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As atividades pedagógicas no ensino da Língua Portuguesa

Clique aqui e confira uma abordagem sobre as atividades pedagógicas realizadas nas aulas de Língua Portuguesa.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

O presente artigo tem por finalidade realizar uma abordagem sobre as atividades pedagógicas realizadas nas aulas de Língua Portuguesa. O objetivo é conhecer cada uma e fazer uma análise sobre as principais dificuldades encontradas em relação às atividades elaboradas com os alunos em se tratando da oralidade, da escrita, da leitura e da gramática. Procura refletir sobre a prática docente, tendo em vista que o professor é o mediador do conhecimento, sendo o caminho que leva os alunos a novos rumos e novas descobertas. Como pressupostos teóricos, o texto se fixará nas considerações de Antunes (2003), Colomer & Camps (2002), Marcuschi (2005), Moura (2000) e Kato (2003).

PALAVRAS-CHAVE: Atividades pedagógicas. Oralidade. Escrita. Leitura. Gramática.

INTRODUÇÃO

Sabemos que hoje se dá menos importância à oralidade e privilegia a escrita e na escola a preocupação voltada para a linguagem oral é a questão do “falar corretamente”. Sendo que a fala é uma atividade muito mais realizada por nós em nosso dia-a-dia não existe o certo ou errado e sim o adequado e o inadequado, considerando o fato de que passamos a maior parte de nosso tempo falando do que escrevendo. E provavelmente por isso não precisaria ser uma questão abordada em sala. É o que afirma Marcuschi quando diz que “seríamos demasiado ingênuos se atribuíssemos essa atitude ao argumento de que a fala é tão praticada no dia-a-dia a ponto de já ser bem dominada e não precisar de ser transformada em objeto de estudo em sala de aula.” (MARCUSCHI, 2005. p. 21)

Tendo em vista que para a realização do presente trabalho foi necessário ser consultado como referencial teórico bibliográfico Antunes (2003), que trata de todas as abordagens sobre as atividades de Língua Portuguesa em sala de aula, nos mostrando várias metodologias que podem ser adotadas para um melhor rendimento na aprendizagem dos alunos. E dentro da perspectiva do ensino de leitura e compreensão textual Colomer & Camps (2002), Marcuschi (2005) e Kato (2003) nos trazem um estudo e análises para uma melhor compreensão dessa área do conhecimento, nos mostrando a importância da oralidade e da escrita. Já Neves (2000) traz a gramática para o centro de seus estudos, de modo a abordá-la pelo uso linguístico, para que a partir desse ponto haja uma melhor compreensão e reflexão sobre o uso da linguagem.

DIFICULDADES ENCONTRADAS EM TORNO DA ORALIDADE, DA ESCRITA, DA LEITURA E DA GRAMÁTICA

Percebemos que em se tratando da oralidade há uma exclusão da fala e em sala são trabalhadas apenas atividades ligadas à oralidade informal, contudo, a oralidade se restringe a registros informais, sem que haja um comprometimento com a análise de como a conversação acontece realmente e de como se dá a realização dos gêneros orais de comunicação social. Em relação à oralidade e a escrita Antunes vai nos dizer que:

(…) embora cada uma tenha as suas especificidades, não existem diferenças essenciais entre a oralidade e a escrita nem, muito menos grandes oposições. (…) Tanto a fala quanto a escrita podem variar, podem estar mais planejadas ou menos planejadas, podem estar mais, ou menos “cuidadas” em relação à norma-padrão, podem ser mais ou menos formais, pois ambas são igualmente dependentes de seus contextos de uso. (ANTUNES, 2003, p. 99; 100)

Podemos notar a partir daí que a fala e a escrita encontram-se no mesmo nível, e nenhuma é mais ou menos importante do que a outra, visto que dialogam constantemente entre si e devem ser desenvolvidas em sala de aula de forma a ressaltar em quais aspectos os textos orais e os textos escritos diferem entre si. Vejamos a definição de Kato para o ato de falar:

Falar envolve dois tipos de atividade: planejamento e execução. Planejamos o que queremos dizer e como o diremos, para depois colocar esse plano em ação. O planejamento e a execução podem ocorrer simultaneamente, de tal modo que, enquanto estou executando o plano da primeira etapa, já estou planejando o que fazer na segunda. (KATO, 2003, p. 78)

No que se refere ao ensino da produção escrita nota-se que há uma prática de uma escrita sem elaboração, com palavras e frases totalmente desconectadas e fora de um contexto real de comunicação, na qual não existe nenhuma relação entre linguagem e mundo real. É nesse momento que deveria ser aberto a ter como temática principal assuntos da atualidade nos textos elaborados em sala, onde haveria espaço para debater os pontos de vista e as opiniões a serem discutidas entre os alunos e o professor.

A escrita deve tornar-se uma prática constante em sala para que os alunos possam entrar em contato com a língua e reconhecer os diversos tipos de gêneros textuais que existem dentro e fora da escola. Gêneros textuais que os alunos não conhecem na escola, mas que têm a necessidade de conhecê-los fora dela, ou seja, o mundo que o cerca fora do ambiente escolar, que exige e cobra do aluno que tenha adquirido tais conceitos e conhecimentos.

Colomer & Camps nos mostram que a produção escrita

(…) nos permite fixar o pensamento verbal e convertê-lo assim em um objeto suscetível de ser analisado, confrontando com nossas ideias ou com as de outros textos e oferecido a uma exploração demorada. (…) nos permite converter as interpretações da realidade feitas pelos outros – e inclusive por nós mesmos – em algum material e articulado que se pode contrastar, conceituar e integrar ao nosso conhecimento.” (COLOMER & CAMPS, 2002, p. 22)

A escrita é uma transmissão de nossos conhecimentos, é um meio de concretizar nossos pensamentos e torná-los reais, transformando-os em um meio social de comunicação verbal, assim analisa Antunes quando nos diz que “quem escreve, na verdade, escreve para alguém, ou seja, está em interação com outra pessoa” (ANTUNES, 2003, p. 46). E através da prática da escrita e de saber que teremos um receptor para aquilo que escrevemos – o texto – é que os alunos se instigados a essa capacidade, irão despertar o interesse pelo que escrevem e cada vez mais estarão aperfeiçoando-se no que produzem.

            Em se tratando da atividade de leitura Antunes a conceitua como sendo “a parte da interação verbal escrita, enquanto implica a participação cooperativa do leitor na interpretação e na reconstrução do sentido e das intenções pretendidas pelo autor” (ANTUNES, 2003, p. 66). A leitura representa uma interação entre sujeitos, pois se trata de uma complementação da atividade escrita. O leitor irá através do texto, tentar captar e compreender o que o autor quis transmitir com suas palavras, e assim definir a intenção abordada nas entrelinhas do texto. É o que nos afirma Colomer & Camps a respeito do conceito de leitura:

(…) ler, mais do que um simples ato mecânico de decifração de signos gráficos, é, antes de tudo um ato de raciocínio, já que se trata de saber orientar uma série de raciocínios no sentido da construção de uma interpretação da mensagem escrita a partir da informação proporcionada pelo texto e pelos conhecimentos do leitor. (…) (COLOMER & CAMPS, 2002, p.31.)

Na verdade o que os alunos veem na escola é bem diferente do que deveria ser realmente trabalhado. Tendo em vista que hoje todas as disciplinas são contextualizadas, podemos perceber que os livros didáticos são muito ricos em seu conteúdo. Mas em sala é trabalhada uma atividade de leitura que não desperta interesse e nem os instiga ao gosto pela leitura, e que serve apenas como método de avaliação. É uma atividade que não resulta em uma compreensão das funções sociais da leitura, e que nos exercícios de interpretação limita-se apenas ao que está exposto claramente no texto, não havendo uma análise profunda do que realmente o autor quis dizer com o que está explícito e qual seria a intenção do que fica subtendido nas entrelinhas do texto.

Já em relação ao ensino da gramática existe uma desmotivação em ensinar o seu conteúdo e apresenta-se uma gramática descontextualizada, sem despertar de forma prazerosa o interesse dos alunos. Apresentando-se um estudo de frases desconectadas e inventadas, que servem apenas como exercício de fixação, sem que seja visto o que faz parte do uso real que fazemos da língua, ou seja, torna-se uma atividade sem finalidade e nenhum objetivo. Para Neves o ensino de gramática deve ser uma atividade de

(…) propiciar e conduzir a reflexão sobre o funcionamento da linguagem, e de uma maneira afinal, óbvia: indo pelo uso linguístico, para chegar aos resultados de sentido. Afinal, as pessoas falam – exercem a linguagem, usam a língua – para produzir sentidos, e, desse modo, estudar gramática é, exatamente, pôr sob exame o exercício da linguagem, o uso da língua, afinal, a fala. (NEVES, 2000, p. 52)

Sendo a gramática o conjunto de regras de uma língua Antunes (2003) analisa que deve-se “distinguir entre “regra de gramática” e “nomenclatura gramatical””, para que se desfaçam alguns equívocos encontrados nas salas de aula. As regras são as normas de como se deve usar e combinar as unidades da língua, para que se produzam enunciados que possam estar inseridos em um contexto de interação. E a nomenclatura corresponde a classificação pela qual reconhecemos os elementos da língua (substantivos, adjetivos, pronomes etc.).

Podemos perceber hoje nas aulas de Língua Portuguesa que se tem um processo mecânico de decorar todas as nomenclaturas e suas definições, em vez de conhecer seus significados dentro dos textos. Como se o fato de reconhecer os nomes dados a cada uma e suas definições se tornasse necessário para utilizá-las adequadamente. E uma prática muito frequente nas aulas é a de analisar frases fora de um contexto real e assim os alunos não dão a devida importância para a questão de realmente aprender a gramática de sua língua.

As aulas deveriam ser enriquecidas com aplicações reais do cotidiano de cada aluno, onde o professor poderia trazer para a sala gêneros textuais que não são vistos dentro da escola (a carta, o jornal, a propaganda etc.), e a partir daí serem trabalhados e analisados junto com os alunos os conteúdos abordados, para que eles pudessem fixar, aprender e compreender o uso da gramática em seu convívio dentro e fora da escola. É o que diz Antunes quando afirma que

(…) saber falar e escrever uma língua supõe, também saber a gramática dessa língua. Em desdobramento, supõe saber produzir e interpretar diferentes gêneros de textos. Consequentemente, é apenas no domínio do texto que as regularidades da gramática encontram inteira relevância e aplicabilidade. (ANTUNES, 2003, p. 92 )

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É relevante que o saber a respeito dos usos das regras utilizadas em nossa língua nos dá uma amplitude maior para nossa compreensão textual. Desse modo, se faz necessária uma orientação mais comprometida em relação a sua abordagem em sala de aula, para que os alunos tanto no ambiente escolar ou fora dele, tenham uma compreensão abrangente dos usos sociais da língua e possam ampliar sua competência comunicativa na língua falada e escrita.

Partindo do pressuposto de que os alunos não devem aprender algo por obrigação ou fins avaliativos, e sim por uma questão de internalizar todos os conhecimentos adquiridos na escola com o objetivo de levá-los consigo para seu convívio social, foram analisados neste estudo algumas questões básicas sobre as atividades pedagógicas nas aulas de Língua Portuguesa e como são trabalhadas em sala. Diante dessa perspectiva foi visto o conceito de cada uma segundo as referências de alguns autores, e foram apresentadas possíveis metodologias a serem aplicadas em sala para a obtenção de um melhor rendimento e aproveitamento nas aulas de Língua Portuguesa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro & interação. Série Aula. 7. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. 181 p.

COLOMER, Teresa; CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Trad. de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2002. 196 p.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Oralidade e ensino de língua: uma questão pouco “falada”. In: DIONISIO, Angela Paiva; BEZERRA, Maria Auxiliadora. (orgs.). O livro didático de Português: múltiplos olhares. 3. ed. Rio de Janeiro: Lucena, 2005. 160 p.

NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática: conhecimento e ensino. In: AZEREDO, José Carlos de. (org.). Língua Portuguesa em debate: conhecimento e ensino. Petrópolis, 2000. p. 52-73.

KATO, Mary A. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. 7. ed. São Paulo: Ática, 2003. 181 p.


Publicado por: Ana Virgínia Oliveira

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