estima.  (MARTINEZ, 2003, p.178)

A relação baseada na confiança entre professor e aluno cria e instiga o aluno a ir mais além. A observar e estabelecer objetivos, dá ao aluno esperança e cresce nele, o conceito de que a avaliação não é um ato maldoso do sistema de educação, e sim, o controle do trabalho feito por ele, pelo professor e pela instituição.

2.1.1.1.1 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM.

A avaliação é um pré-requisito para obtenção de notas durante o período escolar e acadêmica sendo uma via de regra, e como toda regra é fundamental assim é a avaliação. Mesmo sendo ela vista como um processo doloroso, tanto para o aluno (o qual tem que obter a nota mínima ou mais) quanto para o professor (problemas relacionados à correção e questionamentos de sua atuação em sala de aula), a avaliação tem de ser vista como um processo contínuo, com total participação dos alunos. Segundo os PCN’s:

Necessária à disponibilidade para o envolvimento do aluno na aprendizagem, o empenho em estabelecer relações entre o que já sabe e o que está aprendendo. Essa aprendizagem exige uma ousadia para se colocar problemas, buscar soluções, e experimentar novos caminhos, de maneira diferente da aprendizagem mecânica, no qual o aluno limita seu esforço apenas em memorizar ou estabelecer relações diretas e superficiais. (PCN, 1997, p.99).

Mesmo a avaliação como algo monstruoso e assustador tanto para professores como para alunos ela é necessária, por meia da mesma se consegue obter dados que mesmo não tendo tanta relevância eles nos mostram até onde o aluno aprendeu e o que ficou na dúvida e não foi assimilado com sucesso. Por meio destes diagnósticos e observações os professores podem e devem fazer retomadas de conteúdos se necessário for para o bem do aluno e de seu aprendizado.

Quando a grande maioria da turma vai bem em determinado conteúdo,  significa que o professor conseguiu ensiná-los com sucesso; agora, quando ocorre o inverso, onde a maioria da turma não compreende, é preciso parar e repensar pois o erro não se encontra detido nos alunos e sim em quem tentou passar o conteúdo, de reente se faça necessário retomar todo o conteúdo com uma nova estratégia de ensino com a mesma finalidade, fazê-los aprender.

Quantos professores se veem nas escolas adotando outras técnicas e instrumentos de ensino porque não obtiveram êxito na forma a qual ensinaram, isso não é vergonhoso, pelo contrário, mostra que o professor possui uma capacidade de abstrair novos meios e métodos para sanar as dificuldades dos seus alunos pois detém em suas mãos o poder glorioso de mudar e adaptar-se a outras situações que ajudam seus alunos e a si mesmo, afinal, aprender e reaprender nunca é demais, quebrando a ideia de que avaliar é ruim; porém, não deixa de ser objetivo, preciso e necessário, porém de uma forma menos explícita, como Quinquer aborda:

Sabe-se que, durante muito tempo, a avaliação constituiu quase exclusivamente em medir resultados finais de aprendizagem. Assim, a função social da avaliação, quer dizer, a certificação das aprendizagens realizadas e a seleção dos estudantes, foi muito relevante que a função pedagógica de analise dos processos e de detenção dos obstáculos ou problemas de aprendizagem. Além disso, muitas práticas de avaliação de antes e de agora estão impregnadas por esse modelo. A idéia de que se pode medir qualquer tipo de aprendizagem e de que avaliar é algo ‘técnico’, ‘preciso’, ‘objetivo’ e inclusive ‘científico’ aparece como pano de fundo de determinadas concepções de alguns professores sobre a avaliação. (QUINQUER, 2003, p. 17).

A autora também fala que:

As teorias condutistas sobre a aprendizagem dão consistência ao modelo: os objetivos descrevem reações ou condutas observáveis no sujeito que se mostram externamente e podem ser medidas com a avaliação, enquanto diversas taxonomias tentam classificar e ordenar as capacidades – formuladas por meio dos objetivos – que a escola desenvolverá nos alunos. Possivelmente, a mais conhecida dessas taxonomias seja a de Bloom e sua equipe (1996), mesmo que haja muitas outras, todas procuram unificar o contexto de referencias do trabalho docente e facilitar o intercambio de idéias e materiais entre avaliadores. Apesar de que para Tyler (1942) a avaliação contempla as funções de ajustar e realimentar o processo, na prática tende-se a convertê-la em um fato terminal, que se realiza quando concluída a etapa ensino-aprendizagem. Assim, restringem-se muito as possibilidades de ação e se situam os resultados de aprendizagem como um alvo a ser atingido, dando-lhes importância inusitada. (QUINQUER, 2003, p. 16).

Segundo a autora, a confiança é a chave para deixar a avaliação menos complicada na hora da execução, elevando o cognitivo do aluno, criando relação mútua e compatibilidade de ideias.

 A tarefa de avaliar é uma missão complexa, que exige que o docente seja um exímio observador, capaz de ver o aluno, além das aparências, capaz de ver o aluno em sua totalidade, percebendo os avanços do educando, pois, sempre há avanço, ainda que pequeno, embora muitas vezes o educador não perceba. “A tarefa do professor ao avaliar exige competência, discernimento, equilíbrio, além, é claro, de conhecimentos técnicos.” (ANTUNES, 2002, p. 10).

Partindo deste pressuposto a avaliação é fundamental, mas mais fundamental ainda é conhecimento sobre a mesma. Quando se avalia precisa-se lembrar de que não está avaliando somente os alunos, mas a si próprio, para que a atitude de avaliar se torne menos massacrante e injusta, onde não se iguale os alunos num único modo precisa-se se preocupar com uma pedagogia de transformação onde liberte os alunos para um novo modo de ver e perceber as coisas ao seu redor.

Estando a atual prática da avaliação educacional escolar a serviço de um entendimento teórico conservador da sociedade e da educação, para propor o rompimento dos seus limites, que é o que procuramos fazer, temos de necessariamente situá-la num outro contexto pedagógico, ou seja, temos de opostamente, colocar a avaliação escolar a serviço de uma pedagogia que se entenda e esteja preocupado com a educação como mecanismo de transformação social. (LUCKESI, 2003, p.28)

A partir do momento que a educação for vista de uma maneira mais libertadora os alunos avançarão seus limites e suas progressões serão imensamente satisfatórias. Desta forma tanto aluno quanto professores deve estar sujeitos a mudanças e abertos para sugestões, como abrange Méndez:

(...) a avaliação torna-se importante no momento da informação prática aos professores sobre a qualidade das aprendizagens que os alunos estão realizando. Ao mesmo tempo, oferece uma boa oportunidade para melhorar tanto o processo de aprendizagem (...) quanto às ações futuras de ensino mediante a reflexão, a autocrítica e a autocorreção a partir da prática escolar. (MÉNDES: 2002, p. 74).

 No que se refere ao sistema que nos rege permanecerá tal qual como é, pois sempre enfatizou-se por parte de inúmeros professores que quem cria as leis não se encontra inserido dentro do espaço escolar convivendo ao menos quatro horas com os alunos para saber como de fato as coisas acontecem.

Para que haja mudança significativa de um modo amplo seria no mínimo que os “entendidos” de lei ocupassem o lugar dos professores e ouvissem suas queixas bem como dos alunos, ai sim quem sabe uma nova forma de ver e perceber a avaliação possa surgir, até que isso ocorra cabe a cada escola inserir em seu Projeto Político Pedagógico outras formas de avaliar complementando assim a maneira tradicional que tanto se vê nas escolas.

Para o trabalho docente, os professores podem e devem eliminar barreiras para que criem nos alunos confiança e ao mesmo tempo, os deixem preparados para os desafios, como sugere Haydt:

· estimulando o relacionamento entre os alunos, através de jogos e atividades dinâmicas que possam incrementar a integração da classe;

· distribuindo funções e dividindo tarefas, como apagar a lousa, distribuir os cadernos, pendurar cartazes etc., o que permite que todos os alunos participem da dinâmica da sala de aula e se sintam responsáveis por ela;

· reforçando o comportamento positivo sem exacerbar nas críticas negativas, pois o reforço positivo aumenta a motivação e o sentimento de autoconfiança e de auto estima. (HAYDT, 2000, p. 25).

Problemas afetivos e emocionais também estão dispostos quando a nota da prova é baixa e assim demonstra que esse trabalho com enfoque mais lúdico e carinhoso por parte do professor, auxilia na resolução do que implica o aluno a aprender. Para detectar os problemas, o professor pode fazer uma avaliação diagnóstica, que tem como objetivo situá-lo qual é o seu aluno.

A função ontológica (constitutiva) da avaliação é a de diagnóstico. Articulada com esta função básica estão: a) a função de propiciar a autocompreensão, tanto do educando quanto do educador; b) a função de motivar o crescimento, na medida em que diagnostica e cria o desejo de obter resultados mais satisfatórios; c) função de aprofundamento da aprendizagem: os exercícios que são executados na prática da avaliação podem e devem ser tomados como exercícios de aprendizagem; d) a função de auxiliar a aprendizagem. (LUCKESI, 2006, p. 175-177).

A afetividade constitui-se como facilitadora do processo de ensino e aprendizagem em que o aluno passa a ser o alvo de empatia do professor, que ao se apoderar desse recurso, passa a ter melhor desempenho com motivação. O professor deve ter cuidado ao conhecer o aluno de forma particular, de forma que desenvolva atividades de acordo com o nível cognitivo e que estimulem o desenvolvimento utilizando recursos que o ajudem no processo de aprendizagem; Souza aborda:

Para que haja um desenvolvimento harmonioso é importante satisfazer a necessidade fundamental da criança que é o amor. (...) O professor, na sua responsabilidade e no seu conhecimento da importância de sua atuação, pode produzir modificações no comportamento infantil, transformando as condições negativas através das experiências positivas que pode proporcionar. Estabelecerá, assim, de forma correta, o seu relacionamento com a criança, levando-a a vencer suas dificuldades. (SOUZA, 1970, p. 10-11)

De fato, o afeto é um importante aliado no processo de aprendizagem, pois quando o aluno e o professor trocam esse tipo de sentimento, o ambiente se torna mais leve e agradável, com mais atenção de ambas as partes e todos se tornam mais participativos, inclusive nas avaliações propostas.

A função da avaliação não é apenas rotular o aluno. Ela parte com o objetivo de analisar o trabalho de todos os envolvidos num processo de aprendizagem. As formas de como avaliar são flexíveis e de acordo com as possibilidades de cada aluno ou cada turma, e com os resultados, como fala Franco (2002, p.14), melhorar e transformar o trabalho discente para que assim, se consiga a tão sonhada educação de qualidade, baseada em leis e regimentos.

3. A AVALIAÇÃO NAS LEIS EDUCACIONAIS BRASILEIRAS

Para fundamentar e orientar as formas de avaliação, surgiram leis que abordam o tema desde 1930, com o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública e com mais força no ano seguinte, com a primeira reforma do ensino, que desde então, a finalidade de avaliar mudava de acordo com a sociedade, e principalmente, com a economia e a formação do cidadão exigido para desempenhar funções na sociedade.

Para cada atitude, cada passo e cada ação tomada no território brasileiro assim como qualquer outro, há leis e regras que devem ser seguidas para o bem comum de todos. No âmbito educacional, destaca-se a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira), que desde a sua criação, em 1961, com o governo João Goulart, sofreu alterações até a atual, nomeada LDB 9.394/96 com o governo de Fernando Henrique Cardoso.

Dentro da LDB, seguem normas e regras para o ensino público, o qual é de direito de todo cidadão, independente de condição social ou racial. Junto com a LDB, se inclui também como uma avaliação deve ser procedida, com o corpo docente e pedagógico situado nas condições gerais das turmas de cada instituição.

3.1 A AVALIAÇÃO SEGUNDO A LDB

A partir de normas e regras construídas na LDB – Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional busca-se um modelo para as instituições públicas brasileiras, ou seja, uma avaliação contínua e cumulativa, com a obrigatoriedade da recuperação, caso necessário, e também, segundo o Art. 13, a responsabilidade dos professores diante do trabalho de avaliar, como cita o mesmo artigo: “III - zelar pela aprendizagem dos alunos;” (LDB, 1996), dando a incumbência ao docente a preocupação e o trabalho de cumprir com sua missão em sala de aula.

Assim, o professor é de total importância na hora de elaborar uma avaliação para a turma o qual ensina. No Art 13 vai além do “zelar pela aprendizagem do aluno”. Por meio de uma avaliação, o docente necessita ver qual a melhor forma de avaliar o aluno e como isto deve ser feito, sem que atinja seu psicológico e que de fato, mostre o que o aluno aprendeu diante das aulas e conteúdos ministrados.

No item V deste mesmo artigo, é destacado que “estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;” (LDB, 1996). Ou seja, para alunos onde o rendimento é baixo ou insuficiente, o docente deve elaborar outra estratégia para descobrir a capacidade do aluno, sempre mediante a um diagnóstico prévio, tanto na avaliação quanto na recuperação. Segundo Weisz (2002, p. 94), a chave para a construção do conhecimento é o diálogo. Sem ele, o professor e o aluno representam apenas máquinas, onde cada um desempenha seu papel, sem comunicação mútua, sem a discussão de ideias e a troca de experiências. Essa troca de experiências e a conversação entre ambos também desempenha um papel importante na hora da avaliação. Quanto mais o aluno conhece o professor, mais ele cria confiança no mesmo e percebe que a avaliação não é um bicho de sete cabeças. Já quando o professor conhece o aluno, o mesmo verá habilidades e características que talvez o aluno não demonstre em sala de aluna e na hora da prova.

Este sistema que Weisz aborda, o diálogo entre os envolvidos na sala de aula torna-se necessário, já que o sistema de avaliação brasileiro requer que sejam atribuídas aos alunos notas precisas e objetivas. Quanto maior for a amizade entre aluno e professor, mais fácil será na hora de atribuir a nota ou média para o discente.

Em suma, o processo de avaliação, segundo a LBD, é detectar os problemas, diagnosticar para então criar medidas para a superação desses problemas. Não visa rotular, apesar de que na realidade, haja problemas com rótulos e classificação. No ensino médio, a visão da LDB é mais objetiva, e as metodologias focam no mercado de trabalho, como mostra o Art. 36, primeiro parágrafo da LBD 9.394;96:

§ 1o. - Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão

organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando

demonstre:

I. domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a

produção moderna;

II. conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;

III. domínio dos conhecimentos de filosofia e de sociologia

necessários ao exercício da cidadania.

A LDB contempla também no Art. 24 os seguintes atos:

Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:

V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a) a avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;

b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;

d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos;

VI - o controle de freqüência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a freqüência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação;

VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis.

Dessa forma, o aluno se propõe diante da avaliação, a mostrar seu conhecimento global e diante do mundo globalizado ao qual vive. O objetivo é de criar no aluno mais do que conhecimento, e sim, uma ponte que liga esse conhecimento com a sociedade e com futuras melhorias que possam ser construídas para o mundo.

3.2 Os PCN’s e sua Concepção de Avaliação

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) são responsáveis por garantir um currículo que supra a necessidade da instituição, com a ajuda de Projetos Políticos Pedagógicos, que buscam adaptar conteúdos com a realidade social dos alunos da instituição; Santiago (2000), diz que o currículo sofre diferentes conceitos pela exclusão de sujeitos durante a elaboração, resultando em mudanças do mesmo. Sendo assim, as formas de avaliação focam numa visão tradicional.

Os PCN’s surgem então com o objetivo principal de transformar a triste realidade de avaliar o aluno de uma única maneira, sem levar em conta a sociedade que o mesmo vive e suas condições de aprendizagem. Defende que uma avaliação só é feita com sucesso quando é contínua e processual, não é apenas uma questão de medir o conhecimento, mas é uma parte integral do processo de aprendizagem, ou seja, não se avalia apenas um único trabalho avaliativo com uma nota ou um conceito, mas sim, um processo que abrange toda a saga da obtenção do conhecimento.

Notas e conceitos são superficiais e genéricos em relação à qualidade das tarefas e manifestações dos alunos. Embora considerados mais precisos e menos arbitrários pela maioria dos educadores e leigos, que pressionam no sentido da conservação dessa forma de expressão do desempenho escolar, eles representam um forte entrave ao entendimento dos percursos individuais de aprendizagem, porque generalizam e padronizam aspectos muito diferentes de tais percursos, reforçando, justamente o poder arbitrário das decisões de avaliação e incorrendo em prejuízos sérios quanto à intervenção do professor. (HOFFMANN, 2006, p.17)

Diante da colocação de Jussara Hoffmann, os PCN’s vão à mesma direção, onde o conceito “avaliar” é mais do que um rótulo. Assim, o conjunto de ações, trabalhos, discussões e tarefas ensinadas em sala de aula mostram as competências do aluno e/ou da turma, sempre com base em sua situação real de aprendizagens.

Para os professores e equipe pedagógica, os PCN’s apresentam critérios e dicas a serem seguidas, tais como: avaliar de forma objetiva e clara, de uma forma sistemática, ou seja, observando o processo dos alunos com o auxílio de matérias para anotações, criar formas alternativas de avaliação, por exemplo, se um aluno sabe o conteúdo, porém não domina a escrita, busca-se avaliar o mesmo de uma forma oral, sem que atinja e não restrinja suas capacidades, entre outros critérios.

Seguindo o que os PCN’s defendem, as possibilidades de sucesso nas avaliações crescem de forma significativa, o cognitivo do aluno assim como seu psicológico, que tende a ficar abalado com o conceito de avaliação que parte dos  próprios educandos, os quais pensam que a avaliação é uma prova para mostrar o que aprenderam, aterrorizando-os e criando problemas para lidar com o assunto, diferente do que aborda  Libâneo:

Uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias. A avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos. Os dados coletados no decurso do processo de ensino, quantitativos ou qualitativos, são interpretados em relação a um padrão de desempenho e expressos em juízos de valor (muito bom, bom, satisfatório, etc.) acerca do aproveitamento escolar.

A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a realização de provas e atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser submetidos a uma apreciação qualitativa. A avaliação, assim, cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnostico e de controle em relação as quais se recorrem a instrumentos de verificação do rendimento escolar. (LIBÂNEO, 1994, p. 195).

Também cita Demo:

Refletir é também avaliar, e avaliar é também planejar, estabelecer objetivos etc. Daí os critérios de avaliação, que condicionam seus resultados estejam sempre subordinados a finalidades e objetivos previamente estabelecidos para qualquer prática, seja ela educativa, social, política ou outra. (DEMO, 1999, p.01).

Já para Luckesi:

A avaliação da aprendizagem nesse contexto é um ato amoroso, na medida em que inclui o educando no seu curso de aprendizagem, cada vez com qualidade mais satisfatória, assim como na medida em que o inclui entre os bem sucedidos, devido ao fato de que esse sucesso foi construído ao longo do processo de ensino aprendizagem (o sucesso não vem de graça). A construção, para efetivamente ser construção, necessita incluir, seja do ponto de vista individual, integrando a aprendizagem e o desenvolvimento do educando, seja do ponto de vista coletivo, integrando o educando num grupo de iguais, o todo da sociedade (LUCKESI. 2006, p.175).

Para os autores, assim como para o que está posto nos PCN’s, a avaliação sem suma, não deve ser classificatória. Para Both (2007), é uma forma de mostrar e acompanhar a aprendizagem dos alunos e o trabalho docente, buscando melhorar o desempenho de ambos e transformar a situação e vivência social do aluno, com base na aprendizagem significativa.

Apresentando para pais e alunos a proposta de avaliação segundo os PCN’s e levantando questões e buscando esclarecê-las para todos os envolvidos no processo educacional, seria notável o crescimento e a superação de barreiras adotadas há tempos com relação ao significado de “avaliação”. Também deve ser destacado que cada aluno é diferente dos demais.

Ou seja, para a coordenação pedagógica e para o professor, cabe o trabalho de incluir os alunos com diversos problemas e dificuldades, abrindo um leque de oportunidades para avaliar os mesmos de formas diferentes e justas. O maior trabalho quando se fala em avaliação é o do professor, que é o responsável pelos seus alunos e é aquele que tem que apresentar e mudar as dificuldades e barreiras que cada um encontra no processo de aprendizagem.

A equipe pedagógica deve tomar atitudes de fiscalizar e coordenar o trabalho dos docentes (não apenas nas avaliações) junto aos alunos e atuar de forma ativa na organização da escola, como fala Lomanico:

O coordenador pedagógico é o elemento do quadro do magistério em que pertence a um sistema de supervisão de ensino estadual, de estrutura hierárquica definida legalmente, desempenha funções de assessoramento ao diretor da escola a quem está subordinada. Sua situa- ção funcional é definida legalmente, para exercer suas atribuições dispõe de autoridade por delegação e pela competência. (LOMANICO, 2005, p. 105)

E também destaca Christov:

A atividade profissional dos educandos é algo que se refaz mediante processos educacionais formais e informais variados, amalgamado sem dicotomia entre vida e trabalho, entre trabalho e lazer. Com as contradições certamente, mas, afinal, mantendo as inter-relações múltiplas no mesmo homem, por isso, o termo educação continuada tem a significação fundamental do conceito de que a educação consiste em auxiliar profissionais a participar ativamente do mundo que os cerca, incorporando tal vivência no conjunto dos saberes de sua profissão. (CHRISTOV, 2003, p.10)

Assim, é imprescindível o trabalho da equipe pedagógica no âmbito das avaliações. Porém, a realidade educacional brasileira é totalmente diferente, já que hoje, o pedagogo é visto como o “apagador de incêndios”, como fala Lima e Santos:

[...] “bom-bril” (mil e uma utilidades), a de “bombeiro” (o responsável por apagar o fogo dos conflitos docentes e discentes), a de “salvador da escola” (o profissional que tem de responder pelo desempenho de professores na prática cotidiana e do aproveitamento dos alunos). Além destas metáforas, outras aparecem definindo-o como profissional que assume uma função de gerenciamento na escola, que atende pais, alunos, professores e também se responsabiliza pela maioria das “emergências” que lá ocorrem, isto é, como um personagem “resolve tudo” e que deve responder unidirecionalmente pela vida acadêmica da escola. (LIMA E SANTOS, 2007, p. 79)

Para finalizar, Behrens (2005, p. 51) diz que “o elemento principal não é o professor, nem o aluno, mas a organização racional dos meios. O planejamento e o controle asseguram a produtividade do processo”. Assim, o bom relacionamento entre professor, aluno, equipe pedagógica e os meios de avaliar são a chave para o sucesso escolar e a asseguração de uma educação de qualidade.

O trabalho feito com a comunidade escolar deve visar, principalmente, a aprendizagem significativa do aluno, conforme trata a LDB e os PCN’s. Porém, o trabalho afetivo e emocional também deve ser adquirido e ressaltado, pois, o aluno precisa muitas vezes, da confiança para que no momento da avaliação, não esteja nervoso ou amedrontado com a situação.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao abordar as concepções em torno da avaliação escolar nota-se que ainda há muito a ser debatido e discutido, que se faz necessário avaliar, pois contém nos parâmetros curriculares nacionais, algo vindo do sistema e que deve ser seguido, mas o que se precisa entender é que além da lei que nos rege há outros meios para se avaliar que professores e escola precisam entrar em discussões para resolver da melhor maneira possível àquilo que aflige os alunos e todos os envolvidos na educação escolar.

Outra premissa importante são as maneiras de avaliar onde cada uma possui sua contribuição na vida escolar, numa sociedade onde existem tantas diferenças é chegada a hora de entender que avaliar precisa ser inserida a cada nova condição de aprendizagem que existe, não se pode e nem deve nivelar nossos alunos e tê-los como iguais, afinal nem os dedos das mãos são iguais quem dirá os mesmos e os lugares inclusivamente.

Todos estão sujeitos a mudanças e novas adaptações, e os conflitos e contradições que surgem ao longo do tempo precisam ser sempre refletidos buscando uma conciliação, pois não se pode viver em meio às dúvidas, precisa-se ser que sejam certos daquilo que se faz e se realiza e ao avaliar lida-se com pessoas dotadas de sentimentos, de dúvidas, de conhecimento e que podem muito bem ser partilhados entre os demais. Entre as pontes que se constrói ao longo da vida com outros de nosso convívio se aprende e isto é inegável e imutável.

A avaliação, conforme foi apresentada ao longo deste trabalho de conclusão de curso, é um processo abrangente, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências e dificuldades a fim de possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos que impedem a aprendizagem dos alunos. A avaliação diagnóstica e mediadora é necessária para acompanhar o desenvolvimento dos educandos e ajudá-los em suas eventuais dificuldades.

Para finalizar é possível concluir que avaliar não é um ato estático, e sim algo que está sempre se modificando e o professor deve modificar suas práticas a cada avaliação. Levando em conta a realidade cultural e social que seus alunos estão inseridos, é possível avaliar sem fazer julgamento e compreender que cada aprendizagem tem seu momento e seu tempo.

O trabalho acima visa chamar a atenção quanto às formas de avaliar e também sobre os transtornos que a mesma causa na vida dos alunos quando submetidos a ela, outros fatores como a emoção e o que de fato avaliar foi ressaltado tendo como objetivo mostrar que há muito a ser feito ainda para que a educação seja autônoma, libertadora e promova o crescimento de alunos, professores e de todo sistema educacional.

A educação é processo em construção, cada professor pode fazer a grande revolução mudando na sua sala de aula o seu fazer pedagógico, e isso irá influenciar outros que poderão mudar também e assim por diante, em outras palavras, nem avaliação e o modo de ensinar está acabado e estático, mas pode ser lapidado e melhorado mediante as necessidades educacionais.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Publicado por: CAMILA PERERA FRANCESCHETTO

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